• Nenhum resultado encontrado

3.5 AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE TÁTIL

3.5.3 Resultados sobre a avaliação tátil

A sensibilidade tátil de cada dedo, para cada frequência alvo, foi avaliada utilizando-se a quantidade de tentativas e a distância em relação à posição final do voluntário ao final do teste, na escala logarítmica, comparada com a posição da frequência alvo.

As frequências alvos foram geradas a uma distância fixa de 13 posições do alvo (para cima ou para baixo, de forma aleatória), portanto, o menor número de tentativas seria: 8 + 4 + 1. Ou seja, em uma situação ideal com acerto final, o voluntário teria que optar pelos botões correspondentes a estes passos, e chegaria ao final com 3 tentativas ou interações. Se o voluntário optar pelas interações: 8 + 4 + 4, então o usuário teria 3 tentativas, porém, não acertando o alvo, e posicionando-se no final com uma distância de 3 posições. O participante não sabe nada sobre estas posições e como são geradas as frequências alvos.

O sucesso da participação do voluntário no experimento foi definido da seguinte forma:

a) 1: representa que a pessoa obteve sucesso; b) 0: representa que a pessoa não obteve sucesso;

Foi considerado sucesso quando a pessoa, no final do teste, conseguiu uma das seguintes condições:

a) Identificar a frequência alvo, posicionando-se no ponto da escala logarítmica correspondente ao alvo, utilizando-se de até 12 interações; b) Ficar a pelo menos a um passo do alvo, utilizando-se de até 8 interações; Na análise dos resultados foram usados os seguintes testes estatísticos: teste t para duas amostras independentes, ANOVA com um critério de classificação (NETO, 2002) e test t para amostras pareadas e dependentes (NETO, 2002). As condições de normalidade e homogeneidade (NETO, 2002; VIEIRA, 2006) necessárias para validação desses testes foram atendidas.

O teste estatístico ANOVA foi utilizado para analisar se existem diferenças significativas na média de acertos das quinze tentativas, correspondentes aos cinco dedos da mão dominante, com três frequências alvos para cada dedo. A avaliação foi realizada para os três grupos: cegos, surdos e pessoas sem deficiência. O teste ANOVA foi aplicado em toda a população, correspondendo a 78 cegos, 77 surdos e 77 pessoas sem deficiência. A média de acerto dos cegos (µ = 3,65) foi maior que a dos surdos (µ = 0,34) e das pessoas sem deficiência (µ = 0,12). Quanto ao nível de significância (sig = 0,00001), o mesmo foi menor que 5%. Este fato torna improvável a hipótese de igualdade entre os 3 grupos, indicando uma forte evidência de que a média dos acertos dos cegos é maior que a dos demais grupos.

Tabela 3- 3 Teste de ANOVA para comparar as diferenças entre crianças, adolescentes e adultos

Cegos Média Crianças 4,36 Adolescentes 2,56 Adultos 4,12 Significância (p-value) 0,129 Surdos Média Crianças 0,27 Adolescentes 0,29 Adultos 0,38 Significância (p-value) 0,818 Sem deficiência Média Crianças 0,07 Adolescentes 0,1 Adultos 0,14 Significância (p-value) 0,715

O teste estatístico ANOVA foi utilizado para analisar se existem diferenças significativas na média de acertos das quinze tentativas, correspondente aos cinco dedos da

mão dominante, com três frequências alvos para cada dedo, agora, para os seguintes grupos: (1) crianças, adolescentes e adultos; (2) voluntários com curso superior, médio e com ensino fundamental.

Com relação ao fator idade, o resultado do teste estatístico ANOVA é apresentado na Tabela 3.3. Este teste foi realizado com: (a) 11 crianças cegas, 15 surdas e 15 sem deficiência; (b) 25 adolescentes cegos, 17 surdos e 20 sem deficiência; (c) 42 adultos cegos, 45 surdos e 42 sem deficiência

No grupo dos cegos, a média de acerto das crianças foi maior que nos demais grupos. Entretanto, como o valor de significância foi 0,129, indica que não existe diferença significativa, em relação aos demais grupos.

No grupo dos surdos, a média de acerto dos adultos foi maior que nos demais grupos. Entretanto, como o valor de significância foi 0,818, indica que não existe diferença significativa, em relação aos demais grupos.

No grupo de pessoas sem deficiência, a média de acerto dos adultos foi maior que nos demais grupos. Entretanto, como o valor de significância foi 0,715, indica que não existe diferença significativa, em relação aos demais grupos.

Com relação ao fator grau de escolaridade, o resultado do teste estatístico ANOVA é apresentado na Tabela 3.4. Este teste foi realizado com: (a) 43 pessoas cegas com nível escolar de primeira fase, 16 de nível médio e 19 de nível superior; (b) 37 pessoas surdas com nível escolar de primeira fase, 30 de ensino médio e 10 de nível superior; (c) 14 pessoas sem deficiência em nível escolar de primeira fase, 30 de nível médio e 33 de nível superior.

No grupo de pessoas sem deficiência, a média de acerto das pessoas com nível médio foi maior que nos demais grupos. Entretanto, como o valor de significância foi 0,198, indica que não existe diferença significativa, em relação aos demais grupos.

Com relação ao fator sexo, o resultado do teste estatístico test t, para amostras independentes, é apresentado na Tabela 3.5. Este teste foi realizado com: (a) 30 pessoas cegas do sexo feminino e 48 do sexo masculino; (b) 25 pessoas surdas do sexo feminino e 52 do sexo masculino; (c) 29 pessoas sem deficiência do sexo feminino e 48 do sexo masculino.

