• Nenhum resultado encontrado

Definição e análise dos clusters das agências bancárias de varejo

Esta seção tem por objetivo a definição de um modelo de agrupamento de agências, baseado nas características similares, no que se refere ao potencial sócio- econômico das praças e perfil da base de clientes. Os agrupamentos das agências destinam-se ao cruzamento de dados com os grupos de avaliação identificada na seção anterior (GRUPOS 1, 2 e 3).

O desenvolvimento desta seção propiciará identificar a existência de alguma relação entre os desvios apresentados pelas agências bancárias de varejo e os seus respectivos agrupamentos, de forma evidenciar qual a influência sócio-econômico das praças e perfil da base de clientes no cumprimento das metas estabelecidas. Essa análise poderá subsidiar a aprendizagem organizacional no que se refere ao modelo de definição das metas levando em consideração os aspectos sócio- econômico de cada região.

A análise dos clusters das agências bancárias de varejo foi orientada pelas seguintes premissas:

ü desvinculação do desempenho gerencial, evitando-se incluir no modelo variáveis que reflitam o resultado da atual gestão das agências.

ü definição dos grupos (agrupamentos de agências), sem qualquer caráter de ordenação, devendo o grau de priorização de cada agrupamento em relação aos demais ser dado de acordo com os objetivos da ação gerencial na qual os agrupamentos serão utilizados.

ü não utilização de pesos subjetivos para as variáveis incluídas no modelo, sendo a ponderação definida objetivamente através da técnica multivariada utilizada.

ü consolidação dos dados de mercado, conforme a área de influência de cada agência. Portanto, os dados externos utilizados no modelo são referentes a todos os municípios que compõe a jurisdição de cada agência.

Para análise dos agrupamentos dessas agências foram delineados os seguintes passos: definição dos casos e das variáveis, análise fatorial, análise de cluster, resultados preliminares e validação da metodologia.

PASSO 1 - Definição dos casos e das variáveis

A análise foi aplicada em todas as agências bancárias de varejo da instituição financeira analisada. Para tanto, utilizou-se dados de variáveis externas a partir de 1996 (dimensão externa) e dados disponíveis no sistema corporativo da instituição financeira, com posição de dezembro/2001, sobre a composição da base de clientes (dimensão interna). Dessa forma, as variáveis do modelo proposto é baseado em duas dimensões: dimensão externa e dimensão interna.

A dimensão externa é composta por 50 variáveis que expressam o dinamismo econômico, o mercado financeiro, o grau de desenvolvimento social e a demografia dos municípios assistidos pela agência. A dimensão interna é composta por 13

variáveis que expressam a escala e o perfil da base de clientes das agências. A relação detalhada dessas variáveis se encontra no anexo 2.

PASSO 2 - Análise fatorial

A utilização da Análise de Cluster, técnica multivariada a ser utilizada para agrupamentos das agências, exige que variáveis utilizadas no modelo não sejam altamente correlacionadas.

As variáveis descritas no item anterior foram selecionadas por fornecerem informações relevantes sobre os mercados em que atuam as agências. No entanto, a análise da correlação destas variáveis demonstra que muitas delas apresentam altos índices de correlação.

Assim, a fim de eliminar a correlação entre as variáveis incluídas no modelo sem perder informações sobre os mercados atendidos, utilizou-se a análise fatorial com o objetivo de transformar as variáveis em fatores não correlacionados.

Com este objetivo, foi aplicada a Análise Fatorial, utilizando-se o método ACP-Análise de Componentes Principais com rotação Varimax, em cada uma das duas dimensões, separadamente. Como resultado deste procedimento, foram criados 8 fatores externos e 4 fatores internos. Os fatores externos estão relacionados com o porte, desenvolvimento sócio-econômico, estrutura agrária, indústria e emprego, atividade de serviços, atividade agropecuária, concentração de negócios bancários e microempresa. Os fatores internos estão relacionados com varejo, atacado, escala de clientes e governo. As variáveis que compõem cada um desses fatores estão detalhadas no anexo 3.

