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Demonstração de Resultado do Exercício (DRE)

2.5 Demonstrações Contábeis

2.5.1 Demonstração de Resultado do Exercício (DRE)

Martins et al, 2013, p. 560 destacam:

A Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) é a apresentação, em forma resumida, das operações realizadas pela empresa, durante o exercício social, demonstradas de forma a destacar o resultado líquido do período, incluindo o que se denomina de receitas e despesas realizadas.

Hoji (2001, p259) define a DRE como “uma demonstração contábil que apresenta o fluxo de receitas e despesas, que resulta em aumento ou redução do patrimônio líquido entre duas datas.”

Ross et al (2008, p. 26) aborda a DRE como um relatório que mede o desempenho em um período, em geral um trimestre ou um ano, de uma empresa e destaca a equação elementar: Receitas – Despesas = Resultados.

Assim, o relatório é apresentado de forma dedutiva, ou seja, inicia-se com a Receita Bruta e dela se deduz custo e despesas, a fim de apurar o lucro líquido sendo constituído pelos seguintes elementos: Receita Bruta; Cancelamentos e Deduções; Custo da Mercadoria Vendida (CMV) ou Custo do Serviço Prestado; Receita Líquida; Despesas Administrativas; Despesas Comerciais ou com Vendas; Despesas Financeiras Líquidas; Despesas Tributárias; Impostos; e Lucro Líquido (HOJI, 2001; ROSS et al, 2008).

Iudícibus e Marion (2011, p.53) alertam que “a DRE Completa, exigida por lei, fornece maiores minúcias para as tomadas de decisão: grupos de despesas, vários tipos de lucro, destaque dos impostos etc.”.

Deste relatório, é objeto de estudo: o Lucro Líquido (LL), o Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization (EBITDA) e o Earning Before Interest and Taxes (EBIT), variáveis independentes que constituem as hipóteses secundárias neste trabalho.

O Lucro Líquido (LL) é um indicador obtido diretamente da DRE e representa o resultado final do exercício social, que fica à disposição dos acionistas da

companhia, para ser distribuído e/ou para constituir Reserva de Lucros. Se o resultado final for Prejuízo Líquido, poderá ser compensado na Reserva de Lucros constituída nos exercícios anteriores (HOJI, 2001, p. 262).

O quadro abaixo apresenta um modelo, elaborado considerando uma empresa industrial:

Quadro 1 - Modelo de DRE

Fonte: Iudícibus e Marion (2011, p. 53), adaptado pelo autor.

O lucro líquido nas pesquisas empíricas, conforme já mencionado, tem se constituído em informação relevante para prever fluxos de caixa futuros e explicar o preço das ações.

No entanto, seu uso de forma isolada, como único indicador requer cuidados, pois não considera as diferenças entre regime de caixa e competência, bem como não desconsidera os efeitos da depreciação e da amortização, o que pode distorcer as previsões (valor preditivo) e comprometer a confirmação das expectativas anteriores (valor de feedback), o que impacta na sua relevância.

Neste aspecto, o EBTIDA ou Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (LAJIDA), bem como o EBIT ou Lucro Antes de Juros e Impostos (LAJIR) apresentam uma tentativa de aproximação do fluxo de caixa das operações e

Receita Bruta de Vendas - Deduções

= Receita Líquida

- Custo dos Produtos e Serviços = Lucro Bruto

- Despesas Operacionais Despesas com vendas

Despesas gerais e administrativas Despesas financeiras líquidas = Lucro Operacional

- Impostos de renda e Contribuição Social = Lucro Líquido

se constituem em indicadores de desempenho calculados a partir da DRE, cujas definições são apresentadas na Instrução nº 527 da CVM, artigo 3º:

I - LAJIDA - resultado líquido do período, acrescido dos tributos sobre o lucro e das despesas financeiras líquidas das receitas financeiras, das depreciações, amortizações e exaustões;

II - LAJIR - resultado líquido do período, acrescido dos tributos sobre o lucro e das despesas financeiras líquidas das receitas financeiras.

Silva (2006, p. 221) destaca que estas medidas representam o desempenho operacional da companhia, onde o EBITDA “considera as receitas operacionais líquidas, menos os custos e as despesas operacionais, exceto as depreciações e amortizações” e o EBIT incluem as despesas com depreciações e amortizações, conforme demonstrado nos quadros 2 e 3:

Quadro 2 - Cálculo do EBITDA

Fonte: Frezzati e Aguiar (2007, p. 13).

Quadro 3 - Cálculo do EBIT

Fonte: Elaborado pelo autor.

Sobre o EBITDA Frezatti e Aguiar (2013, p. 13) observam que:

[...] a pretensão é que se obtenha uma aproximação com o fluxo de caixa operacional. De qualquer forma, o fato de não considerar as alterações das contas do capital circulante líquido (ativo e passivo circulantes) a proxy se constitui em algo que já prevê margem de erro na apuração.

Lucro Líquido do Período + Depreciação e Amortização + Despesas Financeiras

+ Imposto de Renda e Contribuição Social

= EBITDA

EBIT

+ Depreciação e Amortização

Neste sentido, Salotti e Yamamoto (2005) no estudo empírico, apresentado no 5º Congresso USP de Contabilidade e Controladoria, testam conceitualmente e estatisticamente se o EBITDA é uma aproximação do FCO e concluem, após análise de amostra composta por 70 companhias que voluntariamente publicaram a DFC, que o EBITDA não pode ser considerado como uma aproximação do FCO.

Posteriormente, o estudo empírico de Silva et al (2012), que envolveu análise de 26 empresas no período de 2005 a 2007 para analisar a relevância das informações contábeis para o Mercado de Capitais, ratificou a conclusão acima mencionada que o EBITDA não se constitui em informação relevante para o Mercado de Capitais e adicionalmente o FCO traz conteúdo informacional não contemplado pelo EBITDA.

É importante observar que tais conclusões podem ser estendidas ao EBIT tendo em vista que conceitualmente estão fortemente correlacionados.

Desta forma, justifica-se a constatação realizada por Frezatti e Aguiar (2013, p. 13): “os clássicos de finanças e contabilidade não destacam o EBITDA, quando muito se limitam a mencionar e explicitar o seu cálculo.”

Em que pese às evidências, o EBITDA conquistou grande predileção entre os analistas pela sua facilidade de utilização e comparação das empresas:

Apesar de pouco tratado pelos autores clássicos, de acordo com Eastman (1997, p. 12-14), é o indicador favorito dos analistas de mercado de capitais e é a mais popular medida de geração do fluxo de caixa entre os agentes de crédito. (FREZATTI e AGUIAR, 2013, p. 13)

Percebe-se, nesta situação, o embate entre o conhecimento científico e o conhecimento popular, que por excelência é falível e inexato, já que não problematiza, não questiona e, no âmbito, do Mercado de Capitais, compromete, pois o EBITDA traz conteúdo assimétrico, tendo em vista que, a exemplo do Lucro Líquido não considera as variações do ativo e do passivo circulante, aspecto contemplado no FCO apresentado na Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC).

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