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4.3 ­ MÉTODOS DE BUSCA 

No documento MANUAL DE MERGULHO A AR (páginas 58-75)

As  buscas  de  alvos  submersos  cobrindo  áreas  extensas  a  grandes  profundidades  são  executadas através de grandes operações, em geral coordenadas por autoridades a nível de  Comando  de  Distrito  Naval.  São  complexas  e  envolvem  uma  grande  quantidade  de  recursos, sendo tratadas em outras publicações Navais. 

Assim, podemos classificar os métodos mais usados em dois grupos:  ­ buscas realizadas sem emprego direto de mergulhadores. 

­ buscas com mergulhadores. 

4.3.1 ­ Buscas sem emprego direto de mergulhadores 

A  vantagem  de  empregar  ou  não  mergulhadores  dependerá  da  situação,  como  será  discutido posteriormente. Entretanto, o tempo de mergulho deve sempre ser observado  como  uma  parte  valorizada  da  operação  e  sua  redução  considerada  como  uma  boa  norma.  Assim,  dentre  os  métodos  utilizáveis  para  conseguir  essa  redução,  podemos  relacionar os seguintes: 

a)  Métodos Visuais 

I)  Busca de indícios na superfície 

A localização de indícios na superfície poderá facilitar bastante a busca. Assim,  por  exemplo,  o  óleo  liberado  por uma  embarcação  afundada pode  levar  à  sua  localização com relativa facilidade (Figura 4­4). 

II)  Varredura visual do fundo 

Em  águas  de  boa  transparência  e  profundidade  limitada,  pode­se  executar  a  busca varrendo­se visualmente o fundo. Para isso, podem ser usados aeronaves,  embarcações, embarcações com fundo de vidro, caixas transparentes, nadadores  equipados com máscara, etc. O uso de embarcações é normalmente prejudicado  pela  ondulação  provocada  ou  natural  (o  que  recomenda  postos  de  observação  elevados).  Nadadores  na  superfície  tornam  a  busca  muito  lenta  dependendo  a  área a ser coberta.. Busca com aeronaves pode ser prejudicada pelo reflexo da  luz na superfície do mar, porém abrange grandes áreas em pequenos períodos de  tempo (Fig. 4­5).

III)  Varredura visual com TV submarina 

Atualmente  existem  inúmeros  veículos  não  tripulados  equipados  com  TV  submarina e outros sensores. Podem ser simplesmente rebocados ou podem ser  controlados  remotamente  (ROV  ­  Remotely  Operated  Vehicle)  que  lhes  permitem movimentos precisos. 

Esses  equipamentos são  utilizados  em tarefas complexas permitindo  recuperar  objetos pesados ou em grandes profundidades. 

b) Métodos Acústicos 

I)  Emprego de sonares de casco e ecobatímetro 

O princípio de funcionamento desses  equipamentos baseia­se  na propagação e  reflexão  do  som  na  água.  Os  sonares  são  capazes  de  localizar  objetos  relativamente grandes, tais como, cascos soçobrados ou pedras, fornecendo sua 

Guias dos cabos  Operador da câmera de  TV  e monitor  Cabo da câmera  Cabo de  sustentação  Bóias p/ flutuabilidade da câmera  Fig. 4­6 TV submarina  Fig. 4­7 ROV realizando busca de casco  sossobrado

marcação  e  distância.  As  condições  de  temperatura,  salinidade,  profundidade,  tipo de fundo, afetam seu desempenho, fazendo variar seu alcance e precisão.  Os ecobatímetros que só indicam a profundidade, podem ser usados nas buscas  desde  que  a  passagem  sobre  o  alvo  registre  uma  variação  significativa  de  profundidade  e  a  área  seja  de  fundo  regular.  Existem  modelos  portáteis  que  podem ser usados em embarcações miúdas. 

Sendo  comum  a  existência  de  ambos  os  equipamentos  nos  navios  de  guerra,  sempre  se poderá cogitar o seu uso com o propósito de reduzir o emprego de  mergulhadores, principalmente em buscas extensas de grandes alvos. 

