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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2 Parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água superficial do canal principal das sub-bacias hidrográficas amostradas

5.2.4 Análise por parâmetro de qualidade da água 1 Propriedades físicas

5.2.4.2 Propriedades químicas 1 pH

O pH das águas das sub-bacias apresentou valores ligeiramente mais ácidos no período chuvoso. Tal comportamento é um indicativo da inter-relação do valor de pH com a quantidade de precipitação, tornando as águas das sub-bacias mais ácidas e oxidantes no período chuvoso, e mais básicas e redutoras no período de estiagem (YOSHINAGA, 1990). Também pode estar relacionado com o embasamento litológico da Bacia PJ, principalmente no período de estiagem, Inverno e, durante o Outono e Primavera. Nestes períodos, os menores valores de pH foram observados nas sub-bacias da porção sudeste, que têm como base litológica o Granito Gonçalves, que tende a ser ácido devido à grande presença de quartzo. No período seco os valores de pH variaram de 6,54 a 7,67 e no período chuvoso variaram de 6,27 a 7,46 (Figuras 5.47), dentro do intervalo de 6,0 a 8,5, adequado à manutenção da vida aquática (LIBÂNIO, 2010).

Figura 5.47 - Mapa do pH das águas do canal principal das sub-bacias amostradas nos períodos seco (A) e

O pH das águas superficiais das sub-bacias amostradas apresentou valores menores, tanto no período chuvoso quanto no seco, nas sub-bacias da porção sudeste da Bacia PJ, com tendência de aumento para as sub-bacias da porção central, com pequena queda da porção central para as sub-bacias da porção oeste, tal como pode ser observado nos gráficos de tendência da Figura 5.47 e no gráfico da Figura 5.48.

Figura 5.48 - Gráfico de boxplot mostrando a variabilidade de pH* das águas das sub-bacia amostradas nos

quatro períodos. * 4 períodos sazonais.

Durante a Primavera, seco para chuvoso, a sub-bacia 10 apresentou pH abaixo de 6 em duas das três análises, com valores 5,8 e 5,7 (Apêndice I). Na média anual o pH das águas apresentou valores próximos da neutralidade, tendendo a ser mais ácidos nas sub-bacias da porção sudeste, mais básicos nas sub-bacias das porções centro-oeste e mais neutros nas sub- bacias da porção oeste e centro-leste (Figuras 5.48 e 5.49).

Figura 5.49 - Mapa do pH médio anual das águas do canal principal das sub-bacias amostradas e gráfico de

5.2.4.2.2 Oxigênio dissolvido

As maiores concentrações de Oxigênio Dissolvido durante o Inverno foram observadas nas sub-bacias de maior altitude, que correspondem às localizadas na porção sudeste. Já nas amostragens realizadas no Verão, a concentração de Oxigênio Dissolvido foi mais homogênea entre as sub-bacias, sendo que as sub-bacias referentes aos pontos 7 e 8 apresentaram valores abaixo de 6 mg/L (Figura 5.50). Quanto a variação de concentração média entre estes dois períodos, as sub-bacias localizadas na porção sul apresentaram diferença negativa do Verão para o Inverno, enquanto que a variação nas sub-bacias da porção norte foi positiva. O ponto 9 não apresentou variação de concentração entre o Inverno e o Verão e o ponto 11 apresentou variação de apenas 0,1 mg/L (Figura 5.50).

Figura 5.50 - Mapa da concentração de OD nas águas do canal principal das sub-bacias amostradas nos períodos

Durante o Outono os pontos 1 e 2 apresentaram valores de OD abaixo do limite mínimo estabelecido pela Resolução CONAMA nº 357, de 2005, que é de 5 mg/L, enquanto que os pontos 10 e 11 chegaram a apresentar concentrações superiores a 7,5 mg/L no mesmo período (Figura 5.51). A sub-bacia que mais tendeu à normalidade foi a referente ao ponto 10.

Figura 5.51 - Gráfico de boxplot mostrando a variabilidade de OD das águas das sub-bacia amostradas nos

quatro períodos.

As sub-bacias da porção sudeste apresentam média anual de OD superiores à 7 mg/L, com média de 7,69 na sub-bacia 12 (Figuras 5.51 e 5.52). A média anual de OD indica que este tende a diminuir de leste para oeste, conforme pode ser observado no mapa e no gráfico de tendência da Figura 5.52. Esta variável apresenta correlação negativa com área urbana (r = -0,92), pastagem (r = -0,9), cultivos agrícolas (r = -0,86) e coeficiente de manutenção (r = - 0,87). Apresenta correlação positiva com vegetação florestal (r = 0,92), densidade de drenagem (r = 0,88) e Textura Topográfica (r = 0,9).

Figura 5.52 - Mapa da concentração média anual de OD das águas superficiais do canal principal das sub-bacias

5.2.4.2.3 Nitrato

Durante o Inverno, as sub-bacias com as maiores concentrações de nitrato foram aquelas localizadas na porção central da Bacia PJ. A variabilidade do nitrato durante o Inverno indica que para este período a maior concentração de nitrato nas sub-bacias da porção central pode ser decorrente de despejos domésticos e efluentes industriais, por estas sub- bacias serem correspondentes ao eixo de influência da BR-381 (Rodovia Fernão Dias), que concentra áreas urbanas e bairros rurais (Figura 5.53).

