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Debate em torno do processo histórico da industrialização brasileira:

3 A REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO E SUAS POLÍTICAS

3.2 Debate em torno do processo histórico da industrialização brasileira:

Especificamente, nosso objetivo, agora, é demonstrar como a educação, nesse particular, o ensino superior, nomeadamente, a graduação tecnológica, serve como um dos instrumentos de recomposição da ordem, bem como, de que forma as concepções de sociedade e as práticas existentes no interior da universidade se articulam dialeticamente com as políticas públicas reformistas para manter o status quo.

Nosso caminho de análise seguirá, em seus termos fundamentais, o contexto histórico referente à gênese e a evolução do ensino superior no Brasil. Cumprirão papel decisivo nesse debate, a função social desse nível de ensino, seus limites e contradições, assim como, a ampliação do acesso a ele em relação ao desenvolvimento econômico da sociedade.

65 “Contrapondo-se à tradição brasileira, já secular, a Lei n° 5.540/68, conhecida como a Lei da Reforma Universitária, determinou que a universidade fosse à forma de organização por excelência do ensino superior restando à instituição isolada o status de excepcional e transitória. No entanto, as afinidades políticas eletivas entre os governos militares e os dirigentes de instituições privadas de ensino superior fizeram com que o Conselho Federal de Educação assumisse uma feição crescentemente privatista. Assim, no momento em que a reforma do ensino superior proclamava sua preferência pela universidade como forma própria de organização de ensino superior, o CFE já se empenhava em propiciar a aceleração do crescimento dos estabelecimentos privados, a grande maioria isolados, contrariando a lei recentemente promulgada” (CUNHA, 2003, p. 180).

Optamos por iniciar esta etapa da análise na discussão sobre desenvolvimento/subdesenvolvimento e dependência no Brasil, que teve seu auge entre as décadas de 1960/70. Em linhas gerais, destacaremos os elementos que ligam a expansão de vagas no ensino superior por meio da graduação tecnológica com o desenvolvimento da sociedade em relação à universidade, e como essa relação se desenrola na década de 1990 no fulcro das reformas neoliberais.

Na compreensão das propostas de desenvolvimento econômico aventadas no Brasil no momento de sua expansão industrial, escolhemos como tripé para esse trabalho, as teses de Luís Carlos Bresser Pereira (1980), ou a tese do desenvolvimento integrado; Fernando Cardoso e Enzo Faletto (1975), que defendiam o desenvolvimento com dependência; e o terceiro vértice do debate que serve como contraponto a essas posições é a crítica de Florestan Fernandes (1981, 1975), que se funda na dialética da dependência.

Cardoso e Faletto (1975) defenderam a necessidade de uma reordenação das forças hegemônicas internas, o que possibilitaria a entrada do país no mundo moderno, atraindo assim uma política de inversões de capitais que permitisse a implantação da infra-estrutura capaz de tocar o projeto de industrialização. Para chegar a esse processo, porém, seria necessário estabelecer inicialmente algumas pré-condições internas.

As condições estruturais e de conjuntura favoráveis deram margem desde então à crença, comum entre os economistas, de que o desenvolvimento dependeria principalmente da capacidade de cada país para tomar as decisões de política econômica que a situação requeresse (CARDOSO; FALETTO, 1975, p. 11).

Entendem os pesquisadores, no entanto, que as análises feitas por alguns economistas acerca da relação capital externo e distribuição de renda, têm que levar em conta

a forte desigualdade na distribuição de renda e a participação crescente de capitais estrangeiros na economia, podem ser consideradas como fatores que alteram as hipóteses apresentadas pelos economistas no que se refere às condições para o desenvolvimento auto-sustentado (idem, p. 12-3).

Pensam eles que uma investigação puramente sociológica também não é suficiente para dar conta da questão do desenvolvimento na América Latina. Entendem esses autores, faltar uma análise integrada que forneça elementos para dar respostas de forma mais ampla e matizada às questões gerais sobre as possibilidades do desenvolvimento ou estagnação dos países latino-americanos (idem, p. 15).

Chegam à conclusão de que por motivos preponderantemente de comando interno, não conseguimos ingressar plenamente na industrialização. Como as referências econômicas vão se estabelecer no âmbito das decisões mercadológicas centrais e como os setores dominantes de nossa economia nacional vincularam-se de uma maneira tradicionalmente dependente às decisões centrais, não temos como nos desenvolver, justificam (idem, p. 51).

Esses autores dizem que a etapa de crescimento da economia para fora é o mesmo que produção para exportação; para eles, tal processo não conseguiu por si só consolidar um setor hegemônico, forte e suficientemente moderno, capaz de neutralizar o poder dos grupos agrotradicionais, e muito menos com articulação para unificar as camadas populares, rurais e urbanas que já haviam emergido no período de transição, como massa assalariada.