II)  Emprego de sonares de varredura lateral 

Esses  equipamentos  são  sonares  de  alta  resolução  cujos  transdutores  são  rebocáveis.  Geralmente  imprimem  em papel  a  representação  gráfica  dos  alvos  com  grande  precisão,  o  que  permite  classificá­los  mediante  interpretação  das  figuras  registradas.  Normalmente  possuem  um  elevado  poder  discriminador,  isto  é,  são  capazes  de  distinguir  dois  objetos  muito  próximos,  mesmo  que  de  pequenas dimensões. E geral  seus alcances são da  ordem de 500 m para cada  lado e sua operação deve ser complementada por navegação de precisão. 

A busca de objetos  em áreas extensas com profundidades que permitam o seu  uso e onde os fundos não sejam por demais sujos, indicam sua utilização. 

c)  Métodos Mecânicos 

São as varreduras com garatéias, fateixas, cabos ou amarras, redes, etc. seu emprego  dispensa maiores explicações e é ilustrado na Figura 4­10. 

d) Métodos Magnéticos 

A  localização  de  objetos  por  meio  de  suas  propriedades  magnéticas  baseia­se  na  detecção  das  perturbações  magnéticas  que  essas  propriedades  causam  no  magnetismo terrestre local. Aparelhos especiais, os magnetômetros, registram essas  perturbações, permitindo assim, a localização dos objetos. 

Algumas  aeronaves  militares  possuem  esses  sensores  (MAD  ­  Magnetic  Anomaly 

Detector)  para  detecção  de  submarinos  e  para  busca  de  grandes  estruturas 

magnéticas (Fig. 4­11A, C e D).  sombra acústica  vulcão  feixe lateral  superfície  fundo do mar  Fig. 4­9 ­ Utilização do sonar de varredura lateral  e suas apresentações gráficas

Existem ainda  detetores magnéticos comerciais rebocáveis para procura de objetos  menores (Fig. 4­11B). 

4.3.2 ­  Buscas com Mergulhadores 

As  buscas  com  mergulhadores  podem  ser  realizadas  segundo  os  mesmos  princípios  daquelas em que os mesmos não são empregados. Não obstante ser, em geral, menor a  extensão das buscas, podemos seguir a mesma seqüência adotada anteriormente a fim  de estabelecer os tipos de busca adotados. Assim, teremos: 

a)  Métodos Visuais 

É  importante  observar  que  os  olhos  são  os  principais  sensores,  entretanto,  se  a  visibilidade é reduzida, a busca passa de visual a táctil, sem grandes alterações de  procedimento. 

Vejamos alguns métodos: 

I)  Busca circular com linha de distância 

Aplicável a  áreas pouco extensas, objetos praticamente  imóveis  e com poucos  mergulhadores. O centro da busca consiste em marcar com uma poita e fixar a  ela  uma  linha  de  distância  (cabo)  ao  longo  da  qual  serão  distribuídos  os  mergulhadores. A distância entre eles será igual à largura de varredura (dobro da  visibilidade). 

A linha é girada em um sentido qualquer, cabendo ao mergulhador que está no  extremo oposto à poita mantê­la esticada. Se o objeto não é localizado, muda­se  o  centro  de  busca,  mantendo­se  alguma  interferência  entre  as  áreas  varridas.  (Fig. 4­12) 

II)  Buscas orientadas 

O  mergulhador  precisa  de  uma  boa  orientação  no  fundo  para  garantir  uma  varredura eficaz da área de procura. Para isso, poderá  lançar mão de bússolas,  linhas marcadoras ou outros artifícios. (Fig. 4­13) 

III)  Uso de veículos subaquáticos 

Existe  uma  grande  variedade  de  veículos  rebocáveis  ou  auto­propulsados  capazes de auxiliar uma busca visual. Sua grande vantagem consiste em ampliar  bastante  a  área  de  busca,  permitindo  maior  velocidade  e  menor  cansaço  ao  mergulhador.  Em  geral,  há  necessidades  de  uma  boa  visibilidade  para  seu  emprego. (Fig. 4­14)

