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OURANOS. Boletim Informativo da União Brasileira de Astronomia Ano L Número 2 Solstício de Dezembro/2020 RUBENS DE AZEVEDO

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OURANOS

Boletim Informativo da União Brasileira de Astronomia

Ano L – Número 2 – Solstício de Dezembro/2020

2021

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União Brasileira de Astronomia

Fundada no 1º. Encontro Nacional de Astronomia, em S. Gonçalo, distrito de Sousa - PB.

Expediente

Saulo Machado (Comissão de Reativação da UBA) - Coordenação Editorial Pedro Barros (Clube de Astronomia de Maceió) - Edição

Rôse Dias (Clube de Astronomia de Maceió) - Apoio (Revisão) Beatriz Barros - Diagramação e Capa

Explicação para o emblema da UBA

Apresenta o sistema planetário Terra-Lua; inclui como representantes do Sistema Solar: um cometa e Saturno; e do espaço sideral: a constelação do Cruzeiro do Sul. Acima da projeção do equador terrestre: a sigla UBA, da União Brasileira de Astronomia (jan/1979). Em volta do emblema original uma circunferência completa constando na parte inferior a data de fundação e na parte superior o lema “um ajuda o outro”, originário de um comentário feito por Edvaldo Trevisan durante a sua participação no Encontro Nacional de Astronomia de 2018 em Natal/RN (nov/2019).

Página Principal/Blog: ​https://uba-astronomia.blogspot.com/

Página do Facebook: ​https://www.facebook.com/UBAastronomia/

Grupo do Facebook: ​https://www.facebook.com/groups/1120060318033562/

Comissão de Reativação da UBA:

Saulo Machado, Claudio Azevedo e Vinícius dos Santos GaeA – Grupo de Apoio em Eventos Astronômicos

Divisão de Observação:

Comissão de Cometas:

https://uba-cometas.blogspot.com/

Comissão de Estrelas Variáveis:

https://uba-variaveis.blogspot.com/ Comissão Lunar: https://uba-lunar.blogspot.com/ Comissão de Meteoros: https://uba-meteoros.blogspot.com/ Comissão Solar: https://uba-solar.blogspot.com/

Divisão de Ensino e Divulgação:

Clube Messier-Polman:

https://uba-messierpolman.blogspot.com/

Caso deseje entrar em contato, a UBA está atendendo provisoriamente pelo e-mail: gaea.faleconosco@gmail.com

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ÍNDICE

EDITORIAL 4

SEÇÃO A – DIVISÃO DE OBSERVAÇÃO – ARTIGOS DAS COMISSÕES

- FOTOMETRIA DIFERENCIAL UTILIZANDO OS PROGRAMAS IRIS E AFVIS 7

- A OBSERVAÇÃO VISUAL DE METEOROS – PARTE II 12

- INFORMATIVO DA COMISSÃO DE COMETAS 16

- AVALIANDO O DIÂMETRO E A CONDENSAÇÃO DA COMA 21 - RELATÓRIO PRELIMINAR DA PASSAGEM DO COMETA C/2020 U6 (LEMMON) 25 SEÇÃO B – DIVISÃO DE ENSINO E DIVULGAÇÃO – ARTIGOS DAS COMISSÕES

- A ASTRONOMIA AMADORA OBSERVACIONAL MAIS TECNOLÓGICA, E MAIS POBRE 30 - A DEDICAÇÃO DE UMA ASTRÔNOMA NO MÉRITO DA CERTIFICAÇÃO EM UM GRAU

DISTINTO 36

- CLUBE MESSIER-POLMAN - REGISTROS DE OBSERVAÇÃO 39 SEÇÃO C – ATIVIDADES DOS COLABORADORES

- ASSOCIAÇÃO APONTADOR DE ESTRELAS 42

- ATIVIDADES DO NEOA-JBS DE JULHO A OUTUBRO DE 2020 47 - OBSERVATÓRIO DUMONT E O CENTENÁRIO DE RUBENS DE AZEVEDO - PUBLICAÇÃO

DO LIVRO “O MUNDO DA LUA” 50

SEÇÃO D – ARTIGOS DE CONVIDADOS

- FOI RUBENS DE AZEVEDO QUE ME APRESENTOU A SELENE 53

- OS COMETAS DE AZEVEDO 59

- “OS CÉUS ARTIFICIAIS” DO CEARÁ 63

- O PROFESSOR RUBENS E OS LADRÕES 66

SEÇÃO E - CONTEÚDOS DA COMISSÃO DE ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO / COMISSÃO DE REATIVAÇÃO DA U.B.A.

- CRONOLOGIA DA REATIVAÇÃO DA UNIÃO BRASILEIRA DE ASTRONOMIA

(CONTINUAÇÃO) 69

SEÇÃO F – DADOS E ESTATÍSTICAS DAS COMISSÕES

- LISTA DE COLABORADORES 71

- DISTRIBUIÇÃO DOS MEMBROS DA U.B.A. POR REGIÃO (JAN-NOV/2020) 79 - DISTRIBUIÇÃO DOS MEMBROS DA U.B.A. POR MUNICÍPIO (JAN-NOV/2020) 80 - CATEGORIAS DE EQUIPAMENTOS E ENTIDADES REPRESENTADOS (JAN-NOV/2020)

81 - PUBLICAÇÕES MENSAIS DAS COMISSÕES (JAN–NOV/2020) 82

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Editorial

Por uma feliz coincidência, lançamos a segunda edição do novo boletim da UBA no dia da “Grande Conjunção”. Neste 21 de dezembro de 2020, que também marca o solstício de verão, Júpiter e Saturno estarão a uma distância aparente de apenas seis minutos de arco no céu - 1/5 ​de diâmetro da Lua.

Falando em datas, 2020 recusa comentários, não é mesmo? Pela primeira vez, depois de 21 edições anuais ininterruptas, o Encontro Nacional de Astronomia (Enast) não aconteceu presencialmente.1 Os encontros regionais, estaduais, locais… as observações em praças públicas, as sessões de planetário, as visitas aos observatórios, as pernoites… todas essas atividades que amamos pararam ou ocorreram de forma diferente devido à pandemia.

Esse momento atípico da história nos leva a refletir sobre como nos comunicamos, como interagimos e como são importantes nossas atividades socializadas - para a astronomia não seria diferente. A UBA foi criada, lá em 1970, para promover essa interação entre os astrônomos amadores brasileiros, fornecendo-lhes conteúdo formativo e informativo através de suas publicações. Ela buscou transcender as barreiras do espaço na época em que os correios eram o meio de comunicação predominante entre seus membros e os encontros presenciais não eram tão comuns.

Um dos grandes atores na construção dessa rede de astrônomos amadores e entusiastas da astronomia é o homenageado desta edição. A capa faz referência aos 100 anos que Rubens de Azevedo completaria em 2021, caso ainda estivesse entre nós. Os artigos dos convidados, na Seção D, tratam deste que foi um dos maiores divulgadores da ciência astronômica do Brasil. Sua memória serve para nos lembrar que mesmo “distantes no tempo”, pessoas como ele, Jorge Polman, Jean Nicolini e vários outros também continuam dando força até hoje à astronomia no Brasil, seja com seu exemplo de dedicação, com todo o conhecimento que compartilharam ou mesmo com as obras materiais e imateriais que nos legaram. Tudo isso transcende as barreiras do tempo.

Nesta noite, Júpiter e Saturno parecem muito próximos aos nossos olhos, embora estejam a milhões de quilômetros um do outro, enquanto nós parecemos distantes, espalhados pelos mais de 8 milhões de quilômetros quadrados deste país, isolados de várias atividades sociais anteriormente corriqueiras. Como uma questão de “ponto de vista”, esperamos que a UBA ajude a focar nas nossas conexões, inspiradas no amor comum à astronomia, ao invés de na distância física que temporariamente estamos obrigados a enfrentar. Distantes no espaço, ou até no tempo, “um ajuda o outro”.

Foi bastante satisfatório poder contribuir, junto ao Saulo Machado, com a edição desta publicação tão marcante para a história dos astrônomos amadores do país. Agradeço à colaboração de Rôse Dias e Beatriz Barros, responsável pelo belo estilo aplicado às capas desta 1 Mas não deixou de acontecer! Confira a programação e os links para as lives (gravadas)

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edição. Agradeço o convite da Comissão de Reativação e a recepção dos demais membros da UBA.

