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COMPARTIMENTAÇÃO MORFOTECTÔNICA

Inicialmente foi realizado um mapeamento geomorfológico em meso-escala, a 1:100.000, com base na análise da folha Sapé, da SUDENE. O mapeamento seguirá as normas estabelecidas pela comissão de mapeamento geomorfológico de detalhe da UGI (União Geográfica Internacional), como detalhado em Demek (1972). Esta metodologia favorece o uso de quatro elementos para o entendimento das peculiaridades geomórficas da área: morfometria, morfologia, gênese e cronologia relativa. O detalhamento do mapeamento geomorfológico do gráben permite uma visualização individual das morfologias denudacionais e seus respectivos condicionantes morfoestruturais.

A mesma comissão, no entanto, alerta que não se deve tomar o mapeamento como um documento isento de falhas, isto seria desconsiderar os limites do próprio método de aquisição

de dados em campo e gabinete. Procura-se, no entanto elaborar uma representação que aponte em linhas gerais as subordinações entre a forma, suas dimensões, materiais formadores e processos vigentes e pretéritos.

Os modelos numéricos foram extraídos a partir de imagens da Shuttle Radar

Topography Mission (SRTM), com resolução espacial de 90m, referente à folha SB.25.Y-C

(MIRANDA, 2005). Neste trabalho, as informações utilizadas foram o modelo digital de elevação (MDE) e a distribuição de isoípsas extraídas do MDE em ambiente ArcGis, versão 9.3 (licença do Grupo de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento da UFPE). Os planos de informação do MDE e das isoípsas foram correlacionados com dados temáticos de Geologia da folha Natal (CPRM, 2007). O mapa geomorfológico foi confeccionado através da edição de vetores seguindo o raciocínio hipotético-dedutivo mencionado anteriormente. O sistema de coordenadas utilizada para elaboração dos mapas foi o LAT/LONG Datum WGS 1984.

Visando dar prosseguimento às atividades de mapeamento geomorfológico da área foram utilizadas técnicas de geoprocessamento, com o auxílio dos softwares ArcGis 9.2, utilizando-se como base cartográfica a Folha Sapé, da SUDENE (SB.25-Y-C-II) 1:100.000 e imagens SRTM (Shuttle Radar Topographic Mission) de resolução espacial de 90 metros. Algumas dessas técnicas encontram-se bem descritas em vários trabalhos sobre morfotectônica e mapeamento geomorfológico, a exemplo de Deffontaines (1990) e Riley & Moore (1993).

O mapeamento morfoestrutural na área em questão e, em virtude da escala de trabalho escolhida, acredita-se que os controles tectônicos recentes, Cenozóicos e Neo-Cenozóicos, comandam a compartimentação dos diversos blocos que estruturam o relevo. Os limites entre as unidades estão muitas vezes condicionados por lineamentos regionais, que se expressam, sobretudo a partir do controle que exercem sobre a rede de drenagem. Esta hipótese foi testada ao serem observados os fotolineamentos inferidos para a área. Para a realização de tal procedimento foi feito um modelo digital do terreno e de paleosuperfícies (Deffontaines, 1987; Johanson, 1999) em escala mesorregional a partir da folha Sapé, da Sudene, em escala de 1:100.000.

O método de paleosuperfícies visa reconstruir a paisagem geomorfológica a partir da movimentação relativa de blocos tectônicos. Este método encontra-se detalhado em Deffontaines (1987) e Johanson (1999). Tomando-se como base a seleção de determinado número de pontos cotados, e sua digitalização, pode-se restabelecer o comportamento das superfícies de cimeira de blocos adjacentes, antes que sobreviesse a dissecação

contemporânea. A escolha dos critérios de seleção dos pontos é essencial porque todos os resultados dependem dela. A seleção dos pontos cotados representa um limite intrínseco imposto pelo próprio método de paleosuperficies. No exemplo estudado, foram selecionados todos os pontos cotados sobre a folha Sapé da SUDENE, que correspondem aos pontos mais elevados, além daqueles encerrados por uma curva de nível. Os pontos selecionados foram digitalizados em planilha do programa Surfer 8 e do ArcGis 9.2, a fim de fornecer um modelo digital do terreno, a partir do qual se definirão os limites entre as paleosuperfícies e os blocos que as sustentam. A digitalização dos pontos gerará um modelo digital do terreno (MDT) que será uma peça chave para a interpretação da compartimentação morfotectônica do gráben do Cariatá.

Estes modelos assumem grande relevância para os estudos relacionados aos processos de evolução da paisagem e a ocorrência de processos deposicionais vinculados à atuação da dinâmica morfoestrutural. Dessa forma, os mesmos podem contribuir para a elucidação dos processos pelos quais a paisagem geomorfológica foi influenciada durante os eventos formadores das coberturas sedimentares que se depositaram no gráben do Cariatá e que atualmente estruturam alguns dos compartimentos de relevo confinados por essa unidade morfoestrutural.

A análise morfotectônica foi baseada na identificação de anomalias geomorfológicas. Estas feições foram sugeridas primeiramente por Goy et al. (1991) e indicam a ocorrência de atividade neotectônica. Também foram analisadas feições associadas à falhamentos como facetas triangulares e trapezoidais (WALLACE, 1978), Shutter Ridges (COTTON, 1948), escarpas (STEWART & HANCOCK, 1990 E 1991), capturas de drenagem (BIANCOTTI, 1979), depósitos superficiais deformados (VERSTAPPEN, 1983), anfiteatros de erosão, cristas, vales assimétricos e vales lineares.

Para a identificação das feições morfotectônicas, foram utilizadas imagens de satélite do LANDSAT 5 TM, adquiridas através do site do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e manipuladas através do demonstrativo do software Erdas 9.3. Foi realizada uma divisão por compartimentos do gráben, dividindo em setores Norte, Sul e Leste, de acordo com os atributos relevantes para compreensão da história geomorfológica e morfotectônica da área de estudo. Posteriormente foram identificadas feições morfotectônicas no software ArGis 9.3. Para a identificação das evidências deformacionais recentes fez-se uso de imagens LANDSAT 5 TM, ano de 2007. Foi feito um empilhamento de bandas 1 a 5 e 7 e a composição utilizada foi a 753, para assim poder visualizar as feições morfotectônicas, como

capturas de drenagem, vales retilíneos, facetas triangulares e trapezoidais, cristas, anfiteatros de erosão, que foram identificadas segundo metodologia de Hiruma (1999) e Missura (2006).