As buscas de alvos submersos cobrindo áreas extensas a grandes profundidades são executadas através de grandes operações, em geral coordenadas por autoridades a nível de Comando de Distrito Naval. São complexas e envolvem uma grande quantidade de recursos, sendo tratadas em outras publicações Navais.
Assim, podemos classificar os métodos mais usados em dois grupos: buscas realizadas sem emprego direto de mergulhadores.
buscas com mergulhadores.
4.3.1 Buscas sem emprego direto de mergulhadores
A vantagem de empregar ou não mergulhadores dependerá da situação, como será discutido posteriormente. Entretanto, o tempo de mergulho deve sempre ser observado como uma parte valorizada da operação e sua redução considerada como uma boa norma. Assim, dentre os métodos utilizáveis para conseguir essa redução, podemos relacionar os seguintes:
a) Métodos Visuais
I) Busca de indícios na superfície
A localização de indícios na superfície poderá facilitar bastante a busca. Assim, por exemplo, o óleo liberado por uma embarcação afundada pode levar à sua localização com relativa facilidade (Figura 44).
II) Varredura visual do fundo
Em águas de boa transparência e profundidade limitada, podese executar a busca varrendose visualmente o fundo. Para isso, podem ser usados aeronaves, embarcações, embarcações com fundo de vidro, caixas transparentes, nadadores equipados com máscara, etc. O uso de embarcações é normalmente prejudicado pela ondulação provocada ou natural (o que recomenda postos de observação elevados). Nadadores na superfície tornam a busca muito lenta dependendo a área a ser coberta.. Busca com aeronaves pode ser prejudicada pelo reflexo da luz na superfície do mar, porém abrange grandes áreas em pequenos períodos de tempo (Fig. 45).
III) Varredura visual com TV submarina
Atualmente existem inúmeros veículos não tripulados equipados com TV submarina e outros sensores. Podem ser simplesmente rebocados ou podem ser controlados remotamente (ROV Remotely Operated Vehicle) que lhes permitem movimentos precisos.
Esses equipamentos são utilizados em tarefas complexas permitindo recuperar objetos pesados ou em grandes profundidades.
b) Métodos Acústicos
I) Emprego de sonares de casco e ecobatímetro
O princípio de funcionamento desses equipamentos baseiase na propagação e reflexão do som na água. Os sonares são capazes de localizar objetos relativamente grandes, tais como, cascos soçobrados ou pedras, fornecendo sua
Guias dos cabos Operador da câmera de TV e monitor Cabo da câmera Cabo de sustentação Bóias p/ flutuabilidade da câmera Fig. 46 TV submarina Fig. 47 ROV realizando busca de casco sossobrado
marcação e distância. As condições de temperatura, salinidade, profundidade, tipo de fundo, afetam seu desempenho, fazendo variar seu alcance e precisão. Os ecobatímetros que só indicam a profundidade, podem ser usados nas buscas desde que a passagem sobre o alvo registre uma variação significativa de profundidade e a área seja de fundo regular. Existem modelos portáteis que podem ser usados em embarcações miúdas.
Sendo comum a existência de ambos os equipamentos nos navios de guerra, sempre se poderá cogitar o seu uso com o propósito de reduzir o emprego de mergulhadores, principalmente em buscas extensas de grandes alvos.
II) Emprego de sonares de varredura lateral
Esses equipamentos são sonares de alta resolução cujos transdutores são rebocáveis. Geralmente imprimem em papel a representação gráfica dos alvos com grande precisão, o que permite classificálos mediante interpretação das figuras registradas. Normalmente possuem um elevado poder discriminador, isto é, são capazes de distinguir dois objetos muito próximos, mesmo que de pequenas dimensões. E geral seus alcances são da ordem de 500 m para cada lado e sua operação deve ser complementada por navegação de precisão.
A busca de objetos em áreas extensas com profundidades que permitam o seu uso e onde os fundos não sejam por demais sujos, indicam sua utilização.
c) Métodos Mecânicos
São as varreduras com garatéias, fateixas, cabos ou amarras, redes, etc. seu emprego dispensa maiores explicações e é ilustrado na Figura 410.
d) Métodos Magnéticos
A localização de objetos por meio de suas propriedades magnéticas baseiase na detecção das perturbações magnéticas que essas propriedades causam no magnetismo terrestre local. Aparelhos especiais, os magnetômetros, registram essas perturbações, permitindo assim, a localização dos objetos.