Com votos de esperança por um 2021 melhor que 2020 para todos,

Pedro Barros Lima do Nascimento Clube de Astronomia de Maceió (CLAM)

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SEÇÃO A

DIVISÃO DE OBSERVAÇÃO

ARTIGO DAS COMISSÕES

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FOTOMETRIA DIFERENCIAL UTILIZANDO

OS PROGRAMAS IRIS E AFVIS

Por Adriano Aubert S. Barros Observatório Astronômico Genival Leite Lima (OAGLL)

adriano.aubert@gmail.com

Neste artigo vou mostrar como você pode fazer a fotometria de estrelas variáveis usando os programas IRIS e AFVis.

O Programa IRIS é um programa de computador gratuito, desenvolvido por Christiaan Buil, que tem a finalidade de processar e analisar imagens astronômicas. É um programa muito versátil que permite fazer processamento digital, fotometria, astrometria.

O programa AFVis – Auxiliar de Fotometria Visual foi desenvolvido por mim e tem a finalidade de ajudar na determinação e registro das magnitudes aparentes visuais, ou do canal visual (g – green) de imagens obtidas com CCDs e CMOS. Desenvolvi o programa para fazer a fotometria diferencial de estrelas variáveis com imagens de minha câmera DSLR. O AFVis ainda está em desenvolvimento e não tem o objetivo, nem a pretensão, de ser um programa completo para fotometria. Ele é apenas uma régua digital, que auxilia no processo de fotometria feito visualmente por observadores de estrelas variáveis. Esse processo é denominado de fotometria diferencial, porque estima a magnitude aparente da estrela variável a partir das diferenças de magnitudes aparentes de estrelas de magnitude constante, que são indicadas em mapas e tabelas de medição disponibilizados pela American Association of Variable Star Observers – AAVSO, Rede de Astronomia Observacional – REA, Instituto Copérnico - Argentina, Variabl Stars South – VSS, AFOEV, BAA-VSS e outras.

Você pode baixar o AFVis neste link: ​AFVis Beta 3

Iris v.5.59.

Interface gráfica do Iris v. 5.59.

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Nas primeira e segunda linhas da janela, vemos o menu com as guias e botões de acesso a funções específicas. Cada guia tem uma série de funções e os botões executam uma determinada função como zoom, abrir a caixa de diálogo da configuração da imagem, etc. Para conhecer mais ​sobre essas guias e botões, recomendo que você visite e leia o tutorial que

está no site do programa IRIS, disponível em

www.astrosurf.com/buil/iris-software.html​.

Na área de trabalho do Iris, poderá ser apresentada, no lado direito superior, uma janela flutuante denominada Threshold. Basicamente o threshold representa o controle de contraste e brilho, que é um controle fundamental para visualização e análise das imagens.

Na barra inferior da janela, no lado direito, se verá quatro pequenas caixas onde serão apresentados o número de bits da imagem, a posição x e y em pixels, do ponteiro do mouse, quando este estiver sobre um ponto da imagem e a intensidade do pixel, sobre o qual estará o cursor do mouse.

AFVis Beta 3

Interface do AFVis Beta 3. Fonte: Autor.

Como disse antes, o AFVis é um programa que auxilia na estimativa e registro da magnitude aparente de uma estrela variável, a partir das diferenças de magnitudes aparentes visuais constantes das estrelas de comparação. É um programa simples, que utiliza a correlação linear entre a magnitude aparente visual ou do canal verde (g) de uma imagem digital e a magnitude instrumental medida com um programa de fotometria, em nosso caso o IRIS.

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Para instalar o programa AFVis, é só descompactar e acionar o aplicativo e você verá a versão beta 3, interface acima.

O AFVis irá salvar as informações que serão apresentadas na tela do programa, mais o código do observador, data e hora, no tempo universal da observação em um arquivo texto, com campos separados por “;” ponto e vírgula. Quando você for iniciar o registro de uma estrela com o AFVis deverá clicar no botão “Inicializar” para que ele crie um arquivo texto, em branco, que será ​onde o programa gravará as informações. Isso só precisa ser feito uma vez, quando você for fazer o primeiro registro de uma estrela. Esse arquivo é o registro das observações de uma estrela. Ele pode e deve ser utilizado, para redução e análise de dados. O arquivo-texto gerado pode ser facilmente importado por editores de texto e planilhas eletrônicas.

Na interface do AFVis, vemos as etiquetas: Código do Observador (AAVSO); Estrela; Dia; Mês, Ano; Hora; Minuto; Segundo no tempo universal (TU); Magnitude visual da estrela mais brilhante – A; Magnitude visual da estrela menos brilhante – B; Magnitude instrumental da estrela mais brilhante – A; Magnitude instrumental da estrela menos brilhante – B; Magnitude instrumental da estrela variável, obtida com IRIS - V; botão de calcular; Tela de apresentação dos dados e magnitudes registradas e calculada; botão de inicializar; botão de gravação dos dados no arquivo texto; botão de sair do programa.

Como fazer a fotometria diferencial usando o IRIS e o AFVis

1. Abra no IRIS uma imagem do céu que contenha a estrela variável que você deseja estimar a magnitude aparente visual e as estrelas de comparação. Para isso, vá na guia file do Menu do Iris e clique na função abrir ou simplesmente clique no botão abrir da segunda linha do menu. Escolha a imagem de um diretório no seu dispositivo de armazenamento. Importante: as imagens deverão ter a extensão .pic ou .fit. Esses tipos de arquivos armazenam as informações dos sensores como matrizes de intensidade por pixel, enquanto que os arquivos mais comuns como .gif, .jpg, .png são arquivos que sofrem alterações na informação para que se consiga a compactação típica deles. Por isso lembre sempre de usar os arquivos no formato certo (.pic ou .fit).

2. Se a imagem estiver colorida (r,g,b), então você deverá extrair o canal visual (g). Faça do seguinte modo: Vá até a guia “Digital Photo” do menu e escolha a função “RGB separation”.

3. Ao selecionar essa função, será apresentada uma janela para você nomear três imagens que serão criadas, a partir da imagem colorida, e que conterão, cada uma delas, as informações dos canais r (vermelho), g (verde) e b (azul). A que nos interessa no momento é a imagem do canal g, que corresponde ao filtro visual. Essas imagens serão gravadas pelo Iris, no diretório ou pasta de trabalho (working path) definido anteriormente por você.

4. Agora vá na pasta de trabalho e carregue a imagem do canal verde. Observe que o canal verde não tem aparência verde, tem sim aspecto cinza. O arquivo indexa a intensidade da cor verde em intensidades de cinza. Indo desde o preto até o branco.

5. Em seguida, selecione a função "Aperture Photometry" na guia Analysis no menu do Iris e configure o raio do fotômetro de tal

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forma que o círculo central abranja toda a imagem da estrela. Os círculos intermediários e externo do fotômetro têm a função de determinar o brilho do fundo de céu e de outras estrelas que estejam próximas à que se quer medir. Dessa forma, melhora a medida da fotometria instrumental.

6. Ao se proceder a fotometria, irá surgir na interface do iris, uma janela com informações sobre a medida. Anote o valor da magnitude instrumental informada.

7. Para determinar a magnitude aparente das estrelas de comparação, você pode utilizar o Variable Star Plotter – VSP disponibilizado pela American Association of Variable Star Observers - AAVSO. O VSP - Variable Star Plotter é um programa online, que você pode acessar direto do site da AAVSO e fazer mapas para medição de estrelas variáveis. Ele gera mapas e tabelas fotométricas. Basta configurar o formulário online para isso. Você pode acessar o VSP no link

www.aavso.org/apps/vsp/. A partir da tabela fotométrica pode-se verificar o índice de cor B – V da estrela. É importante que os índices de cor B-V da variável como os das estrelas de comparação sejam próximos.

8. Determine a magnitude instrumental das estrelas de comparação da mesma que fez com a estrela variável - guia "Analysis" e função "Aperture Photometry". Anote as magnitudes instrumentais das estrelas de comparação, sendo "A" a da mais brilhante e "B" a da menos brilhante.

9. Para calcular a magnitude aparente visual da estrela variável, basta inserir os valores das magnitudes instrumentais das estrelas e da variável no AFVis e apertar o botão calcular. Antes de gravar os dados será necessário inicializar o arquivo. Faça isso clicando no botão inicializar e colocando o nome da estrela variavel. O AFVis irá então criar um arquivo na pasta onde ele, o AFVis, estiver instalado no seu computador. Só é necessário fazer isso no primeiro registro de medida de uma estrela. Ao clicar no botão calcular, imediatamente irá aparecer as informações sobre a medida com a magnitude aparente visual da estrela variável.

