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A proteção jurídica do ambiente urbano e a gestão dos conflitos socioambientais

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Academic year: 2021

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ANA MARIA FOGUESATTO

A PROTEÇÃO JURÍDICA DO AMBIENTE URBANO E A GESTÃO DOS CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS

Ijuí (RS) 2016

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ANA MARIA FOGUESATTO

A PROTEÇÃO JURÍDICA DO AMBIENTE URBANO E A GESTÃO DOS CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Curso - TC.

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS- Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientador: Dr. Daniel Rubens Cenci

Ijuí (RS) 2016

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Dedico este trabalho a todos que de uma forma ou outra me auxiliaram e ampararam-me durante estes anos da minha caminhada acadêmica. Em especial meus pais, Joel e Andreia, pessoas muito importantes em minha vida, que jamais mediram esforços para que eu pudesse alcançar os meus objetivos.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, sem ele nada seria.

Aos meus pais, Joel e Andreia, aos meus irmãos Felipe e Maria Eduarda, que estiveram ao meu lado durante este percurso acadêmico, sem os quais nada disso seria possível, serei eternamente grata. Não tenho palavras para descrever o orgulho e a admiração que tenho por vocês.

Ao meu noivo Alexandre, por me incentivar e sempre desejar minha vitória. Serei eternamente grata pelo seu carinho e atenção.

Ao meu orientador, Dr. Daniel Rubens Cenci, por conduzir dedicadamente este estudo, auxiliando e colaborando a sempre que solicitado, os meus agradecimentos!

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“A questão ambiental é fundamental para a própria existência e subsistência da vida no nosso planeta. Sem a preocupação com a sustentabilidade e com o meio ambiente nenhum direito há de ser exercitado, pois todos eles têm como elementar a existência da vida”. (Márcio Cammarosano – Professor da PUC-SP)

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RESUMO

O presente estudo monográfico faz uma análise acerca da proteção jurídica do meio ambiente urbano, a sustentabilidade nas cidades, e a gestão dos conflitos socioambientais no espaço urbano. O estudo visa, construir uma visão histórica do direito ambiental e uma visão da política de meio ambiente urbano, procura investigar as principais consequências advindas da sociedade de consumo e da poluição ambiental urbana, que através do crescimento populacional desordenado juntamente com o estilo de vida voltado ao consumo, se tornou um desafio a ser enfrentado pelas cidades. Nessa seara busca frisar a importância da educação ambiental para a conscientização e diminuição da produção de resíduos sólidos, objetivando uma sociedade mais sustentável e com qualidade de vida. Nesse rumo busca identificar os instrumentos de gestão e demais elementos constitutivos dos planos de gestão integrada de resíduos sólidos enquanto instrumentos de gestão urbana. A instituição da Política Nacional dos Resíduos Sólidos através da Lei nº 12.305/2010 é um marco de grande importância para avanços na gestão dos resíduos sólidos em todo o Brasil, pois traz um conjunto de normas, princípios e diretrizes, os quais são necessários para mudanças do cenário ambiental urbano.

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RESUMEN

Esta monografía es un análisis de la protección jurídica del medio ambiente urbano, la sostenibilidad en las ciudades, y la gestión de conflictos socio-ambientales en el espacio urbano. El estudio tiene como objetivo construir una visión histórica de la legislación ambiental y una visión de la política de medio ambiente urbano, investiga las principales consecuencias derivadas de la sociedad de consumo y la contaminación del medio ambiente urbano, que a través del crecimiento de la población desordenada, junto con el estilo de vida referenciado en el consumismo, se ha convertido en un desafío a ser enfrentado por las ciudades. En esta área se busca hacer hincapié en la importancia de la conciencia y educación ambiental disminución de la producción de residuos sólidos, con el objetivo de una sociedad más sostenible y calidad de vida. De esta manera busca identificar las herramientas de gestión y otros componentes de los planes integrados de gestión de residuos sólidos como instrumentos de gestión urbana. La institución de la Política Nacional de Residuos Sólidos por la Ley Nº 12.305/2010 es un hito importante para los avances en la gestión de residuos sólidos en Brasil, ya que aporta un conjunto de normas, principios y directrices, que son necesarios para el cambio del encenario ambiental urbano.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

1 DIREITO AMBIENTAL E URBANÍSTICO ... 11

1.1 Conceito e abrangência do Direito Ambiental e Urbanístico ... 11

1.2 Elementos históricos e jurídicos da proteção ambiental ... 13

1.3 Princípios do direito ambiental ... 16

1.4 Instrumentos de preservação e proteção do ambiente ... 19

2 SOCIEDADE DE CONSUMO E IMPACTOS AMBIENTAIS URBANOS. ... 24

2.1 Sociedade de consumo e as implicações para a sustentabilidade ... 27

2.2 Degradação ambiental e a perda da qualidade de vida ... 33

2.3 Educação para vidas não descartáveis: Sustentabilidade nas cidades ... 37

3 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ... 41

3.1 Instrumentos de gestão ambiental urbana ... 44

3.2 Os planos de gestão integrada de resíduos sólidos conforme a Lei nº 12.305/2010 .... 46

3.3 Avanços na gestão dos resíduos urbanos ... 53

CONCLUSÃO ... 58

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INTRODUÇÃO

O tema do presente estudo versa sobre a proteção jurídica do meio ambiente urbano, a sustentabilidade nas cidades e a gestão dos conflitos socioambientais no espaço urbano. Estuda-se as interações entre o homem e a natureza, apresentando ao longo do primeiro capítulo, a abrangência do direito ambiental nas áreas urbanas, os elementos históricos e jurídicos de sua proteção, os princípios norteadores e os instrumentos de preservação.

O estilo de vida das pessoas na sociedade atual apresenta mudanças rápidas dando novos contornos ao dia a dia. O segundo capítulo expõe as maneiras pelas quais o modo de vida das pessoas fora facilitado através da maior oferta de bens e serviços trazidos pelos avanços industriais e tecnológicos, acarretando, no entanto, em padrões de consumo de bens e serviços que nem sempre atendem as normas de sustentabilidade ambiental. Apresenta-se um apanhado sobre a temática da educação ambiental nas relações de consumo e as implicações para a sustentabilidade nas cidades, a degradação do meio ambiente e a perda da qualidade de vida.

O terceiro capítulo abarca os principais aspectos sobre resíduos sólidos como problema socioambiental. Faz-se um estudo da gestão de resíduos sólidos e seus respectivos avanços, os planos e instrumentos de gestão através da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) proposto pela Lei nº 12.305/2010, parte integrante da Política Nacional do Meio Ambiente.

Os conflitos socioambientais urbanos têm aumentado em decorrência do crescimento desordenado das cidades. As considerações acerca da proteção jurídica ambiental urbana trazem para o debate diversos aspectos como a própria construção de instrumentos jurídicos, a

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educação ambiental, o uso do espaço urbano e a destinação inadequada dos resíduos sólidos. O presente estudo pretende verificar juridicamente as políticas da atualidade em relação aos Planos de Gestão integrada para os resíduos sólidos.

Serão analisados os principais impactos ambientais urbanos, verificando os problemas ecológicos e sociais enfrentados pelas cidades, especialmente no que refere ao modo de vida voltada ao consumo, o que contribui para o aprofundamento dos problemas, os gerados pelo aumento dos resíduos sólidos. As mudanças necessárias para a mitigação ou solução dos problemas, exigem mudanças no campo jurídico, na educação ambiental e na própria compreensão das relações do homem X natureza, bem como caminhos para a proteção dos recursos naturais, a qualidade de vida nas cidades e a busca da sustentabilidade, em suas múltiplas dimensões.

