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2.1 INSTRUMENTOS DE PESQUISA E TRABALHO DE CAMPO – 1ª FASE.

CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA

2.1 INSTRUMENTOS DE PESQUISA E TRABALHO DE CAMPO – 1ª FASE.

O trabalho de campo foi realizado em dois anos. No primeiro ano da pesquisa, foram elaborados dois roteiros: um contém questões abertas, que foram feitas nas entrevistas com as profissionais da educação pré-escolar (professoras da sala, professoras de Educação Física1 e diretora) e alguns pais de alunos da escola (Anexo 1). Essas entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas. O outro roteiro foi reservado para as observações das atividades nas diferentes turmas pré-escolares (Anexo 2).

As entrevistas com as professoras tinham por objetivo aproximar-se delas, conhecê-las melhor, bem como se inteirar das suas concepções acerca do brincar

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Na rede das escolas municipais de Educação Infantil há o profissional especialista em Educação Física que desenvolve atividades com as crianças de 4 a 6 anos durante duas horas/aulas (50min.) por semana em cada turma. Esta foi uma conquista dos professores da rede municipal, pois entendiam que era necessário um especialista para trabalhar a recreação com as crianças e estes dariam condições de proporcionar os horários de trabalho pedagógico aos professores de sala.

e de suas relações na prática diária. O objetivo das entrevistas com os pais era também conhecer melhor a clientela e saber como as crianças se ocupavam nos períodos longe da EMEI, em suas casas. Mostrou-se muito importante para este trabalho saber se as crianças brincam nos períodos contrários ao da EMEI.

As observações realizadas na EMEI foram anotadas durante todo o período transcorrido, constituindo o Diário de Campo desta pesquisa∗. Nas entrevistas e nas observações, foi possível perceber várias formas de se ver a criança pré-escolar, bem como verificar a concepção de brincar subjacente a esses diferentes pontos de vista.

Foram preocupações deste trabalho: perceber o brincar no dia-a-dia das crianças, verificar o quanto e por que esta atividade é importante para elas. O trabalho também se ocupou em perceber se a Educação Infantil era entendida como uma primeira etapa da escola formal ou como um outro espaço educacional, sem esta especificidade.

No primeiro ano desta pesquisa, foram entrevistadas onze professoras e a diretora. Foram entrevistados também oito pais (ver Anexo 3). Observou-se diariamente cada turma da EMEI durante os meses de junho, julho e agosto e esse trabalho de observação tinha como objetivo aproximar-se das crianças e das professoras.

No segundo ano da pesquisa, retornou-se à EMEI e nos meses de outubro, novembro e dezembro, aprofundou-se o trabalho de observação: a atenção concentrou-se em seis turmas, nos turnos manhã e tarde, durante o mínimo de três dias em cada turma. O intuito das observações era perceber a importância do brincar nas atividades desenvolvidas, o tipo de materiais utilizados, a rotina, as interações entre as crianças. Também, nesse segundo ano, foi realizada uma entrevista com a docente da disciplina de Educação Física e titular do cargo. No ano anterior, havia uma professora a substituí-la.

Durante as observações do primeiro ano da pesquisa, não se mostrou muito adequado acompanhar as professoras no intervalo para o café, na medida em que elas poderiam se sentir incomodadas ou até sem liberdade para conversar acerca dos assuntos que desejassem.

Foi combinado que a identidade das pessoas entrevistadas e observadas seriam mantidas em sigilo. Portanto, todos os nomes são fictícios: das professoras, dos pais, dos funcionários e das crianças.

Assim, mostrou-se preferível permanecer no pátio junto às crianças que estavam sendo observadas. Entabulavam-se conversas com elas e ouvia-se o que falavam. Como exemplo desses momentos, duas meninas disseram:

“Gosto de estudar, de escrever na sala para saber mais”, apontando a cabeça (Keli, 6 anos).

“Gosto de brincar e estudar” (Patrícia, 5 anos).

