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A Visão das Empresas Contratantes

No documento LUCIANE AMÁLIA BITELLO (páginas 97-100)

4.2 Apropriação de Competências para a Formação para o Trabalho

4.2.3 A Visão das Empresas Contratantes

Finalizando a análise das diferentes percepções sobre o Programa de Aprendizagem, nesta seção será apresentada a visão das empresas que mais contratam aprendizes do SENAC Canoas. Estas empresas foram indicadas pela Coordenadora do Curso de Aprendizagem, du- rante entrevista realizada com ela. As empresas contatadas foram escolhidas por serem as que mais contratam aprendizes desta unidade do SENAC.

Foram contatadas cinco empresas de diferentes segmentos do comércio e serviço e todas se disponibilizaram para participar da pesquisa. Conversou-se com a área de Recursos Huma- nos de cada empresa, visando identificar as competências requeridas para a contratação de novos empregados e comparar com a formação proposta pelos Cursos de Aprendizagem, as- sim como conhecer de que forma as empresas percebem o Programa de Aprendizagem.

Começando pelo perfil profissional todas acreditam que um bom profissional deve ter desenvolvido a competência da Comunicação e Expressão, visto que, nestas empresas, terão contato com clientes e fornecedores. Também se verificou que saber trabalhar em equipe faz parte das competências requeridas por essas empresas, e se torna um diferencial do candidato a uma vaga de emprego, uma vez que competências se manifestam a partir da atitude de cada indivíduo. (FISCHER, 2001).

Na fala da Participante E2: “penso que competências técnicas são mais fáceis de traba- lhar do que os entendimentos sobre uma boa postura profissional, comportamento, iniciativa e comprometimento, que são questões mais determinantes para a permanência da pessoa na

organização”. (PARTICIPANTE E2). A informática, que foi considerada por egressos e alu- nos em formação como uma competência importante a ser desenvolvida, foi citada apenas por duas empresas. Acredita-se que as empresas entendem que a informática é um conhecimento que pode ser treinado e aperfeiçoado com a prática, diferentemente de uma competência com- portamental. Além do citado, buscou-se identificar o que é considerado na hora de indicar um jovem para o Programa de Aprendizagem e verificar se é feito algum processo seletivo para a escolha dos jovens.

A Participante E1 costuma receber candidatos indicados pelo SENAC e, na maioria das vezes, é feito um processo seletivo na qual a: “empresa avalia quais os objetivos do jovem para o futuro, se os mesmos estão procurando o curso para desenvolvimento ou por pressão de algum familiar”. (PARTICIPANTE E1). A Participante E4 também realiza processo seletivo e, a partir da triagem de currículos, realiza a entrevista individual. Na entrevista se considera: “a vontade do Aprendiz em trabalhar e inserir-se no mercado de trabalho”. (PARTICIPANTE E4).

Nas falas das Participantes E1 e E4 percebe-se que nas duas empresas há a preocupação em escolher um jovem que tenha interesse de se inserir no mercado de trabalho, observa-se também que não há interesse em apenas preencher as cotas da aprendizagem e atender à legis- lação, mas também formar futuros profissionais, visto que, após o término do Contrato de Aprendizagem, estas empresas costumam efetivar os jovens que se destacaram no módulo prático.

O processo seletivo também foi relatado pela Participante E3, que divulga as vagas de Aprendiz internamente, para que os funcionários possam indicar parentes para o processo seletivo:

são selecionados através de currículos previamente coletados dos colaboradores (pa- rentes ou conhecidos) e posteriormente direcionados ao SENAC. É levada em con- sideração a idade (acima de 15 anos) e de preferência que sejam parentes de colabo- radores para ter um contato maior com os familiares.

Já a outra empresa escolhe aleatoriamente os aprendizes, dando preferência para filhos de funcionário. (PARTICIPANTE E2). Levantaram-se três hipóteses acerca do interesse das empresas em contratar parentes de funcionários: ter referência de quem está sendo indicado e de certa forma o respaldo de quem indica, uma vez que pode se entender que o novo funcio- nário não vai querer prejudicar o empregado que fez a indicação; estimular um maior engaja- mento do profissional que indicou, pois pode ser entendido que a empresa está fazendo um

favor em contratar tal parente; e, por último, aumentar a renda familiar do empregado, pois terá mais uma remuneração se o filho estiver participando do programa.

Após conhecer os critérios que são utilizados pelas empresas na contratação de aprendi- zes, buscou-se conhecer como as empresas percebem o SENAC Canoas, quando perguntadas sobre os motivos que levaram elas a escolher esta instituição de ensino. A escolha do SENAC Canoas como instituição qualificadora deve-se primeiramente ao fato de qualificar os jovens para atividades fins das empresas pesquisadas, não sendo nenhuma surpresa este fato, já que se busca a realização do módulo prático na empresa. Mas como há outras instituições que oferecem a formação nestas áreas, procurou-se entender porque escolheram especificamente o SENAC e as respostas obtidas foram unânimes: as empresas reconhecem o SENAC como uma instituição de alta qualidade para a formação de profissionais. Nas respostas este reco- nhecimento se manifestou da seguinte forma: “a parceria é antiga”; “é uma instituição experi- ente na formação de aprendizes”; “possui infraestrutura adequada e professores qualificados”. (PARTICIPANTES E1; E2; E4).

Este reconhecimento também foi observado quando se perguntou o modo como as em- presas avaliam a qualidade do suporte dado pelo SENAC Canoas. Nas falas das diferentes empresas, verificou-se que: “Ótima! Sempre somos atendidos em nossas necessidades”. (PARTICIPANTE E4). E a empresa do comércio de alimentos: “O suporte é ótimo! Estamos sempre em contato.” (PARTICIPANTE E4).

Quanto aos conteúdos propostos, observa-se que as empresas estão inteiradas sobre os assuntos trabalhados em sala de aula e os reconhecem como importantes para os profissionais que irão trabalhar em suas empresas. A Participante E3 afirma: “O Programa de Aprendiza- gem é bem elaborado, com um conteúdo atual e de forma inovadora”. Outra empresa com- plementa: “o curso engloba tudo o que a empresa precisa”. (PARTICIPANTE E5). Nestas duas empresas há exemplos de jovens que permaneceram trabalhando após o término do con- trato de aprendizagem, o que também reforça que os conteúdos trabalhados estão de acordo com a necessidade das empresas.

Uma prática diferenciada acontece na empresa E3. O jovem, no módulo prático, não permanece em apenas um setor, ele faz um revezamento em diversos setores e após verifica- se em qual setor ele obteve um melhor desempenho, podendo permanecer neste setor se a empresa tiver alguma vaga aberta.

Observou-se que, atualmente, há um bom relacionamento entre o SENAC Canoas e as empresas participantes desta pesquisa, uma vez que, se identificou vários louvores sobre a instituição nas falas dos participantes, mesmo quando não se estava perguntando especifica-

mente da instituição. Em relação à Lei de Aprendizagem, em nenhum momento durante as entrevistas, as empresas se manifestaram contrárias às obrigações impostas nesta lei, inclusive se verificou que há um aproveitamento dos jovens formados para ocupar outras vagas.

Na próxima seção será realizada a análise das contribuições do desenvolvimento de competências profissionais para a inserção do jovem no mercado de trabalho e para a trajetó- ria profissional.

4.3 Articulando Teoria e Prática do Desenvolvimento de Competências Profissionais:

No documento LUCIANE AMÁLIA BITELLO (páginas 97-100)