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O DEBATE SOBRE A INFLUÊNCIA DA INTERNET ENTRE AS INSTITUIÇÕES PARTIDÁRIAS

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2 PARTIDOS POLÍTICOS E SISTEMAS PARTIDÁRIOS NA AMÉRICA LATINA

3.1 O DEBATE SOBRE A INFLUÊNCIA DA INTERNET ENTRE AS INSTITUIÇÕES PARTIDÁRIAS

O debate acerca da influência da tecnologia na política não é algo recente.

Na obra Teledemocracy: Can technology protect democracy?, F. Christopher Arterton (1987), demonstra que a discussão sobre os impactos dos novos meios no campo político remete a meados da década de 1980, portanto, antecede a popularização da internet.

O autor também chama a atenção desde esse momento, para dois importantes aspectos do debate em questão. Um deles diz respeito a um chamado determinismo tecnológico, ou seja, à ideia de que os novos meios por si só representarão modificações no campo político. Esta relação não pode ser direta

a identificação realizada ainda nos anos oitenta, das duas linhas que irão balizar as discussões subsequentes na área, entre as perspectivas otimistas e pessimistas, que dividirão os pesquisadores sobre os efeitos políticos do uso da tecnologia (ARTERTON, 1987; MARGOLIS; RESNICK, 2000; NORRIS, 2001, 2003)63.

Quando da emergência da internet como mídia socialmente enraizada, trazendo consigo as potencialidades já descritas, o presente debate se ampliou tendo em vista as possíveis alterações implicadas à estas potencialidades. Quanto ao primeiro aspecto que destacamos em Arterton (1987), importantes autores como Castells (2007), observam uma transformação nas relações de poder no mundo contemporâneo com a criação de redes digitais de comunicação, o que implica em uma comunicação de massa individualizada, onde a autonomia do indivíduo relativa às instituições sociais cresce a ponto de propiciar certo deslocamento das formas de poder destas instituições aos indivíduos. políticas, essencialmente abordava a efetividade do uso dos recursos inovadores da web. Nesse sentido, Segurado (2012), destaca este caráter diferencial da internet.

A interatividade é uma das características que mais diferenciam a Internet dos outros meios de comunicação. Enquanto os meios tradicionais se baseiam no paradigma clássico da relação unidirecional entre em issor e receptor, com possibilidades limitadas de interação, a rede se notabiliza pela diversificação de ferramentas comunicacionais. O aspecto multidirecional proporcionado pela rede redimensiona as tradicionais formas de comunicação, permitindo fóruns de discussão cujo uso crescente proporciona a potencialização de redes sociais (SEGURADO, 2012, p.

197).

63 Essencialmente, esta divisão pauta-se entre aqueles que acreditavam na efetividade dos potenciais trazidos pelas novas mídias, provocando modificações estruturais na prática política e em suas instituições, e outros que não acreditavam nesta efetividade, de modo que ou as tecnologias digitais apenas reproduziriam as relações vigentes, ou aumentariam as disparidades e distâncias entre instituições e a sociedade civil. Disso resultariam, de acordo com Pippa Norris (2001; 2003), ondas de estudo, opondo os chamados ciberotimistas e ciberpessimistas, admitindo ainda a existência de análises intermediárias.

de mecanismos a partir desse novo potencial interativo, e, por consequência, de mobilização trazido pelas tecnologias digitais, ou ocorreria a reprodução da lógica das mídias tradicionais pautadas na difusão de informações de forma monológica ou unidirecional. evidenciamos uma das principais discussões relativas a compreensão da relação entre partidos e internet, a hipótese da normalização/equalização (MARGOLIS;

RESNICK, 2000; NORRIS, 2001; GIBSON; MACLLISTER, 2015;).

Ao voltarem-se para os partidos políticos, os autores de orientação mais otimista entendiam como possível uma mudança nas relações interpartidárias com a ascensão da web. Os partidos menores, desprovidos de recursos e de espaço midiático, teriam agora um espaço para divulgar suas ações e estabelecer relações mais próximas com os cidadãos, ampliando sua capacidade de interação com estes.

Esta maior visibilidade e possibilidade de contato dos menores partidos junto ao eleitorado, levaria à uma equalização na concorrência entre os mesmos, além de ser possível a dinamização do poder na perspectiva interna (TKACH-KAWASAKI, 2003; ROCHA, 2014).

O lado pessimista naturalmente não observava mudanças neste sentido.

Seguindo a lógica já mencionada, os autores desta vertente entendiam que também no meio digital os partidos maiores, possuidores de maiores recursos financeiros e estruturais, cada vez mais necessários à medida em que tal meio torna-se profissionalizado, teriam uma presença mais efetiva e qualificada, implicando na inexistência de alterações nos padrões das relações interpartidárias. Da mesma

manutenção de seu domínio sobre os partidos. Portanto, o meio digital tenderia à reprodução da lógica das mídias tradicionais, e como argumenta Margolis & Resnick (2000), a political as usual (MARGOLIS; RESNICK, 2000; KALNES, 2009, SCHWEITZER, 2011).

O debate equalização x normalização, com isso, representa importante questão no que tange às possíveis correlações entre características partidárias e formas de ação da web64. Veremos na próxima seção, a ampliação das discussões sobre a influência das características partidárias e dos sistemas partidários nas formas de uso da internet, tornando-se fatores essenciais para a compreensão da concentrar na observação das experiências de uso das ferramentas digitais pelas instituições políticas. Isso ocorre justamente pelo desenvolvimento de ações mais contundentes no campo por parte de tais instituições, como aponta Sampaio, Bragatto & Nicolás (2016).

...com o amadurecimento das análises, a questão inicial “o que a internet pode fazer pela dem ocracia” passa a ser substituída por perguntas sobre como os diferentes meios, canais e ferramentas digitais que compõem a internet podem ser utilizados por indivíduos, organizações e instituições para fins políticos ou para incrementar valores dem ocráticos.” (SAMPAIO;

BRAGATTO; NICOLÁS, 2016, p. 289). análises deterministas, Political as Usual (MARGOLIS; RESCNICK, 2000), seria um exemplo de determinismo tecnológico. Nessa direção, ao adm itir esta possível polarização, as análises poderiam ser comprometidas a depender do posicionamento em que o autor estaria inserido.

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