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Política de tolerância zero

5. IMPACTO DO RECEPTIVO INTERNACIONAL NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE PERNAMBUCO

5.5 Desafios e Oportunidades

A análise comparativa sobre o desenvolvimento do turismo nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e especialmente Pernambuco, revelou a existência de falhas estruturais na exploração dessa atividade, tornando-se imperativa, portanto, a efetivação de vários ajustes para se tornar competitiva internacionalmente.

Alguns estados, como a Bahia e Rio Grande do Norte, já perceberam a dimensão dessas dificuldades, verificando ainda que o momento é favorável para

renovação constante do modelo, daí porque estão realizando um grande esforço para superarem os gargalos, o que permite um avanço mais rápido na estruturação e capacitação interna, e a conseqüente conquista de melhores resultados no turismo receptivo internacional. Enquanto isso, Ceará e Pernambuco hesitam diante de oportunidades, porque ainda não conseguiram implantar um modelo eficiente de planejamento turístico, além de se depararem com enormes dificuldades de sinergia nas ações promovidas pela gestão pública dos respectivos estados e capitais.

Essas condições poderiam ser explicadas apenas através de observações empíricas, que foram amplamente exploradas no presente estudo. Contudo, para uma comprovação científica dessas observações foi usada ferramenta matemática DEA – Data Envelopment Analysis, ou simplesmente Análise Envoltória de Dados, para avaliar a eficiência de cada unidade, comparando-as entre si. Além desses componentes teóricos, foram entrevistadas várias autoridades do trade turístico, cujas informações foram extremamente úteis para a comprovação dos fatos teóricos.

No contexto geral, foram estudadas diversas condições que podem influenciar no crescimento e desenvolvimento do turismo na região, tanto para o segmento doméstico quanto internacional. O foco da questão foi direcionado para o receptivo internacional, especialmente porque é um segmento que proporciona a entrada de divisas, além de atrair grandes investimentos internacionais privados na construção de redes de hotéis e resort’s, contribuindo significativamente para o desenvolvimento econômico local.

Para facilitar as conclusões, foram relacionados itens relativos às ameaças e oportunidades de cada estado analisado, sendo tais pontos de vista decorrentes de observações realizadas in loco ao longo do período de desenvolvimento da pesquisa. Não há, portanto, a pretensão de torná-los verdade absoluta, mas a proposta é fazer uma demonstração isenta sobre a realidade de cada unidade pesquisada, como decorrência de experiência presencial, além da análise científica utilizada no presente estudo.

A tabela 45 traz uma demonstração dos itens selecionados nos estados pesquisados.

Tabela 45

Ameaças e oportunidades para o turismo de Pernambuco x CE, BA E RN

Estado Ameaças Oportunidades

Pernambuco

 Falta de planejamento a longo prazo;

 Constantes mudanças na Setur;

 Falta de sinergia entre os gestores públicos do estado e capital;

 Infra-estrutura deficitária, em especial nos principais centros turísticos;

 Sérios problemas de segurança pública;

 Insuficiente qualificação da mão-de-obra;

 Falta de sinalização turística;

 Ausência de expertise e poucos

lançamentos de novos produtos turísticos;

 Preservação ineficiente do acervo cultural;

 Deficiente estruturação viária dos principais pontos turísticos.

 Forte apelo cultural;

 Excelentes recursos naturais do litoral;

 Produto turístico diferenciado: Fernando de Noronha;

 Espírito empreendedor local;

 Boa projeção do governo estadual;

 Condições favoráveis o para turismo de negócios e eventos;

 Projeção do pólo médico;

 Boa localização geográfica em relação à Europa e aos EUA

 Boas opções gastronômicas.

Ceará

 Planejamento turístico ineficaz;

 Falta de sinergia entre os gestores públicos do estado e capital;

 Deficientes condições viárias e urbanas da capital;

 Segurança pública ineficiente;

 Sinalização turística ineficiente;

 Falta de qualificação da mão-de-obra;

 Ausência de um melhor cuidado com o meio ambiente;

 Disseminação do turismo sexual;

 Deficiência no saneamento básico.

 Excelente potencial do litoral;

 Povo acolhedor e hospitaleiro;

 Visão e disposição do governo estadual;

 Espírito empreendedor local;

 Boa localização geográfica em relação à Europa e aos EUA;

 Boas oportunidades para negócios imobiliários;

 Razoável estrutura viária do interior, especialmente nos pontos turísticos.

R. G. Norte

 Sinalização turística ineficiente;

 Deficiência no saneamento básico;

 Qualificação ineficiente da mão-de-obra;

 Ausência de um melhor cuidado com o meio ambiente;

 Disseminação do turismo sexual;

 Ausência de um planejamento turístico de longo prazo;

 Ausência de espírito empreendedor local.

 Excelente potencial do litoral;

 Boas oportunidades para negócios imobiliários;

 Localização geográfica privilegiada em relação à Europa e EUA;

 Cuidado com a estrutura viária e urbana da capital;

 Baixos índices de violência;

 Bons investimentos privados em hotéis e resorts.

Bahia

 Descontinuidade política;

 Problemas de segurança pública;

 Ausência de um melhor cuidado com o meio ambiente;

 Ausência de inovação turística na capital;

 Decadência do modelo anterior;

 Disseminação do turismo sexual.

 Extenso e excelente litoral;

 Planejamento turístico de longo prazo;

 Espírito empreendedor local;

 Excelentes oportunidades para negócios imobiliários;

 Cuidado com a estrutura viária e urbana da capital;

 Boa estrutura viária dos pontos turísticos;

 Valorização dos pontos históricos;

 Empreendimentos voltados para turismo de alta renda.

Diante dessas condições expostas, é importante compreender ainda que o momento atual, tanto nas condições internas quanto externas da economia, é favorável para a transformação dos mercados turísticos desses estados, em especial de Pernambuco. Considerando ainda que a competitividade do turismo no Nordeste é uma realidade crescente, e deve envolver outros estados com grandes potenciais, as ações do governo estadual necessitam de alta dose de eficiência e sinergia de gestores públicos, empreendedores e população em geral.

A cidade de Recife, por exemplo, deveria ser o principal portão de entrada dos turistas estrangeiros do Nordeste, especialmente para aqueles que se destinam para o território de Fernando de Noronha. Afinal, a estrutura está totalmente voltada para que esse objetivo se torne uma realidade absoluta. Um ajuste estratégico e um planejamento de longo prazo na política de turismo do estado, certamente viabilizará a conquista desse importante referencial.