10. Para gravar o registro no arquivo texto criado, acione o botão "Gravar".

Exemplo de arquivo texto criado pelo AFVis com os dados separados por ";", o que permite a importação por editores de textos ou planilhas eletrônicas. Fonte: autor.

Conclusão

Após esse processo, você terá um arquivo digital, com dados que poderá ser analisado e revisado, que ajudará muito na organização e

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estudos sobre a variação de magnitudes aparentes em estrelas. No entanto, deve-se lembrar que esse método não permite uma fotometria diferencial de precisão. Para isso, será necessário executar transformações matemáticas nos dados obtidos, o que permitirá uma melhor calibração das magnitudes instrumentais e visuais. Mas, para estudos de variação temporal, visual ou com fins pedagógicos, o método pode ser utilizado. Espero que este trabalho venha ajudar àqueles que desejem estudar e compreender mais as estrelas variáveis.

Referências

AAVSO - <​www.aavso.org​>.

AFOEV - <adsabs.harvard.edu/full/1986BICDS..30...85S ​>

AFVis Beta 3 - Link para baixar

<https://drive.google.com/file/d/1AnaTk6PiiGzhLfPlumqh6wrlarfHmjyN/ view?usp=sharing​>.

BARROS,A.A.S. - Tutorial Fotometria diferencial com IRIS e AFVIs - UBA. IRIS - Disponível em <www.astrosurf.com/buil/iris-software.html ​>.

GCVS - <​www.sai.msu.su/gcvs/cgi-bin/search.htm​ ​>

REA- Brasil – Grupo Argo Navis - <rea-brasil.org/variaveis/ ​>

SIMBAD - <​simbad.u-strasbg.fr/simbad/​ ​>

Instituto Copérnico – Argentina - <​www.institutocopernico.org/​> BAA-VSS - <britastro.org/section_front/22 ​>

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A OBSERVAÇÃO VISUAL DE METEOROS – PARTE II

COMISSÃO DE METEOROS - NÚCLEO DE ENXAMES Coordenação: Diego de Bastiani Colaboradores: Camila Vitoria Kesler Dalligna, Cristian Madoglio, Guilherme Negri, Richard de Almeida Cardial, Robert Magno Siqueira

https://uba-meteoros.blogspot.com/

Introdução

No primeiro artigo do Núcleo de Enxames da Comissão de Meteoros, apresentamos termos científicos, técnicas de observações e de registro na área de meteoros. Por ser o primeiro texto, alguns tópicos foram apresentados de forma breve, e alguns pontos ficaram em aberto, mas nos próximos artigos serão abordados com mais detalhes. Além da contemplação do céu, a União Brasileira de Astronomia está mobilizando seus coordenadores e incentivando a observação do céu. Através da Comissão de Meteoros e no Núcleo de Enxames queremos que as pessoas tenham um olhar mais apurado para observação das chuvas de meteoros, que além de ser uma atividade prazerosa e empolgante, nos ensina muito sobre observação. Neste artigo queremos tratar especialmente sobre o formulário de observação visual de meteoros elaborado pelo Núcleo de Enxames.

1. Registro para posteridade

A observação do céu e registros da observação do céu foi o fator principal para organização dos povos antigos, através da observação do movimento do Sol e da Lua foram construídos os primeiros calendários, e os registros desses movimentos auxiliaram os povos para definir a melhor época de plantio e colheita, chuvas, estações do ano, assim como a observação dos demais astros e seus respectivos registros nos proporcionaram conhecer eventos e fenômenos observados em diferentes regiões do planeta. Hoje, o registro dos mesmos fenômenos ou de novos eventos aprimoram dados de pesquisa e ampliam o conhecimento em diferentes áreas da astronomia, abrindo portas para novas pesquisas e revisão teórica daquilo que já conhecemos.

No estudo de chuvas de meteoros não é diferente! Ao longo dos tempos, o ser humano olhou para o céu e questionou o que eram aqueles riscos brilhantes que cortavam os céus. E é aqui que entra a importância do registro, pois não eram fenômenos aleatórios. Aos poucos percebeu-se que os meteoros aumentavam em quantidade de incidência em determinadas épocas do ano e em diferentes localizações do planeta. Foi possível descobrir suas origens ligando os dados de registros da observação de meteoros com os dados de registros de asteroides e cometas.

Foi através de diferentes registros que chegamos ao conhecimento que temos hoje sobre o universo e de tudo que ainda temos para descobrir. Por isso, incentivamos a observação do céu e principalmente o registro, pois somos responsáveis pela construção do conhecimento do mundo e deixar nossos nomes registrados na construção do conhecimento para posteridade.

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2. Formulário de observação visual de meteoros

No artigo publicado no Boletim Ouranos1​, apresentamos brevemente

sobre o método de contagem de meteoros e o formulário de observação visual de meteoros usado para registro das observações.

O método de contagem de meteoros, obviamente, consiste em contar o número de meteoros que é registrado dentro de um determinado período de tempo nos radiantes ativos durante a sessão de observação, bem como, os meteoros do antelio e esporádicos. Para que uma boa amostra de dados seja coletada durante uma campanha, observe o céu por no mínimo uma hora. O ideal é que o radiante seja observado um dia antes, durante e um dia depois da máxima atividade do radiante, assim é possível perceber o incremento e a diminuição na Taxa Horária Zenital - THZ.

O formulário a seguir, foi elaborado com base na formulário da IMO - International Meteor Organization​2​, visando facilitar o registro para

aqueles que estão iniciando na observação e registro de meteoros e divulgação dos mesmos dados para IMO.

O formulário de amostra foi confeccionado para a campanha de observação dos meteoros de Eta-Aquarídeos ​(a)

1 Boletim Ouranos. A observação visual de meteoros. Ano L, Número 1, p. 11 - 16. Disponível em:

http://acervoastronomico.org/uba-ano-50

2 IMO - International Meteor Organization.

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Em ​(b) o observador deve preencher as datas de observação, o horário de início e término de observação, lembrando que esses dados devem ser em Tempo Universal - TU. Se você está se programando para ficar um longo tempo na observação ou registrando uma campanha com vários dias de observação, o ideal é de que se tenha vários formulários em mãos, sendo que o campo ​(c)​ foi criado justamente para este controle.

Anote as coordenadas geográficas de latitude, altitude, elevação, cidade e estado de onde está observando ​(d)​. Anote também seu nome ​(e) e os radiantes que foram observados ​(f)​ na sessão.

O campo ​(g) será usado para anotação dos meteoros observados. Como usaremos o método de contagem, os dados serão anotados de forma sequencial. Na primeira coluna temos a ordem sequencial de registro. A segunda coluna será para anotação da data e a terceira coluna, o horário do avistamento do meteoro (ambos em tempo Universal). Na coluna ​“campo” (quarta e quinta coluna) refere-se ao valor da ​ascensão reta (AR) e declinação (Dec) (aproximado) da região do céu em que foi avistado o meteoro. Caso você ainda não tenha conhecimento aprofundado da posição do céu, podem ser usados softwares para auxiliar na determinação do valor. No campo ​Obstr. (%) deve ser indicada a porcentagem do céu que está obstruído no campo de visão dos nosso olhos (cerca de 50 graus), sejam nuvens, árvores próximas e altas ou edificações. ​Mag. L. é a magnitude limite que conseguimos enxergar das estrelas visíveis no céu. Rad. é a sigla do radiante observado e definido pela IAU 3 usado para o

radiante registrado. ​Mag. ​é magnitude visual do meteoro. O mapa de estrelas ​(i) ​traz destacado o brilho de estrelas que servem como

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comparação e ​(h) ​indica a posição do radiante na data da máxima atividade. E por fim nesta tabela, no item ​(j) será descrito novamente os radiantes observados na sessão com a contagem do número de meteoros observados.

Após a sessão de observação, os dados devem ser compilados dentro do arquivo que foi disponibilizado e enviados para o Núcleo de Enxames da Comissão de Meteoros através da página uba-meteoros.blogspot.com. Conclusão

Com o registro, temos a oportunidade de contribuir com a história e a ciência, além de apreciar uma noite com meteoros cortando o céu.

Olhe para o céu.

