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Descrição e análise dos dados

CAPÍTULO III – A PRÁTICA DA LEITURA NA INTERNET

3.4 Descrição e análise dos dados

Os dados tabulados serão apresentados de acordo com a numeração das questões apresentadas no questionário. Apresentaremos os valores referenciais sempre em forma percentual por meio de tabelas e gráficos para a facilitação da visualização. Demonstraremos, também, os dados sempre em três posições: rede privada, rede pública e total geral, pois acreditamos que, dessa forma, transmitiremos maior clareza na obtenção dos dados.

____________

9 A subdivisão das classes sociais adotada é a apresentada pelo site Brasil escola. Disponível em:

Durante a análise, apresentaremos o fragmento da pergunta, seguido pelos dados tabulados e, na sequência, os comentários sobre a pergunta. É importante ressaltar que, como toda pesquisa de opinião, os dados se baseiam na declaração dos informantes em resposta às questões formuladas.

3.4.1 O perfil social dos informantes

Primeiramente, buscamos verificar se os informantes possuem computador em casa, para isso perguntamos:

a) Você tem computador em casa? ( ) sim ( ) não

As respostas obtidas foram tabuladas a seguir:

GRÁFICO I

PROPORÇÃO DE USUÁRIOS COM COMPUTADOR EM CASA

Os dados apresentados no gráfico revelam que a maioria (78%) dos informantes possui computador em casa. No entanto, vale ressaltar a diferença de 40% existente entre os alunos das redes pública e privada.

b) Tem acesso à internet em casa?

( ) sim ( ) não – caso negativo, onde acessa a internet?

( ) somente na escola ( ) lan house ( ) casa de amigos ( ) outros _________

As respostas obtidas foram:

GRÁFICO II

PERFIL DE ACESSO À REDE EM DOMICÍLIO

Os dados acima demonstram que mais da metade dos informantes (69%) já possui a tecnologia com acesso à rede mundial em casa. Todavia, nosso objetivo com a pergunta era identificar o número total de acessos sendo eles em casa ou não. Por isso, como demonstramos na pergunta [b], foi dado a possibilidade ao aluno que não possui computador ou acesso à internet em casa, de explicitar onde obtém acesso à rede. Em resposta a essa parte da pergunta, os dados obtidos foram:

Escola Lan house Casa de amigos Outros

Pública 0% 49% 11% 6%

Privada 0% 2% 1% 1%

Total geral 0% 26% 5% 3%

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Primeiramente, é preciso ressaltar que o informante teve a opção de assinalar mais de uma resposta, por isso o somatório do percentual é superior a 100%. Segundo, os alunos que assinalaram a opção “outros” tinham espaço para identificar em que outros lugares acessavam a internet. As respostas mais frequentes foram: trabalho, centro culturais, telecentros e cursos de informática.

No entanto, o que pôde ser observado com os dados obtidos na pergunta foi o grande uso das lan houses como uma opção para o acesso à tecnologia. Assim, como aponta a pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação no Brasil: TIC Domicílios, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil e publicada em 2008, as lan houses passaram a desempenhar um importante papel na imersão de jovens no espaço cibernético.

Pelas duas questões acima, levantamos que boa parte dos informantes possui a tecnologia em casa e que aqueles que não possuem não deixam de utilizá- la, pois, de certa maneira, encontram alternativas para acessar a rede. Assim, levantamos que 96% do total dos alunos acessam a internet seja em casa, seja em

lan houses. Esses dados são importantes, porque confirmam a relevância de nossa

pesquisa, já que os alunos de Ensino Médio estão conectados à rede, precisamos conhecer seu perfil e identificar que estratégias utilizam na leitura do texto digital.

3.4.2 O perfil de uso da internet pelos informantes

As questões que seguem estão relacionadas ao perfil de uso da internet pelos alunos. Iniciamos perguntando sobre a frequência de uso

c) Qual é a sua frequência de uso da internet?