Para a consecução do presente trabalho, optou-se metodologicamente em estudos e pesquisas bibliográficas e análise de revistas especializadas, disponíveis em meios físicos e eletrônicos, bem como na legislação correspondente, buscando utilizar fontes referenciais de informações para fim de estruturar as abordagens do estudo.

Tem-se por objetivo geral, analisar aspectos da sociedade de consumo, seus principais impactos e as perspectivas de sustentabilidade das cidades, da mesma maneira, os fundamentos constitucionais e legislação específica para a gestão ambiental urbana, especialmente a Lei nº 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) e a Lei nº 12.305/2010 (Lei de Resíduos Sólidos).

Frente a atual situação na qual se encontra o meio ambiente urbano, pretende-se analisar os impactos ambientais enfrentados pelas cidades, a fim de verificar suas causas consequências. Além de analisar as políticas ecológicas, leis referentes à temática e, ainda, Constituição Federal brasileira, no intuito de possibilitar um maior entendimento sobre meio ambiente sustentável, prezando sempre por uma melhor qualidade de vida da população, isto como dever do Estado e direito de todos.

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1 DIREITO AMBIENTAL E URBANÍSTICO

1.1 Conceito e abrangência do Direito Ambiental e Urbanístico

Pensar em direito ambiental urbano engloba refletir sobre instrumentos de gestão através da atuação do poder público em regularizar e prover as questões ambientais de interesse público social. Abrange questões de ocupação, uso e transformação do solo, promovendo direito de espaço e moradia, sustentabilidades e infraestrutura para a população. O direito ambiental urbanístico surgiu no Brasil com o objetivo de regular os problemas socioambientais a fim de preservar o equilíbrio ambiental proporcionando, assim, melhores condições de vida aos cidadãos que habitam as cidades.

O Direito Ambiental é um direito fundamental da pessoa humana, é a área jurídica que estuda as interações entre o homem e a natureza, bem como os mecanismos legais para proteção do mesmo. É importante tratar inicialmente o que significa Direito do Ambiente em um contexto social, político e jurídico, para melhor compreender a sua jurisdição e constitucionalização.

Nesse sentido, é o entendimento de Édis Milaré, (2005, p.155, grifo do autor):

Sem entrar no mérito das disputas doutrinárias acerca da existência ou não dessa disciplina jurídica, podemos, com base no ordenamento jurídico ensaiar uma noção do que vem a ser o Direito do Ambiente, considerando-o como o complexo de

princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando a sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações.

O meio ambiente engloba todas as coisas vivas e não-vivas da Terra que, de uma forma ou outra influenciam no equilíbrio ecológico na vida de todos os seres. Funcionam através de um sistema natural da relação homem e natureza, incluindo todo o tipo de vegetação, animais, solo, rochas, água, ar e demais fenômenos e recursos naturais.

“Meio”, como característica social, é o lugar onde se vive e, como profissional, onde se trabalha. Já o “ambiente”, são as condições naturais necessárias para a vida dos seres humanos. Legalmente, meio ambiente está conceituado pelo artigo 3º, inciso I da Lei nº 6.938/1981, a qual contextualiza que “meio ambiente, o conjunto de condições, leis,

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influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

A Constituição Federal Brasileira de 1988 traz a norma de preservação do meio ambiente como um bem de uso comum da sociedade, com finalidade de preservar recursos naturais e com mecanismos legais de proteção ambiental. Em seu capítulo VI, a CF/88 trata do meio ambiente e, em seu artigo 225 traz:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 2016)

Esta norma é considerada como um dos direitos fundamentais da pessoa humana, mesmo sem estar elencado nos artigos 5º e 6º da Constituição Federal, fala dos Direitos Individuais e dos Direitos Sociais. Pois, com um meio ambiente ecologicamente equilibrado, consequentemente, se terá uma melhor qualidade de vida para todos, visto que os recursos advindos da natureza são requisitos básicos e indispensáveis para a vida humana, sendo em área rural ou urbana. Vale ressaltar que é um direito de todos garantido constitucionalmente, portanto, ao assegurar um meio ambiente saudável e equilibrado, logo estará sendo protegido tanto o direito individual à vida, como também os direitos fundamentais coletivos e os econômicos sociais.

A legislação pertinente que remete aos cuidados com o meio ambiente urbano é o Estatuto da Cidade com o conjunto de Leis e princípios que esta abrange. Ainda, regula normativamente as exigências constitucionais reforçando, assim, as ações do poder público, visando melhorias na qualidade de vida nas cidades, ao equilíbrio ambiental e ainda estabelece o uso da propriedade urbana.

Defender e preservar o meio ambiente hoje para que ele não perca o equilíbrio e essência para as futuras gerações, para assim trazer mais qualidade de vida a população, por meio de recursos naturais. Pois trata-se tanto de um direito como um dever do Estado e de todos os cidadãos.

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1.2 Elementos históricos e jurídicos da proteção ambiental

A história do homem e a natureza sempre foi marcada por lutas e conflitos sociais, por buscas e questionamentos, processos dinâmicos de reconstrução, objetivando a sobrevivência individual e coletiva, e uma melhor qualidade de vida para a sociedade em geral.

As histórias de lutas do Direito Urbanístico iniciaram-se nos anos de 1960, mas passaram a produzir efeitos apenas em meados de 1970, momento em que foi afirmado o Movimento Nacional pela Reforma Urbana. Nesse período surgiram grandes problemas urbanos advindos pela migração que, ao mesmo tempo, favoreceu a questão de movimentos sociais pelo país.

Em 1977 fora criada a Lei Federal de Desenvolvimento Urbano pelo CNDU (Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano), juntamente com o Ministério do Interior. A Lei traçou como objetivo pôr ordem na organização das cidades e sessar especulações imobiliárias.

Logo em seguida, no ano de 1982, foi a primeira vez que Igreja Católica entrou na discussão sobre a criação de uma política urbana. Através desta conferência, surgiu o documento chamado “Solo Urbano e Ação Pastoral” da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos no Brasil), o qual era voltado para a questão da propriedade urbana, para à justa distribuição do solo, objetivando, então, novas leis e instrumentos a fim de regrar limites no que concerne ao espaço urbano.

Ainda no ano de 1982 surge novo projeto de Lei que, somente em 1983, fora encaminhado para os Deputados apreciarem, projeto este que fora enumerado da seguinte forma 775/83. A divulgação do projeto causou grandes reações e mudanças nos setores imobiliários, comerciais e industriais. Porém, houveram melhorias em questões de posse de terras urbanas, neste sentido orienta Grazia de Grazia (2002, p. 21-22), quanto aos objetivos do projeto 775/83 e como o Estado usava seu poder:

O referido projeto objetivava melhoria da qualidade de vida nas cidades por meio de uma adequada distribuição da população e das atividades econômicas; o Estado tinha seus poderes ampliados para realizar desapropriações de imóveis urbanos visando à renovação urbana ou para combater a estocagem; taxava a renda imobiliária resultantes de fatores ligados à localização do imóvel; criava

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instrumentos de controle do uso e ocupação do solo; estabelecia limites ao exercício da propriedade privada (imposto progressivo e edificação compulsória); reconhecia juridicamente a representação das associações de moradores; e possibilitava a participação da comunidade.

