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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

2. ÁREA DE ESTUDO

2.5 Demandas de água na Bacia PJ

A Lei Federal n° 9.433/97 (BRASIL, 1997), que institui a Política nacional de Recursos Hídricos e regulamenta o uso das águas no Brasil, tem como instrumentos de gestão a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos e a cobrança pelo uso desses recursos. Assim, a outorga tem como objetivo "assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo direito de acesso à água". Estão sujeitos a outorga os seguintes usos: derivação ou captação de água superficial; extração de aquíferos; lançamento em água

superficial de resíduos líquidos ou gasoso, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; e qualquer outro uso que altere o regime, a quantidade ou a qualidade da água (BRASIL, 2007). São desobrigados da outorga o uso de recursos hídricos por pequenos núcleos populacionais rurais e as derivações, captações, lançamentos e acumulações de volumes de água considerados insignificantes (BRASIL, 2007).

A Agência Nacional de Águas (ANA), entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, criada pela Lei nº. 9.984, de 2000 (BRASIL, 2000), que lhe conferiu, entre outras atribuições, a de outorgar o direito de uso de recursos hídricos em águas da União. O órgão com atribuição de outorgar o direito de uso de recursos hídricos em águas de domínio do estado de Minas Gerais é o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM). A análise da demanda hídrica na Bacia PJ foi realizada com base nos cadastros de usuários em cobrança federal e cobrança estadual mineira no ano de 2016 (Agência das Bacias PCJ, 2016). Conforme os dados dos cadastros (Agência das Bacias PCJ, 2016), 44 usuários ativos em cobrança estavam cadastrados nos municípios da Bacia PJ no ano de 2016, sendo 17 outorgas em cobrança federal e 27 outorgas em cobrança estadual mineira (Tabela 2.9).

Tabela 2.9 - Usuários de água ativos em cobrança, por segmento, nos municípios da Bacia PJ.

Município Segmento

Número de Usuários

Outorga federal Outorga estadual Captação Lançamento CO Captação Lançamento CO

Toledo Saneamento 1 1 - - Indústria - - 2 1 Agropecuária - - - - Outros - - - - Sapucaí-Mirim Saneamento - - - - Indústria - - - - Agropecuária - - - - Outros - - - - Itapeva Saneamento - 1 1 - Indústria - - 1 - Agropecuária - - - - Outros - - - - Camanducaia Saneamento 1 2 1 1 Indústria 1 1 3 - Agropecuária - - 1 - Outros - - 2 - Extrema Saneamento 1 1 1 - Indústria 2 6 8 3 Agropecuária - - - - Outros - - 2 - Bacia PJ Saneamento 3 4 3 1 Indústria 3 7 14 4 Agropecuária - - 1 - Outros - - 4 -

A Agência PCJ utiliza uma classificação de usuários por segmentos a qual considera o setor de atuação do usuário, finalidade que possui maior representatividade no valor cobrado do usuário e publicações da própria ANA (Agência PCJ, 2016), com os seguintes segmentos no contexto da Bacia PJ:

a) Saneamento - usuários com finalidades de abastecimento público e esgotamento sanitário;

b) Indústria - usuários que declaram esta finalidade de uso no CNARH.

c) Agropecuário - usuários cujos fins são irrigação, criação animal ou aquicultura,

d) Outros - engloba empreendimentos que não se enquadram nos demais, como universidades, hotéis, clubes etc.

Extrema é o município da Bacia PJ com maior número de outorgas. Em 2016 o segmento Saneamento captou mais de dois milhões de m³ de água, dos quais consumiu 1.416.912 m³, gerando uma carga orgânica de aproximadamente 195 m³. Destaca-se também o consumo industrial nesse município, que totalizou 519.414,23 m³, superando o consumo por Saneamento nos demais municípios da Bacia PJ (Tabela 2.10 e Figura 2.10).

Tabela 2.10 - Volume captado e consumido e lançamento de carga orgânica por segmento de usuários nos

municípios da Bacia PJ, no ano de 2016.

