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A DEDICAÇÃO DE UMA ASTRÔNOMA NO MÉRITO DA CERTIFICAÇÃO EM UM GRAU DISTINTO

Por Audemário Prazeres Coordenador da Comissão Clube Messier-Polman da U.B.A. Associação Astronômica de Pernambuco (A.A.P​.​) A Astronomia é uma das poucas, ou única

ciência, em que o amador tem vez. Vemos no Brasil, como em várias partes do mundo, milhares de pessoas que se podem considerar astrônomos amadores.

A essa definição do termo "​Amador​" cabe aqui uma explicação. Pois, se formos olhar o conceito dessa palavra "​Amador​" no moderno e atualizado dicionário constatamos três significados distintos. A saber:

1) Que ou o que ama; que ou o que tem amor a alguma pessoa; amante;

2) Que ou aquele que gosta muito de alguma coisa; amante, apreciador, entusiasta:

3) Que ou quem se dedica a uma arte ou um ofício por gosto ou curiosidade, não por profissão; curioso, diletante;

Quando você faz a "​fusão​" desses três significados acima, e constata pessoas que se sobressaem nas observações de maneira sistemática, obedecendo a uma metodologia baseada em critérios técnico-científicos, não mais podemos ver essas pessoas como um "​aficionado pela Astronomia​" e a entendemos como ​Astrônomo(a)​.

Assim sendo, esta Comissão do Clube Messier-Polman, aqui representada por este Coordenador, tem a grata satisfação em parabenizar a Colaboradora do Clube Messier-Polman, ​Lucivânia Souza dos Santos​, do GEPEA da Paraíba, localizada no Município de Pedra Lavrada pelo feito extraordinário na ​Certificação de 2º Grau​ do Clube Messier-Polman.

Este certificado de 2° Grau concedido à Lucivânia Souza vai muito mais além dela ter sido a primeira mulher a receber uma Certificação de 1° e agora, 2° Grau nos 50 anos de existência da União Brasileira de Astronomia - U.B.A. Sendo fiel à verdade, e bem ciente do que é realizar observações sistemáticas nos objetos Messier, posso afirmar sem o exagero gentil, que a Lucivânia Souza pode estar agora certificada, e inserida no "​hall​" dos verdadeiros astrônomos amadores responsáveis pela ​ASTRONOMIA OBSERVACIONAL​ nos quais compreendem cerca de 60 a 70% das atividades

imagem, vemos o material de apoio utilizado pela Lucivânia Souza quando em paralelo ao seu telescópio de 115 mm).

Abaixo, apresentamos um excelente relato da Lucivânia na conquista da certificação de 2º Grau, onde convido a todos que fazem a leitura. E sintam-se motivados em também realizar as observações sistemáticas na Astronomia com os objetos Messier.

Relato das observações dos Objetos Messier para o grau 2 Comissão Messier-Polman

Em março, o Coordenador Audemário divulgou uma lista com 45 Objetos Messier com boa magnitude, portanto possíveis de serem vistos a olho nu dependendo, é claro, das condições de observação (pouca poluição luminosa e atmosférica, sem interferência da Lua, etc.). Como meu telescópio é de pequeno porte, para as minhas primeiras observações (Grau 1), utilizei quase que integralmente a lista disponibilizada, salvo algumas exceções, sem me preocupar muito em analisar outros objetos de fora da lista, pois sabia que se eram vistos a olho nu, seriam facilmente captados pelo instrumento que eu dispunha.

Com a conclusão dessas primeiras observações foi que comecei a me preocupar com objetos que não estariam naquela lista, uma vez que precisaria de pelo menos mais 15 objetos para concluir o Grau 2. Então, tratei imediatamente de construir uma lista com os 110 Objetos Messier separados por categoria (nebulosas, aglomerados, galáxias, etc.) e dentro dessas categorias, separei também por magnitude, da maior para menor. Ao fazer isso, percebi que os 30 primeiros objetos registrados se tratavam, na sua grande maioria, de aglomerados abertos.

Essa sistematização me ajudou bastante a criar a lista que seria seguida para a conclusão do Grau 2, a qual optei por incluir o máximo possível de aglomerados estelares, deixando para o Grau 3 as nebulosas, galáxias e outros, por considerar estes objetos mais difíceis de visualizar, devido às suas próprias características e por terem magnitudes maiores, em sua maioria.

Essa segunda etapa na comissão me fez amadurecer muito nos meus registros e observações: aprender a usar o pouco tempo que tinha de forma mais efetiva e sistemática, planejando (às vezes até milimetricamente rsrs) os caminhos a serem traçados na abóbada celeste para chegar os objetos programados para determinada noite; “desapegar” dos aplicativos durante as observações, fruto de um melhor planejamento, dando prioridade às cartas celestes impressas e planisférios; e, principalmente, me esforçar a fazer a observação a olho nu de determinados objetos e outros nos seus arredores, antes de ir para a ocular do telescópio, o que ainda é um desafio para mim.

A observação sistemática da Astronomia é algo que requer bastante tempo, atenção e dedicação. Então, para mim, o maior desafio que encontrei desde que entrei na comissão tem sido conciliar as atividades de observação com o meu trabalho (professora), estudos (doutorado), afazeres domésticos, cuidados com meu filho, entre outras demandas. O meu tempo destinado à observação também é bem restrito (entre 18h e 21h,

no máximo), por não ter um local de observação seguro que possa ficar por mais tempo.

Através desse relato, espero que os colegas que integram a Comissão percebam que é possível fazer as observações, especialmente as do Grau 1, mesmo com pouco tempo disponível, mesmo estando em um local com certa poluição luminosa ou mesmo sem nenhum instrumento de observação. E que, com um instrumento, mesmo de pequeno porte (binóculo, luneta, telescópio), é possível concluir, inclusive, o Grau 2.

Abraços messpolmeanos a todos(as) que compartilham dessa mesma paixão em torno da Astronomia Observacional!!

SEÇÃO C