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5.15 ­ DESCOMPRESSÃO OMITIDA 

No documento MANUAL DE MERGULHO A AR (páginas 93-103)

A  ocorrência  de  uma  descompressão  omitida  pode  ser  planejada  ou  não.  Uma  descompressão omitida planejada ocorre quando as condições reinantes se desenvolvem  de maneira tal que seja imprescindível trazer o mergulhador à superfície antes que este  complete sua descompressão, como por exemplo: mau funcionamento de equipamentos  vitais,  acidente  com  o  mergulhador  e  mudança  repentina  nas  condições  climáticas.  Neste  caso  todas  as  opções  disponíveis  devem  ser  consideradas,  principalmente  a  existência  de  uma  câmara  de  recompressão  na  área  pronta  para  ser  utilizada.  Todo o  pessoal  envolvido  deve  ser  alertado  sobre  a  evolução  do  planejamento  e  deve  estar  pronto  para  agir  de  forma  rápida  e  precisa.  Em  uma  descompressão  omitida  não  planejada,  o  mergulhador  aparece  repentinamente  na  superfície  ou  uma  parada  para  descompressão não é cumprida pela ocorrência de algum imprevisto. 

Em ambos os casos, as Tabelas de Descompressão na Superfície podem ser empregadas  de modo a retirar o mergulhador da água, desde que o tempo máximo na superfície seja  respeitado  (intervalo  na  superfície)  e,  consultando  a  nova  tabela  a  ser  utilizada,  não  hajam  paradas  para  descompressão  na  água  ou,  caso  hajam,    estas  tenham  sido  cumpridas.  Caso  os  pré­requisitos  acima  não  sejam  cumpridos,  uma  tabela  de

descompressão  na  superfície  não  poderá  ser  utilizada  e  a  descompressão  do  mergulhador  estará  comprometida  com  risco  de  apresentar  Doença  Descompressiva  (DD).  Nesta  eventualidade  o  mergulhador  deverá  ser  recomprimido  o  mais  rápido  possível.  Cuidados  especiais  deverão  ser  tomados  a  fim  de  detectar  sinais  de  DD.  Havendo  disponibilidade  de  câmara  e  na  ausência  de  sinais  ou  sintomas  de  DD  ou  ETA, deverão ser empregadas as Tabelas de Tratamento 5, 6, 1A ou 2A (Capítulo 6).  Exemplo:  Em um mergulho cujo esquema de descompressão era 120 pés/40 min, estava previsto  o uso da TPD. Duas paradas para descompressão eram exigidas, uma aos 20 pés por 5  min e outra aos 10 pés por 25 min. Houve um problema no guincho e o sino aberto com  os mergulhadores foi trazido diretamente para a superfície.  Solução:  Se observarmos a TDSO, não é prevista nenhuma parada na água para este esquema de  descompressão, logo, se tivermos câmara de recompressão disponível e o intervalo na  superfície for inferior a 3 min e 30 s, esta tabela deverá ser utilizada. 

Caso  o  mergulhador  desenvolva  sintomas  de  Doença  Descompressiva  durante  o  intervalo  na  superfície  este  deverá  ser  tratado  de  acordo  com  os  procedimentos  previstos nas Tabelas de Tratamento (Capítulo 6). 

5.15.1 ­ Profundidade de descompressão omitida igual ou menor que 20 pés 

Não  existindo  uma  câmara  de  recompressão  na  área,  devem  ser  cumpridos  os  seguintes procedimentos: 

Caso o MG sinta­se bem e possa retornar à profundidade da parada omitida dentro  de  1  minuto,  ele  poderá  realizar  as  paradas  para  descompressão  normalmente,  aumentando em 1 minuto o tempo de permanência na parada omitida. Se o intervalo  de  superfície  exceder  1  minuto  e  o  MG  permanecer  assintomático,  este  deverá  retornar para a profundidade a qual omitiu a parada e  nela permanecer pelo tempo  previsto na TPD, multiplicado por 1,5. Se a parada omitida for aos 20 pés e também  houver parada aos 10 pés, este procedimento será  repetido (multiplicar o tempo de  permanência aos 10 pés por 1,5). Após a chegada à superfície, o mergulhador deverá  ficar em observação por 1 hora. 