Tal projeto sofreu várias críticas na época, sobre qual, a principal fora que o mesmo ameaçava a propriedade privada, segundo os setores imobiliários. O projeto 775/83 tramitou pelo Congresso Nacional até 1988 e, em 1995 foi definitivamente retirado do Poder Executivo.

Apesar das especulações imobiliárias, as pressões e críticas à cerca dos projetos de lei, bem como os movimentos sociais, despertaram o interesse de alguns deputados federais na discussão e elaboração de novos projetos, mobilizando, assim, a população a debater quanto aos projetos e emendas à Reforma Urbana. Porém, os Deputados que lutavam por este objetivo não foram reeleitos.

A partir da década de 1970 e ao longo da história, o direito urbanístico, aliado ao grande crescimento populacional das cidades, foi conquistando seu espaço, através de leis nacionais, tratados e editando planos de organização para os municípios, o direito urbanístico foi constitucionalizado em 1988, passando a ser tratado como disciplina jurídica.

A Constituição Federal de 1988 abrange a temática do direito urbanístico, como mostra o saber de Carlos Ari Sundfeld (2006, p. 48-49, grifo do autor):

O papel que a Constituição de 1988 implicitamente assinalou ao direito urbanístico é o de servir à definição e implementação da “política de desenvolvimento urbano”, a qual tem por finalidade “ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes (art. 182, caput). O direito urbanístico surge, então, como o direito da política de desenvolvimento urbano, em três sentidos: a) como conjunto de normas que disciplinam a fixação dos objetivos da política urbana (exemplo: normas constitucionais); b) como conjunto de textos normativos em que são fixados os objetivos da política urbana (os planos urbanísticos, por exemplo); c) como conjunto de normas em que estão previstos e regulados os instrumentos de implementação da política urbana (o próprio Estatuto da Cidade, entre outros).

Deve-se a Constituição Federal Brasileira os primeiros passos da positivação do Direito Urbanístico, de modo a trazer melhorias na organização do espaço nas cidades, através de instrumentos jurídicos. Porém, haviam inúmeros impasses a serem enfrentados pelo direito urbanístico brasileiro, para que este obtivesse mais destaque em suas metas e objetivos.

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Em 1898, após a aprovação da Carta Magna, Pompeu de Souza, Senador do PMDB, criou o projeto 181/89 – Estatuto da Cidade, o qual, em 1990, fora aprovado pelo Senado Federal, transformando-se em Projeto de Lei nº 5.788/90. O referido projeto sofreu inúmeras pressões na época e passou a ser ponto de disputa de alguns opositores, o que fez com que sua tramitação paralisasse. Onze anos mais tarde o Projeto voltou para o Senado, Grazia (2002, p. 24), conta que “[...] Tramitou, então, por dois meses e foi aprovado por unanimidade no Plenário do Senado em 18 de junho de 2001. Em 10 de julho foi sancionado pelo Presidente da República. [...]” Hoje, Lei nº 10.257/2001, expressa um debate acumulado de anos pela população urbana.

O Direito Urbanístico começou a produzir efeitos no Brasil a partir da entrada em vigor do Estatuto da Cidade – Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001 –, advindo desde regras para organizar a convivência entre as pessoas enquanto sociedade, para uma melhor qualidade de vida e, ainda, o bem estar da coletividade.

No que se refere ao direto ambiental urbano, é importante destacar que em todos os municípios deve ser implantado uma política urbana, de acordo com as necessidades de cada município. O Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), estabelece legalmente fins e objetivos para orientar estas políticas visando um equilíbrio ambiental para uma sadia qualidade de vida a toda a população.

Vê-se já na dicção do Art. 2º da lei que a política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais e da propriedade urbana mediante as seguintes diretrizes gerais: garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações. (LEAL, 2011, p. 23).

A necessidade de um plano de gestão para implantar uma política urbana também surgiu pelo aumento significativo da população no espaço urbano, conforme dados históricos, foi no século passado que o Brasil mais obteve índices de urbanização, e conforme dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por Leal, (2011, p. 24), “[...] somos 169.590.693 de brasileiros e chegamos ao ano de 2000 com 81,2% da população brasileira morando em áreas urbanas e 18,8% vivendo em áreas rurais [...].”

O crescimento urbano nos últimos 20 anos trouxe grandes mudanças no setor industrial, acompanhado de desequilíbrios sociais e inúmeros problemas ambientais, como o

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aumento do desemprego, a questão habitacional, a prestação de serviços básicos de saneamento, saúde e educação, e o grande aumento da produção de resíduos sólidos. Sendo assim, o Brasil e os demais países em desenvolvimento dependem de novas formas sociais para política urbana, através de leis que regem a organização política e social de desenvolvimento sustentável nas cidades.

1.3 Princípios do direito ambiental

Para que a disciplina jurídica tenha melhor eficiência faz-se necessário estabelecer sintonia entre princípios e normas coercitivas no sentido de melhorar as informações trazidas e os objetivos desejados, buscando, assim, facilitar o entendimento do relacionamento entre homem e natureza, tornando os espaços coletivos mais adequados para a gestão ambiental urbana. Cabe salientar que os princípios podem necessitar de mais de uma ciência, assim expõe Milaré (2005, p.157-158):

[...] Com essa advertência, interessa destacar, aqui, não apenas os princípios fundamentais expressamente formulados nos textos do sistema normativo ambiental, com também os decorrentes do sistema de direito positivo em rigor, a que a doutrina apropriadamente chama de princípios jurídicos positivados.

O presente estudo tem por base os apontamentos do doutrinador Édis Milaré. Os princípios estão previstos na Constituição Federal e em leis específicas, todos caracterizados como dinâmicos e projetivos, a fim de garantir um bem-estar de convivência no espaço urbano, tais são:

Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana. Considerado um princípio vital para o ordenamento jurídico ambiental, o qual de acordo com o artigo 225, caput, da Constituição Federal (já citado), garante à todos uma boa qualidade de vida em uma ambiente ecologicamente saudável.

Princípio da natureza pública da proteção ambiental. Traz consigo um valor à ser assegurado e protegido, para o consumo de todos, conforme nos ensina Milaré (2005, p.160):

Em nosso ordenamento, este princípio aparece com muita ênfase, já que não só a lei ordinária reconhece o meio ambiente como um patrimônio público, a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo, mas também a Lei Fundamental brasileira a ele se refere como “bem de uso comum do povo e

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essencial à sadia qualidade de vida”, impondo ao Poder Público e à coletividade como um todo a responsabilidade por sua proteção.

Princípio do controle do poluidor pelo Poder Público. Como o nome já diz, cabe ao Poder Público manter e preservar os recursos ambientais. Tal princípio está assegurado constitucionalmente (art. 225, §1º, V da CF/88) “controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”. (BRASIL, 2016)

Princípio da consideração da variável ambiental no processo decisório de políticas de desenvolvimento. Entende-se que, em qualquer tipo de decisão, seja ela pública ou privada, deve-se levar em conta riscos de impactos ambientais, negativos e também positivos, que possam ser causados da relação homem e meio ambiente. Este princípio tem legitimidade desde 1960 e, desde então, procura prevenir a poluição do ambiente.

Princípio da participação comunitária. Tem como objetivo fazer com que se tenha uma interação da sociedade com o Estado, para que haja uma cooperação entre ambos, visando construir ideias, com a finalidade de resolver problemas ambientais, pois proteger o meio ambiente influi diretamente os interesses da sociedade.