PASSO 3 - Análise de Cluster

Finalmente, na fase de agrupamento das agências, aplica-se a Análise de Cluster, método não hierárquico (K-means cluster, no software SPSS), da seguinte forma:

Inicialmente, formou-se 20 grupos com escolha aleatória dos centros dos clusters e selecionou-se os 12 grupos mais representativos, excluindo os centros dos grupos formados por outliers. O outlier foi caracterizado pela sua relação com os dados restantes que fazem parte da população analisada. O seu distanciamento em relação aos dados da população é utilizado para se fazer a sua caracterização. Estas observações são também designadas por observações anormais, contaminantes, estranhas ou extremas.

Em seguida, aplicou-se novamente a mesma técnica para formação de 12 grupos de agências, agora fixando os centros iniciais com os valores referentes aos grupos selecionados anteriormente.

PASSO 4 - Resultados preliminares

Com a análise dos dados relativos a base de clientes das agências bancárias de varejo de dezembro/2001, se obteve os seguintes resultados preliminares:

TABELA 8 - Resultados preliminares dos Clusters de agências bancárias de varejo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Total Fatores internos Varejo 1,32 (0,64) (1,20) 0,54 1,62 0,01 (0,85) 0,20 0,70 0,26 0,81 (0,70) 0,02 Atacado (0,07) (0,27) (0,05) (0,30) (0,08) (0,32) (0,05) 0,06 1,01 0,07 3,20 10,13 (0,00) Escala de clientes 0,31 0,44 (0,44) (0,23) (1,40) (0,25) (0,12) 1,44 (0,04) 2,95 0,25 (0,61) 0,04 Governo 0,75 1,68 0,47 (0,95) 0,79 0,19 (0,87) (0,81) (0,38) 1,13 0,59 0,10 0,00 Fatores externos Porte do município 0,84 0,58 0,49 0,53 0,83 0,51 0,49 0,62 0,86 0,74 0,94 0,96 0,60 Des. sócio-econômico 0,64 0,45 0,29 0,67 0,62 0,60 0,37 0,60 0,58 0,51 0,58 0,60 0,53 Estrutura agrária 0,50 0,57 0,44 0,47 0,44 0,54 0,45 0,48 0,39 0,54 0,42 0,45 0,48 Indústria e emprego 0,72 0,58 0,43 0,49 0,59 0,47 0,49 0,71 0,35 0,76 0,55 0,57 0,54 Atividade de serviços 0,68 0,58 0,50 0,47 0,55 0,48 0,50 0,62 0,28 0,71 0,52 0,50 0,53 Atividade agropecuária 0,52 0,54 0,43 0,50 0,49 0,48 0,47 0,61 0,24 0,59 0,38 0,37 0,49 Conc. de negócios 0,58 0,53 0,48 0,46 0,51 0,49 0,48 0,52 0,28 0,61 0,35 0,41 0,49 Microempresas 0,46 0,52 0,51 0,50 0,44 0,52 0,51 0,52 0,47 0,48 0,44 0,45 0,50 % de agências 8% 9% 13% 17% 6% 15% 15% 9% 3% 3% 2% 1% 100%

Clusters de Agências Bancárias de Varejo

PASSO 5 - Validação da metodologia da análise dos dados

A análise dos dados foi validada através de método probabilístico alternativo, apresentando um índice médio de 85% de acertos de classificação dos casos, conforme tabela 9 a seguir.

TABELA 9 - Validação da Metodologia de Clusters de agências de varejo

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 85,24 0,74 0,00 2,21 2,58 6,27 0,00 1,11 1,85 0,00 0,00 0,00 2 5,50 84,54 6,87 0,00 0,00 2,75 0,00 0,00 0,00 0,34 0,00 0,00 3 0,00 2,36 89,83 0,00 0,00 6,15 1,42 0,24 0,00 0,00 0,00 0,00 4 0,89 0,00 0,00 87,74 0,53 2,13 3,55 1,07 4,09 0,00 0,00 0,00 5 4,10 0,51 0,00 4,62 83,08 2,56 0,00 0,00 5,13 0,00 0,00 0,00 6 2,74 0,39 5,28 2,54 1,37 83,56 2,74 0,20 1,17 0,00 0,00 0,00 7 0,00 0,00 1,80 10,02 0,00 5,81 80,96 1,20 0,20 0,00 0,00 0,00 8 1,64 0,66 0,00 4,59 0,00 1,64 3,93 85,25 1,97 0,33 0,00 0,00 9 8,85 0,00 0,00 6,19 0,88 3,54 0,88 5,31 74,34 0,00 0,00 0,00 10 1,20 8,43 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2,41 2,41 85,54 0,00 0,00 11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,77 0,00 96,23 0,00 12 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,11 88,89

