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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

2. ÁREA DE ESTUDO

2.3 Dinâmica socioeconômica

2.3.1 Dinâmica econômica

Antes da duplicação da BR-381 (Rodovia Fernão Dias) a dinâmica econômica dos municípios inseridos na Bacia PJ tinha como base principal os setores agropecuário e de serviços (MORETTI, 2011; GAROFALO, 2013). Após as obras de duplicação BR-381 ocorridas entre 1995 e 2003, os municípios de Extrema e Camanducaia receberam empreendimentos industriais, com a instalação, em meados da década de 1990, de distritos industriais compostos por empresas dos setores alimentício, têxtil, de confecções, de papel e celulose, de borracha e plástico, de máquinas e equipamentos, entre outros (MORETTI, 2011).

O setor de serviços representa a maior fonte de arrecadação dos municípios integrantes da Bacia PJ, seguido dos setores industrial e agropecuário, respectivamente (Tabela 2.1 e Figura 2.5). O acesso facilitado a esta região, através da duplicação da BR-381, proporcionou um processo de expansão industrial e urbana e um incremento turístico aos municípios integrantes da Bacia PJ, alterando parcialmente a dinâmica econômica destes municípios, com um aumento exponencial da participação dos setores de base industrial e de serviços (Tabela 2.1 e Figura 2.5).

Embora a ativação destes dois setores econômicos ofusque a participação do setor agropecuário, deve-se destacar que este setor também foi altamente beneficiado com a duplicação da rodovia, pois resultou em melhoria do escoamento da produção agrícola destinada a centros consumidores, tornando mais competitivos os municípios integrantes da Bacia PJ.

Os dados da Tabela 2.1 e o gráfico da Figura 2.5 mostram que o município de Extrema apresentou evolução econômica muito superior aos demais municípios da Bacia PJ. Neste município, entre 2005 e 2014 o setor industrial cresceu 653,81% e o de serviços 822,79%. Além da acessibilidade às regiões metropolitanas de Belo Horizonte e São Paulo, Extrema

apresenta vários programas de incentivos fiscais (FONSECA, 2009). Estes incentivos têm atraído para o município várias empresas de grande porte, tais como Kopenhagen, Bauducco, Panasonic e Rexam, além de centros de distribuição e logística da Fiat, Centauro e Johnson & Johnson.

Tabela 2.1 - Arrecadação por setor da economia e produto interno bruto (PIB), por município da Bacia PJ.

Município Ano

Valor adicionado bruto (mil reais)

PIB (mil reais) Agropecuária Indústria Serviços Total

(mil reais) % (mil reais) % (mil reais) %

Toledo 2005 3.391 41,83 658 8,12 4.058 50,06 8.107 16.497 2010 4.268 30,57 1.770 12,68 7.924 56,75 13.962 29.008 2014 6.913 27,12 3.014 11,82 15.566 61,06 25.493 47.549 Sapucaí-Mirim 2005 6.732 30,08 3.555 15,88 12.094 54,04 22.381 33.839 2010 19.756 41,24 7.205 15,04 20.942 43,72 47.903 69.173 2014 9.387 18,14 6.820 13,18 35.527 68,67 51.734 81.443 Itapeva 2005 3.131 6,14 8.233 16,14 39.656 77,73 51.020 74.650 2010 4.009 4,60 20.623 23,67 62.499 71,73 87.131 123.770 2014 6.185 2,36 37.036 14,15 218.583 83,49 261.804 350.724 Camanducaia 2005 15.008 11,69 49.474 38,55 63.864 49,76 128.346 179.982 2010 41.178 15,17 108.527 39,97 121.810 44,86 271.515 354.581 2014 28.208 7,90 135.198 37,86 193.711 54,24 357.117 474.608 Extrema 2005 3.749 0,70 241.959 45,13 290.426 54,17 536.134 771.349 2010 4.053 0,30 694.356 51,80 641.968 47,89 1.340.377 1.884.764 2014 6.906 0,13 2.108.598 38,79 3.320.964 61,09 5.436.468 4.676.285

Fonte: IBGE Cidades - http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1, acessado em 11/04/2017. Org.: Garofalo, 2017.

Figura 2.5 - Arrecadação por setor da economia em municípios da Bacia PJ. Fonte: modificado de IBGE

Cidades (acessado em 11/04/2017). Org.: Garofalo, 2017.

Atualmente, Extrema conta com mais de 150 indústrias localizadas próximas à BR- 381 (Rodovia Fernão Dias), tornando o município o segundo maior polo industrial de Minas Gerais, se considerada a arrecadação do ICMS em relação à sua população.

Toledo foi o município da Bacia PJ que apresentou maior crescimento no setor agropecuário no período de 2005 a 2014, com aumento de 103,86%. Neste mesmo período

Sapucaí-Mirim apresentou aumento de 39,44%, Itapeva de 97,54%, Camanducaia de 87,95% e Extrema de 84,21%. Entretanto, entre 2010 e 2014 Sapucaí-Mirim mostrou decréscimo de 52,59% no setor agropecuário, assim como, Camanducaia, com 31,5% (Tabela 2.2). Este recuo do setor agropecuário nestes municípios pode estar relacionado à estiagem que assolou o sudeste brasileiro nos anos de 2013 e 2014, entre outros fatores.

Tabela 2.2 - Evolução dos setores econômicos dos municípios da Bacia JC entre 2005 e 2014.

