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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.6. DEFINIÇÃO CONSTITUTIVA E OPERACIONAL

A seguir, no Quadro 9, são apresentadas as definições constitutiva e operacional das categorias analíticas em estudo: capacidades dinâmicas, prática estratégica, isomorfismo e propriedades estruturais do campo organizacional.

As definições constitutivas correspondem aos conceitos das principais categorias analíticas trabalhadas na presente pesquisa, tal como são encontrados na literatura; enquanto que as definições operacionais equivalem às atividades realizadas pela pesquisadora a fim analisar apropriadamente o processo de desenvolvimento de produto, relacionando os conceitos à realidade encontrada.

Quadro 9 – Definições Constitutivas e Operacionais

CATEGORIA ANALÍTICA DEFINIÇÃO CONSTITUTIVA DEFINIÇÃO OPERACIONAL

CAPACIDADES DINÂMICAS

Padrão aprendido e estável de atividade coletiva por meio do qual a organização sistematicamente gera e modifica suas rotinas operacionais na busca de melhoria da efetividade (ZOLLO; WINTER, 2002, p. 340).

Utilizou-se o desenvolvimento de produto como exemplo de capacidade dinâmica, já que o desenvolvimento de produto é decorrente da realização de mudanças que uma empresa pode fazer em suas rotinas, por meio da manipulação de recursos, e, portanto, vai ao encontro do conceito de capacidade dinâmica que envolve, justamente, a modificação de rotinas para melhoria da efetividade.

Desenvolvimento de Produto Conjunto de atividades por meio das quais busca-se, a partir das necessidades do mercado e das possibilidades e restrições tecnológicas, e considerando as estratégias competitivas e de produto da empresa, se chegar às especificações de projeto de um produto e de seu processo de produção, para que a manufatura seja capaz de produzi-lo, e acompanhar o produto após o lançamento para se realizar as eventuais mudanças necessárias nessas especificações, planejar a descontinuidade do produto no mercado e incorporar, no processo de desenvolvimento, as lições aprendidas ao longo do ciclo de vida do produto (ROZENFELD ET AL., 2006, p. 1).

A partir dos relatos acerca do processo de desenvolvimento dos produtos, bem como do material fornecido pelas empresas (a São Braz disponibilizou uma apresentação de PowerP oint e a ShoesShop além de ceder também uma apresentação de PowerPoint, permitiu o acesso a um fluxo de desenvolvimento de produto (Anexo A), ao procedimento de acompanhamento de produtos (Anexo B) e ao checklist de documentação e ferramentas da validação do produto (Anexo C)) foi possível compreender como ocorre o desenvolvimento de produto. Foram observadas as fases do desenvolvimento de produto conforme o modelo mais adequado: o de Rozenfeld et al. (2006) e o de Bessant e Tidd (2009).

Processos de aprendizagem A aprendizagem organizacional ocorre por meio de quatro processos,

4I’s (intuição, interpretação,

integração e institucionalização), ao longo de três níveis: o individual, o grupal e o organizacional (CROSSAN; LANE; WHITE, 1999)

Os processos de aprendizagem foram verificados por meio dos relatos acerca de como os entrevistados aprendem a realizar atividades profissionais, bem como da interação com colegas de trabalho e com profissionais de outras organizações e de como esse aprendizado é codificado.

Mecanismos de aprendizagem Mecanismos de aprendizagem que embasam a criação e evolução das capacidades dinâmicas: acumulação de experiências, articulação de conhecimento e codificação do conhecimento.

A partir dos relatos acerca do processo de desenvolvimento dos produtos, foi possível identificar as experiências profissionais

acumuladas, bem como a forma de articulação e codificação do conhecimento.

PRÁTICA ESTRATÉGICA Scripts que guiam ações utilizadas pelos estrategistas em sua atividade cotidiana com intenção estratégica e que, ao serem legitimados pelos seus integrantes, se tornam um padrão de atuação persistente no tempo e no espaço (JARZABKOWSKI; BALOGUN; SEIDL, 2007;

A partir dos relatos acerca do processo de desenvolvimento dos produtos foi possível identificar as práticas utilizadas pelas organizações e classificá-las em administrativa, discursiva ou episódica. As práticas adotadas pela organização serão estratégicas quando os estrategistas as

GIDDENS, 2003; WHITTINGTON, 2006). Jarzabkowski (2005) categoriza as práticas em três tipos:  administrativa: mecanismos de planejamento, orçamento, previsão, sistemas de controle, indicadores de desempenho e metas;

 discursiva: fornecem recursos linguísticos, cognitivos e simbólicos para interagir sobre estratégia;

 episódica: criam oportunidade e organizam a interação entre praticantes na elaboração de estratégia, tais como encontros, workshops e away days (JARZABKOWSKI, 2005)

escolherem com a intenção de manter ou aumentar o desempenho da organização como um todo.