Método Probalístico Alternativo

Cluster

Características observadas nos clusters de agências bancárias de varejo

A análise das agências bancárias de varejo contidas em cada cluster proposto propiciou a identificação da predominância de localização, as características do mercado potencial e fatores internos. Os resultados são sintetizados a seguir.

CLUSTER 1 – Grupo de grandes e médias agências que tem como fatores externos um mercado potencial de grande porte (população, empresas, depósitos, aplicações, etc.), desenvolvimento sócio-econômico, boa estrutura agrária e grande percentual de micro empresas. O fator interno é caracterizado pela base de clientes com forte perfil varejo e atacado.

CLUSTER 2 – Grandes, médias e pequenas agências que tem como fatores externos um mercado potencial de grande porte (população, empresas, depósitos, aplicações, etc.), desenvolvimento sócio-econômico, indústria, serviços e atividade agropecuária desenvolvidos, boa estrutura agrária e grande percentual de micro empresas. O fator interno é caracterizado pela base de clientes com forte perfil varejo.

CLUSTER 3 – Apenas duas agências com perfil de Atacado que tem como fatores externos um mercado potencial de grande porte (população, empresas, depósitos, aplicações, etc.), emprego, indústria e serviços desenvolvidos, bom desenvolvimento sócio-econômico, estrutura agrária e atividade agropecuária e

grande percentual de micro empresas. O fator interno é caracterizado pela base de clientes com forte perfil atacado.

CLUSTER 4 – Pequenas agências que tem como fatores externos um mercado potencial de excelente desenvolvimento sócio econômico, pequeno porte (população, empresas, depósitos, aplicações, etc.), concentração de negócios bancários (depósitos e operações de crédito), grande percentual de micro empresas e boa estrutura agrária e atividade agropecuária. O fator interno é caracterizado pela base de clientes com forte perfil varejo, atacado, governo e rural.

CLUSTER 5 – Grandes, médias e pequenas agências de pólos desenvolvidos que tem como fatores externos um mercado potencial de médio porte (população, empresas, depósitos, aplicações, etc.), médio desenvolvimento sócio econômico, concentração de negócios bancários (depósitos e operações de crédito), destaque de emprego, indústria e serviços. O fator interno é caracterizado pela base de clientes com forte perfil varejo.

CLUSTER 6 – Grandes, médias e pequenas agências em cidades de médio porte que tem como fatores externos um mercado potencial de baixo porte (população, empresas, depósitos, aplicações, etc.), razoável desenvolvimento sócio econômico, leve concentração de negócios bancários (depósitos e operações de crédito), emprego, indústria e serviços e participação de micro empresas. O fator interno é caracterizado pela base de clientes sem perfil definido, destaque para a escala de contas pessoa física e jurídica.

CLUSTER 7 – Grandes, médias e pequenas agências que tem como fatores externos um mercado potencial de grande porte (população, empresas, depósitos, aplicações, etc.), características de serviços, atividade agropecuária e alta concentração de negócios. O fator interno é caracterizado pela base de clientes com perfil varejo e governo.

CLUSTER 8 – Grandes agências em grandes cidades distribuídas em todas as regiões que tem como fatores externos um mercado potencial de médio porte, emprego, indústria, serviços e atividade agrária. O fator interno é caracterizado pela base de clientes com predominância de clientes pessoa física e jurídica.

CLUSTER 9 – Grupo distribuído em todas as regiões que tem como fatores externos um mercado potencial de forte estrutura agrária e forte presença de micro empresas. O fator interno é caracterizado pela base de clientes com baixa escala de clientes pessoa física e jurídica.

