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Decreto-Lei n.º 303/99 de 6 de Agosto Regime jurídico do reconhecimento do

Capítulo I. Políticas Públicas Desportivas Intervenção do Estado no Profissionalismo do

3. Legislação Desportiva Portuguesa

3.5 Decreto-Lei n.º 303/99 de 6 de Agosto Regime jurídico do reconhecimento do

Se o processo de legislação das competições profissionais se iniciou com a LBSD em 1990, pode-se afirmar que só ficou terminada passados nove anos com o DL nº 303/99. Este último é inteiramente dedicado às competições desportivas de caráter profissional, especificamente a dois pontos fulcrais: o seu processo de reconhecimento, e a sua organização. Este processo de profissionalização e o número de DL e alterações emitidos ao longo destes indicam que a legislação não conseguiu ser eficaz em tornar o processo rápido e eficiente. Isto mesmo é afirmado na introdução deste diploma:

“O Decreto-Lei n.º 144/93, de 26 de Abril, diploma que aprovou o Regime Jurídico das Federações Desportivas, veio, no seu capítulo IV, secção III, estabelecer um conjunto de normas tendo em vista a qualificação de determinadas competições como sendo de natureza profissional.

A experiência, entretanto colhida, demonstra que as soluções aí contempladas, pela sua complexidade, não produziram os resultados pretendidos, isto é, a concretização de um

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Meirim, J. M. (1999). Regime Jurídico das Sociedades Desportivas- anotado. Coimbra Editora, p.85 72

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quadro específico para as competições desportivas profissionais e, por outro lado, suscitavam dúvidas de interpretação que ora se procuram eliminar”. Tendo este objetivo em conta, este documento procurou juntar “um conjunto de normas, actualmente dispersas, por forma a constituir um todo uniforme que permita tornar transparente o quadro legal em que devem decorrer as competições desportivas profissionais”, fixar “os elementos organizacionais” atribuindo “às ligas profissionais de clubes o exercício dos poderes de controlo e supervisão dessas mesmas competições”, e “assegurar a saúde financeira da competição desportiva profissional”, sublinhando a importância do princípio do equilibrio financeiro.

O “nascimento” de uma Liga Profissional teria obrigatoriamente de passar por um requerimento do presidente da respetiva federação junto do CSD. Para ser aprovado, esse requerimento necessitava de cumprir os seguinte parâmetros73:

“a) Número mínimo e máximo de clubes ou sociedades desportivas participantes na competição desportiva profissional por divisão ou escalão;

b) Limite mínimo da massa salarial anual dos praticantes e treinadores de cada clube ou sociedade desportiva no total do respectivo orçamento;

c) Limite mínimo do orçamento autónomo de cada clube para a respectiva competição desportiva profissional ou do orçamento de cada sociedade desportiva;

d) Média do número de espectadores por cada jogo realizado no âmbito da competição; e) Requisitos mínimos das instalações desportivas a utilizar por cada clube ou sociedade desportiva, designadamente quanto ao número de lugares sentados individuais e normas de segurança nos termos da Lei n.º 38/98, de 4 de Agosto”.

A remuneração dos praticantes e treinadores também era mencionada sendo que os vínculos contratuais teriam de obedecer ao disposto no DL nº 28/98, de 26 de junho.

O Capítulo II, dedicado à organização das competições desportivas profissionais, era constituído por cinco artigos74: “Orçamento”, “Equilibrio financeiro”, “Sanção tributária”, “Prestação de contas” e “Sanções”. Pela estória de insucesso da Liga Profissional de Basquetebol em Portugal, uma das análises que desde o princípio se tornou essencial fazer é a da legislação ligada às normas de cumprimento financeiro e às sanções que advinham do seu incumprimento. O disposto sobre o orçamento referia que este deveria ser apresentado pelos clubes à sua respetiva Liga Profissional de clubes, antes do início de cada época desportiva de uma competição profissional. Para efeitos de equilibrio financeiro “As receitas ordinárias

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Capítulo I, artigo 2º 74

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previstas no orçamento dos clubes, abrangidos pelo capítulo IV do Decreto-Lei n.º 67/9775, de 3 de Abril, participantes numa competição desportiva profissional devem cobrir as despesas ordinárias aí consignadas” sendo que o orçamento de um clube que viole esta premissa o deve rectificar “dentro do prazo estabelecido pela respectiva liga profissional de clubes”. Para efeitos de prestação de contas do exercício anterior, os clubes estavam obrigados pelo artigo 10º a fazerem-no “até 120 dias após o final da época desportiva”, As sanções para o incumprimento financeiro dos clubes ligados a uma competição profissional devem ser aprovadas pelas Ligas Profissionais de Clubes dentro dos seus próprios regulamentos. Tinha- se como objetivo sancionar o seguinte76:

“a) Os clubes que não apresentem um orçamento autónomo para a competição desportiva profissional em causa;

b) As sociedades desportivas que não apresentem o seu orçamento;

c) Os clubes que não rectifiquem o orçamento autónomo no prazo estabelecido pela competente liga profissional de clubes;

d) Os clubes ou sociedades desportivas que não apresentem certidão comprovativa da regularidade da sua situação perante a administração fiscal e a segurança social; e) Os clubes que não prestem a garantia a que se refere o artigo 40.º do Decreto-Lei n.º 67/9777, de 3 de Abril;

f) Os clubes ou sociedades desportivas que, até 120 dias após o final da época desportiva, não apresentem perante a respectiva liga profissional de clubes as contas do exercício anterior acompanhadas do parecer emitido pelo respectivo conselho fiscal”.

Caso as Ligas Profissionais de clubes falhassem em fazer cumprir as competências fixadas neste DL, passaria a ser a Federação da respetiva modalidade responsável pela sua execução. A falta por parte da Federação em cumprir as referidas competências, “implica a suspensão ou cancelamento do estatuto de utilidade pública de que é titular”78.

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Regime Jurídico dos Clubes e Sociedades Desportivas, Capítulo IV “Do regime especial de gestão” 76

Capítulo II, artigo 12º 77

Capítulo IV, artigo 40º, “Garantias”:

1 - Até ao início da cada época desportiva, a direcção dos clubes desportivos referidos no artigo 37.º deve apresentar à respectiva liga profissional de clubes uma garantia bancária, seguro de caução ou outra garantia equivalente que cubra a respectiva responsabilidade perante aqueles clubes, nos mesmos termos em que os administradores respondem perante as sociedades anónimas.

2 - O montante da garantia é fixado pela liga profissional de clubes, não podendo ser inferior a 10% do orçamento do departamento profissional do clube.

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