Princípio do poluidor pagador. Parte-se de uma visão teórica de economia para com os custos sociais externos. Nas palavras de Milaré (2005, p. 164), “o princípio não objetiva, por certo, tolerar a poluição, mediante um preço, nem se limita apenas a compensar os danos causados, mas sim, precisamente, evitar o dano ao ambiente [...]”. Poluidor, encontra-se conceituado por Lei especifica, art. 3º, IV da Lei nº 6.938/81, “poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”. (BRASIL, 2016)

O princípio da prevenção. Fala-se em princípio basilar no Direito Ambiental. Segundo Milaré (2005, p. 165, grifo do autor), “[...] Prevenção é substantivo do verbo prevenir, e significa ato ou efeito de antecipar-se, chegar antes; induz uma conotação de generalidade, simples antecipação no tempo, é verdade, mas com intuito conhecido [...]”. Diz-se que, através de uma boa educação ambiental, meios de prevenção, chega-se a um meio ambiente que não sofra com os mais diversos tipos de poluição.

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Princípio da função socioambiental da propriedade. Estende-se tanto para rural quanto para urbano. A função social da propriedade urbana está qualificada pela Constituição de Federal (art. 182, §2º da CF/88), da seguinte forma, “a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor”. Cabe destacar, como requisito fundamental, a correta utilização dos recursos naturais, bem como, a preservação da natureza. (BRASIL, 2016)

Princípio do usuário pagador. Pode ser entendido que quem fazer uso dos recursos naturais deva contribuir economicamente por esta utilização, pois, tal princípio visa proteger a quantidade desses recursos e seu uso racional e igualitário pela sociedade.

Princípio da cooperação entre os povos. Surgiu da necessidade de integração entre os povos, no sentido de debater ideias e resolver problemas ambientais criando políticas de sustentabilidade. Para que este princípio obtenha êxito, eficácia e seja aplicado em sentido amplo, faz-se necessário que haja a pacificação entre os povos.

A matéria tratada em tela está diretamente ligada ao direito público e com os seus princípios, tais como a legalidade, a publicidade, a moralidade, a impessoalidade e a eficiência, todos estes encontrados no artigo 37 da Constituição Federal e, ainda, em outras normas implícitas. Tais princípios, quanto mais específicos forem, melhor será o entendimento e a organização do direito urbanístico.

O Direito Urbanístico é um ramo do Direito Público que tem como objetivos ordenar as cidades através de normas e princípios. Além dos princípios gerais do Direito do Ambiente, tem-se os princípios próprios do Direito Urbano, os quais servem para auxiliar na interpretação das normas que regem o espaço urbano, que são:

Princípio da função social da propriedade (já citado). Ressaltando que neste faz-se importantíssimo haver equilíbrio entre o interesse público e o privado, pois, se submete ao uso que se faz de cada propriedade.

Princípio da função social da cidade. O qual explica que a cidade deva servir a seus habitantes através de atividades urbanísticas. A cidade pode ser compreendida como um “produto” de uso coletivo, porém não apenas na visão capitalista, visto que a população

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urbana não é a causa dos problemas, e sim o que as cidades produzem, sendo que os mesmos devem ser analisados em sua mais ampla complexidade.

Princípio da coesão dinâmica. Entende-se que se faz necessário que as normas estejam em harmonia uma com a outra, devendo haver dinamismo entre ações e resultados para melhorar a qualidade de vida nas cidades. Segundo Daniela Campos Libório Di Sarno (2004, p. 50):

Este princípio implícito do Direito Urbanístico reflete o dinamismo e o resultado que suas ações buscam ter, sendo-lhe extremamente peculiar. As atividades urbanísticas procuram interferir, modificar, salvaguardar, resgatar, restaurar a urbe com a finalidade de melhorar a qualidade de vida local.

O princípio da subsidiariedade, diz respeito ao Direito Público, logo sua função visa o interesse da coletividade. Tal princípio foi acolhido pelo direito público para ter uma melhor distribuição de suas competências, entre a sociedade e o Estado.

Princípio da repartição de ônus e distribuição de benefícios. No que tange em tratar todas as pessoas que fazem parte do meio urbanístico da mesma forma, através de intervenções buscando melhorias na qualidade de vida da população e também valorização econômica dos imóveis.

Logo, conclui-se que o Direito Ambiental traz em seus princípios ferramentas importantes para aplicar as normas urbanísticas, facilitando o entendimento da população quanto a aplicação das normas, auxiliando as mesmas a cuidar sempre mais do meio em que vivem, permitindo funções sociais e ambientais no uso do solo urbano a fim de assegurar e defender os interesses da coletividade.

1.4 Instrumentos de preservação e proteção do ambiente

Foi a partir da situação degradante em que se encontrava o meio ambiente urbano que surgiu uma ciência jurídica a fim de compreender a amplitude da problemática e através de instrumentos próprios procurar a melhor maneira de enfrenta-los, com o único objetivo de proteção do meio ambiente em função da proteção da vida, cujos instrumentos a serem utilizados devem estar determinados em Lei.

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É possível visualizar no Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257/2001, no artigo 4º, instrumentos que visam a preservação do ambiente urbano, a organização do espaço, bem como, o cumprimento das funções sociais das cidades, ressalvando que o ambiente preservado não refere-se somente aos bens naturais mas também aos bens culturais. Conforme Adilson Abreu Dallari (2006, p. 72):

A redação do artigo deixa claro que tal relação não é exaustiva ao dizer que eles deverão figurar “entre outros instrumentos” – o que significa um reconhecimento da validade de instrumentos existentes e utilizados antes da edição do Estatuto da Cidade e também que, mesmo agora, novos instrumentos (não previstos nessa relação) poderão vir a ser criados, inclusive por Estados e Municípios.

Em relação ao direito urbanístico, merece destaque que o conjunto de meios e instrumentos é função do Poder Público, mas não se pode esquecer que cabe a toda população a responsabilidade de cuidar e proteger o meio ambiente em que vivem.

No que refere-se a competência municipal, o artigo 4º, §1º, da Lei nº 10.257/2001, (Estatuto da Cidade), deixa claro que “os instrumentos mencionados neste artigo regem-se pela legislação que lhes é própria, observado o disposto nesta Lei”. Assim, nota-se:

A aplicação aos casos concretos dos instrumentos de política urbana elencados no Estatuto da Cidade vai depender do que estiver disposto na legislação local especificamente editada em cada Município e das disposições da legislação estadual ou federal naqueles assuntos de sua competência, como é o caso, por exemplo, das desapropriações. (DALLARI, 2006, p. 75)

São considerados do âmbito do planejamento das cidades, o disposto nos incisos I, II e III do artigo 4º, da referida Lei, sendo:

I- planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; II- planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões; III- planejamento municipal: a) plano diretor; b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo; c) zoneamento ambiental; d) plano plurianual; e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual; f) gestão orçamentária participativa; g) planos, programas e projetos setoriais; h) planos de desenvolvimento econômico e social. (BRASIL, 2016)

O planejamento municipal é mais brando pois, elenca dispositivos essenciais para um bom desenvolvimento dos objetivos da Lei. Dentre todos os instrumentos de planejamento citados, o plano diretor ganha maior destaque. O mesmo deve ser aprovado pela Lei Municipal e tem força de Lei, sendo essencial para a organização do espaço urbano. Como ensina Dallari (2006, p.78):

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Não é mais apenas um simples instrumento técnico de trabalho, mas sim, também, um instrumento jurídico de atuação do governo local. O plano diretor é o instrumento pelo qual a Administração Pública Municipal poderá determinar quando, como e onde edificar de maneira a melhor satisfazer o interesse público, por razões estéticas, funcionais, econômicas, sociais, ambientais etc.