Algumas aeronaves militares possuem esses sensores (MAD Magnetic Anomaly
Detector) para detecção de submarinos e para busca de grandes estruturas
magnéticas (Fig. 411A, C e D). sombra acústica vulcão feixe lateral superfície fundo do mar Fig. 49 Utilização do sonar de varredura lateral e suas apresentações gráficas
Existem ainda detetores magnéticos comerciais rebocáveis para procura de objetos menores (Fig. 411B).
4.3.2 Buscas com Mergulhadores
As buscas com mergulhadores podem ser realizadas segundo os mesmos princípios daquelas em que os mesmos não são empregados. Não obstante ser, em geral, menor a extensão das buscas, podemos seguir a mesma seqüência adotada anteriormente a fim de estabelecer os tipos de busca adotados. Assim, teremos:
a) Métodos Visuais
É importante observar que os olhos são os principais sensores, entretanto, se a visibilidade é reduzida, a busca passa de visual a táctil, sem grandes alterações de procedimento.
Vejamos alguns métodos:
I) Busca circular com linha de distância
Aplicável a áreas pouco extensas, objetos praticamente imóveis e com poucos mergulhadores. O centro da busca consiste em marcar com uma poita e fixar a ela uma linha de distância (cabo) ao longo da qual serão distribuídos os mergulhadores. A distância entre eles será igual à largura de varredura (dobro da visibilidade).
A linha é girada em um sentido qualquer, cabendo ao mergulhador que está no extremo oposto à poita mantêla esticada. Se o objeto não é localizado, mudase o centro de busca, mantendose alguma interferência entre as áreas varridas. (Fig. 412)
II) Buscas orientadas
O mergulhador precisa de uma boa orientação no fundo para garantir uma varredura eficaz da área de procura. Para isso, poderá lançar mão de bússolas, linhas marcadoras ou outros artifícios. (Fig. 413)
III) Uso de veículos subaquáticos
Existe uma grande variedade de veículos rebocáveis ou autopropulsados capazes de auxiliar uma busca visual. Sua grande vantagem consiste em ampliar bastante a área de busca, permitindo maior velocidade e menor cansaço ao mergulhador. Em geral, há necessidades de uma boa visibilidade para seu emprego. (Fig. 414)
Quando da utilização de aquaplano há um limite de velocidade de reboque a ser respeitado de acordo com a visibilidade do local: VISIBILIDADE (metros) VELOCIDADE (nós) 6 1,5 9 2 12 3 15 3,5 18 4 Fig. 414 – Veículos subaquáticos autopropulsados e rebocado
IV) Procuras em obras vivas de navios Um caso particular de procuras visuais. Muitas vezes é necessário buscar avarias ou, no caso militar, artefatos colocados pelo inimigo ao longo da carena dos navios. O procedimento a adotar varia com o número de mergulhadores disponíveis, a visibilidade, etc. Fig. 415 – Procura em obras vivas
b) Métodos Acústicos
Também aqui poderão ser usados os sonares portáteis ou então receptores especiais para uso com emissores de sinal ou respondedores. Em geral, sua eficiência será reduzida nos fundos sujos, isto é, aqueles com grande número de obstáculos, naturais ou não.
c) Métodos Magnéticos
Existem sensores portáteis comerciais baseados nas propriedades magnéticas dos alvos. Podemos também aí incluir sensores que, baseados em outras propriedades físicas da matéria, são capazes de detectar objetos metálicos paramagnéticos ou não magnéticos. Sua aplicação mais comum é a busca de metais a curta distância, em geral enterrados em lama ou areia.
d) Métodos Mecânicos São as varreduras. Para isso, são usados normalmente cabos e pesos e se aplicam, em geral, à busca de objetos nos quais tais cabos possam ficar presos. 4.4 SELEÇÃO DO MÉTODO DE BUSCA Para selecionar o método de busca a ser empregado, é recomendável adotar o processo de exclusão, isto é, eliminar os métodos que não são aplicáveis.
Assim, suponhamos que se pretende localizar uma baleeira de fibra de vidro, em local onde a profundidade é de 15 m, com fundo de areia e cabeços de coral, visibilidade 5 m, pouca correntada e área de busca com 50 m de raio.