( ) diariamente ( ) 4 a 5 vezes por semana ( ) 2 a 3 vezes por semana ( ) raramente

GRÁFICO III

FREQUÊNCIA DE USO INDIVIDUAL DA INTERNET

Nosso objetivo com a pergunta foi levantar a frequência de uso da tecnologia pelos alunos. Percebemos, por meio do total geral que mais da metade (54%) dos informantes acessa a internet diariamente. Todavia, acreditamos que seja importante, neste momento, ressaltar a desigualdade na frequência de uso, uma vez que o dobro (77%) dos alunos da rede privada possui acesso à rede diariamente. Outro dado que deve ser salientado, ainda em relação às diferenças, é que a rede pública ainda apresenta um percentual relativamente alto de 27% de alunos que raramente usam a internet.

Acreditamos que a maior ou a menor frequência de uso da internet, possa interferir na estratégia de leitura adotada pelos hiperleitores, já que Perrenoud (2000) defende que a habilidade é uma capacidade adquirida, que pressupõe um elevado grau de adaptação entre meios e fins, seu desenvolvimento exige ação e prática. Levando em consideração a afirmação do pesquisador e associando-a aos dados da pesquisa, observamos que existe a possibilidade de os alunos da rede pública encontrarem mais dificuldades na prática da leitura de hipertexto devido à baixa frequência de uso da internet.

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3.4.3 As práticas de leitura na internet

A próxima pergunta foi formulada para levantar quais eram os objetivos dos alunos ao utilizar a rede. O informante nesta pergunta poderia optar por mais de uma alternativa. Todavia, aquele que achasse que as opções disponíveis não expressavam seu emprego, poderia optar pela opção “outros”. Esse campo tinha um espaço para escrita das atividades realizadas na internet, conforme demonstra o fragmento da pergunta:

d) Você usa a internet com mais frequência para:

( ) pesquisas escolares ( ) jogos/brincadeiras ( ) bate-papos ( ) compras ( ) outros ___________________

Os dados obtidos foram:

Pesquisas

escolares Jogos/brincadeiras Bate-papos

Compras Outros

Pública 48,5% 10% 38% 0,5% 3%

Privada 32% 10% 50% 3% 5%

Total geral 40,25% 10% 44% 1,75% 4%

Os informantes que fizeram a opção pelo item “outros” revelaram utilizar a internet com mais frequência para baixar músicas, ver vídeos, acessar blogs, procurar emprego ou a trabalho (um informante).

É preciso salientar que, durante a aplicação do questionário, os alunos receberam instruções para considerar a alternativa bate-papos como a generalização de todos os sites que incluem troca de informações rápidas, o item inclui: e-mails, messengers, sites de relacionamento etc. Diante disso, os dados

revelam que o item, se considerarmos o total geral, obtém uma pequena vantagem (3,75%) em relação ao item pesquisas escolares.

Outro dado que também pôde ser observado em nossa pesquisa e que encontra consonância com os dados disponibilizados pela pesquisa TIC10 é em relação à realização de pesquisas escolares. A pesquisa TIC revelou que 67% dos alunos de EM, em 2007, já acessavam a internet para realizar pesquisas escolares. Nossa pesquisa, em uma proporção menor, confirma que boa parte dos informantes em 2008 ainda realiza tal prática.

Assim, para sermos mais precisos, em relação às práticas de leituras, efetivamente, realizadas pelos informantes perguntamos:

e) Os textos que você busca na internet geralmente são para: ( ) aprofundar conhecimentos gerais (pesquisas específicas) ( ) informativos (leituras de jornais on-line, resenhas de filmes etc.) ( ) lazer/entretenimento (livros on-line; blogs etc.)

Os dados obtidos foram:

GRÁFICO IV

TIPOS DE TEXTOS ACESSADOS NA INTERNET

_______________________

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10 Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil: TIC Domicílios,

realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil e publicada em 2008. Disponível em http://www.cetic.br/index.html.

