• Nenhum resultado encontrado

Degradação ambiental e a perda da qualidade de vida

De modo geral, quando se pensa em degradação do meio ambiente, logo vem em mente as grandes catástrofes acontecidas pela reação da natureza, e também as que ainda podem acontecer no planeta. A degradação pode ser causada de diferentes maneiras, por diferentes agentes e ainda, acontecer de forma lenta e quando se percebe já pode ser tarde demais.

Da degradação ambiental se dá a perda da qualidade de vida. O desenvolvimento tecnológico e industrial, nos últimos anos tem crescido significativamente, o que é muito bom para a economia do país. Hoje vive-se um momento da história de diversos avanços e melhorias na vida das pessoas, porém, em contrapartida, este período marca a destruição e exploração ambiental, ou seja, o meio ambiente é uma vítima do sistema de produção.

Crise ambiental no entendimento de Daniel Rubens Cenci (2012, p.316):

A atual crise ambiental apresenta-se com impactos ecológicos, climáticos, geográficos, econômicos, sociais, enfim, de alcance multifacetado. Mostra-se, porém, um problema que não é natural, e sim de cunho antropocêntrico, ou seja, resulta da relação do homem com a natureza, da forma como o homem explora os benefícios que a natureza oferece.

A degradação ambiental pode acontecer através de um processo de abandono, causado pelo homem, pela sociedade moderna voltada ao consumo, ao mal uso do solo urbano aliado ao grande crescimento populacional nas cidades, e também no sentido de não preservação dos recursos naturais disponíveis, diminuindo assim, a capacidade de sustentabilidade do meio ambiente bem como o declínio da qualidade de vida.

A degradação de acordo com o artigo 2º do Decreto nº 97.632, de 10 de abril de 1989, o qual complementa a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, diz:

Art. 2° Para efeito deste Decreto são considerados como degradação os processos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais. (BRASIL, 2016).

De acordo com o artigo “Degradação Ambiental” (2013), no espaço urbano é possível perceber que além do descaso do homem para com a natureza, a degradação ambiental

também pode acontecer como um processo natural das cidades, como por exemplo, onde antes existia vegetação sobre o solo, agora este está coberto por concreto e asfaltos, onde antes tinham árvores agora existem casas e prédios. É possível citar, também, o fluxo de automóveis, um processo necessário para existência das cidades. Processos que diminuem a capacidade do meio ambiente em sustentar a vida é um processo degradante.

Como são diversos os fatores naturais de degradação ambiental no espaço urbano é que se faz necessário que homem, dentro de suas possibilidades, junto com toda a sociedade procure mudar o seu estilo de vida para que não haja decadência da qualidade de vida nas cidades, mais do que ela por si própria já causa, através de práticas ambientais mais saudáveis, cada um fazendo sua parte, contribui pra o bem de todos.

Tem sido, cada vez mais complexo o quadro socioambiental em relação aos impactos causados no ambiente urbano, nos tempos de hoje pela crise ecológica, pois a problemática de sustentabilidade é tema central em discussões e reflexões.

O uso adequado do meio ambiente para garantia da qualidade de vida é assegurado por Lei para que não haja abuso de poder público ou privado. Essa qualidade de vida está relacionada com as Leis de Direito Ambiental, que visam proteger a saúde do planeta e o bem estar de toda coletividade. Os diferentes estilos de vida do mundo moderno contribuem diretamente à degradação ambiental, logo precisa-se que não somente o Estado através de suas normas protejam os recursos naturais essenciais a sadia qualidade de vida, mas que a sociedade também leve uma vida dentro das possibilidades ecológicas do meio ambiente.

A qualidade de vida nas palavras de Sarno (2004, p. 96):

Qualidade de vida engloba muito mais que a mera sobrevivência da espécie. Refere- se à vivência em sua plenitude, na qual o ser usufrua de tudo que for necessário para, além da sobrevivência física, obter a realização de suas finalidades. Assim, todos os seres vivos necessitam ser abastecidos por elementos que garantam a sua vida: ar, água, alimentos, sol etc. se tais elementos existem e seus componentes estão em razoável equilíbrio, se a degradação e a poluição não alteraram substancialmente suas características, seu corpo físico sobreviverá. Entretanto, poderá estar vivendo com ausência ou insuficiência de qualidade.

Tanto a Constituição Federal como o Estatuto da Cidade possuem dispositivos em seu texto legal que garantem o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida para a população,

assegurando e orientando para o bom uso dos recursos naturais como função social da comunidade, para o bem da coletividade.

Planeta saudável, vida saudável, como ensina Sarno (2004, p. 96) “[...] Saudável é aquilo que possui saúde. Saúde é o estado de completo bem-estar físico, metal ou social, não apenas a ausência de doenças e enfermidades (NRB 9.896/93, p. 85) [...]” Logo, para que isto aconteça é necessário que haja implementação de uma política urbana amparada pela Lei e pelos princípios norteadores para dar a sociedade melhores adequações como habitação, alimentação, saneamento, entre outros, a fim de manter a boa qualidade de vida e para que não haja o aumento e a proliferação de problemas socioambientais.

É possível, dentro do espaço urbano, através do Poder Público, sendo este responsável pela gestão de serviços vinculados a melhoramentos nas cidade no que tange a um ambiente saudável e a boa qualidade de vida, estabelecendo um grau de eficácia nesta gestão, visto que as cidades possuem diferenças umas das outras, cada uma tem suas necessidades especificas, sendo de relevância um estudo de variável, para então poder analisar a situação de qualidade de vida através também de diferentes visões de realidade.