em  câmara,  de  acordo  com  as  tabelas  e  procedimentos  previstos  nas  Tabelas  de  Tratamento (Capítulo 6).  5.16  ­ MERGULHO EM ALTITUDE  Devido à redução na pressão atmosférica, mergulhos conduzidos em altitude requerem  mais descompressão que um mergulho similar realizado ao nível do mar. Desta forma,  as tabelas de descompressão não podem ser utilizadas diretamente. Existem tabelas de  descompressão especialmente desenvolvidas para cada altitude. Uma outra solução para  o problema  é  utilizar  um  fator  de  correção  para  os  mergulhos  em  altitude  de  modo  a  encontrarmos  a  descompressão  requerida  utilizando  as  tabelas  padrão  descritas  neste  capítulo.  Este  procedimento,  comumente  conhecido  como  “Cross  Correction”  (Correção  Cruzada)  sempre  fornece  uma  profundidade  corrigida  maior  que  a  profundidade real do mergulho. Esta profundidade corrigida provê uma descompressão  extra, necessária para eliminar os efeitos da altitude no mergulho. 

Para  utilização  da  “Correção  Cruzada”,  temos  que  observar  dois  fatores:  primeiro,  a  profundidade  real  do  mergulho  deve  ser  corrigida  para  que  possamos  determinar  a  “Profundidade Equivalente” do mergulho; segundo, as profundidades das paradas para  descompressão  também  devem  ser  corrigidas  para  uso  em  altitude.  A  velocidade  de  subida  também  deveria  ser  corrigida,  contudo,  se  a  “Correção  Cruzada”  for  aplicada  corretamente, esta terceira correção poder ser ignorada com segurança.

Prof.  (pés)  Altitude  Profundidades Equivalentes  Prof. da Parada  p/ Descomp. 

5.16.1 ­  Procedimentos para Obtenção da Profundidade Equivalente 

A  profundidade  equivalente  do  mergulho  é  obtida  através  da  multiplicação  da  profundidade  real  pela  proporção  entre  pressão  atmosférica  ao  nível  do  mar  e  a  pressão atmosférica na altitude (na área do mergulho). Neste caso, devemos sempre  usar milibares (mb) para expressar as pressões atmosféricas.  Prof. Equivalente  (mb)  Altitude  na  Pressão  (mb)  Mar  do  Nível  ao  Pressão  x  Real  Prof. Exemplo:  A profundidade real de um mergulho é de 60 pés. O mergulho ocorreu a 5.000 pés  de altitude. A pressão lida no local do mergulho foi de 843 milibares (0,832 ATA).  Qual a profundidade equivalente deste mergulho?  Solução:  Pressão ao nível do mar = 1013 mb (1 ATA)  Prof. Equivalente  mb  843  mb  1013  x  pés  0  6 =  = 72,1 pés  5.16.2 ­  Correção para as Paradas para Descompressão na água 

As  correções  para  as  paradas  para  descompressão  em  mergulhos  em  altitude  são  encontradas  através  da  multiplicação  da  profundidade  da  parada  tabelada  pela  proporção entre pressão na altitude e a pressão atmosférica ao nível do mar (note que  está proporção é a inversa da utilizada para se obter a profundidade equivalente).  Prof. Descomp. em Altitude  (mb)  Mar  do  Nível  ao  Pressão  (mb)  Altitude  na  Pressão  x  Tabelada  Prof. Exemplo: 

No  mergulho  anterior,  usando  a  profundidade  equivalente,  verificou­se  a  necessidade de uma parada para descompressão aos 20 pés (profundidade tabelada).  Qual a profundidade corrigida na qual esta parada deve ocorrer?  Solução:  Pressão ao nível do mar = 1013 mb (1 ATA)  Prof. Descomp. em Altitude  mb  1013  mb  843  x  pés  0  2 =  = 16,6 pés  Para simplificar os cálculos, a Tabela 5­2 fornece as profundidades equivalentes e as  paradas  para  descompressão  em  altitude  corrigidas  para  mergulhos  entre  10  e  190  pés (3  e 57 m) e  altitudes que  variam de 1.000 a 10.000 pés,  com  incrementos de 

Nenhuma correção é necessária em mergulhos realizados entre as altitudes do nível  do mar e 300 pés. Em altitudes entre 300 e 1.000 pés só será necessário realizar as  correções  caso  a  profundidade  real  do  mergulho  seja  igual  ou  superior  a  145  pés  (43,5 m). Como estas  altitudes  não estão tabeladas, as correções deverão ser  feitas  através  do  uso  das  fórmulas  descritas.  Acima  dos  1.000  pés  de  altitude,  todos  os  mergulhos deverão sofrer correção. 