Entretanto, no segundo ano de pesquisa, pareceu importante estar junto às professoras no horário do café, porque era uma oportunidade de se inteirar mais, conhecer melhor as relações estabelecidas na escola. Além disso, a diretora, nesse horário, sempre dava recados, informações e havia novos encaminhamentos das atividades, ou seja, era um momento em que se colocavam questões importantes para a própria dinâmica da instituição.

Durante as observações, foram fotografadas algumas atividades das crianças.

Quanto às entrevistas com o corpo docente, surgiram algumas dificuldades de agendamento com uma ou outra professora, mas não porque elas não quisessem ser entrevistadas. Embora nenhuma delas tenha incisivamente se negado, houve algumas resistências, percebidas pelas desculpas dadas:

“Neste dia não virei” (Profa.Sheila), “Neste dia tem ensaio” (Profa.Helena),

“É melhor no dia que tem Educação Física” (Profa. Marisa), “Neste dia vou ao banco, chegarei mais tarde” (Profa. Carmem). “Mas não sei responder, fico nervosa” (Profa. Flávia).

“Talvez fosse bom você fazer observações no dia que não virei, terá substituta” (Profa. Marisa).

“Quero ser entrevistada de novo, ontem eu estava mal e não respondi direito” (Profa. Rosa).

Realmente tinha sido uma entrevista com respostas monossilábicas e frias. Também para as observações houve esse tipo de problema:

As entrevistas ocorreram nos horários em que a professora de Educação Física estava com as crianças, no chamado Horário de Trabalho Pedagógico - HTP, no qual as professoras individualmente preparam as atividades, confeccionam algum material, fazem leituras ou estudam. Portanto, quando a professora de Educação Física faltava, a professora da sala não podia ser entrevistada. Por isso, algumas vezes foi necessário reformular datas previamente combinadas. Algumas professoras preferiam que a entrevista fosse feita na sala das atividades; outras, na sala das professoras. Duas entrevistas foram feitas durante o Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo - HTPC, ao fim da tarde, das 15 às 19 horas. Neste horário as professoras faziam uma reunião em que estudavam algum tema de interesse pedagógico; estes encontros eram coordenados pela diretora.

A entrevista com a professora de Educação Física foi feita no horário das atividades com a turma da Profª. Taís, que cedeu seu horário para que ela pudesse ser entrevistada. A entrevista com a professora titular de Educação Física foi feita em seu horário de HTP, que não existia ainda no ano anterior. A entrevista com a diretora foi fácil de ser marcada e ocorreu em sua sala.

Em seguida, acompanhado pela diretora, foi realizado o sorteio para a escolha dos pais que seriam entrevistados. Foram feitas fichas numeradas de 1 a 30, correspondentes ao número de cada criança na lista de chamada, e sorteou-se um pai por turma, totalizando dez pais escolhidos, (ainda não havia sido formada a 11ª turma). Foram localizados no fichário os nomes e os endereços dos entrevistados e combinou-se como seriam contatados.

O contato com as famílias deu-se por telefone. Após a apresentação, eram dadas as explicações acerca da pesquisa e da necessidade da entrevista, considerada uma contribuição importante para completar o levantamento de dados relativos à EMEI em que o filho estava matriculado. Percebia-se, em alguns pais, um certo estranhamento, mas logo que eram dadas mais explicações, eles tornavam-se

acessíveis, confirmavam o endereço e combinavam um horário que fosse o mais adequado para eles.

Alguns pais marcaram no local de trabalho; outros, na casa dos avós da criança, devido à proximidade e à coincidência de estarem lá no dia aventado para a entrevista. Houve quem achasse melhor que fosse a avó da criança a ser entrevistada, pois é a avó quem realmente cuida da menina. Em uma ocasião, foi deixado recado para a tia de uma criança, de quem se tinha o telefone, avisando-a da ida à sua casa para entrevistá-la.

Como já referido, dez pessoas foram sorteadas para serem entrevistadas, mas foram realizadas efetivamente oito entrevistas, pois duas pessoas não foram localizadas devido a mudança de endereço. Em uma das entrevistas, mais especificamente com a mãe de Gina, houve problemas técnicos com a gravação, o que comprometeu sua reprodução. Dessa forma, pode-se considerar que sete entrevistas foram completadas.