A declaração de Fernando Cardoso ao jornalista Roberto Pompeu de Toledo, às vésperas de assumir o segundo mandato consecutivo de presidente do Brasil, nos é interessante, pois adiciona ao processo econômico o aumento do acesso à educação: Nos anos [19]50, houve uma inversão entre o peso da população urbana e rural. Depois, houve a intensificação da indústria, o surgimento das universidades, a ampliação do ensino (TOLEDO, 1998, p. 17).

Após a Segunda Guerra Mundial, a presença das massas, ao lado da formação dos primeiros e mais consistentes germes de uma economia industrial diferenciada (isto é, não somente de bens de consumo imediato), vai caracterizar o período inicial do chamado desenvolvimento para dentro, que se acentua durante a guerra e se manifesta em sua plenitude no pós-guerra. A partir deste momento, inicia-se a transferência de capitais do setor exportador para o setor interno, criando os fundamentos para a implantação da infra-estrutura necessária à implementação de atividades como a siderurgia, a energia elétrica e a indústria petrolífera (CARDOSO; FALETTO, 1975, p. 92-3).

Tal conjuntura, de acordo com a compreensão desses autores, tornou imperativa a formação de alianças políticas que articulassem grupos antagônicos. O esquema de poder necessário para suportar esta situação teria que considerar a incorporação dos setores latifundiários mais atrasados, os agricultores que produziam para o mercado interno, a classe média urbana em franca consolidação, os grupos industriais já

existentes e a massa de trabalhadores instalada nos centros urbanos, as quais se beneficiariam com a modernização. Para finalizar a equação do desenvolvimento industrial, era preciso considerar que as massas rurais, inicialmente, não se beneficiariam com tal industrialização e que a economia, em virtude do crescimento econômico lento (de fora para dentro) não teria como atender prontamente ao crescimento dos salários. Dessa difícil aliança desenvolvimentista, ainda ficariam de fora os agro-exportadores ligados ao café e a revolução de 1930 (idem, p. 105-15).

Essa complicada conjuntura política cria, segundo Cardoso e Faletto (1975), insuperáveis dificuldades para a solidificação do setor moderno industrial em expansão. Articular essa contradição era a qualidade política preponderante para se chegar à condição necessária para se iniciar a modernização econômica. Não é isso, porém, que ocorre com o populismo. A conjuntura de forças antagônicas desemboca na implosão das práticas governamentais populistas. A política governamental, portanto, não conseguiu atender ao novo enfoque da dependência.

As alternativas de desenvolvimento, para Cardoso e Faletto (1975), deveriam ter como base a fortificação das relações entre centro e periferia, que ocorreriam a partir de uma reordenação do modelo produtivo, orientado para o mercado interno, vinculado às economias externas dominantes, o que traria conseqüências imediatas ao reforço dos vínculos especificamente políticos naquelas relações.

Arrematam escrevendo:

As transformações a que nos referimos se manifestam mediante uma reorientação na luta dos interesses internos e a redefinição da vinculação centro-periferia. Reorganizam-se, com essa nova modalidade de desenvolvimento, a própria estrutura do sistema produtivo e o caráter do Estado e da sociedade, que expressam a relação de força entre os grupos e as classes sociais, para dar lugar ao sistema capitalista industrial tal como ele pode desenvolver-se nos países latino-americanos: na periferia do mercado mundial e por sua vez nele integrado (idem, p. 114-5).

Com essa proposta de reestruturação do setor produtivo, advertem os autores, as massas urbanas passariam a exercer pressão sobre os salários, o que geraria um refluxo inflacionário. Para resolver tal problema, os autores entendem ser necessária a intervenção do Estado no sentido de proteger o capital, mesmo que isso corroborasse com a elevação da concentração de renda. Diante, portanto, da complexidade das relações políticas internas, a única alternativa viável, defendem Cardoso e Faletto, seria o processo de industrialização pela via do capital externo.

Nessas circunstâncias – de crise política do sistema quando não se pode impor uma política econômica de investimentos públicos e privados para manter o desenvolvimento – as alternativas que se apresentariam, excluindo- se a abertura do mercado interno para fora, isto é, para os capitais estrangeiros, seriam todas inconsistentes, como o são na realidade, salvo se se admite a hipótese de uma mudança política radical para o socialismo. O exame de algumas delas, quando feito dentro do marco da estrutura política vigente, põe de manifesto sua falta de viabilidade (idem, p. 120).

A economia brasileira não alcançou o status que Bresser Pereira denominou de auto-impulsionado, ou seja, automático e necessário66. O desenvolvimento industrial brasileiro caracterizou-se, fundamentalmente, por um processo de substituição de importações. O que expôs a aparente consolidação do desenvolvimento econômico obtido no país (1980, p. 186).