Quando da utilização de aquaplano há um limite de velocidade de reboque a  ser respeitado de acordo com a visibilidade do local:  VISIBILIDADE (metros)  VELOCIDADE (nós)  6  1,5  9  2  12  3  15  3,5  18  Fig. 4­14 – Veículos subaquáticos auto­propulsados e rebocado

IV)  Procuras em obras vivas de navios  Um caso particular de procuras visuais.  Muitas vezes é necessário buscar avarias ou, no caso militar, artefatos colocados  pelo inimigo ao longo da carena dos navios. O procedimento a adotar varia com  o número de mergulhadores disponíveis, a visibilidade, etc.  Fig. 4­15 – Procura em obras vivas

b) Métodos Acústicos 

Também aqui poderão ser usados os sonares portáteis ou então receptores especiais  para  uso  com  emissores  de  sinal  ou  respondedores.  Em  geral,  sua  eficiência  será  reduzida  nos  fundos  sujos,  isto  é,  aqueles  com  grande  número  de  obstáculos,  naturais ou não. 

c)  Métodos Magnéticos 

Existem  sensores  portáteis  comerciais  baseados  nas  propriedades  magnéticas  dos  alvos. Podemos também aí incluir sensores que, baseados em outras propriedades  físicas  da  matéria,  são  capazes  de  detectar  objetos  metálicos  para­magnéticos  ou  não magnéticos. Sua aplicação mais comum é a busca de metais a curta distância,  em geral enterrados em lama ou areia. 

d) Métodos Mecânicos  São as varreduras. Para isso, são usados normalmente cabos e pesos e se aplicam,  em geral, à busca de objetos nos quais tais cabos possam ficar presos.  4.4 ­  SELEÇÃO DO MÉTODO DE BUSCA  Para selecionar o método de busca a ser empregado, é recomendável adotar o processo de  exclusão, isto é, eliminar os métodos que não são aplicáveis. 

Assim,  suponhamos  que  se  pretende  localizar  uma  baleeira  de  fibra  de  vidro,  em  local  onde a profundidade é de 15 m, com fundo de areia e cabeços de coral, visibilidade 5 m,  pouca correntada e área de busca com 50 m de raio. 

Por eliminação, excluiremos a  busca  visual de  superfície,  já que  a profundidade  é maior  que a visibilidade. Da mesma forma,  seriam eliminadas as buscas acústicas e mecânicas,  devido ao fato do fundo ser sujo (cabeços de coral). Como a área é relativamente pequena,  não comportando bem a procura com  veículos rebocáveis,  fica­se  restrito as buscas  com  mergulhadores.  O  critério  para  a  seleção  final  ficará,  então,  em  função  do  número  de  mergulhadores  disponíveis  usando­se  a  busca  orientada  em  linha  de  frente  com  muitos  homens, a circular (“patrulha” ou espiral  crescente) e busca orientada progressiva ou em  raias, no caso de poucos mergulhadores.  Pelo que vimos, uma operação de busca desenvolver­se­á na seguinte seqüência:  ­  Estabelecimento do “datum”, isto é, a última posição conhecida do alvo. A partir dela  teremos que inserir as interferências de corrente, maré, vento e etc, a fim de corrir esta  posição para o início da busca;  ­  Seleção do método de busca em função das características do alvo e da área de busca; e  ­  Busca propriamente dita.

CAPÍTULO 5  DESCOMPRESSÃO 

5.1 ­  INTRODUÇÃO 

Quando  se respira ar  sob pressão,  ao  mesmo  tempo  em  que  o  oxigênio  é  consumido  no  metabolismo, o  nitrogênio,  sendo  inerte, difunde­se pelo  sangue e pelos diversos tecidos  do  corpo.  A  quantidade  de  nitrogênio  absorvido  continuará  a  crescer,  com  diferentes  velocidades para os diferentes tecidos, enquanto a pressão parcial do nitrogênio inspirado  for  maior  que  a  pressão  parcial  do  gás  já  absorvido.  Conclui­se  que  a  quantidade  de  nitrogênio  absorvida  aumenta  com  a  pressão  parcial  do  gás  inspirado  (profundidade)  e  com a duração do mergulho (tempo). Para melhor exemplificação analisemos a analogia  feita na fig. 5.1. 