Você nunca verá um meteoro se estiver olhando para o celular.

“Olhe para o céu.

Você nunca encontrará um arco-íris se você estiver olhando para baixo.”

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INFORMATIVO DA COMISSÃO DE COMETAS

Por Alexandre Amorim Coordenador da Comissão de Cometas

https://uba-cometas.blogspot.com/

Neste espaço, informamos os leitores a respeito de notícias observacionais, destacando os registros feitos no Brasil bem como os cometas disponíveis para a observação visual no atual trimestre. Sempre lembramos que os dois principais canais de informações da Comissão de Cometas/UBA na Internet são os ​websites​:

www.​rea-brasil.org/cometas https://​uba-cometas.blogspot.com

Além dos canais acima, usaremos as páginas do Boletim Ouranos para mostrar ao leitor o cenário da observação visual de cometas no Brasil. Cometas observados recentemente

Cometa 2P/Encke​:

Encerramos a 9ª temporada de observação desse cometa alcançando 49 registros visuais feitos pelos seguintes observadores: Alexandre Amorim, Júlio César Fernandes Neto, José Guilherme de Souza Aguiar, Marco Antônio Coelho Goiato e Willian Carlos de Souza. A Base de Dados de Cometas/REA-UBA totaliza 103 registros visuais de 7 observadores. Na atual aparição, o brilho do Cometa 2P/Encke seguiu a fórmula m ​1 = 10,7 +

5 log Δ + 8 log r que corresponde à linha azul na curva de luz abaixo. A linha vermelha representa o comportamento do brilho segundo os parâmetros publicados pelo ​Minor Planet Center​ (MPC).

Cometa 88P/Howell​:

Até 30 de novembro de 2020, recebemos 48 registros visuais feitos pelos observadores: Alexandre Amorim, José Guilherme de Souza Aguiar e Marco Antônio Coelho Goiato. Recebemos também dois registros fotográficos feitos por Daniel Mello (Maricá/RJ) e Teresa Sato (Promissão/SP). A Base de Dados de Cometas/REA-UBA totaliza 147 registros visuais de 6 observadores. Na atual aparição, o Cometa 88P/Howell se apresentou ligeiramente mais fraco do que a aparição em 2015. Os registros atuais são consistentes com a fórmula m ​1 = 4,8 + 5 log

Δ + 28 log r que corresponde à linha azul na curva de luz a seguir. A linha tracejada representa o comportamento do brilho segundo as observações feitas no Brasil em 2015.

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Cometa 156P/Russel-LINEAR​:

Os observadores José Guilherme de Souza Aguiar e Marco Antônio Coelho Goiato registraram esse cometa periódico de fraco brilho nos dias 17 e 23 de outubro de 2020, quando o astro se deslocou da constelação de Escultor para Aquário, estando disponível próximo ao zênite já no início da noite. O brilho foi avaliado visualmente entre as magnitudes 11 e 12, sendo consistente com as efemérides publicadas no MPC. Em 6 e 7 de novembro, o astro foi registrado pelos dois observadores e o brilho foi avaliado entre as magnitudes 10 e 11. Seu periélio ocorreu em 17 de novembro de 2020, passando 1,33ua (~200 milhões de km) do Sol. Nessa data ele estava na constelação de Peixes, nas proximidades da estrela λ Piscium, porém o brilho não ultrapassou a 10ª magnitude.

Cometa C/2017 T2 (Pan-STARRS)​:

Encerramos a temporada de observação desse cometa com um total de apenas 13 registros visuais dos observadores: Alexandre Amorim, José Guilherme de Souza Aguiar e Marco Antônio Coelho Goiato. O astro se manteve menos brilhante do que as efemérides iniciais do MPC. Nossos registros seguiram a fórmula m 1 = 6 + 5 log Δ + 8 log r indicando que o máximo brilho não ultrapassou a 9ª magnitude.

Cometa C/2019 U6 (Lemmon)​:

Encerramos a temporada de observação desse cometa totalizando 223 registros visuais de 13 observadores, além de 18 imagens submetidas por 8 colegas. Ele é o 6º cometa em volume de registros visuais conforme a Base de Dados de Cometas/REA-UBA. A edição anterior do Boletim Ouranos (ano L, nº 1, set/2020) trouxe a curva de luz desse cometa. E na presente edição temos uma análise mais completa no artigo assinado por José Guilherme de Souza Aguiar.

Cometa C/2020 P1 (NEOWISE)​:

Segundo o MPC, esse objeto foi relatado por J. Chesley como um possível cometa em imagens obtidas pela sonda NEOWISE (​Near-Earth Object

Wide-field Infrared Survey Explorer​) nos dias 2 e 3 de agosto de 2020. Já no dia 4 de agosto, alguns observatórios situados na superfície terrestre (entre eles o SONEAR, em Oliveira/MG) passaram a acompanhar o

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cometa e mediram o brilho da coma em torno da 17ª magnitude, situando o objeto na constelação de Mosca. Os elementos orbitais iniciais publicados na MPEC 2020-P29 indicavam que o máximo brilho deste cometa deveria alcançar a 9ª magnitude em meados de outubro de 2020, porém numa elongação inferior a 20 graus em relação ao Sol. Na última semana de setembro de 2020 alguns observadores relataram um salto de brilho nesse cometa de aproximadamente 2 magnitudes. Nos dias 23 e 24 de setembro José Guilherme de Souza Aguiar (Campinas/SP) avaliou o brilho desse cometa respectivamente nas magnitudes 10,6 e 10,7 com o astro muito baixo no horizonte sudoeste, situado nas proximidades de γ Centauri. Cometa C/2020 M3 (ATLAS)​:

Segundo a circular nº 2020-N11 do MPC, esse objeto foi inicialmente relatado como um possível asteroide georrasante em 27 de junho de 2020 pela equipe do Projeto ATLAS-MLO (Mauna Loa, Hawaii, EUA). Registros subsequentes feitos por H. Sato, K. Yoshimoto e A. Valvasori indicaram uma atividade cometária no objeto, vindo a ser catalogado como C/2020 M ​3

(ATLAS). Os elementos orbitais iniciais já indicavam um periélio em torno de 1,3 ua com passagem calculada para 24 de outubro de 2020. Os elementos mais recentes publicados na MPEC 2020-P19 refinaram os dados e com base neles apresentamos as condições de visibilidade. No final de agosto, o cometa se situou na constelação de Forno, cerca de 4 graus ao norte da estrela θ Eridani, brilhando na 10ª magnitude e sendo visível durante toda a madrugada. Em 8 de setembro ele passou cerca de 1 grau ao norte da galáxia NGC 1316 (Fornax A).

A partir da primeira quinzena de setembro, com a ausência da Lua durante a madrugada, o cometa se manteve na 10ª magnitude enquanto passou da constelação de Forno para Erídano. Em 24 de setembro, Marco Goiato (Araçatuba/SP) estimou o brilho do cometa em magnitude 10,3. Alguns observadores avaliaram o brilho entre a 8ª e 9ª magnitude em meados de outubro, enquanto ele passava pelo limite das constelações de Erídano e Lebre, mantendo a boa visibilidade de madrugada. Seu periélio ocorreu em 25 de outubro quando passou a 1,27 ua do Sol (~190 milhões de km). Em 2 de novembro ele ingressou na constelação de Órion, se aproximando de Rigel no dia 4 de novembro. Em 14 de novembro ele passou mais próximo da Terra (0,35 ua ou 53 milhões de km). No dia seguinte, 15 de novembro, ele se situou 0,4 graus à leste da estrela Bellatrix. Em 23 de novembro ele ingressou na constelação de Touro, porém seu brilho diminuiu para a 8ª magnitude, encerrando sua aparição no início de dezembro de 2020 quando ingressou na constelação de Auriga.

Até 30 de novembro de 2020, recebemos 64 registros visuais feitos por Alexandre Amorim, José Guilherme de Souza Aguiar, Marco Antônio Coelho Goiato e Willian Carlos de Souza. As observações visuais seguiram a fórmula m ​1 = 5,7 + 5 log Δ + 40 log r (t-10d) que representa a linha

azul na curva de luz, enquanto que a linha vermelha se baseia nos parâmetros do MPC. Recebemos também 8 (oito) imagens desse cometa feitas por Carlos Palhares, Daniel Mello, Geovandro Nobre, Luiz Araújo e Teresa Sato.