O artigo 4º, inciso IV da Lei nº 10.257/2001, se refere a instrumentos tributários e de finanças urbanas, sendo que, “a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU; b) contribuição de melhoria; c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros”. Todos estes deverão ser detalhadamente estudados antes de serem aplicados, levando sempre em consideração os princípios e as normas referente a matéria. (BRASIL, 2016)

Entre todos os instrumentos de proteção ambiental urbana, eis os mais ricos, complexos e de fundamental importância, elencados no artigo 4º, inciso V da Lei nº 10.257/2001:

V – institutos jurídicos e políticos: a) desapropriação; b) servidão administrativa; c) limitações administrativas; d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano; e) instituição de unidades de conservação; f) instituição de zonas especiais de interesse social; g) concessão de direito real de uso; h) concessão de uso especial para fins de moradia; i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; j) usucapião especial de imóvel urbano; l) direito de superfície; m) direito de preempção; n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso; o) transferência do direito de construir; p) operações urbanas consorciadas; q) regularização fundiária; r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos sociais menos favorecidos; s) referendo popular e plebiscito. (BRASIL, 2016)

Os instrumentos citados são antigos e tradicionais, ao lado de outros que são originais introduzidos pela Constituição Federal e pelo próprio Estatuto da Cidade. Sendo que os instrumentos de desapropriação, servidão administrativa, limitações administrativas e tombamento podem ser utilizados em sua larga amplitude, enquanto os outros a aplicação é de modo restrito. Os instrumentos específicos do Estatuto da Cidade que é o parcelamento, a edificação ou utilização compulsória, o usucapião especial urbano, direito de superfície e preempção, outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso, a transferência do direito de construir e as operações urbanas consorciadas, são alguns criados pela Lei e outros foram mantidos do Código Civil de 2002, devido a sua grande importância.

Os institutos jurídicos e políticos acima referidos visam não apenas a vedar comportamentos dos proprietários deletérios aos interesses da coletividade, mas, sim, mais que isso, visam a obter comportamentos positivos, ações, atuações, necessárias à realização da função social da propriedade. Entretanto, a experiência indica que, na prática, será muito difícil obter tais comportamentos, sejam ele omissivos (abstenções) ou, principalmente, comissivos (obrigações de fazer), pois

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será preciso vencer preconceitos, especialmente no tocante à jurisprudência, que é predominantemente individualista e não contempla a dimensão social da propriedade. (DALLARI, 2006, p. 84)

Por último, o inciso VI do artigo 4º, da referida Lei, o qual visa a preservação do ambiente urbano através do Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) e Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV). Tal estudo sempre se relacionará com Impactos Ambientais causados em ambientes urbanos. Cabe destacar que, o meio ambiente, em sentido amplo, abrange tanto recursos naturais como culturais. Sendo assim, seu conteúdo depende das normas municipais para poder ser executado com sucesso.

Como instrumento jurídico de desenvolvimento urbano, pode ser destacado o Direito de Superfície, em que as pessoas tinham permissão de construir em solo pertencente ao Estado. Tal instrumento é regrado pelo Código Civil de 2002, e também em Lei especifica, pelo Estatuto da Cidade.

Os artigos 25 a 27 da Lei nº 10.257/2001, traz para os municípios como direito de preempção a ordenação, nas palavras de Mariane G. Spannenberg Casa e Fernando Casa (2011, p. 149), “o instrumento consiste no direito de preferência de compra pelo município sempre que houver uma alienação onerosa do imóvel entre particulares[...]”.

Previstos nos artigos 28 a 30 da referida Lei, está presente o direito de construir, deve sempre estar vinculado ao Plano Diretor do município, segundo Spannenberg Casa e Fernando Casa (2011, p. 147), “[...] segundo tal instrumento o proprietário do imóvel urbano poderá adquirir do poder público municipal o direito de construção sobre área maior do que a prevista no coeficiente de aproveitamento básico da região onde está localizado o terreno”.

Logo, não restam dúvidas de que os instrumento da política urbana servem para realizar objetivos de função social e da propriedade urbana de cada município, ajudando a melhorar a aplicação das normas especificas de cada um, para o bem de toda à coletividade a fim de manter um bom equilíbrio ambiental.

Cabe frisar, também, a importância do Estatuto da Cidade, nessa seara do direito ambiental urbano, a aplicação de suas regras e princípios para garantir a qualidade de vida nas cidades, disciplinar e ordenar a função social de propriedade, buscando sempre o

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desenvolvimento urbano sustentável. Salientando nesse sentido, o Plano Diretor, um instrumento básico da política de desenvolvimento urbano, obrigatório para todos os municípios com mais de 20.000 habitantes, ele define as estratégias de gestão conforme a necessidade de cada município. Importante comentar que ele considera de suma importância a participação dos cidadãos nas decisões em relação a gestão, pois, refere-se ao interesse público.

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2 SOCIEDADE DE CONSUMO E IMPACTOS AMBIENTAIS URBANOS

Os impactos ambientais causados no espaço urbano, tem como uma de suas causas, o consumo. Os níveis de consumo se elevam cada dia mais, frutos da sociedade moderna e capitalista. Daniela da Rosa Molinari (2015, p. 12), “[...] A sociedade globalizada é marcada por muitos avanços tecnológicos, científicos, pela expansão comercial e da produção. O consumo surge como veículo que propaga este sistema de produção: quanto mais se consome, mais se produz, mais se ganha. [...]”

Hoje, pode-se dizer que a crise ambiental está ligada a uma sociedade consumista, na qual os padrões de consumo de bens e serviços nem sempre estão de acordo com as normas de sustentabilidade ambiental. Nesse sentido que se faz necessária adotar medidas compatíveis ao equilíbrio e impor limites no que tange ao ambiente urbano em questão. Nessa seara, Mireia Belil (2012, p. 12): “Es en las ciudades donde las resistencias locales toman forma, siempre conta un sistema y unas instituciones que no responden a las necesidades y deseos de sus cuidadanos [...]”.

A sociedade consumista, ao mesmo tempo que caminha na direção das necessidades do mundo moderno, do desenvolvimento econômico e cultural, se depara a enfrentar diversos problemas em relação a natureza humana, atingindo principalmente o meio ambiente urbano e afetando diretamente a qualidade de vida.

O avanço da atividade industrial intensificou o aumento da população em áreas urbanas, ocasionando, direta ou indiretamente, sérios problemas ambientais, e quem sofre as consequências é a própria sociedade. Os impactos ambientais podem variar de específicos (poluição que vem de fábricas e indústrias) e difusos (poluição gerada pelo grande fluxo de veículos automotores), tornando-se assim, de grande importância e urgência a realização de obras a fim de trazer melhorias de infraestrutura nas cidades, bem como saneamento.

O crescimento da população em áreas urbanas fez com que aumentasse significativamente os níveis de consumismo, isso porque as necessidades do homem urbano juntamente com suas atividades, torna-se mais prático à ele, consumir produtos industrializados, usar diversos aparelhos eletrônicos, entre outros produtos que o mercado

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oferece afim de facilitar a vida do homem moderno, porém, este fator de consumo abusivo está contribuindo na mudança do quadro ambiental, ameaçando a saúde do planeta.