5.16.3 ­  Medida da Profundidade em Altitude 

Para  se  medir  a  profundidade  em  mergulhos  em  altitude  devem  ser  utilizados  preferencialmente  equipamentos  que possam  ser  “zerados”  no  início  do  mergulho.  Uma vez “zerados”, nenhuma correção precisa ser inserida nas leituras efetuadas.  Quando  for  utilizada  uma  câmara  de  recompressão,  seus  manômetros  deverão  ser  “zerados” antes de se realizar uma descompressão na superfície.  Muitos manômetros utilizados por mergulhadores são selados e têm como referência  a pressão de uma atmosfera,  não podendo ser reajustados com a altitude. Para estes  manômetros deve­se somar 1 pé ao valor lido para cada 1.000 pés de altitude da área  do mergulho. Esta correção deverá ser feita antes de entrar na Tabela 5.2 ou realizar  cálculos matemáticos.  Os fatores de correções para pneufatômetros não mudam com a altitude; logo, estes  equipamentos  podem  ser  utilizados  em  altitude  somando­se  à  leitura  apenas  as  correções listadas na Tabela 5­1.  Altitude (pés)  Grupo de Repetição  1.000  A  2.000  B  3.000  B  4.000  C  5.000  D  6.000  E  7.000  E  8.000  G  9.000  G  Tabela 5­3  Grupos de Repetição  associados a mergulhos em  altitude

5.16.4 ­  Equalização do N2 em Altitude 

Uma  vez  aumentando  a  altitude  duas  coisas  acontecem  ao  organismo  devido  à  menor da pressão atmosférica local: o excesso de nitrogênio começa a ser eliminado  até  entrar  em  equilíbrio  com  o  existente  no  ambiente  e  uma  série  de  complicados  ajustamentos se inicia de modo a compensar a baixa pressão parcial do oxigênio. O  primeiro processo, chamado equilibração, necessita de 12 horas na altitude para se  completar.  O  segundo,  chamado  aclimatização  (ou  aclimatação),  necessita  de  um  período bem mais longo. 

Caso o mergulho seja realizado dentro de um período inferior a 12 horas da chegada  do  mergulhador  à  altitude,  o  nitrogênio  residual  trazido  do  nível  do  mar  e  ainda  existente no organismo deverá ser levado em conta. De fato, o mergulho inicial em  altitude  ocorrido  num  período  inferior  a  12  horas  da  chegada  à  altitude  deve  ser  considerado  como  um  mergulho  de  repetição  (ou  sucessivo),  sendo  o  primeiro  mergulho iniciado com a ascensão do mergulhador ao nível do mar até a altitude em  que realizará o trabalho. A Tabela 5­3 fornece os grupos de repetição associados a  esta  ascensão  inicial.  Com  este  GR  e  usando  o  tempo  em  que  o  mergulhador  encontra­se na altitude como intervalo de superfície (IS), poderemos entrar na TTNR  e encontrar o novo grupo de repetição (NGR), que combinado com a profundidade  equivalente planejada do mergulho (Tabela 5­2) nos fornecerá o tempo de nitrogênio  residual (TNR) associado ao mergulho. 

Exemplo: 

Um  mergulhador  foi  rapidamente  transferido  por  um  helicóptero  para  a  área  de  mergulho  situada  a  6.000  pés.  O  mergulho  foi  planejado  para  100  pés  de  profundidade  e  teve  início  90  minutos  após  a  chegada  do  mergulhador.  Quanto  tempo de nitrogênio residual deverá ser somando ao tempo de fundo do mergulho?  Solução: 

Na  Tabela  5­3  verificamos  que  o  GR  para  6.000  pés  é  “E”.  A  partir  deste  GR,  entramos na TTNR e com um intervalo de superfície de 90 minutos obtemos o NGR:  “D”.  O  mergulho  tem  uma  profundidade  planejada  de  100  pés.  Na  Tabela  5­2  achamos a profundidade equivalente planejada de 130 pés.  Com esta profundidade  equivalente e o NGR, conseguimos o TNR a ser somado que é de 11 minutos.

A Tabela 5­3 também pode ser utilizada quando o mergulhador ascende de uma área  elevada  para  outra  de  maior  altitude.  Neste  caso,  o  argumento  de  entrada  é  a  diferença entre as altitudes dos dois locais.  Exemplo:  Mergulhadores já equilibrados em uma área de 6.000 pés de altitude são transferidos  para realizarem um mergulho a 10.000 pés. A diferença entre as altitudes é de 4.000  pés, logo o GR a ser utilizado por estes mergulhadores a 10.000 pés é “C”.  5.17  ­ VÔO APÓS O MERGULHO  Um aumento de altitude após um mergulho acarreta um aumento no risco de ocorrência  de Doença  Descompressiva devido à redução da pressão atmosférica.  Quanto maior a  variação de altitude maior será este risco. 