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Cometa C/2020 S3 (Erasmus)​:

Esse objeto foi descoberto em 17 de setembro de 2020 por Nicolas Erasmus que pertence à equipe do Projeto ATLAS-MLO (Mauna Loa, Hawaii, EUA). Na ocasião o cometa se apresentava como um astro de 18ª magnitude situado na constelação de Unicórnio, entre as estrelas 15 e 17 Monocerotis. O cometa foi observado inicialmente em quatro ocasiões no Brasil por José Guilherme de Souza Aguiar (Campinas/SP), entre os dias 18 e 23 de outubro. E nesse intervalo de 5 dias o brilho do cometa passou de magnitude 11,2 para 10,7, significando um incremento de 0,5 magnitudes. Em 1º de novembro, o cometa esteve disponível pouco antes do amanhecer, situado na constelação de Sextante e brilhando na 10ª magnitude. Entre 5 e 13 de novembro ele atravessou a constelação da Taça enquanto seu brilho permanecia na 10ª magnitude. De 14 a 20 de novembro, o brilho passou para a 8ª magnitude enquanto ele atravessava a constelação de Corvo. Nesse intervalo, em 18 de novembro, ele passou mais próximo da Terra (1,03 ua ou 155 milhões de km). Durante a última semana de novembro, ele transitou o limite das constelações de Virgem e Hidra, enquanto seu brilho esteve entre a 6ª e 7ª magnitude. No entanto, sua elongação em relação ao Sol diminuiu, de modo que já no início de dezembro o cometa se situou na constelação de Libra, muito baixo no horizonte momentos antes de o Sol nascer, embora a previsão de brilho nessa ocasião fosse a 6ª magnitude. Seu periélio ocorreu em 12 de dezembro, quando passou cerca de 0,4 ua do Sol (~60 milhões de km). Recebemos 58 registros visuais feitos por Alexandre Amorim, José Guilherme de Souza Aguiar, Marco Antônio Coelho Goiato e Willian Carlos de Souza de modo que as observações visuais seguiram a fórmula m ​1 = 9 + 5

log Δ + 10 log r que representa a linha azul contínua na curva de luz abaixo. A linha tracejada era uma previsão com base em 11 registros visuais feitos até 8 de novembro.

Base de Dados de Observações Visuais

Neste ano de 2020, tivemos a oportunidade de observar pelo menos 11 (onze) cometas. Ao lado temos um gráfico que mostra a quantidade de cometas observados em cada ano conforme nossa base de dados. O pico ocorrido em 2008 se deve a 31 (trinta e um) cometas registrados naquele ano, correspondendo ao nosso recorde. No período de 1884 a 2020 temos em

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nossa base um total de ​278 cometas com pelo menos 1 (um) registro de fotometria visual. Com respeito ao total de observações visuais, já acumulamos em 2020 um total de ​766 ​registros feitos pelos seguintes observadores: Alexandre Amorim, Augusto César Silva de Sousa, Antônio Martini Jr, Bruno Lima Lobo, Cleidson Marcos da Silva, Daniel Mello, Denis Zoqbi, Ednilson Oliveira, Geovandro Nobre, José Guilherme de Souza Aguiar, Júlio César Fernandes Neto, Lauriston Trindade, Lucas Camargo da Silva, Luiz Araújo, Maciel Bassani Sparrenberger, Marco Antônio Coelho Goiato, Rodolfo Langhi, Tasso Augusto Napoleão e Willian Carlos Souza.

Considerando todos os registros em nossa Base de Dados, chegamos a 9947 observações visuais feitas por 116 observadores. Notamos que nos aproximamos da marca de 10 mil observações visuais.

Cometas previstos para 2021

A Secção de Cometas/REA e a atual Comissão de Cometas/UBA só incluem em seu programa aqueles cometas mais brilhantes do que magnitude 10, salvo algumas exceções. Isso não significa que outros cometas menos brilhantes sejam eliminados - na verdade, qualquer observação de cometas é incluída em nosso Arquivo de Observações e creditada ao respectivo observador. Durante o ano, faz-se vigilância em cometas periódicos em

outburst (saltos de brilho). Uma vez ocorrendo um ​outburst​, esses cometas são automaticamente incluídos no programa de observação e com prioridade. A magnitude anotada na tabela abaixo se refere ao máximo brilho que o cometa deve alcançar de acordo com as recentes efemérides.

As informações básicas sobre esses cometas estão disponíveis nas páginas 131 a 142 do ​Anuário Astronômico Catarinense 2021​, autoria de Alexandre Amorim. Ao longo do ano o ​website da Comissão de Cometas atualizará tais informações, se necessário.

Cometa Visibilidade (em 2021) magnitude

4P/Faye setembro e outubro 10

6P/​ ​d’Arrest agosto a outubro 9

7P/​ ​Pons-Winnecke abril a agosto 8,2

8P/Tuttle agosto a outubro 8,5

10P/Tempel março e abril 10

15P/Finlay junho e julho 9,7

19P/Borrelly novembro/2021 a abril/2022 8

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AVALIANDO O DIÂMETRO E

A CONDENSAÇÃO DA COMA

Por Alexandre Amorim Coordenador da Comissão de Cometas

https://uba-cometas.blogspot.com/

Segundo Ronaldo Mourão, a cabeleira ou coma é uma “nebulosidade que circunda o núcleo de um cometa” ou “região de um cometa, com aspecto de um envoltório gasoso, que rodeia o núcleo do astro”. Praticamente dentre os cometas observáveis num dado ano, o que podemos observar visualmente é essa “nebulosidade”. O primeiro parâmetro que devemos nos preocupar em avaliar é o brilho da coma, como tratamos em nosso artigo publicado na edição anterior do Boletim Ouranos sobre a fotometria visual de cometas. No artigo, exemplificamos que em 8 de junho de 2020 o observador Augusto C. S. de Souza (Imperatriz/MA) havia estimado o diâmetro da coma do Cometa C/2019 U​6 (Lemmon) em 8 minutos de arco (8’) e seu grau de

condensação no valor 6. No presente artigo trataremos desses dois parâmetros.

Medindo o diâmetro da coma

A maneira mais fácil de avaliar o tamanho da coma é usar a separação angular de algumas estrelas situadas no mesmo campo de visão de um instrumento. Ou mesmo a olho nu, caso tenhamos um cometa bem visível sem auxílio óptico. Para isso, usaremos a imagem do Cometa C/2019 U​6 (Lemmon) obtida por Geovandro Nobre (Manaus/AM) dentre as 18

imagens submetidas à Comissão de Cometas.

Percebemos na Figura 1 como a cabeleira do cometa tem o aspecto nebuloso, diferente das estrelas que, por sua vez, se apresentam na imagem como pequenos traços em virtude das configurações de empilhamento. Anotamos duas estrelas quaisquer, ​A e ​B ​, que sejam fáceis de reconhecer ao consultar um mapa celeste, independente desse mapa ser gerado por meio de programas de computador (​Stellarium​, ​SkyMap​, ​Carte du

Ciel​, etc...) ou seja um mapa impresso (Atlas Celeste, por exemplo).

O desafio está em avaliar aproximadamente qual é o tamanho da nebulosidade em relação à separação entre a estrela ​A e a estrela ​B ​. Será que esse tamanho é igual? Ou é ligeiramente menor? Nesse caso, o

Figura 1: Cometa C/2019 U6 (Lemmon) em 20

de junho de 2020, às 22:48 TU. ©Geovandro Nobre

Figura 2: Mapa celeste com a posição do Cometa C/2019 U6 (Lemmon) na mesma data e

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quanto é menor? Será cerca de 4/5 da separação? Ou 3/5? No momento da observação, deve-se registrar essa avaliação e mais tarde, quando for preencher o relatório, é conferida a separação angular entre as duas estrelas escolhidas como régua de medição.

