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O DEOPS de São Paulo

CAPÍTULO I – A identidade entre as redes estaduais na consolidação de

1.4 O DEOPS de São Paulo

Se para BRETAS, a polícia de investigação surgiu em 1892 e o sistema foi moldado até se constituir a polícia política da década de 1920, para Regina Célia PEDROSO (2005), já na “Constituição Brasileira de 1824 a polícia esteve responsável pela ‘Salvação do Estado’, ‘Segurança Interna e Externa do

Divisão de Polícia Política e Social

Diretor Gabinete

Delegacia de Ordem Social Delegacia de Segurança Social

Cartório

Serviço de Investigações Serviços de Informações

Setores

Fiscalização de Trabalho St-1 Sr-1 Expediente

Ordem Pública St-2 Sr-2 Arquivo

Investigações St-3 Sr-3 Técnico

Serviços Especiais St-4 Sr-4 Controle Armas

Vigilância St-5 Sr-5 Secreto

(PEDROSO, 2005: 56). A primeira Constituição da República, de 1891, manteve a esta polícia a responsabilidade pela ‘Segurança Interna do País’, ‘Defesa Interna e Externa da União’, e ‘Segurança da República’; nas Constituições subseqüentes aparece a denominação de ‘Segurança Nacional’ [de 1934] como meta maior do seu trabalho; conceito este que receberá, de acordo com o momento político, ênfase maior da atuação ideológica e repressiva do Estado contra a ‘criminalidade’ circunscrita. (PEDROSO, 2005: 56).

A DEOPS de São Paulo teve sua criação a partir de 1924 com a lei n. 2304. Estava ligada ao Gabinete Geral de Investigações, subordinada ao chefe de polícia estadual, que por sua vez, estava subordinado ao secretário de justiça de segurança pública, conforme atribuiu

A formação de mais uma força policial – o Deops – refere-se à concretização de um modelo público repressivo delineado desde o início do século XX, com a militarização da Força Pública do Estado de São Paulo pela Missão Francesa de Instituição desse projeto, a polícia voltou-se para a formação ideológica e repressão política sistemática, já que foi no final dos anos 10 e início do 20 que os movimentos sociais reivindicatórios tomaram maior impulso na sociedade. Em 1928, a regulamentação de seu funcionamento foi efetivada, passando a delegacia a ser subordinada diretamente ao chefe de polícia. Mas, somente em 1930 é que foram delegadas atribuições específicas à Delegacia de Ordem Política e Social (Deops), além de permanecer novamente ao Gabinete Geral de Investigações. (PEDROSO, 2005: 112).

Assim, sob influência da Missão francesa, cujo princípio era a prevenção do crime político, essa Força Pública, “ao longo de sua história foi colocada numa estrutura militar – hierarquia, disciplina, armamento, uniforme” (FERNANDES, 1974: 209). Isto quando esteve na legalidade, pois em meados da década de 1940 trabalhou clandestinamente, subterraneamente, fazendo o serviço de Polícia Política Espião (PEDROSO, 2005:130).

Na década de 1930, se observa a seguinte distribuição na repartição policial (PEDROSO, 2005: 125):

Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça e Segurança

Chefe de Polícia (Repartição Central da Polícia)

Chefe do Gabinete de Investigação Delegados Especializados

- Segurança Pessoal - Ordem Política e Social

- Vigilância em Geral e Capturas-Furtos - Roubos

- Falsificação em Geral - Costumes e jogos

Em 1933, ainda com o objetivo de garantir uma melhor “administração” e um melhor “controle”, a DEOPS foi dividida em duas delegacias, a Delegacia de Ordem Política, subordinada ao Gabinete de Investigação, e a Delegacia Especializada de Ordem Social. (PEDROSO, 2005: 114) Em 1938, pelo decreto n. 9893-B, de 31 de dezembro:

Sob a ditadura do Estado Novo, a Delegacia de Ordem Política e Social tem seu organograma alterado, passando a ser supervisionada pela Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública. De modo geral, o órgão repressivo era constituído pelo Gabinete do Delegado, pelas delegacias de Ordem Política e Social, cada uma composta pelas seções de policiamento e investigações: o Cartório, a seção de Contabilidade, o Corpo de Segurança, o Serviço Reservado (mais tarde chamado de Serviço Secreto), Prisões e Portaria. Além das duas primeiras delegacias, o órgão também contava com mais duas especializadas: a Delegacia de Fiscalização de Explosivos, Armas e Munições e a Delegacia de Fiscalização de Entrada, Permanência e Saída de Estrangeiros. (PEDROSO, 2008: 114).

Em 1940, a Delegacia de Ordem Econômica e de Inquérito e o Serviço Secreto, criado sob o decreto n. 11782 de 30 de dezembro de 1940, estavam

mesmo período passou a denominar-se Superintendência de Ordem Política e Social. À Delegacia de Ordem Econômica e o Serviço Secreto e de Inquérito competia:

Prevenir e reprimir os delitos ligados à ordem política e social; proceder contra os crimes de ordem econômica; fazer o registro e fiscalização de hotéis, pensões e semelhantes; aplicar multas aos contraventores político-sociais; despachar os pedidos de autorização para realização de assembléias em sindicatos e sociedades; examinar, para remessa à justiça, os inquéritos referentes à ordem política, social e ordem econômica; proceder à fiscalização permanente de aeroporto, estações ferroviárias e rodoviárias; organizar escalas especiais para o policiamento de reuniões, comícios e manifestações autorizadas; entre outras. (PEDROSO, 2005: 119).

Em 1945, o Serviço Secreto foi subordinado à DOPS, visualizada a partir de um organograma que segue (PEDROSO, 2005: 127):

Repartição Geral de Polícia

Superintendência de Segurança Política e Social

Gabinete do Superintendente

Delegacia Especializada de Ordem Política e Social

Presídios

Delegacia Especializada de Explosivos, armas e munições.

Serviço Secreto Delegacia Especializada de Estrangeiros

Arquivo Geral Serviço de Identificação

As funções e a criação de departamentos e seções da polícia vigente em cada Estado têm as mesmas características, embora variem, por vezes, de ordem hierárquica e de posição, relativa a cada setor no interior da burocracia; além atuarem sob os auspícios das orientações nacionais. Esta condição vem do período de Vargas; e é mantido e aprofundado na segunda metade da década de 1950, ou seja, no período da presidência de Juscelino Kubitschek. Enquanto no Rio de Janeiro, é encontrada a Divisão de Polícia Política (DPS), dividida também em duas seções a de Ordem Social e a de Ordem Política; em São Paulo, as divisões são similares, por vezes idênticas. Porém, no lugar de se constituir Divisão como no Rio de Janeiro, a de São Paulo é uma delegacia (DOPS), bem como a de Pernambuco.

Segundo Aquino, na região centro-sul, até 1975 tal órgão era denominado Delegacia de Ordem Política e Social, portanto, a DOPS e, depois desta data, foi transformado em Departamento Estadual de Ordem Política e Social, portanto, “o” DEOPS (AQUINO, 2002: 20). Esta questão delimita a vinculação e a posição deste órgão na estrutura do sistema repressivo e com isso, define seu grau de autonomia e poder de decisão.