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Densidades dos povoamentos florestais

No documento Bases de ordenamento florestal (páginas 138-140)

Parte VII – Propostas de intervenção para a região PROF

14. Modelos de silvicultura

14.6 Descrição do modelo geral de silvicultura

14.6.2 Modelos gerais de silvicultura à escala do povoamento

14.6.2.3 Densidades dos povoamentos florestais

A selecção da densidade inicial, compreendendo o número de árvores por hectare e o compasso, é um compromisso técnico-económico.

Nos povoamentos puros as densidades iniciais condicionam em primeira análise a distribuição espacial, da qual dependem as interacções de competição que influenciam os padrões de crescimento e de desenvolvimento do povoamento. Da mesma forma nos povoamentos mistos as densidades iniciais condicionam a distribuição espacial. No entanto, neste caso há que atender ao arranjo espacial das várias espécies que compõem a mistura e da sua proporção relativa. Embora os padrões de competição, de crescimento e de desenvolvimento possam ser previstos, dada a maior variabilidade, a sua análise é menos evidente.

Por estas razões, a selecção da densidade inicial deve ter em consideração a estrutura, o regime, a composição, e no caso dos povoamentos mistos o grau e forma de mistura, a regeneração, as produções que se pretendem obter e as características da estação. Assim, nos povoamentos de alto fuste regular podem utilizar-se densidades iniciais mais elevadas quando o objectivo seja a produção de madeira, com vista à promoção do crescimento em altura e desramação natural, ou a produção de biomassa por unidade de área.

No regime de talhadia, especialmente em rotações curtas, pode-se utilizar uma densidade inicial elevada, principalmente quando o objectivo é a produção de biomassa ou de madeira de pequenas dimensões.

Na instalação de povoamentos florestais para produção de casca ou fruto sugerem-se compassos mais largos, cujo objectivo é promover o acréscimo em diâmetro e copa, com vista à antecipação da produção.

Em povoamentos cuja produção principal é a protecção as densidades deverão ter em consideração as especificidades dos ecossistemas a proteger. No caso

Modelos de silvicultura

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particular das cortinas de abrigo e das galerias ripícolas as densidades devem ser adaptadas à função pretendida. São sistemas conduzidos em regime de alto fuste, talhadia ou talhadia composta.

Nas cortinas de abrigo a densidade inicial deve promover a formação de uma barreira porosa que é atravessada pelo vento, mas diminuindo-lhe a velocidade. Assim há que encontrar um compromisso entre a densidade e o padrão de crescimento das espécies e o regime.

Nas galerias ripícolas a densidade inicial assume marcada importância, dado que, para além de promover a protecção do curso de água e atenuação da sua velocidade em cheia, deve também ser um sistema que controle a carga combustível e, consequentemente, o risco de propagação do fogo. Neste caso há que ter em atenção a composição, padrão de crescimento das espécies e o regime. No quadro 56 apresentam-se valores indicativos das densidades iniciais, em número de árvores por unidade de área em função do modelo geral de silvicultura, onde assume marcada importância a composição, o regime, a estrutura e a produção principal.

Na elaboração do modelo de silvicultura para um dado povoamento, as densidades iniciais devem ser adaptadas às características edafo-climáticas da estação, às características ecológico-culturais das espécies, ao regime, à estrutura, à composição e às produções que se pretendem obter. Assim, a densidade inicial tem que ser equacionada para cada povoamento.

A densidade de um povoamento “adulto” ou em plena produção pode ser avaliada por diferentes parâmetros, nomeadamente número de árvores, área basal, volume ou grau de coberto, por unidade de área.

