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Educação para vidas não descartáveis: Sustentabilidade nas cidades

Hoje vive-se em mundo moderno, onde é muito fácil obter informações, sendo através de jornais, telecomunicações e redes sociais, pensado assim, logo se torna visível que todos de

alguma forma podem se auto motivar e sensibilizar a demais população em exercer o seu dever como cidadão na educação em prol do meio ambiente, na defesa da qualidade de vida.

O direito à informação ambiental é previsto constitucionalmente, pois o direito a um ambiente sadio e com qualidade é direito de todos e está diretamente vinculado com a base de todos os direitos, o direito à vida. Garantido com um princípio constitucional, a informação ambiental assegura que cada indivíduo possa ter acesso a todo tipo de informações em relação ao meio ambiente.

Para Paulo Afonso Leme Machado (2005, p. 86), “a informação serve para o processo de educação de cada pessoa e da comunidade. Mas a informação visa, também, a dar chance à pessoa informada de tomar posição ou pronunciar-se sobre a matéria informada”. Sendo assim, para que todos os cidadãos tenham acesso a diferentes dados informativos, se faz necessário que estas sejam publicadas.

A informação ambiental deve ser transmitida de forma a possibilitar tempo suficiente aos informados para analisarem a matéria e poderem agir diante da Administração Pública e do Poder Judiciário. A informação ambiental deve ser prevista nas convenções internacionais de forma a atingir não somente as pessoas do país onde se produza o dano ao ambiente, como também atingir as pessoas de países vizinhos que possam sofrer as consequências do dano ambiental. (MACHADO, 2005, p. 88)

Machado (2005, p. 88) ressalva que, “a não-informação de eventos significativamente danosos ao meio ambiente por parte dos Estados merece ser considerada crime internacional”.

O legislador prevê a proteção ao meio ambiente com um fundamento legal de qualidade de vida e de dignidade humana. O preceito de um ambiente ecologicamente equilibrado, hoje já vai além de uma necessidade somente do homem, pois envolve todos os seres vivos da terra, é através disso que se dá o relacionamento homem e natureza.

O princípio da informação ambiental é a principal referência no que tange a educação ambiental, logo sem informações, não há o que se falar em educar. A educação ambiental e a fiscalização ambiental são excelentes instrumentos a serem aplicados para proteção ao meio ambiente.

O direito é necessário para suprir necessidades, que o homem encontra em usufruir da natureza e da natureza em ser protegida, com o fim de se obter um meio ambiente equilibrado e saudável:

A efetivação do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida, preconizando no art. 225 da Constituição Federal, só é possível na medida em que o ser humano respeita o meio ambiente e respeita a forma e o limite do uso que dele possa fazer. Esse direito constitucionalmente assegurado é resultado de um comportamento social pelo qual o Poder Público, em todas as suas instâncias, e a sociedade, de maneira geral, são responsáveis. (SARNO, 2004, p. 88).

A educação ambiental contribui para conscientizar a população a preservação do meio ambiente, para que estes se tornem aptos a tomar decisões no coletivo. Essa contribuição é necessária para o desenvolvimento sustentável de uma sociedade. O conceito de Educação Ambiental encontrasse elencada no artigo 1º da Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999:

Art. 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 2016)

É notável que a educação ambiental está assumindo os problemas socioambientais de maneira efetiva, a fim de buscar um equilíbrio entre o homem e a natureza, com vista à construção de um futuro melhor e mais saudável para todos, não deixando de lado o desenvolvimento das cidades e o progresso das mesmas. Neste sentido, a educação ambiental é ferramenta fundamental nesta busca de desenvolvimento sustentável, na solução das questões ambientais, através da disciplina e da participação de cada indivíduo perante a sociedade.

A forma de educação ambiental deve ser aplicada nas áreas urbanas de forma a levar e incentivar as pessoas a ter mais conhecimento no que tange ao meio ambiente e a sociedade, bem como a sua sustentabilidade, buscando fortalecer a busca de uma melhor qualidade de vida nas cidades, e também orientar nesse seguimento, o grupo de indivíduos que possuem baixa renda, até pela situação de vulnerabilidade em que se encontram.

O autor Pedro Jacobi coloca nesse sentido (2003, p.190:

[...] Nesse sentido cabe destacar que a educação ambiental assume cada vez mais uma função transformadora, na qual a co-responsabilização dos indivíduos torna-se

um objetivo essencial para promover um novo tipo de desenvolvimento – o desenvolvimento sustentável. Entende-se, portanto, que a educação ambiental é condição necessária para modificar um quadro de crescente degradação socioambiental, mas ela ainda não é suficiente, [...]