No grupo dos surdos, a média de acerto das pessoas com nível universitário foi maior que nos demais grupos. Entretanto, como o valor de significância foi 0,224, indica que não existe diferença significativa, em relação aos demais grupos.

Tabela 3- 4 Teste de ANOVA para comparar as diferenças entre graus de escolaridade dos voluntários Cegos Média Fundamental 3,79 Ensino Médio 2,19 Superior 4,12 Significância (p-value) 0,093 Surdos Média Fundamental 0,38 Ensino Médio 0,20 Superior 0,60 Significância (p-value) 0,224 Sem deficiência Média Fundamental 0,07 Ensino Médio 0,20 Superior 0,06 Significância (p-value) 0,198

Tabela 3- 5 Teste estatístico, test t, para comparação em relação ao sexo

Cegos Surdos Sem deficiência média Sig média Sig média Sig masc fem masc fem masc fem

3,1 4,0 0,244 0,48 0,27 0,192 0,1 0,13 0,779

No grupo dos cegos, a média de acerto dos homens foi maior que as mulheres. Entretanto, como o valor de significância foi 0,242, indica que não existe diferença significativa, em relação ao sexo, neste grupo.

No grupo dos surdos, a média de acerto dos homens foi maior que as mulheres. Entretanto, como o valor de significância foi 0,192, indica que não existe diferença significativa, em relação ao sexo, neste grupo.

No grupo de pessoas sem deficiência, a média de acerto das mulheres foi maior que a dos homens. Entretanto, como o valor de significância foi 0,779, indica que não existe diferença significativa, em relação ao sexo, neste grupo.

No grupo dos cegos, a média de acerto das pessoas com nível universitário foi maior que nos demais grupos. Entretanto, como o valor de significância foi 0,093, indica que não existe diferença significativa, em relação aos demais grupos.

Com relação ao fator tempo em que foi adquirida a deficiência, o resultado do teste estatístico test t, para amostras independentes, é apresentado na Tabela 3.6. Este teste foi realizado com: (a) 49 pessoas que já nasceram com a deficiência visual e 29 que adquiriram depois; (b) 58 que já nasceram surdas e 19 que ficaram surdas depois do nascimento.

No grupo dos cegos, a média de acerto das pessoas que adquiriram a deficiência depois do nascimento foi maior que daquelas que já nasceram cegas. Entretanto, como o valor de significância foi 0,723, significa que não existe diferença significativa, em relação ao tempo em que foi adquirida a deficiência, neste grupo.

Tabela 3- 6 Teste estatístico, teste t, para comparação em relação ao tempo em que foi adquirida a deficiência

Cegos Surdos médias

Sig médias Sig congênita adquirida congênita adquirida

3,55 3,83 0,723 0,33 0,37 0,817

No grupo dos surdos, a média de acerto das pessoas que já nasceram surdas foi maior que aquelas que adquiriram a surdez depois do nascimento. Entretanto, como o valor de significância foi 0,817, indica que não existe diferença significativa, em relação ao tempo em que foi adquirida a deficiência, neste grupo.

Na análise de sensibilidade tátil entre os dedos, no grupo dos cegos, o teste estatístico teste t foi utilizado para amostras pareadas e dependentes. Foi avaliado se existe diferença significativa entre as três frequências alvos utilizadas nos testes, bem como, se existe diferença significativa em algum dos dedos em relação aos outros. A ponta dos dedos foi selecionada para teste pelo uso contínuo do Braille pelos cegos. Na análise foi feita a comparação tátil dos dedos da mão para as frequências alvos. Neste teste, as seguintes hipóteses foram formuladas:

H

0

: µ

D2

= µ

Di

i=1, 3, 4, 5

H

1

:

médias não são iguais onde:

o D1 é o polegar, D2 o indicador, D3 o médio, D4 o anelar e D5 o dedo mínimo.

O resultado do teste estatístico, teste t, para amostras pareadas da comparação da sensibilidade tátil da ponta dos dedos da mão do grupo dos cegos é apresentado na Tabela 3.7.

No teste t pareado para comparação entre os dedos em todos os pares de análise, o p-valor foi maior que o nível de significância, fator este que inviabiliza a possibilidade do dedo indicador ser mais sensível a estímulos táteis que os demais dedos da mão e há um forte indício que a sensibilidade tátil do dedo indicador seja igual à sensibilidade tátil dos dedos polegar, médio, anelar e mínimo.

Tabela 3- 7 Teste estatístico, test t, para comparação dos dedos da mão dos cegos

Cegos

Dedo Média Sig ou p-value D1- D2 -0,051 0,589 D2- D3 0,051 0,626 D2- D4 0,077 0,380 D2- D5 0,013 0,885

Na análise da sensibilidade tátil entre as frequências foi usado o teste t para amostras pareadas no grupo dos cegos, em que foi avaliada se existe diferença significativa entre a média de acerto em todos os dedos da mão na frequência alvo de 31,6 Hz e as frequências de 17,8 e 56,2 Hz. A frequência 31,6 Hz foi usada como referência neste teste, pois a frequência de 31,6 Hz é a média logarítmica entre 10 e 100 Hz.

Nesse teste admitiram-se as seguintes hipóteses:

2 1 2 : 1,3 : o f fi f fi H i H f 222 f 2 ,3 1, fi fi

Em que as frequências são representadas por f1, f2 e f3 para as frequências de 31,6

Hz, 17,8 Hz e 56,2 Hz, respectivamente.

Uma breve revisão sobre testes estatísticos é apresentada em anexo a este trabalho.