Importante destacar que a qualidade de vida da população urbana também depende dos recursos naturais advindos da natureza, como a terra e as águas que circulam as cidades. Não somente o homem, mas todos os seres vivos necessitam destes recursos para sobrevivência, seu bem-estar físico e social.

O Estatuto da Cidade possui dispositivos em seu texto que reforçam esta postura, a exemplo do seu art. 1º, parágrafo único, que estabelece como objetivo precípuo o bem-estar dos cidadão e o equilíbrio ambiental, além de inserir no Plano Diretor (art. 39) e no Estudo de Impacto de Vizinhança (art. 37) a realização da qualidade de vida da população afetada. (SARNO, 2004, p. 96-97)

Tratando do tema sobre ambiente urbano, deve-se refletir a sua ecologia política relacionando-a com a natureza e a sociedade, bem como as mudanças no quadro ambiental e social. Dentro desta temática destaca-se o impacto ambiental as causas de erosão do solo e refletir a partir do entendimento de Maria Célia Nunes Coelho, (2006, p. 22):

[...] A ecologia política urbana, um outro segmento da ecologia política, aborda as relações entre uso do solo, padrão de distribuição espacial da propriedade do solo, impacto ambiental e o esforço político-financeiro de reordenação e conservação do solo urbano.

Os impactos ambientais são causados por novas ocupações do solo, como por exemplo, construções, estas são consideradas mudanças ecológicas e sociais no ambiente, pois, modificam o espaço, as condições sociais, a cultura e a história. Isto quer dizer que, impacto ambiental é movimento.

O crescimento populacional das cidades, é uma das principais causas de mudanças no sistema socioeconômico do Brasil, trazendo consigo consequências relevantes tanto culturais como ambientais. Nesse sentido coloca Belil (2012, p. 13): “El crecimiento de la población urbana sigue ahora nuevas pautas. A su ritmo se añaden algunas grandes tendencias que marcarán el futuro del mundo urbano a nivel global y que de alguna manera cambian las perspectivas, consideradas tendencias, hasta la actualidad [...]”.

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O fato de os seres humanos se concentrarem em um espaço físico determinado aliado ao consumo abusivo de produtos, faz com que aumente consideravelmente o processo de degradação do ambiente.

As cidades são espaços geográficos nas quais se concentram a maioria da população, visto isso, destaca a doutrinadora Fátima Portilho (2010, p.40):

Ao analisar como se deram os deslocamentos discursivos que possibilitaram o surgimento da ideia de um consumo sustentável, podemos destacar que o poder político das nações industrializadas manteve, até a década de 70, uma definição estreita e hegemônica da questão ambiental, atribuindo sua degradação à “bomba populacional” dos países em desenvolvimento, ou seja, ao dramático crescimento demográfico que provoca uma rápida depleção nos recursos naturais do planeta. [...]

O aumento significativo da população nas áreas urbanas, além de trazer prejuízos e modificações no solo urbano, através do movimento e aglomerado de pessoas no mesmo espaço é, também, um elemento importante em relação ao consumismo. Chega-se a esta hipótese pois, o aumento populacional juntamente com o processo de industrialização, voltado ao estilo de vida do homem moderno causa o consumo exagerado de produtos que acabam se acumulando e gerando impactos no meio ambiente.

A ocupação do solo urbano e a distribuição dos problemas ambientais vem de um histórico de movimentos de acordo com as mudanças sociais e ecológicas. A esse respeito, leciona Coelho (2006, p. 27-28):

Os problemas ambientais (ecológicos e sociais) não atingem igualmente todo espaço urbano. Atingem muito mais os espaços físicos de ocupação das classes sociais menos favorecidas do que os das classes mais elevadas. A distribuição espacial das primeiras está associada à desvalorização de espaço, que pela proximidade dos leitos de inundação dos rios, das indústrias, de usinas termonucleares, quer pela insalubridade, tanto pelos riscos ambientais (suscetibilidade das áreas e das populações aos fenômenos ambientais) como desmoronamento e erosão, quanto pelos riscos das prováveis ocorrências de catástrofes naturais, como terremotos e vulcanismos.

A erosão do solo encontra-se diretamente ligada as relações sociais com a propriedade, salienta-se que as classes altas possuem maior quantidade de área, o que lhes proporciona uma melhor preservação do solo, logo, uma melhor possibilidade em manter a vegetação, enquanto as classes menos favorecidas, vivem em aglomerados, aumentando, assim, a densidade populacional e modificando a estrutura de suporte do solo.

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O solo é a base de toda a atividade humana, sendo este ocupado e utilizado de diversas maneiras. Logo, devido a ocupação em áreas de risco, o acumulo de resíduos sólidos e falta de saneamento básico, entre outros, o meio ambiente urbano vem sofrendo impactos ambientais preocupantes a sociedade em geral. Estes movimentos causam o desequilíbrio ambiental nas cidades e degradação a qualidade de vida da população urbana.

2.1 Sociedade de consumo e as implicações para a sustentabilidade

As implicações acerca da obtenção de um ambiente sustentável e com qualidade podem derivar da sociedade consumista atual. Devido aos mais diversos estilos de vida dentro da sociedade, aos avanços tecnológicos, ao consumo excessivo de produtos industrializados, os quais trazem maior comodidade ao homem, no entanto, degradando ainda mais o meio onde vive, prejudicando o equilíbrio e a sustentabilidade local.

A partir dos anos 90, século XX, a questão do capitalismo passou a ser mais observada em relação a sociedade de consumo, pois, restou demonstrada como um dos principais problemas da sociedade moderna, uma das causadoras de impactos ambientais, gerando preocupação as gestões urbanas e implicando na busca da sustentabilidade.

O avanço no sistema capitalista e industrial, trouxe desenvolvimento econômico e social para o país, assim sendo, representa uma sociedade de consumo. Tal avanço trouxe benefícios a sociedade, como por exemplo, o aumento da oferta de empregos, gerando maior renda da população, logo, expandindo o consumismo, gerando, então, impactos ambientais. Em relação ao consumo, observa-se o entendimento de Portilho (2010, p. 67):

A abundância dos bens de consumo continuamente produzidos pelo sistema industrial é considerada, frequentemente, um símbolo da performance bem-sucedida das economias capitalistas modernas. No entanto, esta abundância passou a receber uma conotação negativa sendo objeto de críticas que consideram o consumismo um dos principais problemas das sociedades industriais modernas. A partir da construção da percepção de que os atuais padrões de consumo estão nas raízes da crise ambiental, [...]

O consumo não sustentável como a produção não sustentável, acarreta em crise ambiental. A má situação em que o meio ambiente se encontra atualmente, é reflexo do consumo exagerado, o qual cresce cada vez mais, portanto, tal crise pode afetar as linhas de

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produções de bens e serviços, bem como, a economia mundial, visto que as críticas a sociedade de consumo não ficam direcionadas apenas na questão econômica, mas também no viés ambiental.

A sociedade de consumo dos dias atuais é conhecida como capitalista, uma sociedade mais moderna e voltada a área industrial, trazendo uma nova visão de cultura, o que leva a questionar a atividade de produção e de consumo, tendo ambas as mesmas características, porém, o que as diferencia é o destaque e primazia dado a cada uma. A sociedade de consumo para Portilho (2010, p. 76-77):

O consumidor de hoje é diferente dos consumidores das outras fases da sociedade moderna. Esse estilo de vida baseado na capacidade e na vontade de consumir revela-se como um livre exercício da vontade, onde os consumidores se sentem no comando. Assim, a Sociedade de Consumo pode ser definido a partir não só das diferenças na maneira como as pessoas satisfazem suas necessidades, mas também das diferenças nos sonhos, esperanças e aspirações. [...]