Quadro 56 – Densidades iniciais e do povoamento adulto Modelos de silvicultura Produção

principal Densidade inicial (arv/ha) Grau coberto, pov adultos (%) Sb1, Sb2 Cortiça 100-300 30-60 Sb3 Cortiça 100-400 30-60 Sb4, Sb5 Cortiça 30-60 Sb6 Silvopastorícia 20-40

Az1, Az2 Fruto 100-300 30-60

Az3 Fruto 100-400 30-60

Az4, Az5 Fruto 30-60

Az6 Silvopastorícia 20-40 Pm1, Pm2, Pm3 Fruto 100-300 30-60 Pm4 Fruto 100-400 30-60 Pm5 Lenho 800-1200 30-60 Pb1, Pb2, Pb3 Lenho 800-1200 40-80 Pb4 Lenho/biomassa 1000-2500 60-80 Ec1 Lenho 1000-1250 60-80

Ec2, Ec3, Ec4 Lenho 800-1200 40-80

Ct1 Fruto 80-100 40-60 Ct2, Ct3, Ct4, Ct5, Ct6 Lenho 800-1200 60-80 Qf1, Qf2 Fruto 100-300 40-60 Qf3, Qf4, Qf5, Qf6, Qf7 Lenho 800-1200 60-80 Qp1, Qp2 Fruto 100-300 30-60 Qp3, Qp4, Qp5, Qp6, Qp7 Lenho 800-1200 60-80

Ca1, Ca2, Ca3, Ca4 Lenho 800-1200 60-80

Fa1, Fa2, Fa3, Fa4 Lenho 800-1200 60-80

No1, No2, No3, No4 Lenho 800-1200 60-80

Cb1, Cb2, Cb3, Cb4 Lenho 800-1200 60-80

Ap1, ap2 Lenho 800-1200 60-80

Cup1 Protecção 800-1200 60-80

Cup2, Cup3 Lenho 800-1200 60-80

Ce Protecção 800-1200 60-80

Ci Protecção 800-1200 60-80

Ri Protecção 700-1000 60-80

Modelos de silvicultura ---

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O número de árvores por hectare dá indicação apenas do número de indivíduos existentes, não permitindo inferir em relação à ocupação. Parece, pois, mais indicado para povoamentos regulares com distribuição espacial regular, não se mostrando adequado para avaliar os povoamentos cuja produção principal seja casca, fruto, protecção e povoamentos em regime de talhadia ou com distribuição espacial irregular.

A área basal por hectare e o volume por hectare dão indicação da ocupação do povoamento. No entanto não permitem a distinção entre povoamentos com diferentes estruturas, ou seja não distinguem entre povoamentos com densidades elevadas e árvores de pequenas dimensões e povoamentos com densidades baixas e árvores de grandes dimensões.

Assim, área basal por hectare poderá ser utilizada nos povoamentos de produção de lenho e casca, mas dá poucas indicações em relação aos de produção de fruto e aos de protecção. Parece, pois, mais indicada para povoamentos regulares, puros ou mistos, desde que nestes últimos se calcule a proporção de área basal por hectare de cada espécie.

Pelas mesmas razões o volume por hectare é indicado para os povoamentos de produção de lenho, mas não para os de produção de casca, fruto e protecção. Parece, pois, mais indicado para povoamentos regulares para produção de lenho, puros ou mistos, desde que nestes últimos se calcule a proporção de volume por hectare de cada espécie.

O grau de coberto é sem duvida a medida de densidade que melhor caracteriza os povoamentos, independentemente da sua composição, regime, estrutura e produções, e de aferição mais expedita. Assim, adapta-se bem à produção de fruto, de casca, de lenho e de protecção. No caso dos povoamentos mistos haverá que determinar o grau e a forma de mistura. Nos irregulares poderá ter interesse a avaliação da distribuição espacial das classes de idade.

Assim, optou-se por seleccionar como medida de densidade para os povoamentos adultos o grau de coberto, apresentando-se no quadro 56, os valores indicativos em função do modelo de silvicultura, onde assume marcada importância a composição, o regime, a estrutura e a produção principal.

A opção por um determinado valor de densidade do povoamento adulto depende da densidade inicial, do modelo de silvicultura e de gestão do povoamento, definidos em função das características edafo-climáticas da estação, das características ecológico-culturais das espécies, do regime, da estrutura, da composição e das produções que se pretendem obter. Assim, a selecção da densidade de um povoamento adulto deverá ser equacionada para cada povoamento.

No documento Bases de ordenamento florestal (páginas 138-140)