A descompressão na superfície oferece várias vantagens que aumentam a segurança do mergulhador. Menores tempos na água evitam desconforto e frio em níveis perigosos. Caso a câmara de recompressão possua sistema de O2, o tempo total de descompressão pode ser reduzido significativamente. No interior da câmara, a pressão pode ser mantida constante, não sendo afetada pelas condições do mar. O mergulhador pode ser observado constantemente pelo operador de câmara e monitorado periodicamente por médicos. Qualquer sinal de Doença Descompressiva pode ser detectado e tratado imediatamente. Não foram desenvolvidas Tabelas de Tempo de Nitrogênio Residual para mergulhos sucessivos após uma descompressão na superfície. Todavia, podese realizálos desde que o somatório dos tempos reais de fundo dos mergulhos efetuados num intervalo de 12 horas (mergulhos anteriores mais mergulho sucessivo) e a maior das profundidades atingidas (inclusive a do mergulho sucessivo) não excedam os limites de descompressão na superfície previstos nas tabelas. Este novo esquema calculado será utilizado para obter a descompressão do mergulho sucessivo. Exemplo:
Primeiro mergulho: 169 pés por 30 minutos. Mergulho sucessivo: 138 pés por 20 minutos. As profundidades foram medidas com pneufatômetro. Solução: Esquema do primeiro mergulho: 169 + 2 (correção do pneufatômetro) = 171 pés Esquema → 180 pés/30 min. Esquema do segundo mergulho: Maior profundidade dos dois mergulhos = 171 pés. O tempo é soma dos tempos dos dois mergulhos. Novo Esquema para o mergulho sucessivo→ 180 pés/50 min. 5.12 TABELA DE DESCOMPRESSÃO NA SUPERFÍCIE USANDO OXIGÊNIO 5.12.1 Argumentos de Entrada a) Profundidade A próxima maior existente na tabela. b) Tempo de Fundo O próximo maior existente na tabela. Obs: No máximo 170 pés (51m)/40 minutos.
5.12.2 Dados Obtidos - Tempo para chegar à primeira parada; - Paradas para descompressão na água (profundidade e tempo); e - Paradas para descompressão na câmara. 5.12.3 Velocidade a) Subida na água
- 30 pés/min (9 m/min) até a 1 a parada ou até a superfície se não houver paradas na água. A mesma velocidade é usada entre paradas e da última parada até a superfície. Pequenas variações desta velocidade (entre 20 pés/min e 40 pés/min) são aceitáveis. - O intervalo máximo na superfície é de 3 min e 30 s. O tempo decorrido entre deixar a parada dos 30 pés na água (ou dos 30 pés de profundidade, caso não haja parada) e atingir a parada de 12m (40 pés) na câmara não deve exceder a 5 minutos. b) Descida na câmara - A velocidade de descida na câmara é de 80 pés/min (30s da superfície até os 40 pés na câmara). Como o tempo de subida dos 30 pés até a superfície é de 1 minuto, sobram três minutos e meio para os guias retirarem os equipamentos dos mergulhadores e colocálos dentro da câmara.
c) Subida na câmara
- 30 pés/min (1min e 20s dos 40 pés na câmara até a superfície). 5.12.4 Considerações Especiais
a) Atraso na colocação do mergulhador na câmara
Se durante a descida na câmara não se conseguir colocar o mergulhador na profundidade de 40 pés no tempo estipulado (5 minutos), mas se a câmara estiver a uma profundidade igual ou superior a 20 pés, deverá ser feita uma parada aos 20 pés (e não mais aos 40 pés) e o mergulhador deverá respirar oxigênio pelo dobro de tempo previsto na parada aos 40 pés. A seguir deverá subir para 10 pés e novamente respirar oxigênio pelo dobro do tempo previsto na parada aos 40 pés, subindo, por fim, até a superfície.
b) Descompressão omitida
Caso o tempo previsto para recompressão seja excedido a tal ponto que o mergulhador ainda não esteja na câmara ou essa esteja a uma profundidade inferior a 20 pés, deverá ser considerada “descompressão omitida” e o mergulhador, mesmo assintomático, deverá ser tratado com se apresentasse Doença Descompressiva Tipo I (Tabela de Tratamento 5). Caso existam sintomas de Doença Descompressiva, mesmo que do Tipo I, o mergulhador deverá ser tratado como se apresentasse Doença Descompressiva Tipo II (Tabela de Tratamento 6);
c) Paradas em ar
Uma vez estando aos 40 pés na câmara, os mergulhadores deverão colocar os BIBS (Builtin Breathing System) e respirar oxigênio puro. As máscaras deverão estar bem ajustadas de modo a assegurar uma boa vedação. O tempo na parada começa a ser contado a partir do momento em que o mergulhador efetivamente estiver respirando O2. A cada 30 minutos, o O2 deverá ser interrompido e os mergulhadores deverão respirar o ar comprimido do interior da câmara por 5 minutos. Estes intervalos são chamados de “paradas em ar”. As paradas em ar são consideradas “tempo morto” e não deverão ser computadas como parte da descompressão.