Município Finalidade Volume (m³) - 2016

Saneamento Indústria Agropecuário Outros Total

Toledo Captação 254.736,00 109.555,20 0,00 0,00 364.291,20 Consumo 45.972,00 10.965,12 0,00 0,00 56.937,12 Lançamento CO 28,28 0,15 0,00 0,00 28,43 Itapeva Captação 758.937,60 37.127,04 0,00 0,00 796.064,64 Consumo 200.544,00 3.718,56 0,00 0,00 204.262,56 Lançamento CO 55,41 0,00 0,00 0,00 55,41 Camanducaia Captação 1.043.539,20 315.312,00 1.586.976,00 10.599,36 2.956.426,56 Consumo 233.052,00 212.649,24 386.244,00 2.036,79 833.982,03 Lançamento CO 53,82 0,34 118,81 180,25 353,21 Extrema Captação 2.727.432,00 528.504,88 0,00 17.184,00 3.273.120,88 Consumo 1.416.912,00 519.414,23 0,00 3.188,16 1.939.514,39 Lançamento CO 194,67 143,13 0,00 0,00 337,80 Fonte: Agencia das Bacias PCJ (2016). Org.: Garofalo, 2017.

O segmento agropecuário captou 1.586.976,00m³ de água em Camanducaia no ano de 2016, com consumo de 386.244m³ e lançamento de aproximadamente 119 m³ de carga orgânica. O diagrama da Figura 2.10 evidencia os maiores consumos e captações pelo segmento Saneamento, conforme a demanda de cada município.

Figura 2.10 - Gráfico dos volume captado e consumido e lançamento de carga orgânica por segmento de

usuários nos municípios da Bacia PJ, no ano de 2016. Fonte: Agencia das Bacias PCJ (2016). Org.: Garofalo, 2017.

No contexto da Bacia PJ o segmento Saneamento é responsável pelos maiores volumes de captação e de consumo, com mais de 60% do total, seguido pelo Agropecuário e Indústria (Figura 2.11). Com relação ao lançamento de carga orgânica, o segmento Saneamento também é o mais representativo, seguido dos segmentos Outros, Indústria e Agropecuário, respectivamente (Tabela 2.11 e Figura 2.11).

Tabela 2.11 - Volume captado e consumido e lançamento de carga orgânica por segmento na Bacia PJ, no ano

de 2016.

Município Volume (m³) - 2016

Finalidade Saneamento Indústria Agropecuário Outros Total

Bacia PJ

Captação 4.784.644,80 990.499,12 1.586.976,00 27.783,36 7.389.903,28 Consumo 1.896.480,00 746.747,15 386.244,00 5.224,95 3.034.696,10 Carga orgânica 332,18 143,62 118,81 180,25 774,85 Fonte: Agência das Bacias PCJ (2016). Org.: Garofalo, 2017.

No ano de 2016, os usuários cadastrados dentro dos limites da Bacia PJ totalizaram um volume de captação de 7.389.903,28m³ de água, com consumo de 3.034.696,10m³ de água e lançamento de 775m³ de carga orgânica.

Figura 2.11 - Gráfico dos volume captado e consumido e lançamento de carga orgânica por segmento na Bacia

PJ, no ano de 2016.

Fonte: Agência das Bacias PCJ (2016). Org.: Garofalo, 2017.

Conforme o Plano Diretor de Recursos Hídricos do município de Extrema, o rio Jaguari, na altura do exutório da Bacia PJ, apresenta uma disponibilidade hídrica da ordem de 9.364,3m³/h, que totaliza aproximadamente 82.031.268m³/ano, enquanto que as sub-bacias inseridas no município de Toledo, que não desaguam no rio Jaguari, totalizam uma disponibilidade hídrica da ordem de 1.131,33m³/h, totalizando 9.910.450,8m³/ano. Somando estas duas vazões anuais, a Bacia PJ apresenta uma vazão anual de aproximadamente 91.941.718,8m³/ano. Desta forma, a captação total realizada pelos usuários cadastrados na Bacia PJ no ano de 2016 foi de apenas 8% da disponibilidade total da Bacia PJ.

Estes dados comentados acima mostram a relevância da Bacia PJ como fornecedora de água para o Estado de São Paulo, sendo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) a maior beneficiada. Este fato destaca a importância dos programas de incentivo à conservação, preservação ambiental e recuperação de APP.