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DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA COM E SEM FINS LUCRATIVOS

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.6 Delineamento da pesquisa

A natureza de um estudo pode ser explicada de diferentes formas, tais como seus objetivos, sua abordagem, sua estratégia de pesquisa, seu processo de seleção da amostra, seu nível e unidade de análise e sua perspectiva temporal. Cada uma destas especificações foi abordada para apresentar o delineamento de pesquisa utilizado nesta tese.

Para Neuman (1997) e Gil (1999), os objetivos de uma pesquisa podem ser descritivos, explicativos e/ou exploratórios. Enquanto a pesquisa descritiva apresenta um quadro com detalhes específicos e análises da situação, causas sociais ou relacionamentos (NEUMAN, 1997), a pesquisa explicativa identifica fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos (GIL, 1999) e por fim a pesquisa exploratória aborda um tópico pouco estudado na literatura (CERVO; BERVIAN, 2002).

Esta tese pretendeu comparar as similaridades e as distinções das dimensões das capacidades relacionais em cooperações para o desenvolvimento de tecnologia com e sem fins lucrativos; sendo então uma pesquisa descritiva, que, de acordo com Neuman (1997) realiza observações, registros, análises e correlação de fatos ou fenômenos, para classificá-los, esclarecê-los e interpretá-los.

Com relação às abordagens, Creswell (2007) cita três possibilidades: as pesquisas qualitativas, quantitativas e mistas. Enquanto os estudos qualitativos investigam os problemas em seus ambientes, coletando interpretações, contexto,

realidades e dados subjetivos (DENZIN; LINCOLN, 2005), os estudos com caráter

quantitativo coletam dados objetivos (muitas vezes numéricos) para testar hipóteses

e apresentar correlações entre variáveis. Já os estudos mistos combinam os dois tipos

de enfoque, permitindo a realização de estudos complexos (SAMPIERI, COLLADO,

LUCIO, 2006).

Pelas características deste estudo, a abordagem empregada foi a qualitativa.

Assim, o fenômeno foi estudado com profundidade, em seu ambiente empresarial,

com coleta de dados subjetivos.

A pesquisa qualitativa tem como características: a coleta de dados num ambiente natural (não controlado), a compreensão de um fenômeno, a partir da

concepção dos participantes, longo contato do pesquisador com o ambiente/situação a ser investigado/a e foco no significado das ações (MERRIAM, 2009).

A partir da escolha da abordagem, foi definida uma estratégia de pesquisa que, nas pesquisas qualitativas, pode ser etnografia, etnometodologia, estudo de caso, fenomenologia, pesquisa ação, pesquisa histórica e teoria embasada na realidade (ou Grounded Theory) (CRESWELL, 2007).

Para responder ao problema de pesquisa apresentado anteriormente: “Quais as similaridades e as distinções das dimensões das capacidades relacionais em cooperações para o desenvolvimento de tecnologias com e sem fins lucrativos?” foi realizado um estudo de múltiplos casos.

O estudo de caso analisa uma unidade básica de pesquisa (uma pessoa, um casal, uma família, um objeto, um sistema, uma organização, uma comunidade, um município, um departamento), sendo útil para assessorar e desenvolver processos de intervenção nos casos, desenvolvendo recomendações ou cursos de ação (SAMPIERI, COLLADO, LÚCIO,2006).

De acordo com Eisenhardt (1989), o estudo de caso busca a compreensão de um fenômeno singular e por isso pode ser usado para confirmar, entender e refinar teorias existentes. Essa estratégia de pesquisa é adequada para estudos descritivos e explicativos de fenômenos contemporâneos, por responder a perguntas de ‘como’ ou ‘por quê’ um fenômeno ocorre (YIN, 2001).

Para tornar os resultados mais convincentes e robustos, pode-se optar por estudos de caso múltiplos, que usam a replicação para a comparação dos dados. Stake (2005) indica o estudo de múltiplos casos para propiciar, com mais qualidade, evidências inseridas em diferentes contextos. Mas esta estratégia exige mais cuidado e tempo na coleta e análise dos dados, pois é necessário replicar as mesmas questões em todos os casos.

Como representado pela ilustração 15, a seleção dos casos ocorre simultaneamente à elaboração do protocolo de coleta de dados. A seguir, realizam-se as coletas de dados individualmente, elaborando o relatório do caso individual. A partir deste momento, Yin (2001) indica a possibilidade de retorno às etapas anteriores, para selecionar o caso ou alterar o protocolo de coleta de dados. Finalizando a etapa de coleta de dados, segue-se para a comparação dos casos, alteração da teoria (se necessário), descrição das implicações da pesquisa e finalização do estudo.

Ilustração 15 – Representação do desenvolvimento da coleta e análise dos estudos de caso Fonte: Yin (2005)

Os estudos multicasos, de acordo com Yin (2005), devem ser estudados inicialmente em separado e, após, em conjunto. Assim, é possível analisar se os resultados seguem um mesmo padrão, permitindo fazer generalizações analíticas.

Para o processo de seleção de pessoas ou casos, deve-se considerar a abordagem da pesquisa. Na pesquisa qualitativa, que possui interesse no específico, a amostra deve ser representativa do fenômeno que se está pesquisando (CRESWELL, 2007), conceituando-se como amostras não probabilísticas.

Nesses casos, a escolha dos elementos não depende da probabilidade, mas das características da pesquisa ou do processo de tomada de decisão do pesquisador. As amostras não probabilísticas podem ser: autogeradas, por conveniência, por cota, por julgamento (também chamada de intencional) ou por tráfego (SAMPIERI, COLLADO, LUCIO, 2006).

Nesta tese, com estratégia de estudos de múltiplos casos, a escolha da amostra foi feita por julgamento. Entende-se que essa foi a melhor opção para a pesquisa, uma vez que a seleção de casos baseou-se na crença de que os escolhidos representem o fenômeno pesquisado (SAMPIERI, COLLADO, LUCIO, 2006).

A suposição básica da amostragem foi que, com bom julgamento e estratégia adequada, foram escolhidos os casos a serem incluídos e, assim, chegou-se a exemplos satisfatórios e significativos para as necessidades da pesquisa (MATTAR, 2008).

Em relação ao nível de análise, eles foram: o desenvolvimento de tecnologias, as cooperações interorganizacionais e as capacidades relacionais. Têm-se então os portfólios de cooperações interorganizacionais desenvolvedoras de tecnologia como

unidade de análise. A perspectiva temporal deste estudo foi o corte transversal, com coleta dos dados em momento único.