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Definição Constitutiva (DC) e Definição Operacional (DO) das

3 ABORDAGEM METODOLÓGICA

3.2 Definição Constitutiva (DC) e Definição Operacional (DO) das

Enquanto importantes elementos para o rigor da pesquisa qualitativa (VIEIRA,

2004), a definição constitutiva corresponde ao conceito dado, dentro da

fundamentação teórica, aos termos que serão utilizados; e definição operacional, a

maneira como esses termos serão identificados na realidade, permitindo a

operacionalização da definição constitutiva.

Foram definidas, a partir do referencial sobre inovação organizacional e imersão

social, três grandes categorias analíticas de pesquisa: (C1) Geração de Inovação

(C2) Imersão Social Estrutural e (C3) Imersão Social Política. A partir destas, outras

categorias emergem, cujas definições constitutiva e operacional também se

tornaram necessárias: Inovação, Inovação de Produto, Inovação de Processo,

Inovação de Gestão, Mudança Técnica/Tecnológica, Mudança Tecnológica

Incremental, Mudança Tecnológica Radical; Posição na Rede, Centralidade na

Rede; Poder na Rede, Capacidade de Influência na Rede. Tais categorias analíticas

e suas respectivas definições são apresentadas a seguir.

(C1) GERAÇÃO DE INOVAÇÃO

DC: corresponde ao desenvolvimento de mudanças técnicas em produtos,

processos ou práticas de gestão. Neste sentido, a inovação é tida como um

processo de desenvolvimento tecnológico a partir de mudanças técnicas, que

seguem uma trajetória tecnológica (mudança endógena) dentro de um paradigma

tecnológico (mudança exógena), de forma que conduz ao progresso técnico (DOSI,

1982; 2006). O processo de inovação apresenta dinâmica e regras próprias, onde o

ambiente econômico e social afeta o desenvolvimento tecnológico (DOSI, 2006).

DO: será operacionalizada nesta pesquisa pela identificação de inovações de

produto, processo e gestão, a partir de mudanças tecnológicas incrementais e

radicais relacionadas ao processo de geração de tais inovações.

Inovação de Produto

DC: diz respeito à “introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente

melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos. Incluem-se

melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais,

softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais”

(OSLO, 1997, p.57).

DO: será operacionalizada pela identificação de produtos que “diferem

significativamente em suas características ou usos previstos dos produtos

previamente produzidos” (OSLO, 1997, p.57).

Inovação de Processo

DC: diz respeito à “implementação de um método de produção ou distribuição novo

ou significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas,

equipamentos e/ou softwares” (OSLO, 1997, p.58). “Na prática, as inovações de

produto são freqüentemente associadas a inovações de processo, quer porque

ambas acontecem ao mesmo tempo, quer porque estimulam umas às outras” (DOSI,

2006, p.209).

DO: será operacionalizada pela identificação de ações voltadas para a redução de

custos de produção ou de distribuição, melhoria da qualidade, produção ou

distribuição de produtos novos ou significativamente melhorados (OSLO, 1997).

Inovação de Gestão

DC: diz respeito à criação de condições que facilitem a resolução eficaz de desafios

múltiplos no processo de inovação, envolvendo a criação de algo novo na forma de

definir e lançar ou selecionar inovações, considerando demandas de mercado,

possibilidades tecnológicas e contexto político (TIDD, BESSANT e PAVITT, 2008).

DO: será operacionalizada ao caracterizar o gerenciamento do surgimento de novas

tecnologias, novas regras políticas, mudanças nos regimes regulatórios, eventos

imprevistos, novos mercados e mudanças no modelo de negócio – o que, por sua

vez, é identificado pela caracterização de escolhas sobre as fontes, disposição e

coordenação de inovações, seleção de tecnologias e aquisição, mobilização e

utilização de conhecimentos (TIDD, BESSANT e PAVITT, 2008).

Mudança Técnica/Tecnológica

DC: “é um processo no qual uma empresa identifica problemas reais ou potenciais e

desenvolve, então, de forma ativa, novos conhecimentos para solucioná-los” (KIM,

2006, p.153). Segundo Dosi (1982, 2006), “a evolução das tecnologias através do

tempo apresenta certas regularidades significativas e, muitas vezes, somos capazes

de definir as „trajetórias‟ da mudança em termos de certas características

tecnológicas e econômicas dos produtos e processos.

DO: será operacionalizada nesta pesquisa pela identificação da “obtenção e o

aperfeiçoamento de aptidões tecnológicas” (LALL, 2005, p.25), através das

atividades de pesquisa e desenvolvimento, aprendizado tecnológico, e interação das

partes no sistema econômico e seu ambiente complexo, destacando a evolução do

„sistema tecnológico‟ e do „sistema de relações sociais‟ e considerando que a

mudança técnica depende de níveis tecnológicos já alcançados (DOSI, 2006).

Mudança tecnológica incremental

DC: de acordo com Freeman (1997) diz respeito a melhoramentos e modificações

cotidianas (TIGRE, 2006).