Fig. 5.1 

Absorção de um líquido pela areia em um sistema  de vasos comunicantes 

Comparação  entre  a  absorção  de  líquidos  nos  vasos  comunicantes  da  figura  5.1  com  o  fenômeno da absorção de gás inerte pelo organismo humano: 

Altura da coluna líquida. (FIGURA)  Pressão parcial do gás. (ORGANISMO)  Características  do  líquido  (densidade, 

viscosidade, etc.). 

Característica  do  gás  (peso  molecular,  afinidade com os tecidos, etc.). 

Tipo de areia (fina, grossa, etc.).  Tipo de tecido (músculo, gordura, etc.).  Velocidade com que o líquido passa.  Velocidade de absorção do gás.

Feitas as analogias, podemos tirar algumas importantes conclusões, a saber:  Um  aumento  na  altura  da  coluna 

líquida  aumentará  a  velocidade  com  que o líquido passará. Naturalmente,  à  medida  que  as  colunas  vão  se  igualando, a velocidade diminui. 

Um aumento na pressão parcial do gás aumentará a  velocidade  de  absorção.  Naturalmente  à  medida  que  a  quantidade  de  gás  já  dissolvida  aumenta,  a  velocidade diminui. 

Um  líquido  menos  viscoso  penetrará  mais  rapidamente  na  areia.  A  velocidade será maior. 

Um gás mais afim com o tecido se difundirá mais  rápido. 

Areia  mais  fina  ou  mais  grossa  permitirá uma passagem mais lenta ou  mais rápida. 

A  natureza  do  tecido  permitirá  uma  maior  ou  menor absorção. 

Após  um  certo  tempo,  todo  o  líquido  terá passado.  Após um certo tempo, o tecido estará saturado pelo  gás, não mais o absorvendo. Na prática, esse tempo  é de 12 horas. (Na realidade, 24 horas para alguns  tecidos).  A velocidade de absorção de um gás é aproximadamente a mesma da sua  liberação,  isto é, ele deixará os tecidos em um tempo igual ao que levou para ser absorvido, se  mantidas as mesmas variações de pressão parcial.  Quando o mergulhador inicia o retorno à superfície o processo é invertido, à medida  que a pressão parcial do nitrogênio nos tecidos ultrapassa a pressão parcial desse gás  nos  sistemas  circulatório  e  respiratório.  Esta  variação  da  diferença  de  pressão  (gradiente)  entre  os  tecidos  e  o  sangue/pulmões  tem  que  ser  cuidadosamente  controlada,  para  evitar  uma  difusão  demasiadamente  rápida  do  nitrogênio.  Se  o  gradiente de pressão for descontrolado, bolhas de gás podem se formar nos tecidos e  no sangue, causando assim a Doença Descompressiva. 

Para  evitar  o aparecimento  da  Doença  Descompressiva,  cinco  tabelas  especiais  para  descompressão  foram  desenvolvidas.  Estas  tabelas  levam  em  consideração  a  quantidade de  nitrogênio absorvida em um dado período de tempo, os gradientes de  pressão aceitáveis, que não levem a uma excessiva formação de bolhas e as diferentes  velocidades de liberação referentes aos diferentes tecidos. 

As  tabelas  são  apresentadas  na  forma  de  esquemas  de  tempo/profundidade,  determinando paradas durante a subida por um tempo especificado em profundidades 

precisas,  exigindo  extremo  cuidado  em  sua  aplicação.  Estas  situações  são  aqui  denominadas  de exposições excepcional e extrema. 

5.2 ­  DEFINIÇÕES 

No documento MANUAL DE MERGULHO A AR (páginas 58-75)

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