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A Fase III reúne esforços para responder a terceira questão da pesquisa, bem como alcançar o quinto objetivo específico (Figura 5).

3.4.1 Selecionar um método multicritério

Para seleção do método multicritério, foram observadas as situações de preferência básicas, para a modelagem de preferência do decisor, e a racionalidade que ele considerou para o contexto em estudo (GUITOUNI; MARTEL, 1998). Com a definição da lista de critérios e suas escalas correspondentes foi realizada a avaliação intracritério, obtendo as funções de valor vi(xi) para cada critério i. E assim, a construção da matriz de decisão. Para tanto, os dados da etapa anterior foram discutidos em um encontro com o grupo de decisão.

A preferência do decisor, foi considerada linear para todos os critérios (EDWARDS; BARRON, 1994). Para o procedimento de normalização aplicado neste trabalho, a escala é de 0 a 1, na qual 0 e 1 representam, respectivamente, o valor mínimo e o valor máximo dos desempenhos no critério. E isto é necessário visto que, a forma de informação parcial utilizada, os limites de pesos, são obtidas indiretamente de acordo com a abordagem de tradeof (ALMEIDA et al., 2016).

3.4.2 Finalização

Com o decisor e participação do grupo de decisão, a elicitação das constantes de escala, a avaliação intercritério, foi realizada com o método multicritério FITradeoff, no softwareFITRADEOFF para o modelo aditivo de escolha com análise de sensibilidade, (código FU-T1EEMO-CT1).

Nesta etapa, um dos critérios foi escolhido para ser usado na avaliação. A escolha de qual critério deve ser usado na avaliação, se baseia no resultado que é mais fácil para o decisor comparar. O Sistema de apoio a decisão, apresentou uma nota ao decisor, solicitando que ele escolhesse um dos critérios. O decisor foi instruído a considerar algumas questões relacionadas à capacidade de interpretação de cada resultado. Nesta etapa a analista deu suporte à tarefa.

Com isso, o sistema de apoio a decisão, SAD tentou resolver o problema com o espaço de pesos disponível, o caso foi finalizado quando uma solução única foi encontrada.

Na etapa de finalização, os intervalos de peso da solução foram computados e produzido um relatório com a recomendação final.

As análises de sensibilidade também foram feitas com todos os critérios e para examinar a robustez da seleção e identificar critérios potencialmente sensíveis ao peso. Os valores percentuais para variação dos critério foram - 20% e + 20%. O valor de consequência de cada alternativa j do problema para o critério i terá um terá um valor S j, i tal que (p j, i) ∗ (0, 9) ≤ S j, i ≤ (p j, i) ∗ (1, 1), em que p j, i corresponde ao seu valor nominal (valor da matriz de consequências original). Para manter os limites originais do espaço de consequências, o Sistema verifica qual o valor mínimo do espaço de consequências gerado no ciclo da Análise de Sensibilidade e atribui a ele o valor mínimo nominal. O mesmo é feito quanto ao valor máximo nominal.

4 ESTUDO DE CASO: SAMU 192/NATAL-RN

O objetivo desta dissertação foi o desenvolvimento de um modelo de decisão multi- critério para priorização de vítimas no contexto do SAMU/192. Neste capítulo são apresentados o cenário de decisão e a discussão dos resultados alcançados com o desenvolvimento das fases propostas. Esse foi validado na Central de regulação do SAMU 192/Natal-RN. Criado em 17 de setembro de 2002, é um componente assistencial móvel da Rede de Atenção às Urgências. Aberto 24 h por dia, 7 dias por semana, tem como objetivo chegar precocemente à vítima após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátrica, psiquiátrica, entre outras) que possa levar a sofrimento, à sequelas ou mesmo à morte, mediante o envio de veículos tripulados por equipe capacitada.

O referido serviço, atende a uma população de aproximadamente 1.300.000 habi- tantes, considerando a população flutuante, que circula na cidade de Natal diariamente, esse número ainda sofre acréscimo, nos períodos de alta estação. Para atender a essa demanda, conta com 9 Unidades de Suporte Básico (USBs), 3 Unidades de Suporte Avançado (USAs), 1 equipe de Motolância e 1 Central de Regulação Médica - CRU e o Serviço de Transporte Sanitário de Natal. Além da Central de regulação, possui 3 bases decentralizadas, a Leide Morais, Upa pajuçara, Upa zona sul, e a São João.

A equipe de atendimento é subdividida em equipe de regulação, equipe de inter- venção e equipe de gerência. Para tanto, possui 64 médicos, 32 enfermeiros, 95 técnicos de enfermagem, 24 técnicos de regulação médica, 10 operadores de frota, 62 condutores, 2 chefes de frota e 1 fiscal de operações, conforme organograma (Anexo A).

A missão do SAMU 192/Natal é “Prestar atendimento pré-hospitalar de qualidade, as vítimas em situação de urgência na cidade do Natal, buscando restabelecer o seu bem-estar físico, com a maior brevidade possível.” E seu objetivo declarado para os próximos anos é “Ser reconhecido como um serviço móvel de urgência de excelência, no cuidado e no comprometi- mento com a responsabilidade social, se tornando referência no atendimento pré-hospitalar”. Observando, a ética, o compromisso, a humanização, a qualidade e a responsabilidade.

No contexto atual do SAMU 192 Natal o tempo de resposta médio de atendimentos está entre 30 e 45 minutos. Estudos têm sido feitos, objetivando a redução desse tempo resposta, através da determinação dos pontos de apoio provisório (Cabral et al., 2019). No entanto, outros fatores contribuem para o aumento dessa média e afetam a qualidade do serviço prestado. Como por exemplo, equipamentos retidos pelos centros de atendimento hospitalar; ambulâncias presas

transportando vítimas, pela falta de leitos para a internação do paciente; paciente psiquiátrico agressivo ou local que oferece perigo a equipe da ambulância, nesses casos a equipe precisa esperar o auxílio dos órgãos de segurança; indisponibilidade de ambulâncias e de equipamentos, devido a demanda ser superior aos recursos que possui. Ainda existem os trotes, e uma parcela da população, que sem entender o real objetivo do SAMU/192, exige o atendimento em casos que não podem ser classificados como urgência ou emergência.

Diante dessa realidade, os médicos necessitam priorizar vítimas, considerando múltiplos fatores, para o alcance do objetivo de atender os chamados com qualidade e brevidade. Dessa forma, este trabalho delineou auxiliar o alcance desses objetivos, pelo estudo da tomada de decisão dos médicos reguladores, buscando descrever os critérios que influenciam e orientam essa decisão de priorização de vítimas, como também as preferências desses decisores. E com isso, desenvolver um modelo racional e transparente que auxilie o alinhamento entre os resultados da Central de regulação e os objetivos do SAMU 192 Natal.