A pergunta teve por objetivo identificar os motivos que levam os alunos a realizarem atividade de leitura na internet. Permitimos que deixassem em branco a resposta caso sua opinião não se enquadrasse em nenhuma das opções, contudo não tivemos nenhum questionário em branco.

Foi permitido, também, que fosse assinalada mais de uma opção, pois sendo a internet uma rede de informações tão ampla, dificilmente um usuário consegue limitar-se apenas a um tipo de texto. Assim, observamos que 40% dos informantes assinalaram duas opções: lazer/entretenimento e aprofundar conhecimentos gerais.

Em ambas as opções assinaladas, notamos que é necessário leitura e uso de estratégias para a compreensão do texto, quer em uma atividade de lazer como ler blogs ou jogos, quer em uma pesquisa específica para aprofundar conhecimento. O leitor sempre terá que ativar seus conhecimentos prévios, fazer inferências e selecionar o que é de seu interesse.

3.4.4 Análise das estratégias off-line e on-line

As questões a seguir fazem parte da segunda parte da pesquisa. Pertencem ao bloco da pesquisa que delineia o perfil de leitura e aponta as estratégias utilizadas pelos alunos na prática de leitura de textos digitais.

• Pergunta 1

Ao começar uma leitura na internet você estipula um objetivo a alcançar?

Sim Às vezes Não

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Sim Às vezes Não Em branco

Pública 44% 51% 5% 0% Privada 37% 44% 18% 1%

Total geral 40,5% 47,5% 11,5% 0,5%

A pergunta teve como propósito levantar se os informantes utilizam a estratégia essencial apontada pelos estudiosos, isto é, a leitura com objetivo. Os dados revelam, se considerarmos que a resposta “às vezes” carrega consigo 50% de intencionalidade de uma resposta afirmativa, que a maioria dos informantes vai para frente da tela do computador com um objetivo já estipulado.

Dessa maneira, evidenciamos que os hiperleitores de Ensino Médio cumprem o primeiro requisito postulado pelos pesquisadores Rouet & Levonen (1996); Solé (1998); Koch & Elias (2006) dentre outros, que apontam que ter um objetivo a ser alcançado é um ponto essencial das estratégias de leitura, visto que envolve autodireção.

Koch (2007) ressalta ainda que os objetivos do leitor são importantíssimos e ajudam a determinar o uso das estratégias cognitivas, mais precisamente das estratégias de uso do conhecimento. Foltz (1996) ainda completa que leitores com objetivos específicos, ao realizarem leituras de hipertextos, encontram menos dificuldade ao transitar pelos nós presentes na hierarquia hipertextual.

• Pergunta 2

Cria um roteiro de leitura? Isto é, algo que guie

seu trajeto? Sim Às vezes Não

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Sim Às vezes Não

Pública 22% 44% 33% Privada 21% 23% 55%

Total geral 21,4% 33,4% 44,2%

Com essa pergunta, pretendemos levantar se, além de ter um objetivo, o leitor utiliza alguma estratégia para evitar a dispersão na leitura hipertextual – embora essa não seja vista como característica exclusiva do hiperleitor. Serra & Oller (2003) afirmam que os leitores devem ter uma direção de leitura, sabendo determinadas consecuções e o que espera com relação às atividades propostas. Em outras palavras, saber o que busca, por que busca e para que servirá sua leitura. No entanto, analisamos os dados obtidos e observamos que, apesar de ter um objetivo estabelecido, boa parte dos informantes (44,2%) não cria roteiros para leitura digital.

Considerando as respostas obtidas e as características do hipertexto, dificilmente o leitor conseguiria manter-se dentro do roteiro. Assim, as estratégias de leitura vão sendo acionadas conforme a necessidade apresentada pelo contexto, pela complexidade do hipertexto e de acordo com os objetivos de leitura do hiperleitor.

