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DEPARTAMENTO DE GENÉTICA HUMANA

No documento Relatório de atividades 2017 (páginas 142-145)

17. DESEMPENHO DAS AÇÕES MAIS RELEVANTES REALIZADAS PELOS DEPARTAMENTOS TÉCNICO

17.4. DEPARTAMENTO DE GENÉTICA HUMANA

Dos factos/ações mais relevantes desenvolvidos pelo Departamento de Genética Humana podem ser salientados os que se encontram abaixo descritos.

Investigação do Instituto Ricardo Jorge abre possibilidade de nova estratégia terapêutica em diversos tipos de cancro

Uma investigação do departamento de genética humana do Instituto Ricardo Jorge permitiu identificar que a proteína mTOR, (mammalian

target of rapamycin) que se encontra

“hiperativada” na maior parte dos cancros e outras doenças humanas, como diabetes e doenças cardiovasculares, pode ser produzida no organismo através de um mecanismo alternativo da iniciação da síntese proteica. Esta descoberta abre a possibilidade para o estabelecimento de uma nova estratégia terapêutica em diversos tipos de cancro.

Os resultados publicados no artigo “Cap-independent translation ensures mTOR expression and function upon

protein synthesis inhibition” mostram também que este mecanismo se encontra ativo tanto em condições

normais, como em condições de baixa oxigenação, como é o caso dos tumores sólidos.

A proteína mTOR está envolvida na resposta celular a estímulos ambientais, fazendo parte de vias ou cascatas de sinalização dirigidas à regulação da expressão dos genes. Segundo Luísa Romão, investigadora do departamento de genética humana e uma das autoras deste trabalho, estas observações além de contribuírem para o conhecimento da regulação da expressão do mTOR podem também abrir a possibilidade de estabelecimento de uma nova estratégia terapêutica através da inibição da via alternativa de síntese desta proteína. “Têm sido desenvolvidos vários compostos para inativar a via de sinalização em que se insere o mTOR, estando alguns deles já a ser testados em ensaios clínicos. Dado que muitos desses compostos possuem alvos não específicos com potenciais efeitos adversos, a inibição direta do mTOR através da inativação do mecanismo alternativo da sua síntese pode ser a próxima forma de contrariar a hiper-ativação desta proteína em diversos tipos de cancro e, assim, bloquear a sua progressão”, explica a investigadora do Instituto Ricardo Jorge.

Estudo do Instituto Ricardo Jorge abre caminho a nova estratégia terapêutica para a anemia hereditária grave

Uma investigação do departamento de genética humana do Instituto Ricardo Jorge e do Weatherall Institute of Molecular Medicine da Universidade de Oxford permitiu delinear uma nova estratégia terapêutica para uma patologia designada talassémia de tipo beta. Esta descoberta decorre de um trabalho colaborativo, de vários anos, entre as duas instituições.

De referir que as talassémias (de tipo alfa ou beta) são anemias hereditárias graves que fazem parte do grupo das hemoglobinopatias, as doenças genéticas mais frequentes nas populações humanas. Para a grande maioria dos doentes não há cura efetiva e a morbilidade e mortalidade são elevadas, factos que ampliam a importância da nova estratégia, que o trabalho em análise, faz emergir.

A partir do estudo de uma família portuguesa com alfa-talassémia, os investigadores do Instituto Ricardo Jorge e do Weatherall Institute of Molecular Medicine conseguiram delinear uma nova estratégia terapêutica que assenta na edição do genoma através de uma tecnologia denominada CRISPR/Cas9 e demonstrar o seu potencial como futura terapia da beta-talassémia. Os resultados deste trabalho foram recentemente publicados na prestigiada revista Nature Communications no artigo intitulado “Editing an α-globin enhancer in

primary human hematopoietic stem cells as a treatment for β-thalassemia”.

Baseada no facto de a gravidade das talassémias depender sobretudo do desnível de abundância relativa dos dois tipos de subunidades (alfa ou beta) da hemoglobina, a nova estratégia consiste em introduzir, nas células precursoras dos glóbulos vermelhos dos doentes com beta-talassémia (com défice em cadeias beta), uma alteração genómica que diminui também o nível de cadeias alfa, reequilibrando assim o nível dos dois tipos de subunidade. Os investigadores acreditam que tal reequilíbrio tenha como consequência um alívio significativo dos sintomas da doença.

“Uma vez mais, a detalhada análise de casos clínicos atípicos se revelou muito importante para a descoberta de novos mecanismos de doença, abrindo a porta para a inovação terapêutica”, sublinha Paula Faustino (na foto), investigadora do Instituto Ricardo Jorge e co-autora deste trabalho.

Algumas outras atividades:

 No sentido de contribuir para o objetivo estratégico do Instituto Ricardo Jorge que visa promover a mudança e a modernização organizacional foi, no decurso de 2017, introduzida uma nova plataforma informática (Service Desk UTI) para envio, receção e gestão de pedidos de serviços de sequenciação e genotipagem.

 Validação, por Consórcio Europeu, da Unidade de Citogenética (UCI) enquanto laboratório apto para implementação do Rastreio pré-natal não invasivo (NIPT), através de Next-Generation Sequencing (NGS), no sangue materno de grávidas, a partir das 9 semanas de gestação, para as trissomias 13, 18 e 21.

 Procurando melhorar continuamente os serviços diferenciados por si prestados, o departamento de genética humana, deu continuidade, em 2017, à aposta na acreditação dos seus ensaios, tendo assegurado a acreditação de dois novos ensaios. Ainda no contexto dos serviços diferenciados, destaque para o desenvolvimento e disponibilização, através da sua unidade de rastreio neonatal, metabolismo e genética, de um novo método de diagnóstico bioquímico e molecular para a doença de Niemann-Pick tipo C. Esta nova metodologia, mais rápida e sensível, é única em Portugal.

 O Departamento de Genética Humana recebeu, durante 2017 e no âmbito da sua participação na avaliação externa da qualidade efetuada pelo European Molecular Genetics Quality Network (EMQN) o reconhecimento de melhor relatório. Esta distinção foi atribuída quer à Unidade de Genética Molecular (UMO) para os testes genéticos BRCA2 relativo ao cancro da mama e APC relativo à Polipose adenomatosa familiar, e à UCI para o estudo do Síndrome de Beckwith-Wiedemann.

17.5. DEPARTAMENTO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS NÃO

No documento Relatório de atividades 2017 (páginas 142-145)