[...] o consumo funda-se, não em função da satisfação de necessidades individuais, mas como atividade social, já que as necessidades se organizam segundo uma procura social objetiva por sinais e por diferenciação.

No entanto, há entendimentos diferenciados no que tange as políticas de impactos ambientais referente as linhas de produção, nesta questão de sociedade consumista, nas quais se debate, que o consumo vindo pela atividade individual de cada um é insignificante comparando com as atividades organizadas nos setores públicos e privados, segundo Portilho (2010, p. 64), “[...] mesmo considerando o deslocamento da definição da questão ambiental para o consumo, deve-se manter a atenção no modelo produtivo e não simplesmente substituí-la pesubstituí-la análise de comportamentos individuais [...]”.

Diante disso, é possível notar que a sociedade não está buscando satisfazer, apenas, suas necessidades, mas sim, alcançar uma visão diferente de “mundo”, de ver quais são determinados objetivos e quais as posições que serão mantidas em relação a este. Porém, os diferentes estilos de vida contribuem diretamente à degradação ambiental, por isso, se faz necessário que a sociedade leve a vida dentro das possibilidades ecológicas oferecidas pelo meio ambiente.

Os consumidores em geral são os principais responsáveis por este processo no qual o meio ambiente se encontra, porém a ele cabe solucionar tal problemática, sendo que, esclarece

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Portilho (2010, p. 164), “[...] ações individuais conscientes, bem informadas e motivadas por “valores ambientalizados”, aparecem como uma nova estratégia para produzir mudanças em direção à utopia da sociedade sustentável. [...]”

Tal percepção de os consumidores serem os principais responsáveis por tentar promover as devidas melhorias, abre a discussão no que tange o panorama político, surgindo uma questão importante, visto que passa a criar uma falsa imagem dos Governos e Estados, fazendo-os perder a capacidade de agir politicamente.

Sobre os consumidores serem “atores sociais” nos movimentos ambientais, diz Portilho (2010, p. 169):

Os consumidores, ao contrário do que é correntemente percebido, não são os atores sociais privilegiados na mudança da sociedade em direção à sustentabilidade. Também não são vítimas passivas e manipuladas das forças dominantes de produção. Mas, se considerarmos que a mudança social não se dá apenas de forma radical e grandiosa, poderemos considerar o campo do consumo como uma necessária extensão das novas práticas políticas que surgem no centro da modernidade contemporânea.

É possível notar maior interesse das comunidades em integrar-se a movimentos sociais em busca da sustentabilidade em meio à crise ambiental, participando ativamente dos mesmos. Cabe ressalvar que o Estado também faz parte de processo amparando e assegurando tais movimentações e ações do povo em prol de uma sociedade sustentável na forma da Lei.

No que se refere ao conhecimento humano e a esfera das relações sociais a natureza possui valor cultural e também material. Analisa-se primeiramente relacionando-a com consumo e as linhas de produção, traz a visão de que o consumidor é uma vítima da produção, porém logo se percebe que consumir é um ato, uma escolha racional e autônoma de cada um, e por último uma visão pós moderna e múltipla de consumo, em que o consumidor é atraído pelo poder, pelas escolhas, mas com um consenso material.

A revolução na indústria visa mais mudanças no que tange técnicas em produção e avanços na área, do que em mudar os estilos de vida da população, visto que não é entendido como um problema que a sociedade atual está enfrentando, e dedicam-se apenas nas linhas de produção, o que aumenta a propensão ao consumismo.

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Os países que ainda estão em processo de desenvolvimento, já estão enfrentando diversos problemas ambientais, que além de serem gerados pelo grande aumento populacional, é também reflexos da pobreza na qual a sociedade se encontra. Na obra de Portilho (2010, p. 49), a autora traz informações sobre relatório realizado pela ONU:

Dessa forma, o relatório da ONU enfatiza claramente a chamada “poluição da pobreza”, omitindo ou avaliando a “poluição da riqueza”. A questão não é mais apenas o aumento populacional, mas também e principalmente a miséria a que os países do Sul estão condicionados, o que levaria à necessidade de exaustão dos recursos naturais, aumentando a pressão sobre o meio ambiente. [...]

É importante que o país cresça e se desenvolva economicamente, cuidando sempre para que isto não se torne um problema ao meio ambiente, logo se faz necessário uma melhora na distribuição de riquezas, para que todos tenham condições de ajudar em termos de desenvolvimento sustentável.

É preciso observar e zelar o ecossistema, conservar os recursos naturais no momento de trazer melhorias a qualidade de vida e ao desenvolvimento humano, para isso deve-se respeitar a saúde dos consumidores, consoante a esta ideia, Milaré (2011, p. 90-91), completa:

No que interessa a situação do Planeta, de cuja a saúde depende a saúde da coletividade humana, a avaliação do papel do Estado não pode ser diferente: pode (e até deve) limitar os hábitos individuais acessórios, ligados ao arbítrio ou a “decisões meramente individuais” sobre o livre consumo de produtos desnecessários ou suntuários – isto para salvaguardar a produção de bens essenciais ou necessários. [...]

É necessário impor limites, no que tange a saúde humana, em relação ao mercado de consumo. Deve-se pensar que as decisões de hoje podem e trarão consequências para o futuro. Nota-se imprescindível tanto da sociedade com do Estado cumprir seu papel moderador com atitudes proativas, a fim de contornar a crise ambiental, visando o bem estar da população, para que esta sinta-se protegida e amparada legalmente.

Além do uso de políticas sociais urbanas para controlar o alto índice de consumo, se faz necessário encontrar meios alternativos para o desenvolvimento da economia. Não obstante, é importante que haja políticas de reciclagem e reaproveitamento de produtos que não são mais utilizados, cuidando assim, da produção de lixo e da demanda por matérias-primas.

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A Rio 92 foi uma Conferência das Nações Unidas, realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro, com o tema “Meio Ambiente e o Desenvolvimento”, para discutir o desenvolvimento sustentável e a degradação ambiental, ocasião essa que reuniu o maior número de chefes do Estado nos últimos anos, tudo isso fora documentado na “Agenda 21”1.

Um dos pontos autos da conferência referenciava a reciclagem de matéria prima para o reaproveitamento em novos produtos, muito discutido devido ao aumento populacional, aliado ao crescimento do consumo, destacando o desperdício de alimentos.

Não só após este acontecimento, como também por volta dos anos 90, o consumismo já era debatido entre as políticas ambientais urbanas. No Brasil, segundo Portilho (2010, p.109-110, grifo do autor):

[...] foi realizado, em novembro de 1996, um workshop intitulado “Produção e consumo sustentáveis: padrões e políticas”, fruto de uma cooperação com a Noruega.¹² Em janeiro de 1998, por intermédio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo, o Brasil sediou o Interregional Expert Group Meeting on

Consumers Protection and Sustainability, contando com a participação de 45

especialistas de mais de 25 países. O resultado foi a preparação de um documento com as propostas de ampliação da Diretriz de Defesa dos Consumidores (n. 39/248 de 9/4/1985) da ONU, para englobar o tema consumo sustentável.