DO: sua operacionalização se dará pela identificação de “melhorias feitas no design

ou na qualidade dos produtos, aperfeiçoamentos em layout e processos, novos

arranjos logísticos e organizacionais e novas práticas de suprimentos e vendas”

(TIGRE, 2006, p.74).

Mudança tecnológica radical:

DC: de acordo com Freeman (1997) corresponde a saltos descontínuos na

tecnologia de produtos e processos (TIGRE, 2006).

DO: sua operacionalização se dará pela análise de rompimentos nas trajetórias

tecnológicas existentes, que inauguram uma nova rota tecnológica e rompem os

limites da inovação incremental; geralmente é fruto de atividades de P&D (TIGRE,

2006).

(C2) IMERSÃO SOCIAL ESTRUTURAL

DC: segundo Zukin e Dimaggio (1990), diz respeito aos efeitos estruturais das

relações sociais sobre as ações econômicas, ou seja, das relações entre atores

sociais (tanto firmas quanto indivíduos), que indicam uma ampla variedade de

arranjos/ formas de redes sociais (DACIN, VESTRESCA e BEAL, 1999).

DO: será operacionalizada nesta pesquisa pela análise da posição dos atores na

rede e análise da centralidade na rede, compreendendo suas interferências sobre a

geração de inovação (troca de informações, atividades de pesquisa e

desenvolvimento, mudanças técnicas incrementais e radicais em produtos e

processos e práticas de gestão).

Posição na rede

DC: corresponde à localização na rede com relação aos demais atores, podendo ser

central ou periférica; a posição na rede pode conferir poder ou constranger ações

dos atores (POWELL e SMITH-DOERR, 1994). A posição na rede está relacionada à

habilidade para gerar produtos inovativos (HARGADON e SUTTON, 1997). As

vantagens da posição podem ser empregadas diretamente para facilitar a inovação

incremental (Chang e Huang, 2007).

DO: será operacionalizada pela análise de atores com maior ou menor atividades de

aquisição, disponibilização, troca e recuperação de informações, bem como novas

combinações de informação (HARGADON e SUTTON, 1997), além da análise do

conhecimento dos atores sobre os recursos presentes na rede, o que identifica a

capacidade de poder e influência (POWELL e SMITH-DOERR, 1994); e de quais

atores possuem acesso privilegiado a recursos (BURT, 1992). A freqüência de

trocas e a satisfação com os resultados anteriores também apontam os atores com

os quais se tem a intenção de estabelecer vínculos, envolvendo o estabelecimento

de confiança, reciprocidade e compromisso, mecanismos que permitem ações

conjuntas que facilitam a inovação incremental (Chang e Huang, 2007).

Centralidade na rede

DC: corresponde ao grau em que um ator está ligado a muitos outros na rede e o

grau no qual estes outros estão ligados a muitos outros em torno deles (POWELL e

SMITH-DOERR, 1994).

DO: será operacionalizada pela identificação de atores que adotam inovações

vantajosas precocemente - atores altamente centrais - e atores que estão propensos

a adotar inovações arriscadas - atores periféricos (LIU, MADHAVAN E

SUDHARSHAN, 2005). A capacidade de influência e poder na rede também será

utilizada como indicador de centralidade (POWELL e SMITH-DOERR, 1994).

Também há uma relação entre inovação incremental e centralidade na rede

(CHANG E HUANG, 2007).

(C3) IMERSÃO SOCIAL POLÍTICA

DC: de acordo com Zukin e Dimaggio (1990), diz respeito a como a ação econômica

é moldada por diferenças de poder, pelas relações entre atores e entre estes e

instituições sociais, atores públicos e classes políticas (DACIN, VENTRESCA E

BEAL, 1999).

DO: sua operacionalização se dará pela análise das relações políticas entre atores

privados, e entre estes e atores públicos, verificando as assimetrias de poder e

capacidade de influência na rede, bem como a intervenção governamental.

Poder na rede

DC: corresponde à autoridade formal (ordens ou instruções), influência informal

(alterar ações de outros atores) ou dominação (restringir benefícios ou infligir

punições) que conduzem ao controle e á dominância continuada de interesses

(POWELL E SMITH-DOERR, 1994).

DO: pode ser identificado por laços com o Estado, universidades e institutos de

pesquisa (MICHELSON, 2007), prestígio e status político (ZHENG, 2008),

centralidade na rede (NOHRIA, 1992) e benefícios de informação e controle (BURT,

1992).

Capacidade de Influência na rede

DC: corresponde à habilidade para alcançar intenções próprias através de atitudes e

comportamentos de outros atores (POWELL e SMITH-DOERR, 1994), envolvendo

estratégias de negociação e interação com o Estado (HARDY, CURRIE e YE, 2005).

DO: é mensurada pela identificação de ações no sentido de convencer atores

políticos (públicos ou privados) a dar suporte às suas próprias ações, bem como a

coibir a ação de outros atores no setor, a fim de garantir seus interesses na rede.

Envolve a mobilização de recursos acessados na rede (POWELL e SMITH-DOERR,

1994) e laços estabelecidos com autoridades políticas (DACIN, VENTRESCA e

BEAL, 1999).