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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 Impactos Econômicos do Turismo

A expansão do turismo exige uma demanda crescente por produtos associados à atividade turística. Por isso, a capacidade de fornecimento de bens e serviços pelo setor visitado deve estar à altura para atender às expectativas dos visitantes. Os turistas gastam seu dinheiro numa ampla variedade de mercadorias e serviços, tais como: transporte, acomodação, alimentos, bebidas, comunicação,

entretenimento, artesanato e outros artigos em geral. Por isso, torna-se importante conhecer cuidadosamente os impactos econômicos derivados dessa atividade.

A análise de impacto econômico verifica os fluxos de gastos associados com a atividade turística, identificando as mudanças no comércio, pagamento de impostos, renda e geração de trabalhos devidos à atividade do turismo (CARVALHO; BARBOSA, 2006). Numa determinada região, os resultados positivos ou negativos dos impactos econômicos dependem fundamentalmente do envolvimento da comunidade local, tanto na concepção de fortes investimentos quanto na operação propriamente dita.

Os autores acima observaram ainda que “cada tipo de análise econômica tem suas características próprias, que as distinguem uma das outras”. Daí porque normalmente são confundidas, já que um problema a ser analisado geralmente requer diferentes tipos de análises a serem feitas.

De acordo com Carvalho et al (2002, p.32), “em geral, o estudo mais utilizado para avaliar a contribuição da atividade turística para a economia de uma região é o estudo de impacto econômico do turismo”. Há muitas referências sobre a definição dos impactos sobre atividades econômicas, mas uma conceituação que pode revelar a interação entre os setores da economia e o turismo deve ser constatada no resumo da análise realizada por Fernandes (2002), que destaca a necessidade de priorização das 4 características a seguir:

1) Redução dos desequilíbrios regionais – há muitas regiões em todo o mundo que apresentam visíveis sinais de simplicidade e até mesmo atraso, no entanto, quando são descobertos seus verdadeiros potenciais turísticos passam por radicais transformações. Esse é um dos maiores benefícios da atividade do turismo, que atua de forma muito direta na eliminação das desigualdades regionais, transformando áreas simples em produtivas, geradoras de emprego, de significativa importância econômica para a comunidade local.

A declaração do Secretário Geral da OMT, Francesco Frangialli (2006), corrobora com a afirmação de Fernandes (2002) de que “nos últimos anos a humanidade enfrenta sérios desafios que ameaçam a sobrevivência humana, destacando-se dentre eles os graves problemas de pobreza e das mudanças climáticas”. Para superar esses grandes obstáculos, a sociedade precisa inovar e mudar o seu comportamento, surgindo, então, a atividade turística como uma alternativa prática que pode e deve contribuir para solução de ambos os problemas.

2) Contribuição na arrecadação de impostos – o turismo é uma atividade econômica cuja cadeia produtiva é composta de muitas empresas de pequeno e médio porte. A realização dos gastos turísticos no consumo de bens ou serviços gera receitas fiscais que não são desprezíveis e, ainda por cima, com efeitos diretos sobre setores não turísticos. Essas receitas fiscais são provenientes tanto do turismo doméstico quanto internacional e cuja importância depende fundamentalmente de dois aspectos, a saber: o tamanho relativo do setor turístico na economia (como um todo), e da política tributária do país e para o setor (em particular). No segundo aspecto, a situação do Brasil é preocupante, porque o país tem uma carga tributária e fiscal excessiva, o correspondente a 34% do PIB, em 2005.

3) Efeitos multiplicadores de renda, produção e emprego – Os gastos turísticos exercem um efeito cascata sobre a economia. O consumo de bens e serviços turísticos, chamados front line, tais como transportes, hospedagem, alimentação e outros, desencadeia uma série de efeitos para o resto da economia, daí recebendo a denominação de multiplicador. Na prática, isso ocorre quando os estabelecimentos comerciais auferem receitas com os gastos diretos dos turistas, e, por conseguinte, precisam de fornecedores de tais bens ou serviços turísticos, que tanto podem ser de fora como da comunidade local. Em outras palavras, esses fornecedores precisam comprar bens ou serviços de outros fornecedores para atender a seus clientes diretos. O aumento dessas compras exerce efeito sobre a elevação não só da renda turística, mas também da produção e do emprego. Contudo, qualquer mudança nos gastos turísticos derivada de uma retração, certamente afetará

o nível de produção da economia, a taxa de desemprego, a renda média familiar, a receita do governo e a balança comercial.

Essa situação comprova que existe uma interdependência muito forte das empresas prestadoras de serviços turísticos. Isso significa dizer que, havendo uma falha na prestação de serviços turísticos, tal fato não somente gera frustração para os visitantes, mas pode gerar impactos econômicos negativos, atingindo virtualmente toda a região visitada.

4) Contribuição na formação do Produto Interno Bruto (PIB) – o turismo é uma atividade que está inserida no setor terciário da economia. Como o PIB, na prática, representa o somatório da produção verificada nos setores primário, secundário e terciário da economia, é importante lembrar que: o setor primário engloba as atividades agrícolas, florestal e pecuária, e a extração mineral; o setor secundário compreende as chamadas indústrias de transformação das matérias-primas em produtos finais; e o setor terciário incorpora atividades de prestação de serviços como telecomunicações, transportes, educação, serviços bancários, informática, serviços médicos e, com destaque, para o turismo, além de muitos outros.

Para execução das atividades turísticas em todo o mundo, é lícito afirmar que, desde a fase inicial de implantação de seus empreendimentos até a operação propriamente dita, o turismo interage com esses quatro setores econômicos, irradiando reflexos positivos em todas as direções (FERNANDES, 2002).

O processo de globalização econômico e a conseqüente internacionalização dos serviços apontam o turismo como um dos segmentos capazes de alterar radicalmente a estrutura de determinados setores da economia mundial. Com a expressiva evolução do setor de serviços turísticos no mundo, a participação percentual do PIB na economia cresce consideravelmente. Em algumas nações mais desenvolvidas, o turismo é encarado como uma atividade de relevante importância na economia. Em alguns casos, como na Espanha, contribui com cerca de 11% do PIB, um exemplo até mesmo para outros países de primeiro mundo. Mesmo com esse resultado expressivo, o governo espanhol já trabalha duramente

para alcançar o percentual de 15% sobre o PIB, em 2015, segundo Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT).

A situação do Brasil ainda é muito diferente dos referenciais de primeiro mundo, pois, conforme dados do IBGE, as atividades relacionadas ao turismo correspondem a apenas 2,23% do PIB nacional de 2003, com uma geração de R$ 31,1 bilhões de valor adicionado na economia brasileira, segundo o estudo “Economia do Turismo: análise das atividades características de turismo” (IBGE, 2003). A decisão de priorizar a atividade turística como uma das alternativas mais viáveis para as transformações econômicas e sociais tende a proporcionar uma série de benefícios para países de todas as categorias de desenvolvimento: ricos, em desenvolvimento e poucos desenvolvidos.

3. PANORAMA DA ATIVIDADE TURÍSTICA DO MUNDO E DO