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2.1 A PESSOA COM DEFICIÊNCIA E A EDUCAÇÃO

2.1.3 Deficiência Intelectual (DI) e Inclusão Escolar

De acordo com as políticas educacionais vigentes no Brasil, amparadas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9394/96, a inclusão de pessoas com deficiência deve-se fazer presente em todos os níveis de ensino (BRASIL, 1996). Esse fato é

resultado das mudanças de conceitos mundiais sobre a Inclusão. Carvalho (2012, p. 56) afirma: “Todos somos diferentes e queremos ser reconhecidos em nossas diferenças sem sermos igualados aos demais, negando-se nossas experiências, subjetividades e nossas identidades! Pleiteamos e lutamos pela igualdade de direitos, inclusive o de sermos diferentes”. O movimento de inclusão defende que os educandos com e sem deficiência possam estar juntos, num mesmo ambiente para, juntos, receberem educação acadêmica por meio de um processo regular de ensino.

A preocupação com a ocorrência da deficiência e com a escolaridade desses indivíduos se estabeleceu por meio de alguns movimentos ocorridos a nível internacional que possibilitaram aos países envolvidos a prática da inclusão escolar. Mendes, Almeida e Toyoda (2011, p. 81) discorrem que:

A preocupação sobre as práticas inclusivas nas escolas públicas no Brasil começou após a Declaração de Salamanca, com desafios e dúvidas. Ainda hoje, passados cerca de 15 anos, os professores do ensino regular se queixam dizendo que não têm conhecimento suficiente ou preparo formal para lidar com crianças com necessidades educacionais especiais, especialmente quando estas apresentam disfunções graves, como paralisia cerebral, deficiência intelectual e comportamentos desafiadores.

Educadores se preocupam por não estarem aptos a receber em suas salas de aula educandos com deficiências diferentes e diversas, porém estão conscientes da necessidade de se preparar para acolher esses educandos em virtude da lei. A LDB 9.394/96 vem garantir a permanência desses educandos nas salas de aula junto com os demais, porém, as escolas ainda estão se adaptando para melhor recebê-los. A LDB 9.394/96 estabelece em seu artigo 59 a educação acontecendo na rede regular de ensino e indica o atendimento especial aos educandos com deficiência, colocando que é incumbência dos sistemas de ensino assegurar “I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades” (BRASIL, 1996). A necessidade de atendimento especializado, que é determinada por força da lei, vem ao encontro das necessidades também de educandos com DI, pois é necessário um currículo diferenciado e também individualizado buscando dar suporte ao seu pleno desenvolvimento.

Considerando a perspectiva do ensino voltado para as necessidades individuais, Joo Oh, Jia e Lorentson (2013) esclarecem que um pressuposto que se deve levar em consideração na busca do ensino eficaz é ter preocupação com o interesse demonstrado pelo educando e qual é a utilidade para a vida do conhecimento que se passa ou da habilidade que o educador

objetiva estar desenvolvendo em seu educando. Carvalho (2012, p. 94) esclarece que a escola deve manter o foco em especial na aprendizagem ao invés de privilegiar somente o ensino de conteúdos programáticos. Afirma ainda, que se torna excludente uma escola que se fixa somente no conteúdo a ser visto e dominado pelo educando.

Um ensino que se encontre voltado para as necessidades individuais do educando com DI, baseado nos seus interesses e expectativas, proporciona maior desenvolvimento do educando de maneira geral e oportuniza que esse alcance uma maior independência, colaborando, inclusive, para a sua inserção na sociedade.

O educando com DI tem muito a desenvolver e, então, poder colaborar com sua família e mesmo com a sociedade. A educação proporcionada deve, na medida do possível, caminhar para que o educando com DI conquiste cada vez maior grau de independência, até mesmo financeiramente. Muitos desses educandos têm algumas condições favoráveis para assumirem autonomamente sua vida e viverem com determinado grau de independência. Esse grau vai variar de indivíduo para de indivíduo, e vai determinar qual o auxílio que a família deverá fornecer. Para auxiliar no processo, a escola pode promover o ensino voltado para a vida escolar, familiar e também social do educando jovem e adulto com DI.

Nessa linha de pensamento, Soares et al (2012, p. 5) defendem que se deve ter,

[...] interesse em se considerar a pessoa com deficiência intelectual apta a participar de forma mais digna da sociedade, proporcionando-lhe uma maior interação bio- psico-social, não aceitando mais a deficiência como uma característica única do indivíduo, mas pensada como resultado da interação da pessoa com limites intelectuais e seu contexto.

Para que aconteça essa interação, toda a comunidade escolar promove o acolhimento dos educandos com DI e trabalha para que o mesmo seja incluído no contexto escolar. Em alguns casos, os pais, inconformados, ainda relutam em aceitar a DI. Entretanto, é necessário o reconhecimento das reais capacidades cognitivas do educando para que se forneçam condições de estudo diferenciadas dos demais, para seu melhor desenvolvimento e aproveitamento de suas capacidades.

Dias e Oliveira (2013, p. 180), considerando a dualidade expressa entre a constatação da DI e superação dessa condição, colocam:

A ética inclusiva, difundida em primeira mão pela escola, abre possibilidades de ressignificação da deficiência intelectual. Se, por um lado, determinados alunos são introduzidos na categoria de deficiência intelectual no momento inicial da escolarização por meio do critério do déficit, por outro lado, essa mesma escola, quando comprometida com uma visão de desenvolvimento processual, dinâmica e complexa, promove condições de superação da dificuldade inicial.

A escola auxilia o deficiente na superação de suas dificuldades iniciais e alavanca o processo de sua inclusão social. Para isso, a escola deve ser um espaço inclusivo e só o será “se houver articulação entre as políticas públicas que garantam aos cidadãos o exercício de seu direito à educação, como um bem” (CARVALHO, 2012, p. 96). A escola para o DI não pode ser apenas um espaço de socialização, mas que deve ter como fim a educação e o aprendizado, objetivando a inclusão escolar.