CLUSTER 10 – Grupo concentrado em médias agências do interior dos estados que tem como fatores externos um mercado potencial de alto desenvolvimento sócio econômico, alto nível de atividade agropecuária e concentração de negócios. O fator interno é caracterizado pela base de clientes com alta escala de clientes pessoa física e jurídica.

CLUSTER 11 – Pequenas agências do interior que tem como fatores externos um mercado potencial de baixo desenvolvimento sócio econômico, grande ocorrência de contratos do governo, presença de micro empresas e serviços. O fator interno é caracterizado pela base de clientes com alta escala de clientes pessoa física e jurídica.

CLUSTER 12 – Grupo composto por grandes agências das Capitais que tem como fatores externos um mercado potencial de alto porte, médio desenvolvimento sócio econômico, emprego, indústria e serviços. O fator interno é caracterizado pela base de clientes com forte concentração no atacado, carregando o varejo, governo e a escala de clientes pessoa física e jurídica.

Para identificação do percentual de agências em seus respectivos clusters, procedeu-se a distribuição das mesmas em seus respectivos agrupamentos.

TABELA 10 - Distribuição das agências bancárias de varejo em clusters

A análise da distribuição das agências em clusters possibilitou a identificação da concentração de agências nos agrupamentos 4 (20% das agências), 5 (13% das agências), 6 (10% das agências), 8 (9% das agências), 9 (13% das agências) e 11 (17% das agências). A seguir sintetiza-se algumas características desses agrupamentos.

Clusters 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Total % 5% 5% 0% 20% 13% 10% 4% 9% 13% 6% 17% 1% 100%

ü CLUSTER 4 – Pequenas agências com mercado potencial de excelente desenvolvimento sócio econômico e concentração de negócios bancários (depósitos e operações de crédito). Base de clientes com forte perfil varejo, atacado, governo e rural.

ü CLUSTER 5 – Grandes, médias e pequenas agências de pólos desenvolvidos com mercado potencial de médio porte (população, empresas, depósitos, aplicações, etc.), médio desenvolvimento sócio econômico e concentração de negócios bancários (depósitos e operações de crédito). Base de clientes com forte perfil varejo.

ü CLUSTER 6 – Grandes, médias e pequenas agências em cidades de médio porte com mercado potencial de baixo porte (população, empresas, depósitos, aplicações, etc.), razoável desenvolvimento sócio econômico e leve concentração de negócios bancários (depósitos e operações de crédito). Base de clientes sem perfil definido, destaque para a escala de contas pessoa física e jurídica.

ü CLUSTER 8 – Grandes agências em grandes cidades distribuídas em todas as regiões com mercado potencial de médio porte, emprego, indústria, serviços e atividade agrária. Base de clientes com predominância de clientes pessoa física e jurídica.

ü CLUSTER 9 – Grupo distribuído em todas as regiões com mercado potencial de forte estrutura agrária e forte presença de micro empresas. Base de clientes com baixa escala de clientes pessoa física e jurídica.

ü CLUSTER 11 – Pequenas agências do interior com mercado potencial de baixo desenvolvimento sócio econômico, grande ocorrência de contratos do governo, presença de micro empresas e serviços. Base de clientes com alta escala de clientes pessoa física e jurídica.

A aplicação da análise de cluster propicia a conversão do conhecimento explícito contido em base de dados, resultando em informação sistematizada para a organização. A informação sistematizada poderá ser transformada em conhecimento, conforme definido por Nonaka e Takeuchi (1997).

Essas informações fornecem insumos para subsidiar a elaboração do feedback da estratégia adotada, melhora a qualidade do planejamento estratégico, contribui para a adequação e a seleção de indicadores de desempenho, além de municiar os gestores com referências quantitativas para a elaboração do orçamento por agência.

Esse processo de conversão da informação em conhecimento está presente na gestão do conhecimento e nas práticas de aprendizagem organizacional, uma vez que se adotou estratégias para criar, adquirir e compartilhar conhecimento, a fim de auxiliar na geração de idéias, solução de problemas e tomada de decisão. A propagação do conhecimento pela organização poderá ocorrer por meio da

incorporação de disciplinas de aprendizagem que possam provocar a interiorização, socialização e externalização do conhecimento.

4.4 Grupo de avaliação versus clusters de agências bancárias