Alguns programas de computador tais como o ​SkyMap permitem consultar rapidamente essa separação angular bastando clicar uma vez na primeira estrela (​A​) e depois na segunda estrela (​B​). No mapa apresentado na Figura 2, o ​SkyMap mediu 4’ 20” (quatro minutos e vinte segundos de arco). Se o observador avaliou o tamanho da coma como sendo “igual à separação entre essas duas estrelas”, então o resultado do diâmetro da coma deve ser, obviamente, 4’20”. Mas se ele avaliou como sendo “4/5 daquela separação”, então, mediante um cálculo simples, o valor relatado é 3’28”. Se a avaliação foi 3/5, então o resultado é 2’36”. Admitem-se valores arredondados tais como 4’ ou mesmo 3,5’. Caso o observador use mapas impressos, recomendamos usar a escala informada em tais mapas ou mesmo as linhas de declinação neles. No momento da observação notamos que há uma dificuldade em definir onde termina a nebulosidade, pois ela não possui uma borda bem definida tal como as nebulosas planetárias. No caso das observações visuais do Cometa C/2019 U​6 (Lemmon) na mesma noite em que foi obtida a foto da Figura 1, os

valores estimados para o diâmetro da coma situaram-se entre 7 e 10 minutos de arco. A diferença nas estimativas se deve a diferentes instrumentos bem como as condições do céu para cada observador.

Estabelecendo um valor médio de 8,5 minutos de arco nessa data e usando as efemérides do mesmo cometa, é possível saber qual a distância que ele estava da Terra naquela noite (0,8518 ua ou 127,4 milhões de km) e, mediante um cálculo trigonométrico, determinar a dimensão real da cabeleira do cometa, a saber, 315 mil quilômetros. Ao longo da sua passagem pelo interior do Sistema Solar, a dimensão da coma sofre variações. Com base nas observações registradas é possível elaborar gráficos por meio de programas específicos tais como o ​Comet for Windows (©Yoshida).

No caso do Cometa C/2019 U​6 (Lemmon), notamos na Figura 3 que o diâmetro aparente da coma atingiu valores maiores pouco antes da passagem periélica (linha vertical rosa). Já a Figura 4 mostra o tamanho real da coma em “diâmetros terrestres”, onde notamos que na segunda quinzena de maio de 2020 tal tamanho atingiu cerca de 35 vezes o diâmetro terrestre, ou 450 mil quilômetros.

Figura 3: Gráfico da variação do diâmetro aparente em minutos de arco da cabeleira do

Cometa C/2019 U6 (Lemmon)

Figura 4: Gráfico da variação do diâmetro real da cabeleira do Cometa C/2019 U6

(23)

Avaliando o grau de condensação da coma

Aqueles que ainda não puderam observar um cometa podem usar os objetos nebulosos disponíveis no céu. Por exemplo, usando um binóculo e comparando os aglomerados globulares 47 Tucanae (47 Tuc) e Ômega do Centauro (ω Cen) notamos imediatamente que ambos possuem o aspecto de uma nuvem redonda.

Num olhar mais atento percebemos que o tamanho aparente de 47 Tuc é menor do que o tamanho de ω Cen. E se prestarmos um pouco mais de atenção, notaremos que 47 Tuc parece ser mais compacto do que ω Cen, como se 47 Tuc possuísse uma condensação central mais brilhante do que sua borda enquanto que ω Cen é menos condensado.

Experimentemos apontar o mesmo binóculo para a M27 (que é uma nebulosa planetária). Em céus escuros, notamos que M27 é apenas uma mancha arredondada sem aquela condensação de ω Cen, muito menos de 47 Tuc. A questão aqui, leitores, é a possibilidade de elaborar uma escala e avaliar esse grau de condensação. A escala mais usada pelos observadores foi elaborada pelo periódico ​International Comet Quarterly (ICQ) e por essa razão é chamada Escala ICQ. Ela é muito simples. Para um objeto nebuloso de aspecto uniforme, tal como M27, damos o grau 0 (zero). Para uma estrela, cujo aspecto é pontual, damos o grau 9 (nove). Assim temos os dois extremos da escala. Aqueles objetos que não são totalmente nebulosos, tampouco com aspecto estelar, mas que apresentam condensações centrais intermediárias, damos valores situados entre os dois extremos da escala. Abaixo temos algumas avaliações do Grau de Condensação (GC) que o autor fez de alguns objetos por meio de binóculos 10x50:

No caso dos cometas, esse grau de condensação da coma varia ao longo da aparição, conforme o astro assume diferentes distâncias em relação ao Sol e em relação à Terra. No caso do Cometa 2019 U​ 6 (Lemmon)

notamos que durante sua época de visibilidade o grau de condensação da coma foi avaliado predominantemente entre os valores 4 e 6, usando binóculos. Após a passagem periélica e já no fim da época de visibilidade, tal grau de condensação diminuiu e foi avaliado entre os valores 2 e 4, aproximadamente.

Conclusão

A avaliação do diâmetro e do grau de condensação complementa a fotometria visual da cabeleira de um cometa. No caso da avaliação do diâmetro, o observador pode usar a escala de um atlas celeste ou dispor de programas planetários que permitem medir a separação angular entre duas estrelas de referência e, com base nessa medição, estimar o tamanho da coma. Já a avaliação do grau de condensação usa a escala do ICQ, cujos valores extremos são 0 (zero), para um aspecto nebuloso e uniforme da coma, e 9 (nove), para um aspecto estelar. Os valores intermediários serão avaliados conforme o aspecto da coma no momento da observação. Tais valores podem ser reportados à Comissão de Cometas da UBA, a fim de organizar os dados e permitir o estudo da aparição de um cometa.

Bibliografia

AMORIM, A. e QUINTÃO, F. P. ​Observação visual de cometas ​: estimativas e reportes. Disponível em: ​http://rea-brasil.org/cometas/registro.htm​. Acesso em 5 jul. 2020.

GC 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

(24)

MOURÃO, Ronaldo R. de F., ​Dicionário enciclopédico de astronomia e astronáutica​. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.

MOURÃO, Ronaldo R. de F., ​Manual do Astrônomo​: uma introdução à astronomia observacional e construção de telescópios. Rio de Janeiro: J. Zahar Editora, 1995.

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RELATÓRIO PRELIMINAR DA PASSAGEM

DO COMETA C/2020 U

6

(LEMMON)

Por José Guilherme de Souza Aguiar Colaborador da Comissão de Cometas

https://uba-cometas.blogspot.com/

Descoberta:

Conforme noticiado através da ​CBET 4735​, esse objeto foi descoberto em 31 de outubro de 2019 pelos observadores R. A. Kowalski e T. A. Pruyne (Mount Lemmon Survey), com nítido aspecto asteroidal de magnitude 20,5. Inicialmente foi catalogado como A/2019 U​6 (​MPEC 2019-v131​),

contudo, a partir da intensificação das observações realizadas no mês de dezembro de 2019, foram identificadas características cometárias, dada a presença de coma (5”) e uma cauda (7”).

Órbita:

Os elementos orbitais publicados na ​CBET 4801​ são os seguintes:

Figura 1: diagrama da órbita do Cometa C/2020 U6 (Lemmon)

elaborada pelo software Órbitas © J. C. Ruig.

Data do periélio Distância do periélio Excentricidade Argumento do periélio Nodo ascendente Inclinação Distância do Afélio Período T q e ω Ω i P 2020 Jun 18,82183 0,9142527 ua 0,9978742 329,65976° 235,70579° 61,00131° 870,64 ua 9097,12 anos

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Trabalhos Observacionais:

Os observadores da REA/UBA realizaram um total de 223 registros visuais, obtidos entre os dias ​30 de março a 27 de agosto de 2020​.

As observações foram obtidas pelos observadores abaixo listados (por ordem alfabética).

1. Alexandre Amorim, Florianópolis/SC 2. Antônio Martini Jr, Botucatu/SP

3. Augusto C. S. de Souza, Imperatriz/MA 4. Cledison M. da Silva, Luminárias/MG

5. Daniel Mello, Observatório do Valongo/RJ 6. Geovandro Nobre, Manaus/AM

7. José Guilherme de Souza Aguiar, Campinas/SP 8. Júlio César F. Neto, Florianópolis/SC

9. Luiz Araújo, Pelotas/RS

10. Marco Antônio Coelho Goiato, Araçatuba/SP 11. Maciel B. Sparrenberger, Brasília/DF

12. Tasso Napoleão, São Paulo/SP

13. Willian Carlos Souza, São Paulo/SP

Diversos registros visuais feitos por: J. Aguiar, M. Goiato, A. Amorim e W. Souza foram publicados nas ​CBET’s ​números 4774 e 4801 da IAU.