• Pergunta 3

Segundo Almeida (2003, p.100) na internet navegamos depressa, “visitamos muitos lugares e raramente paramos muito tempo em algum lugar. A pressa e o conhecimento da vastidão de informações ao nosso alcance força-nos a um movimento cada vez mais rápido...”. Pensando no aspecto da rapidez exigida na leitura digital e na característica de acessibilidade do hipertexto perguntamos aos nossos informantes:

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Desiste facilmente do conteúdo lido e busca

outro? Sim Às vezes Não

Respostas obtidas:

Sim Às vezes Não

Pública 16% 53% 31%

Privada 19% 51% 29%

Total geral 17,9% 51,9% 30%

A resposta obtida é que 51,9% responderam “às vezes” e 17,9% responderam que “sim”. Como apontam Davies (1995); Solé (1998); Koch & Elias (2006) entre outros pesquisadores, o leitor levanta hipóteses e faz antecipações, prediz sobre o que seja o texto consultado, entretanto, quando não estabelece relações, desiste ou busca outro conteúdo. Os dados são indicadores de que na leitura digital isso ocorre frequentemente pelo fato de o hiperleitor conhecer a característica de acessibilidade ilimitada propiciada pela leitura hipertextual.

• Pergunta 4

Faz anotações paralelas em bloco de notas? Sim Às vezes Não

As respostas obtidas foram:

Sim Às vezes Não Em branco

Pública 22% 31% 53% 3% Privada 20% 22% 46% 3%

Total geral 21% 26,3% 49,7% 3%

Formulamos a pergunta para identificar se os informantes selecionam informações ou conceitos que acreditam ser importantes, uma vez que Kato (1995)

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afirma que, ao processar a leitura, o leitor também desenvolve estratégias de seleção. Para a pesquisadora, o texto fornece índices redundantes que não são igualmente úteis, por isso o leitor deve selecionar aqueles mais eficazes, pois, se assim não ocorresse, o leitor utilizaria todos os índices disponíveis do texto e o aparelho perceptivo ficaria sobrecarregado com informações desnecessárias.

Assim sendo, o leitor deve eleger somente os índices mais produtivos, em função de estratégias metacognitivas baseadas em esquemas que se desenvolvem pelas características do texto e pelo significado das palavras convertidos em conceitos. Por isso, resolvemos levantar se os alunos, no decorrer da leitura, adotam tal estratégia. Os dados revelam que a maior parte (49,7%) dos informantes não seleciona conteúdo por meio de anotações em bloco de notas ou em editor de textos durante a leitura digital.

• Pergunta 5

Consulta dicionários (on-line ou impresso) quando

se depara com palavras que não conhece? Sim Às vezes Não

As respostas obtidas foram:

Sim Às vezes Não Em branco

Pública 27% 34% 38% 1% Privada 36% 27% 36% 1%

Total geral 31,5% 30,5% 37% 1%

Como destaca Cintra (2008, p.43) “é indiscutível que o domínio do vocabulário presente no texto facilita a compreensão de conceitos, a construção de sentidos”. A pesquisadora salienta ainda que existem diferentes graus de compreensão conceitual, que vão desde o total desconhecimento do sentido de uma palavra, até a possibilidade de atribuição de sentido, graças ao próprio texto.

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Desta forma, para o preenchimento de lacunas do texto, normalmente o leitor recorre à estratégia de inferência, mas, às vezes, essa estratégia não é suficiente para o leitor sanar a incompreensão causada por algumas formas linguísticas. Por essa razão, o leitor aciona estratégias que levam à interrupção da leitura e à consulta a dicionários. No entanto, o hipertexto, por apresentar características tais como interconectividade e acessibilidade, proporciona ao leitor maior facilidade de consulta e consequentemente de ativação dessa estratégia.

Diante disso, perguntamos se os alunos consultam dicionários. As respostas obtidas apresentaram certa proximidade nos percentuais. Levantamos, grosso

modo, que 50% consultam dicionários para sanar as eventuais dúvidas e 50% não.

Solé (1998) comenta que o acionamento dessa estratégia é negativo para a prática de leitura, porque leva à interrupção da leitura. Quando ocorre a ativação da estratégia o leitor perde o ritmo e precisa se concentrar novamente para reiniciar a leitura. Contudo, a autora salienta que a estratégia de uso de dicionários deve ser ativada quando o leitor se depara com uma palavra ou expressão desconhecida que aparece repetidamente e que pode interferir na interpretação do texto.

