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Definição das Categorias de Análise

No documento LUCIANE AMÁLIA BITELLO (páginas 57-60)

3.4 Análise dos Dados

3.4.1 Definição das Categorias de Análise

Durante a pesquisa levantaram-se diversas informações a partir de vários pontos de vis- ta, por este motivo e para auxiliar o processo de análise dos dados, buscou-se, a partir das leituras realizadas para o referencial teórico e dos dados, definir algumas categorias que fica- ram evidentes. Esta constatação vem ao encontro da afirmação de Gil (2008, p.157): “as res- postas fornecidas pelos elementos pesquisados tendem a ser as mais variadas. Para que essas respostas possam ser adequadamente analisadas, torna-se necessário, portanto, organizá-las, o que é feito mediante o seu agrupamento em certo número de categorias”.

Pode-se dizer então, que a categorização “consiste num processo de redução do texto às palavras e expressões significativas”. (MINAYO, 2007, p.317). Em uma abordagem qualitati- va as categorias de análise poderão ir emergindo ao longo do estudo, portanto podem ser defi- nidas à medida que a investigação avança. (MORAES, 1999). No presente estudo, utilizaram- se as seguintes macrocategorias: Trabalho e Competências. Visando facilitar a análise dos dados elaborou-se o Quadro 10 com as principais categorias de análise do estudo e respectivas definições operacionais de acordo com os autores estudados, já no Quadro 11 apresenta-se como foi operacionalizada esta categoria na condução da pesquisa.

Quadro 10 - Definição das Categorias Analíticas

Macro Categoria Categoria Analítica (Constructo) Nível do Constructo Definições Operacionais – Elementos para Identificar a Ocorrência ou Não

Trabalho

O trabalho não é mais, princi- palmente, um dado objetivá- vel, padronizável, prescritível

que bastaria reduzir a uma lista de tarefas relacionadas a

uma descrição de emprego (ZARIFIAN, 2012).

Inserção do Jovem no

Mercado de Trabalho Indivíduo

As Relações entre Trabalho e Educação Profissional

A educação articulada ao trabalho surge como um sistema diferenciado e paralelo ao sistema regular de ensino, visando preparar os pobres, margina- lizados e desvalidos de sorte para atuarem no sistema produtivo nas funções técnicas situadas nos níveis baixo e médio da hierarquia ocupacional. (KUENZER, 1997).

A expansão do capitalismo nos últimos séculos criou a necessidade de articular a escola como agente social de preparação para a inserção no merca- do de trabalho. (MANFREDI, 2002).

Se a lógica do capital é a distribuição desigual do saber, a escola presta um serviço à classe trabalhadora, e não ao capital, ao formular propostas pedagógicas que democratizem o saber sobre o trabalho. (KUENZER, 1997).

A educação no e para o trabalho é um processo complexo de socialização e aculturação de jovens e adultos nos espaços de trabalho, entrecruzando- se com as aprendizagens realizadas em outros espaços socioculturais. (MANFREDI, 2002)

Juventude, Educação e Trabalho: Desafios para Escolarização e Inserção no Mercado de Trabalho

Os jovens filhos de pobres no país encontram-se praticamente condenados ao trabalho como uma das poucas condições de mobilidade social. Porém, ao ingressar muito cedo no mercado de trabalho, o fazem com baixa escolaridade, ocupando as vagas de menor remuneração disponíveis, quase sempre conjugadas com posições de subordinação no interior da hierarquia do trabalho. (POCHMANN, 2004)

Precarização do Trabalho Indivíduos e Organiza- ção

O Trabalho no Contexto da Reestruturação Produtiva

Novo tipo de trabalho – a fragmentação, a separação entre trabalho instrumental e intelectual, a organização em linha e o foco na ocupação. (KUEN- ZER).

Confluência de mão de obra qualificada para operar equipamentos mais modernos, com sub-remuneração e intensa exploração da mão de obra, além das plenas condições de flexibilização e precarização da força de trabalho. (ANTUNES, 2002).

A pedagogia das competências como orientação curricular para o ensino médio e a educação profissional é a negação do ser humano como sujeito pleno de potencialidades e a insistência na adaptação de personalidades à flexibilidade do mercado de trabalho. (RAMOS, 2005).

Uma educação destinada aos dirigentes e outra aos trabalhadores, conferindo à educação profissional o papel de qualificação de mão de obra, direta- mente atrelada a uma tarefa ou ocupação no mercado de trabalho. (CARVALHO; LACERDA, 2010).

A pedagogia do trabalho na acumulação flexível, é que, pelo ângulo do mercado, ocorre um processo de exclusão da força de trabalho dos postos reestruturados, para incluí-la de forma precarizada em outros pontos da cadeia. (KUENZER, 2010).

Políticas focalizadas de inserção social precária, no Brasil desde a década de 90 do século passado a política de formação profissional tem se enqua- drado neste cenário. (FRIGOTTO, 2005).

O fato da organização profissional estar organizada independentemente da educação regular, consolidando uma concepção de formação profissional descolada da necessidade dos conhecimentos básicos necessários ao desempenho crítico e criativo da atividade produtiva e, portanto, convertendo a educação profissional em mero treinamento para o trabalho. (CARVALHO; LACERDA, 2010).

Formação profissional que atenda aos requisitos das mudanças do setor produtivo e de um trabalhador com capacidade de lutar por sua emancipação, deve superar a formação profissional como adestramento e adaptação ao mercado de trabalho. (CARVALHO; LACERDA, 2010).