Por eliminação, excluiremos a busca visual de superfície, já que a profundidade é maior que a visibilidade. Da mesma forma, seriam eliminadas as buscas acústicas e mecânicas, devido ao fato do fundo ser sujo (cabeços de coral). Como a área é relativamente pequena, não comportando bem a procura com veículos rebocáveis, ficase restrito as buscas com mergulhadores. O critério para a seleção final ficará, então, em função do número de mergulhadores disponíveis usandose a busca orientada em linha de frente com muitos homens, a circular (“patrulha” ou espiral crescente) e busca orientada progressiva ou em raias, no caso de poucos mergulhadores. Pelo que vimos, uma operação de busca desenvolverseá na seguinte seqüência: Estabelecimento do “datum”, isto é, a última posição conhecida do alvo. A partir dela teremos que inserir as interferências de corrente, maré, vento e etc, a fim de corrir esta posição para o início da busca; Seleção do método de busca em função das características do alvo e da área de busca; e Busca propriamente dita.
CAPÍTULO 5 DESCOMPRESSÃO
5.1 INTRODUÇÃO
Quando se respira ar sob pressão, ao mesmo tempo em que o oxigênio é consumido no metabolismo, o nitrogênio, sendo inerte, difundese pelo sangue e pelos diversos tecidos do corpo. A quantidade de nitrogênio absorvido continuará a crescer, com diferentes velocidades para os diferentes tecidos, enquanto a pressão parcial do nitrogênio inspirado for maior que a pressão parcial do gás já absorvido. Concluise que a quantidade de nitrogênio absorvida aumenta com a pressão parcial do gás inspirado (profundidade) e com a duração do mergulho (tempo). Para melhor exemplificação analisemos a analogia feita na fig. 5.1.
Fig. 5.1
Absorção de um líquido pela areia em um sistema de vasos comunicantes
Comparação entre a absorção de líquidos nos vasos comunicantes da figura 5.1 com o fenômeno da absorção de gás inerte pelo organismo humano:
Altura da coluna líquida. (FIGURA) Pressão parcial do gás. (ORGANISMO) Características do líquido (densidade,
viscosidade, etc.).
Característica do gás (peso molecular, afinidade com os tecidos, etc.).
Tipo de areia (fina, grossa, etc.). Tipo de tecido (músculo, gordura, etc.). Velocidade com que o líquido passa. Velocidade de absorção do gás.
Feitas as analogias, podemos tirar algumas importantes conclusões, a saber: Um aumento na altura da coluna
líquida aumentará a velocidade com que o líquido passará. Naturalmente, à medida que as colunas vão se igualando, a velocidade diminui.
Um aumento na pressão parcial do gás aumentará a velocidade de absorção. Naturalmente à medida que a quantidade de gás já dissolvida aumenta, a velocidade diminui.
Um líquido menos viscoso penetrará mais rapidamente na areia. A velocidade será maior.
Um gás mais afim com o tecido se difundirá mais rápido.
Areia mais fina ou mais grossa permitirá uma passagem mais lenta ou mais rápida.
A natureza do tecido permitirá uma maior ou menor absorção.
Após um certo tempo, todo o líquido terá passado. Após um certo tempo, o tecido estará saturado pelo gás, não mais o absorvendo. Na prática, esse tempo é de 12 horas. (Na realidade, 24 horas para alguns tecidos). A velocidade de absorção de um gás é aproximadamente a mesma da sua liberação, isto é, ele deixará os tecidos em um tempo igual ao que levou para ser absorvido, se mantidas as mesmas variações de pressão parcial. Quando o mergulhador inicia o retorno à superfície o processo é invertido, à medida que a pressão parcial do nitrogênio nos tecidos ultrapassa a pressão parcial desse gás nos sistemas circulatório e respiratório. Esta variação da diferença de pressão (gradiente) entre os tecidos e o sangue/pulmões tem que ser cuidadosamente controlada, para evitar uma difusão demasiadamente rápida do nitrogênio. Se o gradiente de pressão for descontrolado, bolhas de gás podem se formar nos tecidos e no sangue, causando assim a Doença Descompressiva.
Para evitar o aparecimento da Doença Descompressiva, cinco tabelas especiais para descompressão foram desenvolvidas. Estas tabelas levam em consideração a quantidade de nitrogênio absorvida em um dado período de tempo, os gradientes de pressão aceitáveis, que não levem a uma excessiva formação de bolhas e as diferentes velocidades de liberação referentes aos diferentes tecidos.
As tabelas são apresentadas na forma de esquemas de tempo/profundidade, determinando paradas durante a subida por um tempo especificado em profundidades
precisas, exigindo extremo cuidado em sua aplicação. Estas situações são aqui denominadas de exposições excepcional e extrema.
5.2 DEFINIÇÕES