Nestes termos, pode-se entender que em relação a educação, ao mundo e o meio ambiente, cabe a cada indivíduo ser o mediador dessas ações, refletindo formas de desenvolvimento sustentável, desenvolvendo práticas social na sua comunidade, atrair o grupo a fim de construir referências positivas sobre o meio ambiente, de como usá-lo, preserva-lo através de atividades sustentáveis, visando o bem de todo o grupo.

A falta de educação ambiental e de conhecimento da população em geral, juntamente com o aumento da população das cidades, a sua expansão desordenada, aliada a uma sociedade consumista, leva ao uso incorreto dos recursos naturais, gerando inúmeros problemas socioambientais, dentre eles o acumulo de resíduos sólidos, o que libera substâncias toxicas para o ar, solo e água, logo prejudicando a saúde de toda a sociedade. Assim, se faz necessário estudos prévios de impactos ambientais urbanos, pra que estes auxiliem no planejamento sustentável das cidades.

A ideia de consumo sustentável vem com o objetivo de diminuir impactos no meio ambiente. Pode ser executada através da mobilização da população, em práticas como diminuir o consumo, tão logo o desperdício, a separação do lixo, bem como a reciclagem. Estes movimentos sustentáveis objetivam a preservação dos recursos naturais, para então atingir um melhor nível de qualidade de vida, protegendo assim, a saúde do planeta.

3 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

É pensando em cidades sustentáveis, que começamos a notar as ações do ser humano, e é por ai que devem começar as mudanças, da relação homem e natureza. Observa-se que a grande concentração populacional está nas áreas urbanas e os hábitos de uma vida voltada ao consumo, está gerando um aumento significativo da produção de resíduos sólidos. Nesse sentido expõe Molinari (2015, p. 93):

O espaço urbano é um misto de luxo e de lixo, da riqueza e da pobreza, do limpo e do sujo, da inclusão à exclusão, da preocupação da limpeza nos centros das cidades ao esquecimento da população da periferia, uma mistura entre a arquitetura moderna dos shoppings e prédios que predomina o vidro, o aço, as formas retas à arquitetura pobre e feia dos lixões a céu aberto.

Inicialmente é importante saber que, resíduos significa as sobras de alguma substância, sólido é para diferenciar dos líquidos e gasosos, e a palavra lixo significa resto, logo resíduos sólidos e lixo significam a mesma coisa. O local onde há lixo, em contato direto com solo sem o devido tratamento, torna-se um ambiente perfeito para proliferação de doenças nocivas à saúde do homem.

A nível internacional é recomendado investir em mudar a mentalidade e valores dentro de cada sociedade, para assim, sensibilizar a população para a necessidade novas posturas diante dos problemas que o meio ambiente apresenta. Resolver, ou pelo menos controlar o problema de resíduos sólidos pode ajudar muito na demanda de serviços de saúde.

Os resíduos sólidos não são muito divulgados e discutidos pelo poder público acerca de seus efeitos como agente poluidor, pelo fato deste não ser tão incômodo como os resíduos gasosos e líquidos. No entanto, tal questão vem ganhando contornos surpreendentes nos dias de hoje, devido a fatores do aumento do consumo de produtos industrializados, como também o aumento da população nas cidades, cresceram os níveis tóxicos de contaminação poluente por resíduos sólidos, ameaçando a saúde humana e a saúde do planeta.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é regida pela Lei nº 12.305 de 02 de agosto de 2010, é parte integrante da Política Nacional do Meio Ambiente. Tal legislação foi criada com a finalidade de proteção ao meio ambiente urbano, objetivando a redução da produção de resíduos sólidos, através de instrumentos próprios de sustentabilidade, para que

haja reciclagem, reaproveitamento de resíduos sólidos, e ainda o destino adequado pra o que não mais se pode reutilizar.

