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4.5 ANÁLISE DAS AÇÕES AFIRMATIVAS ESTABELECIDAS NA LEI DE COTAS E

4.5.1 Decisões recentes às candidaturas femininas (Fundo Partidário)

Anteriormente elencado, o percentual do Fundo Partidário e Especial, estabelecia o mínimo de 5% a ser destinado às candidaturas femininas. Até dado momento, pós reforma eleitoral de 2015, fora visto como um dos maiores propulsores ao apoio à mulher. Mesmo em comparação ao percentual destinado às campanhas masculinas, tornasse, quase que insignificante. (SOUZA, 2018).

Porém, recentemente, tornando válidas às eleições de 2018, este percentual a ser destinado do Fundo Especial de Financiamento para as campanhas, passou por novas formulações, estabelecendo uma nova conquista às mulheres com o devido aumento do percentual mínimo em apoio financeiro, conforme exposto a seguir:

[...] o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) formalizou nesta quinta-feira a decisão de que pelo menos 30% do Fundo Especial de Financiamento de Campanha devem ser gastos em candidaturas de mulheres. O percentual foi definido [...] e foi incluído agora na resolução que disciplina a divisão do fundo [...].

Além do Fundo Eleitoral, os partidos poderão usar recursos do Fundo Partidário, também composto por recursos públicos. Poderão ainda arrecadar doações de pessoas físicas [...].

Em março, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a divisão dos recursos do Fundo Partidário numa campanha deve ser proporcional a quantidade de candidaturas de ambos os sexos. Determinou ainda que, no caso das mulheres, não deve ser inferior nas eleições proporcionais (deputados e vereadores). O Fundo Partidário, [...] além de ser usado em campanhas, pode ser usado também para manutenção dos partidos. (SOUZA, 2018).

Estas decisões foram tomadas com intuito de propagar um maior encorajamento à mulher vir a se candidatar aos cargos públicos, tendo como apoio, além do mínimo de cotas de gênero de 30% em listas partidárias, o auxílio financeiro proporcional de 30% do Fundo Especial para suas campanhas. (SOUZA, 2018).

Nestas premissas, dada a decisão do Supremo Tribunal Federal, fora questionado “[...] se o mesmo entendimento deveria ser estendido à distribuição do horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão. Ou seja, se as candidatas a um cargo proporcional devem ter pelo menos 30% do tempo. Essa regra também foi aprovada pelo TSE na terça-feira”. (SOUZA, 2018).

Desta forma, podemos notar, com essa ultima formalização posterior a reforma eleitoral de 2015, o fortalecimento ao interesse de constantes ações afirmativas em apoio político às candidaturas femininas, assim, não estagnando com o tempo. E, por mais que estes apoios, em curto prazo, ainda não disseminaram a desproporção das candidaturas femininas e masculinas, veja-se que, em longo prazo, há visão positiva, sob as novas alterações e

Decisões, de chances a atingir o objetivo igualitário entre ambos na esfera política do país. (SOUZA, 2018).

5 CONCLUSÃO

As mulheres vêm, ao longo dos tempos, buscando, uma maior participação no cenário político nacional.

Por meio de decretos, alterações e criações legislativas, o Direito Eleitoral vem adaptando seu maior mecanismo democrático em prol dos eleitores, conhecido como Sistema Eleitoral. Este, por sua vez, norteia a elaboração e diretrizes de como determinada eleição se estabelecerá e, posteriormente, se distribuirá conforme candidatos eleitos de cada partido.

A justiça eleitoral surgiu com o intuito de proteger e regulamentar as eleições do país, deixando de ser papel do poder legislativo, como era dada função antigamente.

A mulher começou a ter destaque na política brasileira na era Vargas. Foi neste período, em conjunto com o movimento sufragista, que a mulher conquistou de vez seu direito de votar e de ser votada na legislação eleitoral do país.

Porém, após anos desta conquista, se faz perceptível a desproporção entre candidatas eleitas femininas em relação aos candidatos eleitos masculinos nos cargos públicos no Brasil.

Nesta concepção, este Trabalho de Conclusão de Curso buscou nos primeiros capítulos contextualizar o histórico do Sistema Eleitoral Brasileiro, bem como suas alterações ao longo dos suscitados períodos e, seguidamente, buscou descrever a trajetória do movimento sufragista como símbolo da inserção da mulher no panorama político brasileiro.

Através da apresentação dos dois primeiros capítulos, em sequência, o terceiro capítulo procurou sintetizar o tema central desta monografia, bem como as ações afirmativas e a Lei de Cotas, além de verificar se estes temas realmente resultam como mecanismo integrativo da representação feminina partidária nas eleições.

Ao responder o questionamento formulado, de que se é possível verificar uma efetiva participação feminina no processo político eleitoral, diante das ações afirmativas para a inclusão de candidatas mulheres no pleito eleitoral, previstas na legislação de regência, pode-se concluir que, embora as ações afirmativas representem um avanço no processo político eleitoral, no que diz respeito à participação das mulheres, ao incluir a necessidade de um percentual de candidatas do sexo feminino, a não observância do intento do legislador pelos partidos políticos, acaba desvirtuando o dispositivo legal e criando candidaturas “laranja” limitando, na prática, a participação das mulheres no processo eleitoral.

Ainda assim, os avanços são significativos e refletem um passado de luta das mulheres pela igualdade de direitos ao longo da história. Essa luta deve seguir existindo e a

busca pela efetividade depende não apenas das ações afirmativas previstas na legislação eleitoral, mas, principalmente, da conscientização das próprias candidatas, de não aceitarem a condição imposta e se submeterem aos caprichos e interesses dos representantes dos partidos políticos que buscam, na maioria das vezes, apenas manter seus próprios privilégios.

A legislação eleitoral, sobre a participação da mulher no pleito eleitoral, é, sem dúvidas, um avanço no processo político e resgata, de certa forma, a paridade da representação feminina no pleito. A eficiência da medida depende do cumprimento da legislação, da forte reprimenda aos desvios e subterfúgios para burlá-la e da conscientização, tanto do eleitorado quanto das próprias candidatas que disputam o pleito.

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