Características físicas:

Curva de luz​: com base nos registros apresentados, extraímos os seguintes parâmetros fotométricos globais:

H0 = 7,16 (magnitude absoluta)

n = 18,58 (índice fotométrico)

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Análise fotométrica – por setores (3):

Figura 3: curva de luz do Cometa C/2019 U6 (Lemmon) por setores

Com base nos registros apresentados, extraímos os seguintes parâmetros fotométricos segmentados para os intervalos abaixo:

Diâmetro do núcleo:

A partir da magnitude absoluta (​H​0) calculamos o diâmetro (em quilômetros) do núcleo do cometa:

1. Segundo modelo de​ Sosa & Fdez (2011) = 2,5 km 2. Segundo modelo de​ Delsemme (1987) = 2,9 km 3. Segundo modelo de ​Navarro​ ​(2020)​ = ​2,4 Km Tamanho da Coma:

Os valores obtidos corresponderam a estrutura variando de 2 a 10’ de arco durante todo o período observacional. Estes valores convertidos em quilômetros indicam uma variação de ​87.000 a 435.170 km.

Referências: Cometa C/2020 U6 (Lemmon) intervalo H0 n 30/mar – 04/mai/2020 6,20 19,69 06/mai – 17/jun/2020 6,67 7,38 19/jun – 27/ago/2020 7,84 20,14

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MPEC 2019-V131. Disponível em:

https://www.minorplanetcenter.net/mpec/K19/K19VD1.html​. Acesso em: 14

out. 2020.

CBET nº 4735. Disponível em:

http://www.cbat.eps.harvard.edu/iau/cbet/004700/CBET004735.txt​. Acesso

em: 14 out. 2020.

CBET nº 4774. Disponível em:

http://www.cbat.eps.harvard.edu/iau/cbet/004700/CBET004774.txt​. Acesso

em: 14 out. 2020.

CBET nº 4801. Disponível em:

http://www.cbat.eps.harvard.edu/iau/cbet/004800/CBET004801.txt. Acesso

em: 14 out. 2020.

DELSEMME, Comunicação privada (1987) SOSA e FEDZ. Comunicação privada (2011) NAVARRO. Comunicação privada (2020)

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SEÇÃO B

DIVISÃO DE ENSINO

E DIVULGAÇÃO

ARTIGOS DAS COMISSÕES

D et al he d a co ns te la çã o do T ou ro e s eu o bj et o em d es ta qu e M 45 . Im ag em o bt id a po r M ar ia L uc iv ân ia S an to s, m em br o do C lu be M es si er P ol m an .

(30)

A ASTRONOMIA AMADORA OBSERVACIONAL MAIS

TECNOLÓGICA, E MAIS POBRE

Por Audemário Prazeres Coordenador da Comissão Clube Messier-Polman da U.B.A. Associação Astronômica de Pernambuco (A.A.P​.​) Sem querer jamais polemizar, e sim, buscar sempre na reflexão de um tema que já abordei em meu artigo que foi publicado na Edição 4429 da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 2012, intitulado: "​A Extinção do Astrônomo Amador e o Surgimento do Astrônomo

Estéril​", que pode ser feito a leitura nesse Link:

(​https://dokumen.tips/documents/a-extincao-do-astronomo-amador-e-o-surgi mento-do-astronomo-esteril-55c2238eecd79.html), onde abordo uma certa "​preguiça observacional​", e cada vez mais, a diminuição do astrônomo amador sistemático na Astronomia. Pois bem, com o advento cada vez evidente de uma troca da natural visão humana pela visão digital na Astronomia chegamos à conclusão de que a Astronomia com câmeras CCDs, e computadores com programas de captar, e tratar as imagens não correspondem literalmente em "​observar o céu​".

O presente e futuro da nossa Astronomia Amadora Sistemática se mostra cada vez mais “​RICA​” em elementos tecnológicos, mas, por outro lado, também se mostra extremamente “​POBRE​” em um ambiente para observações, e na dedicação em colocar as pupilas em uma ocular para realmente ser feito uma observação astronômica em um dado momento. Não resta dúvidas que vivemos em uma “​gangorra​” que nos faz elevar aos melhores e, em seguida, nos condiciona aos piores tempos na Astronomia. Afinal, onde temos acesso aos diversos modelos de telescópios, bem como, cada vez mais aos acessórios incríveis. Mas, em compensação, cada vez mais estamos nos limitando em termos uma quantidade, e qualidade observacional por conta de três ​Poluições​ distintas:

● Poluição Luminosa; ● Poluição Atmosférica; ● Poluição da Preguiça;

Vivemos em tempos onde a nossa visão é ofuscada com os clarões artificiais, sejam das iluminações públicas ou privadas. Como também somos combalidos de distrações múltiplas oriundas dos aplicativos e redes sociais facilmente presentes na portabilidade dos aparelhos celulares que nos impedem de obtermos a concentração necessária diante de uma observação sistemática. Lembro-me nos idos do saudoso “​Anos 80​”, época em que muito eu fazia observações sistemáticas na Astronomia, meus familiares e amigos mais próximos já sabiam que em determinadas noites eu estava com um telescópio seja ao ar livre, ou nas dependências do observatório do antigo Clube Estudantil de Astronomia – C.E.A. Então, sem o advento da distração facilmente encontrada nos celulares e WEB, ocasionava termos melhor qualidade observacional por estarmos concentrados na metodologia científica aplicada nas observações. Já em tempos atuais, o simples fato de você não responder de pronto-momento um simples e até, medíocre “ ​Oi​” vindo de uma pessoa desconhecida em uma Rede Social, imediatamente a pessoa não correspondida fica chateada e até cobra a nossa atenção, e arraigada em um certo egoísmo não percebe a nossa impossibilidade em manter uma interação naquele momento.

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Desenvolver a Astronomia observacional nos tempos atuais torna-se um desafio cada vez mais crescente quando constatamos as dificuldades visuais e de concentração. Mas tem um outro problema que é a “ ​Poluição

da Preguiça​”, onde por vezes, o indivíduo possui um bom instrumento, e até um local excelente para observações, mas o mesmo é acometido de uma postura digna de um derrotado onde imediatamente se conforta com o pensamento medíocre de que a Astronomia Sistemática “ ​se tem muito

trabalho​”, ou se acomoda na justificativa de praxe que onde ele reside

não existe um grupo de Astronomia ou coisas assim. Ora..., para esses casos, basta entrar em programas que estimulam as práticas observacionais onde alguns são absolutamente gratuitos, como por exemplo: Fazer parte do Clube Messier-Polman da U.B.A./A.A.P. (​https://uba-messierpolman.blogspot.com/?fbclid=IwAR1HcZ7ERcL8gotxynZLog eMzirpLA5MCQFXMfoEenucfn-kt_VlEQWPmNo), que desenvolve orientações e dicas para “​caçar​” os 110 objetos Messier, no qual o interessado vai aprender o reconhecimento das constelações e obter experiência da busca por Cometas e identificação das Estrelas Variáveis.

Por outro lado, existem alternativas que se mostram possíveis aos mais afortunados que é através do ​Turismo Rural com o desenvolvimento do segmento do Astroturismo​. Porém, essa ação é estar diante de um paradigma curioso que é observar um céu público, em uma propriedade privada (​pousadas e fazendas voltadas ao Turismo Rural​), onde muitas se

mostram sitiadas em verdadeiros “pontos celestiais” que nos permite a contemplação e pesquisa nas observações astronômicas. Quanto a esta modalidade do ​Astroturismo​, cheguei a publicar, enquanto colunista em 2003 da coluna “​Vida & Ciência​” do Jornal do Commercio, um artigo

enaltecendo a necessidade da “ ​fusão​” entre a Astronomia com o Turismo Rural culminando no desenvolvimento do ​Astroturismo​:

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Quando abordamos a Astronomia no seu lado observacional, é natural associarmos a necessidade de termos um instrumento astronômico mais adequado possível. Apesar de que numa observação sem instrumentos (​olho

nu​), é bem possível se o céu da localidade onde se mostra o observador assim propiciar. No Clube Messier-Polman, faço apresentar diversas dicas importantes para se fazer observações sem instrumentos dos objetos do

céu profundo

(https://uba-messierpolman.blogspot.com/search?q=OBSERVAÇÕES+DOS+MESSIER +A+OLHO+NU​).

Então, quando nos referirmos ao instrumento mais adequado para as observações sistemáticas na Astronomia geralmente nos deparamos com a seguinte pergunta: ​QUAL INSTRUMENTO É O MELHOR, REFLETOR OU A LUNETA REFRATORA?