• Pergunta 6

Distrai-se facilmente e tem dificuldade para manter

a concentração ao ler o texto em tela? Sim Às vezes Não

As respostas obtidas foram:

Sim Às vezes Não

Pública 23% 31% 46%

Privada 24% 42% 34%

Total geral 23,5% 36,5% 40%

Com a pergunta, visamos identificar se o leitor apresenta dificuldade para manter a concentração quando realiza a leitura do hipertexto. Boa parte dos

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informantes disse não apresentar problemas de concentração diante do texto digital. Nesse caso, podemos dizer que os hiperleitores ativam a estratégia “atenção concentrada”, descrita por Serra & Oller (2003). Para os pesquisadores, essa estratégia é fundamental para compreensão e para o processo de ensino- aprendizagem.

Pensando sobre os elementos constitutivos do hipertexto, elaboramos algumas questões que tratam, especificamente, das estratégias utilizadas por hiperleitores. A primeira pergunta foi:

• Pergunta 7

Clica em todo hotword11 ou hiperlink que aparece

no texto para verificar o que ele traz? Sim Às vezes Não

As respostas obtidas foram:

Sim Às vezes Não

Pública 12% 38% 49%

Privada 6% 27% 66%

Total geral 9,4% 32,8% 56,8%

Tivemos dois propósitos ao elaborar a pergunta sete: o primeiro foi levantar se os caracterizadores do hipertexto levam o leitor a se desviar de seu objetivo e, o segundo, foi levantar o comportamento do leitor na rede com base nos estudos de Santaella (2004).

Os dados apresentados revelam que grande parte dos informantes (56,8%) não clica em todo hotword ou hiperlink que aparece no hipertexto, consequentemente, não se desviam de seu objetivo. Os dados também são indicadores de que os hiperleitores, quando possuem um objetivo, não adotam a postura de flâneurs.

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Hotword, como explica Leão (2001), tem a mesma função dos links, com a diferença de que, em

geral, vem destacado no corpo do texto (como palavras) e é marcado por uma cor diferente.

Ainda pensando nos elementos constitutivos do hipertexto, elaboramos a próxima pergunta com o propósito de identificar que estratégia o leitor aciona após clicar em hiperlinks e hotwords.

Pergunta 8

Após clicar em hiperlinks ou hotwords presentes

no hipertexto você retorna para o texto-origem? Sim Às vezes Não

As respostas obtidas foram:

Sim Às vezes Não Em branco

Pública 49% 23% 21% 7%

Privada 42% 23% 35% 0%

Total geral 45,7% 23% 28% 3,3

Identificamos que a maioria dos informantes retorna ao texto-origem (45,7%). Os motivos que levam um leitor a retornar ao texto-origem podem ser variados, dentre eles a ativação de um link infrutífero, o hábito da leitura linear (texto impresso), o medo de se perder no labirinto virtual (Leão, 2001) entre outras possibilidades.

Pergunta 9

Ao realizar a ação de ir para trás, continua a

leitura do ponto que parou? Sim Às vezes Não

As respostadas obtidas foram:

Sim Às vezes Não Em branco

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Privada 55% 31% 12% 2%

Total geral 49,5% 32,5% 16% 2%

Perguntamos aos informantes se, ao realizar a ação de ir para trás (retornar à página inicialmente visitada), após ter clicado em um link, continuam a leitura do ponto que pararam. É preciso ressaltar que a expressão “ponto que pararam” está associada ao hábito tradicional de leitura de um sistema linguístico, ou seja, a noção de linearização das unidades linguísticas que não sofrem alteração na mudança de suporte (MARCUSCHI, 2001).

