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A densidade de drenagem e de fotolineamentos é reconhecidamente, uma das variáveis mais importantes para a análise morfométrica do relevo, evidenciando o grau de dissecação topográfica, em paisagens elaboradas pela atuação fluvial, ou expressando a quantidade disponível de canais para o escoamento e o controle exercido pelas estruturas geológicas, reativadas ou sobreimpostas, sobre a compartimentação hidrográfica (Christofoletti, 1979 e 1983). O primeiro a isolar e estudar esse parâmetro foi Neuman (1900 apud Christofoletti 1979; 1983) que assinalou os principais fatores que influenciam sobre as diferenças na densidade de drenagem, como a declividade das vertentes, a cobertura vegetal, o tipo de substrato geológico e o fator mais importante: a precipitação.

Autores como Ross (1996) e Christofoletti (2000) afirmam ainda que o estudo da densidade de drenagem torna-se de fundamental importância para a caracterização e delimitação inicial de áreas cuja morfogênese se pretenda estudar, já que os parâmetros morfométricos fazem parte de uma das etapas na construção do mapeamento geomorfológico de detalhe. Com o cruzamento de dados de densidade de drenagem ao substrato geológico, estabelecer um vínculo formativo entre a concentração de anomalias e regularidades dos padrões de drenagem no gráben.

A identificação e classificação dos padrões e arranjos espaciais da rede de drenagem, bem como a disposição espacial dos cursos fluviais podem ser influenciados pela disposição das camadas de rochas, assim como pela topografia, área e forma da bacia hidrográfica e cobertura vegetal (CHRISTOFOLETTI, 1980). A densidade de drenagem é uma das váriáveis mais importantes para a análise morfométrica das bacias hidrográficas, e representa o grau de dissecação topográfica das paisagens elaboradas pela ação fluvial (CHRISTOFOLETTI, 1980).

A premissa de que a densidade de drenagem pode indicar a ação de controles regionais, além do clima, sobre a rugosidade da paisagem é classicamente reconhecida em geomorfologia. Segundo Macka (2001), em revisão detalhada do tema, controles particularmente importantes sobre o índice morfométrico supracitados são a permeabilidade e

a resistência da litologia face ao intemperismo e erosão, que afetam diretamente a taxa de escoamento superficial e sub-superficial e, portanto, a rugosidade aparente do terreno. Essas premissas vêm sendo testadas em trabalhos como o de Bistrichi (2001) que aplicou índices morfométricos à análise do relevo, buscando definir vínculos formativos entre os padrões morfológicos e unidades estratigráficas cenozóicas.

A densidade de drenagem é uma técnica importante para a análise morfométrica do relevo, evidenciando o grau de dissecação topográfica, atuando como um elemento que expressa as características texturais das formações superficiais: manto de intemperismo, colúvios, sedimentos aluviais, etc. A referida técnica expressa a quantidade disponível de canais para o escoamento e o controle exercido pelas estruturas geológicas, reativadas ou sobreimpostas, sobre a compartimentação hidrográfica (CHRISTOFOLETTI, 1981).

A aplicação dos índices de densidade de drenagem permite a individualização de áreas anômalas de alta ou baixa densidade de drenagem, que podem estar refletindo diversos tipos de influências, tais como as neotectônicas (HIRUMA e PONÇANO, 1994). Hiruma (1999) demonstrou ainda que os métodos de análise morfométrica podem ser aplicados a todos os elementos lineares da paisagem geomorfológica. Além disso a densidade de drenagem também reflete o escoamento e permite, até mesmo, avaliar os níveis de equilíbrio ambiental de uma paisagem. Christofoletti (1980) destaca a importância da densidade de drenagem, descrevendo-a como variável potencialmente significativa e útil aos estudos de geomorfologia básica e aplicada.

Desta forma, mediante o emprego dos parâmetros de análise propostos por Christofoletti (1980), foi possível estabelecer quais fatores exercem maior influência sobre a organização da drenagem.

Adiante, foram estabelecidos os índices de densidade de drenagem a partir da confecção de uma malha quadrática de amostragem, sobre a carta digitalizada, com células de 1 km x 1 km. Em seguida foram realizadas as medições dos segmentos de drenagem contidos em cada célula no ambiente do software Autocad 2005. Os índices de densidade foram obtidos para cada célula mediante o uso da seguinte fórmula de acordo com a proposta metodológica de Christofoletti (1980):

Dd = Lc / Ac ... (1)

Onde Dd é igual a densidade de drenagem, Lc é o somatório do comprimento de todos os canais encontrados em cada célula e Ac é a área da célula.

Obteve-se um total de 3025 pontos de densidade de drenagem para a Folha Sapé, que posteriormente foram unidos em um mapa de linhas de isovalores confeccionado com o uso do software SURFER 8.0 e do software ArcGis 9.1. Por fim, fez-se a sobreposição dos mapas geológicos e de densidade de drenagem, a fim de elucidar uma possível correlação formativa entre o controle lito-estrutural e morfológico sobre a concentração dos elementos de drenagem e lineamentos.

Essa metodoloia tem sido bastante utilizada em trabalhos cujo enfoque, é a evolução da paisagem e reconstrução paleoambiental no Sudeste e Nordeste Brasileiro, vide os trabalhos de Hiruma (1999); Missura, (2007); Silva (2007); Mutzenberg (2007).

A densidade de fotolineamentos é uma técnica importante para a análise morfométrica do relevo e da drenagem, revelando quais são os direcionamentos que a estrutura possui, assim como se há um controle dos compartimentos morfoestruturais sobre a sedimentação recente do gráben e a rede hidrográfica da área. Para a realização da identificação dos lineamementos do relevo e da drenagem, inicialmente foi realizada a identificação dos lineamentos referidos a partir da interpretação de imagens de satélite LANDSAT 5 TM, e Imagens do SRTM de resolução espacial de 90 metros. A extração dos fotolineamentos aparentes foi realizada conforme a metodologia adotada por Riccomini & Crosta (1988), sendo possível fazer a análise das feições lineares do relevo e da drenagem, e sua relação com a reconstrução de eventos neotectônicos e o conseqüente desencadeamento dos processos erosivos e deposicionais. Após a extração dos fotolineamentos, foi construída uma planilha com as medições de todos os lineamentos de relevo, e posterior confecção de um gráfico de isovalores de densidade de fotolineamentos no software Arcgis 9.2. A partir dos dados obtidos, foram gerados diagramas de roseta utilizando-se o software Excel. Por fim os diagramas foram editados e arte-finalizados no software Corel 12. Esta técnica tem sido utilizada em trabalhos no Sudeste do Brasil, afim de correlacionar os dados de assimetria, lineamento de drenagem e lineamentos de relevo, exemplos desta metodologia podem ser ecnontradas nos trabalhos de Hiruma e Ponçano (1994), Hiruma (1999) e Missura (2006). Esses procedimentos foram de importância fundamental visto que a partir da análise dos lineamentos e suas direções preferenciais foi possível perceber vínculos entre estas e a distribuição dos padrões de relevo e da sedimentação neocenozóico confinada ao Gráben do Cariatá.