Tal fato, associado à baixa vazão dos canais neste período, tende a aumentar a concentração de nitrato. As maiores concentrações de nitrato durante o Verão foram observadas nas sub-bacias da porção oeste (Figura 5.53), que apresentam expressivas áreas ocupadas por cultivos temporários e pastagens. Com o aumento das chuvas neste período, fertilizantes utilizados na agricultura e excrementos de animais são lixiviados pelas chuvas para os rios, aumentando a concentração de nitrato nos corpos d’água, mesmo com a maior vazão.

Figura 5.53 - Mapa da concentração de nitrato nas águas do canal principal das sub-bacias amostradas nos

O Gráfico boxplot (Figura 5.54) e o mapa de concentração média anual de nitrato (Figura 5.55) evidenciam os valores mais elevados de nitrato nas sub-bacia centro-oeste e oeste na média anual e a baixa concentração nas sub-bacias na porção sudeste.

Figura 5.54 - Gráfico boxplot mostrando a variabilidade do nitrato* das águas das sub-bacia amostradas nos

quatro períodos. * 4 períodos sazonais.

As variáveis biofisiográficas que apresentaram maior correlação negativa com nitrato foram vegetação florestal (r = -0,95), silvicultura (r = -0,84), densidade de drenagem (r = - 0,74) e a unidade litoestatigráfica Granito Gonçalves (r = -0,92), que abrange quase que integralmente todas as sub-bacias da porção sudeste. Já as variáveis que apresentaram correlação positiva com nitrato foram área urbana (r = 0,8), cultivos temporários (r = 0,76), pastagem (r = 1) e densidade de vias de circulação (r = 0,72). Embora os valores médios anuais de nitrato sejam relativamente baixos em todas sub-bacias amostradas, as maiores concentrações ocorrem nas sub-bacias mais antropizadas, enquanto que as menores se dão nas que apresentam maior ocorrência de matas.

Figura 5.55 - Mapa da concentração média anual de nitrato nas águas do canal principal das sub-bacias

5.2.4.2.4 Cloreto

A concentração de cloreto (Cl-) não apresentou variações expressivas entre os períodos seco e chuvoso, sendo que as sub-bacias localizadas nas porções sudeste e sudoeste apresentaram maiores concentrações no período seco, enquanto que as sub-bacias da porção noroeste apresentaram maior concentração no período chuvoso (Figura 5.56). A maior concentração de Cl- durante o Inverno (Figura 5.56), em relação ao Verão, nas sub-bacias da porção sudeste pode estar relacionada às fontes de água subterrânea, podendo o cloreto, neste caso, ser proveniente da percolação da água através de solos e/ou rochas. Associada à menor vazão dos canais, a concentração de Cl- tende a aumentar nestas condições. Já o aumento dos valores de Cl- durante o Verão nas sub-bacias da porção noroeste pode ser decorrente de excrementos animais lixiviados pelas chuvas para os rios, uma vez que o uso da terra predominante nestas sub-bacias é a pastagem, corroborado pela alta correlação positiva entre cloreto e pastagem (r= 0,79).

Figura 5.56 - Mapa da concentração de cloreto nas águas do canal principal das sub-bacias amostradas nos

Nas sub-bacias das porções central e oeste a concentração média anual de Cl- ficou entre 1,5 a 4 mg/L, e entre 0,6 a 2 mg/L nas sub-bacias da porção sudeste (Figuras 5.57 e 5.58). Exceção foi a sub-bacia referente ao ponto 7, que apresentou em todas amostragens valores de cloreto superiores à 9 mg/L (Figura 5.57 e 5.58). Nesta sub-bacia está instalada uma agroindústria de médio porte (fábrica de picles), a qual pode estar relacionada com esta maior concentração de Cl- na sub-bacia correspondente. Todavia, embora a concentração média de cloreto nesta sub-bacia seja quase 3 vezes superior às concentrações das demais sub- bacias com maiores concentrações, os seus valores estão muito abaixo do limite máximo permitido pela Resolução CONAMA nº 357, de 2005, que é de 250 mg/L.

Figura 5.57 - Gráfico boxplot da variabilidade do cloreto das águas das sub-bacia nos quatro períodos.

A variabilidade de Cl- nas sub-bacias amostradas aponta que as concentrações médias anuais naquelas localizadas na porção sudeste tendem a ser de aproximadamente 1 mg/L, nas da porção central entre 2 e 3 mg/L e nas da porção oeste entre 3,5 e 4 mg/L. O ponto 7 apresenta concentração média anual perto de 10 mg/L (Figura 5.57 e 5.58).

Figura 5.58 - Mapa da concentração de cloreto nas águas do canal principal das sub-bacias amostradas e gráfico

5.2.4.3 Propriedades biológicas