Argumenta esse autor que, somente a partir de 1930, especificamente com a assunção de Vargas ao poder, as oligarquias tradicionais ligadas à terra, e, principalmente, o que a sociologia chamou de pacto café com leite, entram em crise. Esse cenário faz emergir duas novas classes: a burguesia industrial e o proletariado urbano. Daí para a frente, sustenta o autor, as classes derrotadas e vencedoras, embora antagônicas, passam a compor a nova conjunção de forças dos governos seguintes. Procurando prosseguir com suas análises, Pereira impõe a questão: o que vemos então, através dos governos de Getúlio, Dutra, Getúlio novamente, e Juscelino Kubitschek?

Vemos governos de compromisso, dos quais participam forças antagônicas, embora sejam marcados, em traços amplos, por uma linha de industrialização contínua, ainda que nem sempre muito bem definida. E isto porque a antiga oligarquia, embora derrotada, ainda continua detentora de enorme força econômica e política, não sendo possível uma política de franca oposição a ela (PEREIRA, 1980, p. 30).

Na verdade, escreve o economista Bresser Pereira, fazendo eco às proposições de Cardoso e Faletto, qualquer posição contrária a todo e qualquer investimento estrangeiro no Brasil é insustentável economicamente. E para justificar sua tese, acrescenta:

Se nos países subdesenvolvidos se aceita que o grande problema é a falta de capital para investir, se se admite que o investimento, especialmente o de caráter industrial, tem efeitos multiplicadores, produzindo renda não só e diretamente para os proprietários estrangeiros de capital, mas também para os assalariados, o Governo e para as empresas, se estamos de acordo na grande importância do know-how para o desenvolvimento industrial, então será difícil apresentar motivos de ordem econômica contra o capital estrangeiro (PEREIRA, 1980, p. 203).

66 Bresser Pereira define desenvolvimento auto-impulsionado “como aquele que se gera a si mesmo, automática e necessariamente” (1980, p. 182).

Apesar de Bresser Pereira estar de acordo com a grande importância do know- how para o desenvolvimento industrial brasileiro, razão porque, para ele, o país teria que importar recursos externos e, por conseguinte, tecnologia; constata o economista, no mesmo texto, que o desenvolvimento industrial dos países hoje desenvolvidos foi realizado através da absorção de técnicas que estavam na época sendo aperfeiçoadas, adequando-se às necessidades econômicas dos respectivos países; no Brasil, de modo diferente, a tecnologia usada foi importada, desadaptada das nossas necessidades e provocou sérias distorções em sua economia, particularmente no problema do emprego.

Embora Bresser Perreira defenda uma ampla e necessária intervenção do Estado, pelo menos em termos de política econômica (1980, p. 184), e pareça defender a autonomia do país em relação a produção de sua tecnologia de ponta, contraditoriamente, por outro lado, reitera a necessidade de o Brasil aceitar as condições impostas pelos empréstimos oferecidos pelos organismos internacionais. Nesse sentido, parece seguro argumentar que tanto Cardoso e Faletto como Bresser Pereira, estão de acordo com a ordem mundial da dependência, desde que esta traga associado o desenvolvimento capitalista.

Florestan Fernandes formula outra compreensão para o problema da dependência na América Latina, atribuindo ser a dependência construída historicamente pela dialética dos interesses internos e externos. No caso particular do Brasil, inicialmente, isso foi conseguido pela transplantação dos padrões ibéricos de estrutura social, adaptados aos trabalhos forçados ou à escravidão (de nativos, africanos ou mestiços) (1973, p. 13). Processo esse que encontrou as condições ideais para sua fertilização em solo brasileiro, onde a posse da terra perpetuou-se como o principal distintivo de classe.

Durante aproximadamente quase um século, seguiu-se o que Fernandes denominou de neocolonialismo, ou seja, os países dominantes detinham apenas o controle de mercado dos processos econômicos. A dominação externa tornou-se largamente indireta (idem, p. 15). As transformações no capitalismo europeu, contudo, provocam outras e novas formas de articulação entre as ex-colônias e as nações centrais. As novas tendências emergiram gradativamente, todavia as mudanças nos padrões existentes de dominação externa tornaram-se evidentes após a quarta ou quinta década do século XIX e converteram-se numa realidade inexorável nas últimas quatro décadas daquele século. As influências externas atingiram

todas as esferas da economia, da sociedade e da cultura, não apenas através de mecanismos indiretos do mercado mundial, mas também através de incorporação maciça e direta de algumas fases dos processos básicos de crescimento econômico e de desenvolvimento sociocultural. Assim, a dominação externa tornou-se imperialista, e o capitalismo dependente surgiu como uma realidade histórica na América Latina (idem, p. 16).