PRÁXIS Conjunto de atividades locais socialmente aceitas e importantes para a formação da estratégia (WHITTINGTON, 2006; JARZABKOWSKI; BALOGUN; SEIDL, 2007).

A práxis foi analisada como base na identificação dos episódios de práxis durante os quais as práticas são executadas.

PRATICANTES Atores que realizam atividades envolvidas com a formação da estratégia organizacional (WHITTINGTON, 2006).

Correspondem a todos aqueles que participam do processo de desenvolvimento de produto (executivos seniores, gerentes de nível intermediário, analistas, coordenadores e consultores). ISOMORFISMO Movimento coletivo, segundo qual a

adoção de determinadas práticas por parte da organização é decorrente da observação e aprovação das mesmas por parte da sociedade, fazendo com que as organizações se pareçam umas com as outras. DIMAGGIO; POWELL, 2005).

Verificou-se o isomorfismo pela ocorrência dos mecanismos isomórficos coercitivo, mimético e normativo. Analisou-se o mecanismo coercitivo por meio da identificação da adoção de práticas estratégicas nas organizações estudadas com o intuito de se adequar a legislação impostas formal e/ou formalmente pelo Estado, fornecedores, distribuidores, consumidores, enfim por organizações de natureza legal e/ou política presentes no campo organizacional. Analisou-se o mecanismo mimético por meio da identificação da adoção de práticas estratégicas nas organizações estudadas com base nas práticas estratégicas que foram imitadas de outras organizações do campo organizacional que as utilizam e apresentam sucesso, como a contratação de consultorias, troca de informações entre atores do campo organizacional, a transferência de funcionários e a participação em associações de indústria e eventos

setoriais. Analisou-se o mecanismo mimético por meio da identificação da adoção de práticas estratégicas nas organizações estudadas decorrentes da aplicação de normas, regulamentos e métodos de trabalho compartilhados devido à profissionalização de atividades organizacionais, transmitidos aos estrategistas pela participação dos mesmos em instituições profissionais, tais como universidades, associações de classe e congressos ou mesmo por meio da leitura de revistas especializadas. CAMPO

ORGANIZACIONAL (INSTITUCIONAL)

Organizações que, em conjunto, constituem uma área reconhecível de vida institucional: fornecedores- chaves, consumidores de recursos e produtos, agências reguladoras e outras organizações que produzem produtos e serviços similares (DIMAGGIO; POWELL, 2005)

Esta compreensão de campo sugere um conceito relativamente concreto que pode ser operacionalizado por meio da identificação dos atores que constituem um campo: fornecedores- chave, consumidores de bens, serviços ou recursos, agências regulatórias e outras organizações que produzem serviços ou produtos similares. PROPRIEDADES

ESTRUTURAIS DO CAMPO ORGANIZACIONAL

Conjunto de regras e recursos constitutivo e constituído pela produção e reprodução de práticas sociais, o qual restringe, habilita e coordena a ação e a interação de organizações em um espaço relacional delimitado (GIDDENS, 2003; WOOTEN; HOFFMAN, 2008).

Verificaram-se as propriedades estruturais do campo organizacional por meio da identificação das regras e recursos nele disponíveis para a formação das práticas estratégicas da organização. Com base nas ideias de Giddens (2003), as regras foram consideradas como padrões e procedimentos generalizáveis e normativos que norteiam o relacionamento interorganizacional no campo, conduzindo e sancionando a formação de práticas estratégicas pela organização. Já os recursos, constituem-se nos meios mobilizados pelos estrategistas no campo organizacional para a formação de práticas estratégicas na organização e podem ser tanto de natureza física e material, tais como crédito, financiamento, equipamentos, matéria-prima, tecnologia, entre outros, e de natureza relacional, enquanto benefícios resultantes do relacionamento com outras organizações, tais como informação, conhecimento, reputação, contatos comerciais, participação em entidades etc.

Fonte: elaboração própria (2016)

Apresentadas as definições constitutivas e operacionais, a seção seguinte apresenta como os dados foram analisados.