Formação de um trabalhador ao mesmo tempo capaz de ser crítico e político, criativo e autônomo intelectual, sendo capaz de acompanhar as mudan- ças educando-se continuamente. (KUENZER, 2007b).

Sem uma formação, ao mesmo tempo, de caráter geral (teórico) e específico (prático), reproduziremos modelos dicotômicos, onde a inteligência se concentra na cúpula, submetendo os demais às tarefas que requerem o trabalho manual. (CARVALHO; LACERDA, 2010).

Continuação...

Macro Categoria Categoria Analítica

(Constructo) Nível do Constructo Definições Operacionais – Elementos para Identificar a Ocorrência ou Não

Competências

A competência é o “tomar iniciativa” e o “assumir responsabilidade” do indiví-

duo diante de situações profissionais com as quais se

depara. (ZARIFIAN, 2012).

Competências Profissionais Indivíduos e Organiza-

ção A Formação Profissional e a Concepção de Qualificação e Competências para o Trabalho

A capacidade de o trabalhador dominar o conjunto de tarefas que configuram uma determinada função, principalmente pela situação geral de maior concorrência no interior do mercado de trabalho e pelo surgimento de novas funções ocupacionais. (POCHMANN, 2004).

Há pontos de vista diferentes da formação profissional de acordo com os sujeitos envolvidos, os empresários,por exemplo buscam aumentar a qualidade dos seus produtos, reduzir custos e manter a competitividade no mercado, já os trabalhadores não têm uma visão concreta quanto às opções de formação profissional para a aquisição de novas habilidades e conhecimentos que valorizem sua força de trabalho. (FRIGOTTO, 1998).

Recuo da prescrição, abertura de espaço para a autonomia e automobilização do indivíduo. (ZARIFIAN, 2012). A pedagogia das competências apoia-se no pressuposto de que saberes são construídos pela ação. (RAMOS, 2005).

A competência é uma capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. [...] Quase toda ação mobiliza alguns conhecimentos, algumas vezes elementares e esparsos, outras vezes complexos e organizados em rede. (PER- RENOUD, 1999a).

O desafio da formação profissional é romper com modelos e soluções pré-fabricadas, e promover um modelo que estimule a criatividade, a capaci- dade de abstração e o pensamento sistêmico dos trabalhadores. (CARVALHO; LACERDA, 2010).

O indivíduo, ao nascer, nada tem em termos de conhecimento: é uma folha de papel em branco; é tabula rasa. (BECKER, 2008)

Eis a concepção “bancária” da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos, guardá-los e arquivá-los. (FREIRE, 2010b).

Ensinar não é transferir conteúdo a ninguém assim como aprender não é memorizar o perfil do conteúdo transferido no discurso vertical do profes- sor. (FREIRE, 2010a).

O professor não-diretivo acredita que o aluno aprende por si mesmo. Ele pode, no máximo, auxiliar a aprendizagem do aluno, despertando o conhe- cimento que já existe nele. – Ensinar? –Nem pensar! Ensinar prejudica o aluno. (BECKER, 2008).

Tudo o que o aluno construiu até hoje em sua vida serve de patamar para continuar a construir e que alguma porta abrir-se-á para o novo conheci- mento – é só questão de descobri-la; ele descobre isto por construção. (BECKER, 2008).

Qualificação para o Traba- lho

Indivíduos e Organiza- ção

“O conceito de qualificação consolidou-se com o modelo taylorista-fordista de produção, em torno do qual se inscreveram tanto os padrões de formação quanto os de emprego, carreira e remuneração”. (RAMOS, 2002, p.401)

Para os trabalhadores, a qualificação é uma forma de poder que pode determinar outras formas de relação no interior da divisão social e técnica do trabalho, à medida que lhe permite compreender a ciência que seu trabalho incorpora, aumentando sua possibilidade de criação e participação nas decisões sobre o processo produtivo e sua organização. (KUENZER, 1997, p. 32).

Le Boterf (2003) a qualificação é o reconhecimento das capacidades requeridas para exercer um cargo, profissão ou função.

Aparentemente, em um contexto produtivo que defende a necessidade da polivalência do trabalhador, estaria desaparecendo a ideia de profissão, de formação profissional em favor da ideia de qualificação, requalificação, desqualificação, conceitos mais gerais, aplicáveis a qualquer tipo de compe- tência para o trabalho. (FRIGOTTO, 1998, p.107).

Fonte: Autoria Própria, 2012.

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Quadro 11 - Constructos, Elementos de Análise e sua Operacionalização

Macro

Categoria Constructos Elementos de Análise Operacionalização A E S EM MT

Trabalho Inserção do Jovem no Mercado de Trabalho Facilidades Questionário X X

Dificuldades Entrevistas, documentos da

instituição e observação. X X

Entrevistas X X

Precarização do Traba-

lho Desvio de função Questionário X X

Mão de obra barata Entrevistas X X X

Competências Competências Profis-

sionais

Atividades que facilitam o desenvolvimento de competên- cias.

Questionário X X

Competências que contribuem com a formação do jovem.

Entrevistas, documentos da

instituição e observação. X Qualificação para o

Trabalho

Qualificação requerida pelo

mercado de trabalho Entrevistas X X X

Fonte: Autoria Própria, 2012.

Legenda: A - alunos; E - egressos; S - SENAC; EM - Empresas; MT - Ministério do Trabalho.

No documento LUCIANE AMÁLIA BITELLO (páginas 57-60)