Município Período Evolução econômica

Agropecuária Indústria Serviços PIB

Toledo 2005 a 2010 25,86% 169,00% 95,27% 75,84% 2010 a 2014 61,97% 70,28% 96,44% 63,92% 2005 a 2014 103,86% 358,05% 283,59% 188,23% Sapucaí-Mirim 2005 a 2010 193,46% 102,67% 73,16% 104,42% 2010 a 2014 -52,49% -5,34% 69,64% 17,74% 2005 a 2014 39,44% 91,84% 193,76% 140,68% Itapeva 2005 a 2010 28,04% 150,49% 57,60% 65,80% 2010 a 2014 54,28% 79,59% 249,74% 183,37% 2005 a 2014 97,54% 349,85% 451,20% 369,82% Camanducaia 2005 a 2010 174,37% 119,36% 90,73% 97,01% 2010 a 2014 -31,50% 24,58% 59,03% 33,85% 2005 a 2014 87,95% 173,27% 203,32% 163,70% Extrema 2005 a 2010 8,11% 186,97% 121,04% 144,35% 2010 a 2014 70,39% 203,68% 417,31% 148,11% 2005 a 2014 84,21% 771,47% 1043,48% 506,25% Total 2005 a 2010 128,87% 173,95% 108,52% 128,68% 2010 a 2014 -21,38% 175,16% 342,54% 128,77% 2005 a 2014 79,94% 653,81% 822,79% 423,14%

Fonte: IBGE Cidades - http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1, acessado em 11 de abril de 2017. Org.: Garofalo, 2017.

Na Bacia PJ, as atividades agropastoris são representadas, principalmente, por cultivos agrícolas temporários (milho, batata, feijão, tomate, mandioca, arroz, brócolis, couve-flor, cenoura e repolho) e por cultivos permanentes, como uva e laranja (MATTOS, 2011; IBGE, 2016) (Tabela 2.4 e Figura 2.6), além de pastagens, associadas à pecuária extensiva (Tabela 2.3) (IBGE, 2006). A silvicultura é representada pelo cultivo de eucalipto, pinus e outras espécies (IBGE, 2016) (Tabela 2.4 e Figura 2.6). A pastagem é o uso da terra que ocupa a maior área na Bacia PJ, com 30.201 ha, seguido pela silvicultura (5.932 ha), lavouras temporárias (3.165 ha) e lavouras permanentes (44 ha) (Tabelas 2.3 e 2.4 e Figura 2.6).

Tabela 2.3 - Área ocupada por pastagens nos municípios integrantes da Bacia PJ.

Município Pastagem (Área em hectares - 2006) Total Natural Plantada - degrada Plantada - em boas condições

Camanducaia 4.752 17 1.918 6.687 Extrema 5.944 160 977 7.081 Itapeva 5.398 184 1.934 7.516 Sapucaí-Mirim 2.352 44 2.595 4.991 Toledo 1.314 863 1.749 3.926 Total 19.760 1.268 9.173 30.201

Tabela 2.4 - Área ocupada por cultivos agrícolas e silvicultura nos municípios integrantes da Bacia PJ.

Município

Produção Agrícola e Silvicultura (Área em hectares - 2015)

Lavoura permanente Lavoura temporária Silvicultura

Uva Laranja Outros Total Batata Cebola Feijão Milho Tomate Outros Total Eucalipto Pinus Outras

espécies Total Camanducaia 3 0 0 3 620 3 160 380 6 0 1.169 2.248 1.667 355 4.270 Extrema 6 16 0 22 10 12 110 200 10 0 342 150 15 0 165 Itapeva 3 0 0 3 85 0 116 400 0 10** 611 60 2 0 62 Sapucaí-Mirim 0 4 12* 16 105 0 90 250 8 5*** 458 1000 150 223 1.373 Toledo 0 0 0 0 200 0 150 250 0 0 600 60 2 0 62 Total 12 20 12 44 1.020 15 626 1.480 24 15 3.165 3.518 1.836 578 5.932

Onde: * (5 hectares de maçã, 4 hectares de pêssego e 3 hectares de tangerina); ** (10 hectares de mandioca); *** (5 hectares de arroz). Org.: Garofalo, 2017.

Camanducaia destaca-se como o município da Bacia PJ com maior área destinada a silvicultura e a lavouras temporárias. No ano de 2015, mais de 4.000ha do município eram destinados ao plantio de eucalipto e pinus, enquanto que aproximadamente 1.000ha serviam ao cultivo de batata e milho (Tabela 2.4). Itapeva é o município da Bacia PJ com maior área com fins agropecuários, com 611 ha destinados à cultivos temporários – destaque para os cultivos de milho e feijão (Tabela 2.4) e 7.516 ha destinados às pastagens, as quais são utilizadas para criação de gado de corte e leiteiro.

Figura 2.6 - Diagrama da área ocupada por cultivos agrícolas e silvicultura nos municípios integrantes da Bacia

PJ. Fonte: IBGE Cidades - http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1, acessado em 11/04/2017. Org.: Garofalo, 2017.

O potencial turístico da Bacia PJ tem sido explorado cada vez mais pelos municípios nela compreendidos, fato este que tem colaborado para o crescimento na arrecadação do setor de serviços, sobretudo pelo ecoturismo, turismo de aventura, hoteleiro e gastronômico (SETTE et al., 2014). O alto potencial turístico da Bacia PJ deve-se principalmente à ocorrência de remanescentes florestais situados em áreas de relevo montanhoso com altitude acima dos 1.000 metros, proporcionando temperaturas médias anuais amenas, além da ocorrência de afloramentos rochosos em seus diversos morros e a presença de diversas cachoeiras e trechos de corredeiras no rio Jaguari e afluentes.