A crítica que esse autor considera ausente na maioria dos teóricos que abordam essa temática, situa-se na análise da chamada idade de ouro do capitalismo estrangeiro (1874 a 1914), que foi, a rigor, uma idade de ouro apenas para os países europeus e, até certo ponto, para os Estados Unidos, que se torna parceiro de interesses econômicos da Inglaterra, da França e da Alemanha somente no fim do século XIX. Um processo crescente de complexificação do controle financeiro das emergentes economias satélites, com conseqüentes modificações no esquema de exportação/importação, entre outros fatores, fez com que Fernandes escrevesse a seguinte síntese: as economias dependentes foram transformadas em mercadorias, negociáveis à distância, sob condições seguras e ultra-lucrativas (idem, p. 16-7).

No padrão de exploração colonial, bem como no novo quadro imperialista, os interesses privados externos alinhados aos interesses internos, estão ambos empenhados na exploração do subdesenvolvimento em termos de orientação de valor extremamente egoístas e particularistas.

A ilusão de uma revolução industrial liderada pela burguesia nacional foi destruída, conjuntamente com os papeis econômicos, culturais e políticos estratégicos das elites no poder latino-americanas. Agora, uma nova imagem do capitalismo (um neocapitalismo?), da “burguesia internacional” das economias capitalistas está sendo reconstruída, para justificar a transição atual e para criar a nova espécie e utopia burguesas dependentes (idem, p. 19, aspas do original).

A dominação externa, logo, locupleta-se com a subserviência dos interesses internos, pois tanto a dependência como o subdesenvolvimento é um bom negócio para os dois lados. Em todas as suas formas, argumenta esse autor, produz[-se] uma especialização geral das nações como fontes de excedente econômico e de acumulação de capital para as nações capitalistas avançadas. Esse fato leva Fernandes à evidente conclusão: O desafio latino-americano, portanto, não é tanto como produzir riqueza, mas como retê-la e distribuí-la, para criar pelo menos uma verdadeira economia capitalista moderna (idem, p. 20).

As estratégias utilizadas pelo imperialismo dos Estados Unidos para a manutenção dessa dominação, são de particular interesse para esta pesquisa, pois a

preservação da posição hegemônica depende de vigilância e controle contínuos das grandes empresas corporativas, e da intensificação crescente das relações econômicas com os mercados (idem, p. 28). O que explica a necessidade e cada vez maior do capital em crise, defender com todas as suas forças a abertura dos mercados dos países de capitalismo periférico. O que implica, na realidade, que a posição hegemônica dos países de segunda ordem está permanentemente ameaçada pela supremacia tecnológica, financeira e política dos Estados Unidos [...] (idem, p. 28-9)..

Por conseguinte, é oportuno assinalar, no tocante ao ensino superior, que não será possível, perante a lógica dessa manutenção, à produção universitária brasileira ser realmente livre e autônoma e em condições de produzir conhecimento e ciência capazes de enfrentar em iguais condições a política econômica imperialista estadunidense, realisticamente orientada para sua autoproteção (idem, p. 30). Essa questão é especialmente importante para esta investigação, pois, como ficará claro no decorrer da exposição, a graduação tecnológica em detrimento da universidade pública passa a ser opção privilegiada pelas políticas de financiamento público do ensino superior, a qual ganha destacado apoio dos organismos internacionais.

Com o auxílio da clareza investigativa fornecida pelo professor Florestan Fernandes, entretanto, valemo-nos de mais uma intrigante indagação que nos permite avançar nas considerações deste debate: pode o capitalismo privado, sob condições de extrema concentração interna da renda (e, em conseqüência, do prestígio social e do poder) e sob condições de dominação externa e de drenagem de riquezas permanentes, enfrentar realmente e mudar uma tal realidade? (idem, p. 28).

Os desdobramentos que alcançam um modelo de desenvolvimento que depende de recursos oriundos, sobretudo, do império americano, não podem levar a outro caminho que não seja criar na sociedade uma proposta universitária que funcione como pino de trava para a mesma dependência. Isto é, a universidade que a atual reforma universitária está propondo cabe perfeitamente nas necessidades do capital em crise, pois potencializa para a iniciativa privada um mercado de bilhões de dólares; atende sob medida também ao monopólio americano, pois garante a continuidade de nossa dependência cultural e tecnológica; já as elites anacronicamente atrasadas do Brasil67, em longo prazo, não ganham, perdem, mas como enxergam apenas o que suas miopias

permitem, não compreendem que ao entregarem a universidade, dificultam a soberania do próprio país, “cavando, portanto, dialeticamente a própria cova”.

Esta pesquisa, todavia, terá que se dedicar a partir desse momento a outros desdobramentos. Especificamente, o estágio atual da investigação cobra o aprofundamento da relação que a universidade mantém com o contexto de reestruturação do Estado. Sobre este assunto, nos deteremos no próximo subitem.

3.3 A reforma da década de 1990 e as diretrizes para educação profissional no