Sempre que a câmara for descomprimida ou for trazida à superfície, o mergulhador deverá retirar o BIBS.
Exemplo:
Em um mergulho cuja descompressão pela tabela TDSO deva cumprir o esquema 160 pés/45min, os mergulhadores deverão realizar na câmara, aos 40 pés, uma parada para descompressão de 38 min. Nesta parada o mergulhador deverá ficar 30 min em O2, 5 min em ar e mais 8 min em O2.
d) Perda do Suprimento de O2
- Perda Temporária: A descompressão em O2 deverá ser reassumida quando o fornecimento for restabelecido e o tempo respirado em ar deverá ser desconsiderado (tempo morto); e
- Perda Permanente: Multiplicar o tempo remanescente por três para obter o tempo equivalente de descompressão na superfície usando ar. Deste tempo,
10% deverá ser cumprido a 40 pés, 20 % aos 30 pés e 70% aos 20 pés. Os tempos deverão ser sempre aproximados para o próximo minuto inteiro maior. Exemplo: O suprimento de O2 foi definitivamente perdido após 10 min de descompressão na câmara. O esquema exigia 20 min de O2 a 40 pés. Solução:
O tempo remanescente é de 10 min (2010 = 10). O tempo equivalente de descompressão na superfície usando ar é de 30 min (3 x 10 = 30). Deverão ser cumpridos 3 minutos aos 40 pés (30 x 0,1 = 3), 6 min aos 30 pés (30 x 0,2 = 6) e 21 min aos 20 pés (30 x 0,7 = 21).
e) Intoxicação pelo O2
Ao primeiro sinal de intoxicação, o O2 deve ser removido do mergulhador, permitindo que este respire o ar da atmosfera da câmara. Quinze minutos depois do alívio de todos os sintomas, devese reiniciar a administração de O2, dando continuidade à descompressão a partir do ponto em que esta havia sido interrompida. Caso os sintomas de intoxicação pelo O2 voltem a aparecer ou se o primeiro sinal tiver sido de convulsão, os seguintes procedimentos deverão ser tomados:
- Remover a máscara (BIBS);
- Após alívio de todos os sintomas, descomprimir a câmara até os 30 pés, a uma velocidade de 1 pé/min. Caso o sintoma tenha sido de convulsão, continuar descomprimindo até que o mergulhador esteja completamente relaxado e respirando normalmente;
- Reassumir a administração de O2 a partir do minuto em que esta foi interrompida;
- Caso voltem a aparecer sintomas de intoxicação, o O2 deverá ser interrompido definitivamente e a descompressão deverá ser completada utilizandose ar. Para se obter o tempo equivalente de descompressão na superfície usando ar devese multiplicar o tempo remanescente por 3 e adotar o seguinte procedimento: Parada aos 30 pés por 30% deste tempo e outra parada aos 20 pés pelos 70%
Exemplo:
Um mergulhador teve seu terceiro sintoma de intoxicação por oxigênio quando se encontrava aos 28 min da descompressão exigida. Neste instante, o mergulhador encontravase a 30 pés de profundidade (já havia subido dos 40 para os 30 pés). Pelo esquema original do mergulho deveriam ser cumpridos 38 minutos de O2 na câmara.
Solução:
O tempo remanescente de O2 é de 10 min (38 28 = 10). O tempo equivalente de descompressão na superfície usando ar é de 30 min (3 x 10 = 30). Deverão ser cumpridos 9 min aos 30 pés (30 x 0,3 = 9) e 21 min aos 20 pés (30 x 0,7 = 21). 5.13 TABELA DE DESCOMPRESSÃO NA SUPERFÍCIE USANDO AR
O tempo total de descompressão usando a TDSA é superior ao da TPD. A única vantagem do uso desta tabela é a retirada mais rápida do mergulhador da água. 5.13.5 Argumentos de Entrada a) Profundidade A próxima maior existente na tabela. b) Tempo de Fundo O próximo maior existente na tabela. Obs.: Máxima 190 pés (57m)/60 min. 5.13.6 Dados Obtidos - Tempo para chegar à primeira parada; - Paradas para descompressão na água (profundidade e tempo); e - Paradas para descompressão na câmara. 5.13.7 Velocidade a) Subida na água - Todas as subidas são executadas a velocidade de 30 pés/min (9 m/min); e - O intervalo na superfície não pode ser maior que 3 min e 30 s e o tempo total
decorrido entre deixar a parada na água e chegar à primeira parada na câmara não pode exceder 5 minutos.
b) Descida na câmara
- A velocidade máxima de descida na câmara é de 60 pés/min. 5.13.8 Consideração Especial
Se o intervalo na superfície for maior que o prescrito (:3::30) e o mergulhador estiver assintomático, este deverá ser tratado com se tivesse Doença Descompressiva Tipo I (Tabela de Tratamento 1A ou 5). Caso existam sintomas de Doença Descompressiva, mesmo que do tipo I, o mergulhador deverá ser tratado como se tivesse Doença Descompressiva Tipo II (Tabela de Tratamento 2A ou 6);
5.14 PROCEDIMENTOS ESPECIAIS