Importantes questões como consumo e sustentabilidade para com o meio ambiente já estavam circulando no país e mobilizando a população, bem com o Estado. Estes fatos podem definir e influenciar na política no que se refere ao meio ambiente urbano.

A crise ambiental se deu através do capitalismo, porém ainda é discutido que esta veio pelos diversos estilos de vida cultural e industrial voltados ao consumo. Portilho destaca (2010, p. 110, grifo do autor):

[...] o debate sobre os padrões de consumo acabou priorizando propostas sobre mudanças tecnológicas de produtos e serviços, instrumentos econômicos e mudanças comportamentais dos consumidores individuais, priorizando uma abordagem tecnicista, economicista, psicologizante e despolitizada. A grande maioria dos debates sobre a relação entre consumo e meio ambiente começou a enfatizar que a necessária melhoria na qualidade ambiental deveria ser atingida através mais da substituição de bens e serviços por outros mais eficientes e menos poluentes, do que através da redução do volume de bens e serviços consumidos [...]

1 A agenda 21 é instrumento de planejamento que foi elaborada na Rio92, a qual indica práticas para se ter um

desenvolvimento sustentável nas cidades. Disponível em:

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As preocupações de impactos ambientais causado pelo estilo de vida voltado ao consumo, a partir da Rio92 se fortaleceu. Tal preocupação, por este ponto de vista, não atingia países subdesenvolvidos, porém hoje é a principal barreira em se tratando de desenvolvimento sustentável nas áreas urbanas.

Cerca de 20 anos após a Rio92, o Brasil foi sede de uma importante conferência da ONU, a Rio+20, que reuniu líderes de diversos países para discutir melhorias nas questões ambientais. Aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, em junho 2012. Foi um momento que todos os cidadãos tiveram a oportunidade de refletir sobre qual o meio ambiente que queremos viver e que vamos deixar para as futuras gerações.

Durante a conferência da Rio+20, procedeu-se uma análise do que foi realizado nos últimos anos em relação a preservação do meio ambiente, e discutido alternativas para minimizar os estragos que foram causados no mesmo. A questão era, preservar o meio ambiente em que se vive, sem deixar de progredir economicamente como país. Afinal o governo não é o único responsável, mas também a população em geral, as vezes até mesmo sem perceber, em ações diárias, pode-se de alguma maneira afetar a saúde do planeta e por consequência disso afetar a qualidade de vida.

Estudos realizados a partir desse parâmetro, mostra que as ações individuais de cada um surgem como um novo método de combater a proliferação dos problemas socioambientais, dando esperança na busca da sociedade sustentável. A conscientização da população é imprescindível para combater a degradação do ambiente.

Hoje percebesse que a sociedade é movida pelo “ter”, o consumismo tornou-se parte do dia a dia das pessoas, logo mudar esse comportamento demanda tempo e amadurecimento como ser humano, pensar no coletivo e trabalhar juntos pelo mesmo propósito, valores e práticas conscientes de consumo sustentável, para o melhoramento das cidades, através de justiça social, para assim alcançar um direito de todos e uma melhor qualidade de vida.

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2.2 Degradação ambiental e a perda da qualidade de vida

De modo geral, quando se pensa em degradação do meio ambiente, logo vem em mente as grandes catástrofes acontecidas pela reação da natureza, e também as que ainda podem acontecer no planeta. A degradação pode ser causada de diferentes maneiras, por diferentes agentes e ainda, acontecer de forma lenta e quando se percebe já pode ser tarde demais.

Da degradação ambiental se dá a perda da qualidade de vida. O desenvolvimento tecnológico e industrial, nos últimos anos tem crescido significativamente, o que é muito bom para a economia do país. Hoje vive-se um momento da história de diversos avanços e melhorias na vida das pessoas, porém, em contrapartida, este período marca a destruição e exploração ambiental, ou seja, o meio ambiente é uma vítima do sistema de produção.

Crise ambiental no entendimento de Daniel Rubens Cenci (2012, p.316):

A atual crise ambiental apresenta-se com impactos ecológicos, climáticos, geográficos, econômicos, sociais, enfim, de alcance multifacetado. Mostra-se, porém, um problema que não é natural, e sim de cunho antropocêntrico, ou seja, resulta da relação do homem com a natureza, da forma como o homem explora os benefícios que a natureza oferece.

A degradação ambiental pode acontecer através de um processo de abandono, causado pelo homem, pela sociedade moderna voltada ao consumo, ao mal uso do solo urbano aliado ao grande crescimento populacional nas cidades, e também no sentido de não preservação dos recursos naturais disponíveis, diminuindo assim, a capacidade de sustentabilidade do meio ambiente bem como o declínio da qualidade de vida.

A degradação de acordo com o artigo 2º do Decreto nº 97.632, de 10 de abril de 1989, o qual complementa a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, diz:

Art. 2° Para efeito deste Decreto são considerados como degradação os processos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais. (BRASIL, 2016).

De acordo com o artigo “Degradação Ambiental” (2013), no espaço urbano é possível perceber que além do descaso do homem para com a natureza, a degradação ambiental

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também pode acontecer como um processo natural das cidades, como por exemplo, onde antes existia vegetação sobre o solo, agora este está coberto por concreto e asfaltos, onde antes tinham árvores agora existem casas e prédios. É possível citar, também, o fluxo de automóveis, um processo necessário para existência das cidades. Processos que diminuem a capacidade do meio ambiente em sustentar a vida é um processo degradante.

Como são diversos os fatores naturais de degradação ambiental no espaço urbano é que se faz necessário que homem, dentro de suas possibilidades, junto com toda a sociedade procure mudar o seu estilo de vida para que não haja decadência da qualidade de vida nas cidades, mais do que ela por si própria já causa, através de práticas ambientais mais saudáveis, cada um fazendo sua parte, contribui pra o bem de todos.

Tem sido, cada vez mais complexo o quadro socioambiental em relação aos impactos causados no ambiente urbano, nos tempos de hoje pela crise ecológica, pois a problemática de sustentabilidade é tema central em discussões e reflexões.

O uso adequado do meio ambiente para garantia da qualidade de vida é assegurado por Lei para que não haja abuso de poder público ou privado. Essa qualidade de vida está relacionada com as Leis de Direito Ambiental, que visam proteger a saúde do planeta e o bem estar de toda coletividade. Os diferentes estilos de vida do mundo moderno contribuem diretamente à degradação ambiental, logo precisa-se que não somente o Estado através de suas normas protejam os recursos naturais essenciais a sadia qualidade de vida, mas que a sociedade também leve uma vida dentro das possibilidades ecológicas do meio ambiente.

A qualidade de vida nas palavras de Sarno (2004, p. 96):

Qualidade de vida engloba muito mais que a mera sobrevivência da espécie. Refere-se à vivência em sua plenitude, na qual o Refere-ser usufrua de tudo que for necessário para, além da sobrevivência física, obter a realização de suas finalidades. Assim, todos os seres vivos necessitam ser abastecidos por elementos que garantam a sua vida: ar, água, alimentos, sol etc. se tais elementos existem e seus componentes estão em razoável equilíbrio, se a degradação e a poluição não alteraram substancialmente suas características, seu corpo físico sobreviverá. Entretanto, poderá estar vivendo com ausência ou insuficiência de qualidade.

Tanto a Constituição Federal como o Estatuto da Cidade possuem dispositivos em seu texto legal que garantem o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida para a população,

Referências

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