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Nesta etapa foi caracterizado uma situação real no SAMU 192/Natal para formulação do conjunto de alternativas; identificado o principal interesse do grupo envolvido no processo, e então, determinado os critérios de avaliação.

4.2.1 Problema de decisão e objetivo

Tendo como objetivo a priorização de vítimas do Serviço de atendimento móvel de urgência, 4 casos foram elaborados a partir de dados reais, sendo: O médico regulador recebe 4 chamados com características semelhantes, casos que foram classificados como Urgência de prioridade absoluta, porém para atendimento dessas vítimas só têm à disposição 1 USA (Unidade de suporte avançado).

A partir da análise do problema de decisão enfrentado, concluíu-se que os critérios que orientam os MRs são conhecidos, porém existem critérios que influenciam a tomada de decisão que não estão presentes nos protocolos. Sendo a priorização de vítimas uma decisão complexa, com muitos determinantes, como proceder com o atendimento? O que pode influenciar essa decisão, sabendo que o protocolo aconselha o atendimento imediato, e no entanto, os

recursos são escassos? Qual vítima deverá ser escolhida? Como resultado, uma decisão teve que ser tomada na definição de prioridade no atendimento as vítimas.

4.2.2 Atores do processo decisório

Diante desse problema a priorização de vítimas é discutida. Os membros do grupo de decisão foram o Diretor geral, o coordenador médico e um dos médicos reguladores mais experientes, que quando estava regulando, ocupava a função de chefe do plantão. Todos tinham o direito de expressar suas preferências em relação aos casos apresentados. Entretanto, a avaliação multicritério foi baseada nas prioridades e preferências de apenas 1 tomador de decisão, o Diretor geral que também é médico regulador. Uma analista intermediou o processo decisório.

Quando iniciada as observações e entrevistas abertas outras partes interessadas foram selecionadas com base na participação simultânea no estudo sobre a priorização de vítimas. Como explicado na Seção 3.3.2, o resultado pode ser observado na Tabela 2.

Tabela 2 – Função e quantidade do pessoal participante Função do pessoal Período 1 (3 dias) Período 2 (3 dias) Período 3 (3 dias)

Obs EA Obs EA Obs EA

MR 9 6 9 6 9 6

Tarms 6 2 6 2 6 -

RO 2 1 2 2 2 -

Enf 1 1 1 1 - -

TA 1 1 - 1

Fonte: Autora, 2020. Legenda: Obs. Observação, EA. Entrevista aberta, MR. Médico regulador, Tarms. Técnico de regulação médica, RO. Rádio operador, Enf. Enfermeiro, TA. Técnico administrativo.

Na entrevista semi-estruturada, o objetivo era a participação de 9 especialistas (Médico regulador), 1 representante de cada Estados do Nordeste. No entanto, o resultado final foi a participação de 14 especialistas (médico regulador que ocupa cargo de gestão ou de liderança), conforme Tabela 3.

Nas demais etapas da pesquisa as discursões seguiram com o grupo de decisão estabelecido.

4.2.3 Alternativas

A alternativas apresentadas, foram ilustradas a partir de 4 cenários de ocorrência que trouxeram aos médicos os principais pontos do atendimento pré-hospitalar em situações de urgências e emergências clínicas e traumáticas, esses classificados como Nível 1, código

Tabela 3 – Estado e quantidade de pessoal participante Estados do Nordeste NoRespondentes

RN 21,43% 3 MA 21,43% 3 BA 14,29% 2 AL 7,14% 1 SE 7,14% 1 CE 7,14% 1 PI 7,14% 1 PA 7,14% 1 PA 7,14% 1 Total 14 Fonte: Autora, 2020

vermelho. O Quadro 4 complementa os 4 casos que estão descritos abaixo. Quadro 4 – Informações complementares, relacionadas as vítimas Informação Vítima 1 Vítima 2 Vítima 3 Vítima 4

Localização Pajuçara - 12,4 km - 30 m Lagoa Azul - 12,1 km - 27 m Nossa Senhora da Apresentação 11,8 Km 28m

Vila de ponta negra 12,0 - 30 m Características da Localização Congestionamento; Área de vegetação nativa, sem pavimentação; com chuva no local existe uma insistência de pessoas próximas à vítima Congestionamento, via duplicada; está na rua, muita incidência de raios solares, aglomeração de pessoas Congestionamento, ruas estreitas; a Vítima Está na rua exposta a Mudanças Climáticas Transito Intenso, via duplicada; a vítima está em casa; existe uma insistência de familiares

Fonte: Autora, 2020

Vítima 1

Chamado atendido pelo Técnico Auxiliar de Regulação Médica (TARM) ao 192. Queixa: “aperto no peito e dificuldade de respirar”. O solicitante do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), colega de trabalho da vítima, relatou à TARM que um jovem de 22 anos, bombeiro militar, foi atacado por um enxame de abelhas africanas. O acidente ocorreu quando se encontrava realizando um exercício de treinamento em uma região afastada do município. No momento da solicitação, a vítima apresentava quadro de urticária, prurido pelo corpo e desconforto torácico associado à dispneia intensa de início súbito, no momento da ocorrência começou a chover no local, o solicitante insistentemente avisava ao Médico Regulador que a vítima era alérgica a picada de isentos. Foi autorizada, pelo médico, a Unidade de Suporte Avançado (USA).

Hipótese Diagnóstica: anafilaxia/síndrome de envenenamento. Vítima 2

Chamado atendido pelo Técnico Auxiliar de Regulação Médica (TARM) ao 192. Causa Solicitada: colisão moto-bicicleta. Transeunte aciona o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) relatando ao TARM que presenciou uma colisão de motocicleta com bicicleta, deixando uma vítima do sexo masculino, com aparentemente cerca de 40 anos, que se encontrava inconsciente, respirando e com sangramento abundante. Ao médico regulador, o solicitante relatou que a vítima pilotava a moto, sem capacete, e que, no momento, não estava responsivo e apresentava sangramento intenso pelo nariz e ouvido. A Unidade de Suporte Avançado foi autorizada.

Hipótese Diagnóstica: trauma cranioencefálico grave. Vítima 3

Chamado atendido pelo Técnico Auxiliar de Regulação Médica (TARM) ao 192. Causa solicitada: queda de moto. Solicitante aciona Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para atendimento de um jovem de 23 anos, vítima de queda de moto, que se encon- trava consciente, respirando e com sangramento intenso. Ao médico regulador, relatou que a vítima pilotava o veículo sem uso de capacete, perdeu a consciência no momento do acidente e apresentava importante lesão na cabeça. Foi enviada a Unidade de Suporte Básico para o local. Durante o atendimento o paciente evoluiu com episódio de crise convulsiva pós-traumática do tipo tônico-clônica. O Médico Regulador autorizou a Unidade de Suporte Avançado para o Local.

Hipótese Diagnóstica: traumatismo cranioencefálico moderado, com evolução de crise convulsiva pós-traumática do tipo tônico-clônica.

Vítima 4

Chamado atendido pelo Técnico Auxiliar de Regulação Médica (TARM) ao 192. Causa solicitada: Dificuldade para respirar. O solicitante, parente da vítima, aciona Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), e informa a TARM que um idoso de 60 anos estava em casa quando passou mal com dificuldade de respirar. Ao médico regulador relatou que a vítima era hipertenso, cardiopata e apresentou dispneia súbita seguido de síncope e rebaixamento do nível de consciência. O solicitante ainda verificou que o pulso era palpável, porém muito fraco.

Hipótese Diagnóstica: Insuficiência respiratória, mais rebaixamento do nível de consciência.