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A deficiência auditiva ocorre em graus variados e é resultado da perda da capacidade de percepção normal dos sons. Existem perdas auditivas de caráter temporário e perdas auditivas de caráter definitivo. Hipoacusia é termo técnico para designar a redução na sensitividade da audição, sem qualquer alteração da qualidade de audição, que pode ser solucionada com o aumento da intensidade da fonte sonora. Quando ocorre um distúrbio na audição, expresso em qualidade e não em intensidade sonora, e o aumento da intensidade da fonte sonora não garante o perfeito entendimento do significado das palavras, chamamos este fenômeno de disacusia. Em alguns casos a perda auditiva é de causa congênita; em outros casos as pessoas a adquirem durante sua vida devido a enfermidades, exposição a ruídos muitos fortes ou intensos, ou pelo próprio processo de envelhecimento do indivíduo. A Figura 2.4 ilustra a perda auditiva do indivíduo em função do seu envelhecimento.

Figura24 PerdaAuditivacomoenvelhecimento

A perda de audição é o déficit sensorial mais comum em humanos, afetando 10% da população acima de 65 anos (WILLIAMS, 2003). Na maioria dos casos, trata-se de uma desordem multifatorial, com fatores genéticos e ambientais. Existem causas puramente genéticas, que podem ser autossômicas dominantes, autossômicas recessivas, ligadas ao cromossoma X, ou hereditárias (mitocondriais).

Além do grau de deficiência auditiva, o deficiente pode ser classificado pelo período em que a mesma surgiu (perdas congênitas ou adquiridas), pela associação com outras deficiências (surdo-cegueira, por exemplo), de acordo com a causa, etc. As perdas adquiridas ocorrem por causas patológicas, como meningite, icterícia, outros processos infecciosos durante a infância, viroses, otites, intoxicações medicamentosas e outros; ou ainda por traumatismos, como exposição contínua a ruídos. As perdas congênitas podem ter origem hereditária ou durante o processo de gestação. No Brasil, a chamada cultura surda tem pouco mais de 120 anos. O número de pessoas com algum tipo de deficiência auditiva no Brasil é de 5,4 milhões, quase 2% do total da população brasileira (BRASIL, 1995).

As perdas de audição definem-se segundo o seu tipo e grau. Segundo definições da Sociedade Otológica Americana, surdo é o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, e parcialmente surdo é aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva.

As perdas auditivas podem ser classificadas em grupos separados, segundo o valor da média dos limiares de audibilidade nas frequências de 500, 1000 e 2000 Hz. Segundo critério de DAVIS e SILVERMAN (1970), os níveis de limiares utilizados para caracterizar os graus de severidade da deficiência auditiva podem ter algumas variações entre os diferentes autores conforme Tabela 2.3.

Tabela23Graudesurdez

Grau de deficiência Limiares (dB NA)

Normal entre 0 e 24 dB nível de audição Leve entre 25 e 40 dB nível de audição Moderada entre 41 e 70 dB nível de audição Severa entre 71 e 90 dB nível de audição Profunda acima de 90 dB

Indivíduos com níveis de perda auditiva leve, moderada e severa são mais frequentemente chamados de deficientes auditivos, enquanto os indivíduos com níveis de perda auditiva profunda são chamados surdos. Na Tabela 2.4 é apresentada a classificação da surdez infantil formulada pela Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, V. 68, n. 3, em Maio/2002. Tabela24Graudesurdezinfantil GraudeSurdezInfantil (descrição) Grau Perda (dBNA) Deficiênciaauditivaligeira 21a40 DeficiênciaauditivaModerada 10 41a55  20 56a70 DeficiênciaauditivaSevera 10 71a80  20 81a90  10 91a100 DeficiênciaauditivaProfunda 20 101a110  30 111a120 DeficiênciaauditivaTotal >120

Os tipos de surdez, quanto a sua origem, podem ser agrupados em quatro modalidades: condutiva, neurosensorial, mista e central.

A deficiência auditiva condutiva ou de transmissão é qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto auditivo externo até a orelha interna (cóclea). A orelha interna tem capacidade de funcionamento normal, mas não é estimulada pela vibração sonora. Esta estimulação poderá ocorrer com o aumento da intensidade do estímulo sonoro. A grande maioria das deficiências auditivas condutivas pode ser corrigida com tratamento clínico ou cirúrgico. Esta deficiência pode ter várias causas, entre elas podem ser citados: Corpos estranhos no conduto auditivo externo, tampões de cera, otite externa e média, má formação congênita do conduto auditivo, inflamação da membrana timpânica, perfuração do tímpano, obstrução da tuba auditiva, etc.

A deficiência auditiva neuro-sensorial ocorre quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. Os limiares por condução óssea e por condução aérea, alterados, são aproximadamente iguais. A diferenciação entre as lesões das células ciliadas da cóclea e do nervo auditivo só pode ser feita através de métodos especiais de avaliação auditiva. Este tipo de deficiência auditiva é irreversível. A

deficiência auditiva neuro-sensorial pode ser de origem hereditária como problemas da mãe no pré-natal tais como a rubéola, sífilis, herpes, toxoplasmose, alcoolismo, toxemia, diabetes etc. Também podem ser causada por traumas físicos, prematuridade, baixo peso ao nascimento, trauma de parto, meningite, encefalite, caxumba, sarampo etc.

A deficiência auditiva mista ocorre quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. O audiograma mostra geralmente limiares de condução óssea abaixo dos níveis normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos limiares de condução aérea.

A deficiência auditiva central não é, necessariamente, acompanhada de diminuição da sensitividade auditiva, mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na compreensão das informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no tronco cerebral (Sistema Nervoso Central).

São observados ainda diversos fatores de risco com relação à sensitividade à perda auditiva por ruído (OLIVEIRA, 1997): (a) deficiência de ferro no organismo facilitava as lesões; (b) ouvido esquerdo – fator lateralidade; (c) uso de antibióticos aminoglicosídeos; (d) prematuridade; (e) fator idade. Entre os fatores de riscos que causam a deficiência auditiva, segundo os critérios do "Joint Committee on Infant Hearing" (1994) e na experiência clínica e científica de profissionais participantes do Fórum de Debates: Criança e Audição, realizado durante o X Encontro Internacional de Audiologia, Bauru, Estado de São Paulo, 8 a 11 de Abril de 1995, estão:

x Antecedentes familiares de deficiência auditiva, levantando-se se há consanguinidade entre os pais e/ou hereditariedade.

x Infecções congênitas suspeitadas ou confirmadas através de exame sorológico e/ou clínico (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes e sífilis)

x Peso no nascimento inferior a 1500g e/ou crianças pequenas para a idade gestacional (PIG)

x Asfixia severa no nascimento, com Apagar entre 0-4 no primeiro minuto e 0-6 no quinto minuto.

x Hiperbilirrubinemia com índices que indiquem exsanguineo transfusão. x Ventilação mecânica por mais de dez dias

x Alterações craniofaciais, incluindo as síndromes que tenham como uma de suas características a deficiência auditiva.

x Uso de drogas ototóxicas por mais de cinco dias. x Permanência em incubadora por mais de sete dias.

x Alcoolismo ou uso de drogas pelos pais, antes e durante a gestação.