É passível de discussão a relação da pobreza com a degradação ambiental. A pobreza pode ser considerada quando as necessidades dos cidadãos já não são mais atendidas adequadamente, vindo estes a viverem fora dos mínimos padrões de dignidade humana. Para definir pobreza a autora Daíse Bernardino (2009) coloca que “[...] os métodos corretos de se avaliar a mesma é imperativo que sejam levados em conta as características de cada comunidade, seu modo de vida, seu padrão de consumo, suas tradições e seu grau de desenvolvimento.”

A realidade de cada sociedade é diferente, destacando-se as classes menos favorecidas, as comunidades mais carentes sem potencial de crescimento, a falta de recursos econômicos, sociais e culturais destas, acabam atingindo o meio ambiente através de sua degradação, afetando a saúde pública. Logo nestes espaços a pobreza predomina e torna-se difícil manter uma boa qualidade de vida.

Sarno (2004, p. 97) explica que “cabe ao Poder Público verificar as carências e as dificuldades de sua sociedade”, verificando as necessidades que cada uma apresenta. É

possível notar que nas regiões litorâneas as classes baixas possuem mais qualidades de vida, no sentido de estar mais próximo a natureza, o contato com o mar, mais espaço para lazer, pra prática de esportes, com também a possibilidade de trabalho informal durantes as altas temporadas de verão, comprando com as classes baixas que vivem em regiões metropolitanas, em aglomerados, alta concentração de pessoas em pequeno espaço, fica difícil controlar e manter a qualidade de vida, nestes espaços o declínio da degradação ambiental só tem aumentado nos últimos anos.

Fato que também causa impactos e degradação ambiental são as construções nas cidades, ou seja, as edificações urbanas, que além da transformação que causa no solo, pelo grande fluxo de movimentação no mesmo espaço e ainda pela retirada da vegetação, tal atividade está ligada diretamente ao consumo excessivo dos recursos naturais, muitos não- renováveis, gerando o acumulo de resíduos, contribuindo para a degradação ambiental.

Esta problemática das construções para com o meio ambiente merece destaque no estudo de desenvolvimento sustentável nas cidades, para sadia qualidade de vida do ser humano. Por isso torna-se importante tratar o meio ambiente saudável como um direito de todos, salientando que o homem faz parte do meio ambiente.

Os doutrinadores Iásin Schäffer Stahlhöfer e Suzane Catarina Peripolli (2015, p. 23), explicam as práticas sustentáveis nas edificações como qualificadoras ao meio ambiente:

As cidades mostram-se, via de regra, com espaços com grande adensamento populacional e, consequentemente, com muitas edificações. A maioria delas acaba por impermeabilizar uma considerável área do solo, assim como fazem os meios viários que as interligam. Isso, somado à emissão de poluentes e à absorção da incidência solar, cria uma situação de intensa degradação ambiental citadina. As Zonas urbanas, inicialmente verdes, paulatinamente, acinzentam-se pelo concreto empregado na sua construção e pelas partículas de poluentes emitidas. O ser humano, neste contexto, apresenta um declínio de sua qualidade de vida, haja vista que o meio em que vive é elemento indispensável ao seu pleno – e saudável – desenvolvimento.

O ser humano sendo parte integrante do meio ambiente, possui relação com a natureza, e esta encontra proteção para qualidade de vida e a sua manutenção para as presentes e futuras gerações. Em um conceito geral o meio ambiente não limita-se apenas nos ecossistemas e recursos naturais, mas também compreende o setor social e cultural de cada sociedade com biodiversidade de ambiental e artificial, e tal conceito é protegido constitucionalmente.

É imprescindível na questão de sustentabilidade urbana, quanto ao desenvolvimento das cidades atender ao interesse da coletividade, pois os conflitos do setor privado sobre o coletivo podem atingir o ambiente de forma a deteriora-lo.

No que tange ao espaço urbano os autores Stahlhöfer e Peripolli (2015, p. 26, grifo do autor) destacam diversos problemas ambientais urbanos:

Diversos são os problemas urbano-ambientais, inundações causadas pela impermeabilização dos solos pelas construções e pavimentações; perda significativa da biodiversidade endêmica, seja pela falta de hábitat, seja pelo extermínio; mudanças climáticas locais, com aumento da temperatura local – ilhas de calor -;

smog e chuvas ácidas, pela emissão de poluentes e supressão da biodiversidade;

expressiva liberação de poluentes no meio ambiente – ar, água ou solo – como resultado da atividade industrial, aumento da construção civil e de transportes, bem como em virtude da utilização de energias produzidas combustíveis não renováveis; e a diminuição da qualidade de vida dos indivíduos que residem nas cidades devido ao estresse acarretado pela insuficiência de contato com a natureza e aos problemas de saúde pública derivados da convivência com a poluição.

Há várias maneiras de construir as cidades e de manter a qualidade de vida no espaço urbano, de forma sustentável, que agrida o menos possível o meio ambiente em que vivemos, Stahlhöfer e Peripolli (2015, p. 27) colocam que, “[...] coberturas verdes, o emprego de materiais produzidos com redução de emissão de gases tóxicos e prejudiciais, arborização urbana, criação de parques e áreas verdes, tratamento dos efluentes líquidos, planejamento da mobilidade urbana, entre outros [...]”.

Essa problemática vivida nas cidades atinge o nível de estresse do ser humano, a sua saúde física e mental, viabilizando a perda da qualidade de vida para toda a população. O processo natural de transformação do senário natural em cidade, por si só já gera grande degradação ambiental, e sendo o ser humano parte disso e precisa deste para sobreviver, tanto o ambiente saudável quanto a cidade, destaca-se a importância de implementar políticas urbanas a fim de moderar a degradação ambiental nas cidades, através de práticas sustentáveis.