Essa pergunta é bem típica entre os aficionados pela Astronomia e sempre me vejo ser dirigida. Porém para afirmar objetivamente qual estilo do instrumento (​Refrator ou Refletor​), tem que se ter noção das particularidades entre um e outro. Bem como, qual expectativa observacional você pretende com um instrumento? Pois, se for para fins de contemplação dos astros é um tipo, e se for para observações sistemáticas o ideal é outro tipo com especificações mais apropriadas. Inclusive, o tipo de montagem é um elemento que não pode ser ignorado.

Então, comecemos pelos ​REFRATORES​:

a) Em uma lente convexa (refrator) temos que distinguir o ​EIXO PRINCIPAL​, que é a linha reta indo pelo centro das superfícies da lente; b) ​FOCO PRINCIPAL​, que é o ponto de convergência dos raios;

c) ​DISTÂNCIA FOCAL​, que é a distância da lente até o foco principal; Quando a distância do objeto até a lente convexa é menor do que a distância focal, a lente dá uma imagem maior do que o objeto mesmo. Ou seja: Nos mostra uma ​IMAGEM VIRTUAL​. Mas quando a distância do objeto até a lente é maior que duas vezes a distância focal e, no mesmo tempo, a distância do olho maior que duas vezes a distância focal, recebemos uma imagem menor e invertida, que é a ​IMAGEM REAL​, porém, com uma concentração de luz muito maior do que o próprio olho pode colher. Exemplo: Uma lente convexa de 80 mm de diâmetro capta 1000 vezes mais luz do que a pupila do olho de 8 mm de diâmetro. E esta última propriedade, faz com que a lente principal ( ​objetiva​), tenha maior poder em concentrar mais luminosidade. Com isto, um telescópio refrator é utilizado para ver mais nitidamente objetos longínquos de fraca luminosidade. Assim, a segunda lente convexa amplia esta imagem menor e invertida de maior luminosidade que chamamos de ​OCULAR​.

Então, quanto maior a lente objetiva, maior luminosidade e melhor distinção dos detalhes usando oculares mais fortes, essa relação chamamos de ​PODER DE RESOLUÇÃO​ do instrumento.

Quais os defeitos possíveis de um​ REFRATOR​?

a) ​Aberração Esférica​, onde a lente objetiva faz refratar os raios das bordas mais do que os do centro. Ou seja: Quanto maior a refração ( ​numa

lente grossa com distância focal pequena​), mas borrada se torna a imagem e com menos nitidez no limite do campo visual;

b) ​Aberração Cromática​, se mostra na imagem halos das cores do espectro (​arco-íris​), onde se corrige esse problema com duas qualidades de vidros

(34)

de lente objetiva diferentes. Um “​dubleto​” (​são duas lentes juntas na

objetiva​), o que chamamos de ​LENTE COMPOSTA​ “​ACROMÁTICA​”;

c) Exige-se uma montagem robusta, que lhe promova estabilidade, e sendo repousado em uma montagem ​EQUATORIAL​. Pois as existentes em sua maioria AZIMUTAL tornam-se inconvenientes firmar um determinado astro, por exigir dois ajustes simultâneos para corrigir o movimento de rotação da Terra;

d) Preços dos bons ​REFRATORES são mais elevados em relação aos REFLETORES​;

Já aos ​REFLETORES​, temos mais vantagens. Por exemplo: a) Não há ​Aberração Cromática​;

b) Não há ​Reflexão Interna​;

c) Não se precisa de vidro de grande ​qualidade do seu espelho principal e secundário;

d) Não ocorre ​Aberração Esférica​;

e) E geralmente eles vêm com montagem ​EQUATORIA​L, ou​ DOBSONIANA​; f) São mais em conta em relação aos bons ​REFRATORES​;

Quanto aos defeitos dos ​REFLETORES​, eles existem, e o principal é uma perda de luz nos astros longínquos de magnitude tênue, uma vez a luz desses astros ser “​rebatida​” nos espelhos internos do Refletor até sair pela ocular, o que ocorre uma perda dessa luz. Porém temos que saber qual modelo se faz uso para ter uma noção do quanto é ou não significativo essa perda. Pois saiba que temos vários modelos: O clássico ​Newtoniano de Newton; Henschel com o sistema “​Front View​”; Cassegrain; Coudó; Schimidt e Maksutov. Afinal, de um modelo a outro, a nitidez da imagem captada torna-se inferior à de um bom ​REFRATOR​. Entre todos esses modelos de ​REFLETORES​, os melhores são os Maksutov e Schimidt, isso é fácil entender se você analisar que os maiores telescópios dos grandes observatórios fazem uso desses modelos.

Em síntese:

Os bons ​REFRATORES possuem melhor qualidade e contraste nas imagens captadas em relação aos REFLETORES​. Mesmo assim, ainda recomendo que venham adquirir um ​REFLETOR uma vez seus preços se mostrarem mais em conta se comparados aos bons ​REFRATORES​.

Com relação as “​lunetinhas​” vendidas pela WEB e em casas comerciais de variedades, geralmente são péssimos instrumentos onde por vezes se prestam apenas para as crateras da Lua. É bom também você não ignorar o tipo de montagem do seu instrumento onde o fator estabilidade é muito importante. Por exemplo: Uma montagem Azimutal acaba sendo inconveniente nos ajustes de compensação do movimento de rotação da Terra para os iniciantes. Cuidado com as oculares simples de estrutura de plástico. Bem como, olhe se o focalizador possui cremalheira de metal, e não aqueles “​dentes​” de plástico que facilmente se danificam. Fique atento também com o espelho diagonal ( ​secundário​), que não é constituído de um prisma, e sim, de um espelho estando a 45°, isso significa uma certa perda de luz dos astros de pouca luminosidade. Como também, veja se a lunetinha buscadora do seu instrumento é compatível com a abertura do instrumento. Pois, algumas são pequenas demais do campo de visada

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oculares que o acompanham, apenas as de distância focal maiores vão lhe proporcionar boas imagens dos astros. Ou seja: 12 mm ou 25 mm. Já as outras que em alguns modelos acompanham (4 mm ou 6 mm), perdem muito a qualidade do que é captado nesses grandes aumentos ditos comercialmente como argumento de venda.

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A DEDICAÇÃO DE UMA ASTRÔNOMA NO MÉRITO DA

CERTIFICAÇÃO EM UM GRAU DISTINTO

Por Audemário Prazeres Coordenador da Comissão Clube Messier-Polman da U.B.A. Associação Astronômica de Pernambuco (A.A.P​.​) A Astronomia é uma das poucas, ou única

ciência, em que o amador tem vez. Vemos no Brasil, como em várias partes do mundo, milhares de pessoas que se podem considerar astrônomos amadores.

A essa definição do termo "​Amador​" cabe aqui uma explicação. Pois, se formos olhar o conceito dessa palavra "​Amador​" no moderno e atualizado dicionário constatamos três significados distintos. A saber:

1) Que ou o que ama; que ou o que tem amor a alguma pessoa; amante;

2) Que ou aquele que gosta muito de alguma coisa; amante, apreciador, entusiasta:

3) Que ou quem se dedica a uma arte ou um ofício por gosto ou curiosidade, não por profissão; curioso, diletante;

Quando você faz a "​fusão​" desses três significados acima, e constata pessoas que se sobressaem nas observações de maneira sistemática, obedecendo a uma metodologia baseada em critérios técnico-científicos, não mais podemos ver essas pessoas como um "​aficionado pela Astronomia​" e a entendemos como ​Astrônomo(a)​.

Assim sendo, esta Comissão do Clube Messier-Polman, aqui representada por este Coordenador, tem a grata satisfação em parabenizar a Colaboradora do Clube Messier-Polman, ​Lucivânia Souza dos Santos​, do GEPEA da Paraíba, localizada no Município de Pedra Lavrada pelo feito extraordinário na ​Certificação de 2º Grau​ do Clube Messier-Polman.

Este certificado de 2° Grau concedido à Lucivânia Souza vai muito mais além dela ter sido a primeira mulher a receber uma Certificação de 1° e agora, 2° Grau nos 50 anos de existência da União Brasileira de Astronomia - U.B.A. Sendo fiel à verdade, e bem ciente do que é realizar observações sistemáticas nos objetos Messier, posso afirmar sem o exagero gentil, que a Lucivânia Souza pode estar agora certificada, e inserida no "​hall​" dos verdadeiros astrônomos amadores responsáveis pela ​ASTRONOMIA OBSERVACIONAL​ nos quais compreendem cerca de 60 a 70% das atividades

Referências

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