• Nenhum resultado encontrado

As definições para a política econômica e os planos econômicos da Nova República no Brasil

Nesta seção, serão apresentados os principais planos econômicos de controle da inflação a partir de 1985, com o fim da Ditadura Militar, as definições para política econômica, os objetivos e seus mecanismos de intervenção no Brasil. Segundo Gremaud et al. (2011), a condução da política da Nova República elegeu o combate inflacionário como

BRASIL Governo Federal Política econômica Ministérios agrícolas Política agrícola Mda/Mapa Produção Familiar Saf Unidade de Produção Familiar Sistemas de Produção Programas

principal meta, e os autores citam uma série de planos econômicos: Cruzado (1986), Bresser (1987), Verão (1989), Collor I (1990), Collor II (1991) e Real (1994), que visavam ao controle da inflação. Porém, a análise da política econômica brasileira que dará suporte a este trabalho inicia-se a partir do Plano Real, no governo Itamar Franco, que permitiu aos seus sucessores atingirem suas metas de uma economia eficiente. O sucesso na estabilização da economia e da inflação, principal responsável pelas intervenções governamentais na década de 80, Foi alcançado com o Plano Real, criado no final de 1993 (GREMAUD et al., 2011).

Nesse sentido, a política econômica que irá determinar os objetivos propostos pelos gestores públicos eleitos, influenciando a dinâmica interna das equipes distribuídas nos diferentes ministérios e secretarias, visa ofertar à população vários programas de governo.

Dessa maneira, a política econômica pode ser definida como: o conjunto de decisões coerentes tomadas pelos poderes públicos visando alcançar certos objetivos relativos à situação econômica de um conjunto nacional, infranacional ou supranacional, através de diversos instrumentos e em um quadro de maior ou menor prazo (MOSSÉ, 1978 apud SERRA, 2011).

Cabe ao Estado, entre suas funções, tentar buscar um equilíbrio econômico com justiça social, influenciando a vida dos indivíduos, das famílias e do próprio governo através da sua política econômica, conforme descreve Galvez (2004, p.515):

Dá-se o nome de função econômica do Estado, ou política econômica, a esse fato de que o governo, hoje deve, de forma permanente, cuidar para que a economia do país funcione com equilíbrio, com progresso, e com justiça social. Deve ser sublinhado que essa função econômica do Estado tem como campo de operações a atividade econômica de todo o país - dos indivíduos, das famílias, das empresas -, e não apenas a atividade econômica do próprio governo e suas empresas. No regime da democracia moderna, essa função do Estado é feita sem suprimir a livre iniciativa, nem a propriedade privada, inclusive dos meios de produção.

O estabelecimento da política econômica estará também fundamentado na análise microeconômica que servirá como ferramenta útil para estabelecer políticas e estratégias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto para empresas como para políticas econômicas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2005).

A microeconomia estuda os aspectos referentes às empresas e consumidores individualmente; quando se juntam todos os consumidores e todas as empresas, em um todo, denomina-se macroeconomia.

A microeconomia é a parte da economia que tem por objetivo o estudo da atividade econômica dos indivíduos, das famílias, das empresas (indivíduos agricultores, comerciantes, ou industriais por conta própria, ou sociedades agrícolas, comerciais, ou industriais). A macroeconomia é a parte da economia que estuda a atividade econômica da nação, em seu todo, em seus grandes setores, em seus agregados, em suas inter-relações. Estuda as vinculações recíprocas, na atividade econômica nacional, entre o produto, a renda nacional, a demanda agregada ou dispêndio nacional, a poupança nacional, o investimento global, o emprego, a inflação, o equilíbrio, o desenvolvimento etc. Extrai regras e fórmulas para bem dirigir a economia do país (GALVES, 2004, p. 10-11).

A política econômica é utilizada para se referir às políticas que estão na esfera macroeconômica, que poderão ser políticas fiscais, monetárias, cambiais, de crédito, industriais e agrícolas. De acordo com Cleto e Dezordi (2008), as políticas econômicas têm como objetivo afetar a economia como um todo e é por isso que sua análise está no campo da macroeconomia. Segundo Vasconcellos e Garcia (2005), a política macroeconômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade produtiva (oferta agregada) e despesas planejadas (demanda agregada), com o objetivo de permitir que a economia opere a pleno com baixas taxas de inflação e com uma distribuição de renda justa. Os mesmos autores citam os principais instrumentos para atingir tais objetivos, que são as políticas fiscal, monetária, cambial e comercial, e de rendas.

Apesar do aparente contraste existente entre a micro e a macroeconomia, elas não são antagônicas e muito menos excludentes, sendo a diferença apenas uma questão de foco de estudo. Inclusive muito do estudo macroeconômico se respalda em conclusões obtidas na esfera microeconômica, e vice-versa. Portanto, além desses enfoques não serem contraditórios, são também complementares, pois as manifestações ocorridas no mundo externo, principalmente as resultantes da ação do governo na economia, terminam por afetar o dia a dia do mundo microeconômico (CLETO; DEZORDI, 2008, p. 16).

O estudo da micro e da macroeconomia permite primeiramente uma análise das principais relações dos atores sociais divididos individualmente, para, após essa etapa, ser desenvolvida uma política econômica que atinja a todos, ou seja, todas as pessoas que fazem parte de uma nação. Portanto, dentro da política econômica, devem constar aspectos que contemplem também o ambiente rural e que permitam à economia estar equilibrada também nesse setor. Assim, para que seja desenvolvida uma política agrícola voltada à agricultura em sua totalidade, é necessária uma análise microeconômica dos indivíduos, para que “todos” sejam atingidos por políticas no ambiente macroeconômico. No caso da política agrícola, foi necessário incluir, nos últimos anos, a Agricultura Familiar, após uma análise microeconômica e das reformas sociais a partir da criação de novas políticas públicas visando

atingir outros atores, “os agricultores familiares”. Para atingir um todo, foi necessária a divisão da agricultura brasileira em dois segmentos, como veremos a seguir.