Nos termos da Lei e em consonância com o texto constitucional, estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao seu gerenciamento. (MILARÉ, 2011, p. 860)

O conceito de resíduo sólido, de acordo com Machado (2005, p. 546):

O termo “resíduos sólidos”, como o entendemos no Brasil, significa lixo, refugo e outras descargas de materiais sólidos, incluindo resíduos sólidos de materiais provenientes de operações industriais, comerciais e agrícolas e de atividade da comunidade, mas não inclui materiais sólidos ou dissolvidos nos esgotos domésticos ou outros significativos poluentes existentes nos recursos hídricos, tais como a lama, resíduos sólidos dissolvidos ou suspensos na água, encontrados nos efluentes industriais, e materiais dissolvidos nas correntes de irrigação ou outros poluentes comuns da água.

Os resíduos sólidos encontram-se legalmente conceituados pela Lei nº 12.305/2010, no artigo 3º, inciso XVI:

Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por: XVI - resíduos sólidos: material,

substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (BRASIL, 2016)

O lixo pode ser considerado da concepção humana, no entanto em se tratando de um processo natural não há que se falar em lixo, apenas em produtos inertes. Logo, certos tipos de lixo podem ser reutilizados, reciclados, desde que seja tratado de forma adequada, o que contribui a não poluição ambiental. Porém, outros resíduos, não podem ser reutilizados de forma alguma, como por exemplo o lixo hospitalar, a este se deve um destino correto, em locais onde podem ser adequadamente tratados, em aterros sanitários e ainda em incineradores.

Então, podemos dizer que resíduos sólidos são restos da atividade do homem, que aparentemente não há mais utilidade, e a alguns anos atrás era assim que se pensava e agia em relação os resíduos, que o que sobrava já não tinha mais utilidade ou ainda valor econômico,

no entanto nos dias atuais é impressionante como ainda se pode reutilizar certos produtos para fins diversos, direta e indiretamente.

Milaré aponta sobre a redução do descarte em função do esgotamento das características da matéria (2011, p. 862):

Tendo presente que um dos postulados da lei consiste n redução do descarte de resíduos e que isso pressupõe a revisão e a redução dos padrões de consumo da sociedade, é possível admitir que o descarte de resíduos sólidos pressupõe o esgotamento das características preponderantes da matéria, substância, objeto ou bem, de forma a torna-los inservíveis para a finalidade para a qual foram concebidos. [...]

Relacionando com impactos ambientais, logo se pensa em mudanças climáticas, por causa do efeito estufa, porém a falta de educação ambiental e de conhecimento da população, através de um consumo abusivo de produtos industrializados, é que se dá o acumulo de resíduos sólidos, o que libera substâncias toxicas para o ar, solo e água. Por isso, que os resíduos sólidos urbanos devem ser tratados como causas dos problemas ambientais e como aspectos da economia mundial.

A limpeza pública e a coleta, transporte e disposição dos resíduos sólidos dizem respeito primacialmente à saúde pública e ao meio ambiente. De acordo com a Constituição Federal de 1988 (art. 24, XII), compete concorrentemente à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar sobre a defesa e a proteção da saúde. (MACHADO, 2005, p. 546-547)

Todo esse processo de cuidar e manter o meio ambiente limpo e saudável nas áreas urbanas, além de ser assegurado conforme dispõe a Constituição Federal, cada município possui autonomia para organizar as políticas públicas locais de acordo com o interesse e a necessidade de cada sociedade apresentar.

Nesta instância faz-se necessária uma análise acerca da classificação dos resíduos sólidos, o qual se encontra no artigo 13 da Lei nº 12.305/2010:

Art. 13. Para os efeitos desta Lei, os resíduos sólidos têm a seguinte classificação: - quanto à origem: a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas; b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”; d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”; e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”; f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais; g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de

saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS; h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis; i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades; j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira; k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios; II - quanto à periculosidade: a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica; b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”. (BRASIL, 2016)

Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com a sua origem, tipo, a sua composição e também pelo grau de periculosidade de apresentar. A responsabilidade da coleta dos resíduos e a sua destinação, não é apenas do Estado ou do Município, pode variar de acordo com a necessidades de cada cidade, bem como as leis especificas de cada Estado e Município.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece regras para gestão e gerenciamento de resíduos sólidos em toda sua amplitude, a nível nacional e local, tem por objetivos orientar a população dentro da educação ambiental, na redução, reutilização, reciclagem bem como tratamento adequado de resíduos sólidos, estimular um padrão de vida sustentável em relação ao consumo, visando proteger a saúde pública e a saúde ambiental, para assim, ter uma melhor qualidade de vida. A Lei nº 12.305/2010, em seu artigo 7º, estabelece estes e entre outros objetivos.