A  Tabela  5­4  fornece  o  intervalo  de  superfície  (horas:minutos)  que  precisa  ser  aguardado  antes  de  se  realizar  uma  ascensão  em  altitude.  Este  intervalo  depende  do  valor  da  altitude  final  que  será  alcançada  após  o  mergulho  e  do  maior  grupo  de 

Grupo de  Repetição 

Tabela 5­4 

Tabela de intervalos de superfície para vôos pós­mergulho 

de aeronave, o valor padrão desta pressão equivale a 8.000 pés de altitude. Desta forma,  para  vôos  comerciais  devemos  utilizar  este  valor  como  altitude  final  para  verificar  o  intervalo de superfície necessário a ser aguardado antes de se realizar um vôo. 

Em companhias  aéreas que utilizam aeronaves de  pequeno porte ou com cabines  não  pressurizadas, deve­se realizar um contato prévio a  fim de verificar a altitude final do  vôo ou a altitude equivalente à pressão na cabine. 

Caso  o  mergulho  se  realize  em  uma  altitude  igual  ou  superior  a  8.000  pés  não  será  necessário  aguardar  nenhum  período  para  realizar  vôos  em  aviões  comerciais,  pois,  neste  caso,  a  cabine  pressurizada  levará  a  manutenção  ou  mesmo  um  aumento  de  pressão em relação à área do mergulho. 

Como não existem GR associados a mergulhos com descompressão na superfície, para  estes mergulhos deve­se entrar na TPD com a profundidade equivalente e o tempo total  do mergulho para se obter o GR a ser usado como argumento de entrada na tabela 5.4.  Após um mergulho  hélio­oxigênio  sem  saturação, deve­se  aguardar 12 horas antes de  realizar  uma  viagem  com  aumento  de  altitude.  Caso  o  mergulho  seja  com  saturação,  deve­se aguardar 24 horas. 

Exemplo: 

Um mergulhador realizou um mergulho 60 pés/60 min. A área do mergulho era ao nível  do  mar  e  o  GR  obtido  foi  “J”.  Após  um  intervalo  de  superfície  de  6h  e  12min,  ele  realizou um segundo mergulho (30 pés/20 min) recebendo o GR “C”. O mergulhador  pretende  retornar  para  casa  em  um  vôo  comercial.  Qual  o  intervalo de  superfície  que  deve ser aguardado antes do vôo? 

Solução: 

A  ascensão  pretendida  pelo  mergulhador  é  de  8.000  pés.  Foram  realizados  dois  mergulhos nas 24 horas que antecedem o vôo. O maior GR dos dois mergulhos foi “J”.  Entrando na Tabela 5­4 com estes dados (GR “J”  e 8.000 pés), obtemos o tempo que  deverá ser aguardado que é de 17h e 35 min. 

Exemplo: 

Após completar um mergulho em uma região de 4.000 pés de altitude, um mergulhador  planeja  realizar  uma  viagem  que  passará  por  uma  serra  de  altitude  máxima  de  7.500  pés. O GR do mergulho realizado foi “G”. Qual o intervalo de superfície que deve ser  aguardado antes da viagem?

Solução: 

O aumento de altitude previsto será de 3.500 pés (7.500 pés – 4.000 pés). Os dados de  entrada  na tabela serão: 4.000 pés (altitude próxima maior) e GR “G”. O  intervalo de  superfície que deve ser aguardado é de 1h e 23 min. 

Exemplo: 

Após completar um mergulho em uma região de 2.000 pés de altitude, um mergulhador  retorna para casa em uma aeronave não pressurizada. O teto do vôo é de 5.000 pés. O  GR  do  mergulho  realizado  foi  “K”.  Qual  o  intervalo  de  superfície  que  deve  ser  aguardado antes da viagem? 

Solução: 

O aumento de altitude previsto será de 3.000 pés (5.000 pés – 2.000 pés). Os dados de  entrada  na  tabela  serão: 3.000 pés  e  GR  “K”.  O  intervalo  de  superfície  que  deve  ser  aguardado antes do vôo é de 6h e 25 min.

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