Dessa maneira, levantamos que praticamente a metade dos informantes (49,5%) respondeu que sim. Observamos, por meio dos dados, que a postura apresentada pelos informantes diante do texto digital é muito semelhante à postura adotada diante do texto impresso, corroborando com os apontamentos de Foltz (1996) que observou que os hiperleitores utilizam as estratégias do texto impresso na leitura do hipertexto.

A próxima pergunta aborda novamente o item concentração do leitor, no entanto o foco agora é observar se o leitor perde a concentração ao retornar à página inicialmente acessada, após ter realizado a navegação por meio de links. Lembramos que a concentração está estritamente ligada à compreensão.

Pergunta 10

Perde a concentração da leitura quando retorna

ao texto-origem (ponto de partida)? Sim Às vezes Não

As respostas apresentadas foram:

Sim Às vezes Não

Pública 23% 46% 30%

Privada 19% 38% 42%

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Levantamos que boa parte dos informantes não perde a concentração da leitura ao retornar ao texto-origem. Vale ressaltar mais uma vez que consideramos boa parte, uma vez que 42% dos informantes responderam “às vezes”, sendo que essa resposta carrega consigo 50% da intencionalidade de um sim e 50% de um não.

Não temos como falar de leitura sem pensar na compreensão, pois, como bem aponta Solé (1998), não adianta ler apenas para decodificar letras ou palavras, o leitor precisa ir além da interpretação, precisa compreender o texto. Para isso, é imprescindível que o leitor acione estratégias de leitura, algumas inconscientes e outras dirigidas. Assim, pensando nesse aspecto, elaboramos a pergunta a seguir.

Pergunta 11

Ao retornar ao texto-origem, após ter navegado em um hiperlink, precisa reiniciar a leitura para poder compreendê-la?

Sim Às vezes Não

As respostas obtidas foram:

Sim Às vezes Não Em branco

Pública 22% 38% 37% 3%

Privada 23% 31% 46% 0%

Total geral 22,5% 34,5% 41,5% 1,5%

Com a pergunta, pretendemos levantar o grau de concentração e assimilação de leitura, pois, ao retornar para o texto-origem, o hiperleitor precisa acionar, dentre tantos fatores, a memória de curto prazo, esquemas e os conhecimentos para prosseguir na leitura.

Os dados obtidos revelaram que parte dos hiperleitores (41,5%) não precisa reiniciar a leitura para poder compreendê-la. Todavia, a outra parte ainda apresenta dificuldade necessitando reiniciar a leitura.

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Pergunta 12

Aproveitando o eixo da compreensão, resolvemos questionar se os informantes buscam o aprofundamento na leitura. Para tanto, perguntamos:

Busca os links sugeridos apresentados no texto, a

fim de aprofundar o conhecimento? Sim Às vezes Não

As respostas apresentadas foram:

Sim Às vezes Não

Pública 27% 44% 29%

Privada 26% 44% 30%

Total geral 26,5% 44% 29,5%

Identificamos que os hiperleitores quase se dividem na resposta acima, à medida que consideramos que a resposta às vezes pode conter 50% de afirmação e 50% não. Assim, de modo geral, podemos dizer que 49% dos informantes buscam os links sugeridos para aprofundar o conhecimento e 51% não realizam tal prática.

A próxima pergunta retoma o uso de estratégia de seleção, mas, nesse momento, focalizando o fim da sessão (Rosenberg, 2002).

• Pergunta 13

Ao concluir a leitura, copia para um editor de textos apenas os trechos lidos que achou interessantes?

Sim Às vezes Não

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Sim Às vezes Não

Pública 26% 32% 41%

Privada 41% 29% 29%

Total geral 33,5% 30,5% 35%

Nosso propósito com a pergunta foi levantarmos se o leitor quando chega ao fim da sessão de navegação utiliza a estratégia de seleção, uma vez que essa estratégia é importante para leitura, pois permite que o leitor se atenha apenas ao que é relevante (KATO, 1995). Os dados demonstraram certa homogeneização nas respostas. Em outras palavras, podemos dizer que metade dos informantes copia trechos para editores de texto e a outra metade não. Diante dos resultados,

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