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Descrição e datação das peças do acervo

No documento Universidade e lugares de memória (páginas 119-123)

memória da Química no Rio de Janeiro

4. Descrição e datação das peças do acervo

Uma vez recebidas as doações/legados, é feito o registro de todos os dados que identifiquem o doador e a origem do ma- terial. Em seguida, é realizada uma pesquisa que determina (ou es- tima) a época em que o mesmo foi produzido. As informações são finalmente digitadas em banco de dados; a exceção dos livros, os demais itens do acervo se acham dessa forma catalogados.

A determinação da origem dos materiais é de suma impor- tância, pois ele pode dar informações sobre como esses materiais foram passados de uma instituição a outra, conforme o modo e a responsabilidade do ensino de química mudaram ao longo do tem- po (fato esse particularmente notável na história da UFRJ). Isso se consegue por uma combinação de mecanismos: consulta a regis- tros de patrimônio das unidades de origem; testemunho pessoal de ex-alunos; docentes e técnico-administrativos aposentados; análise de fotografias antigas; consulta a catálogos de fabricantes e fornecedores; comparação com peças idênticas existentes em diversos locais (museus, salas de direção etc.). Seguindo tendência observada em museus europeus e norte-americanos, não são ape- nas introduzidas no acervo peças ditas “antigas”, mas também itens

fabricados há relativamente pouco tempo (10-20 anos), devido ao fenômeno da obsolescência rápida desses mesmos itens.

A maioria do acervo provém das antigas Escolas Nacionais de Química e Farmácia, bem como da Faculdade Nacional de Filosofia. Fora da estrutura da UFRJ, as principais origens são o Colégio Mili- tar do Rio de Janeiro (CMRJ) e a Associação Brasileira de Química (ABQ).

4.1 Reagentes

Marca característica de um laboratório químico, os cerca de 3.400 exemplares mostram uma perfeita noção da evolução das embalagens, dos rótulos e da quantidade de produtos disponíveis comercialmente ao longo das décadas, sendo um retrato vivo de como a química influenciou e influencia a vida em nosso dia a dia. Os reagentes mais antigos datam da década de 1870 (Figura 1).

Figura 1: à esquerda: fosfato de sódio (Na2HPO4), procedência alemã (1951), rea- gente da Faculdade Nacional de Filosofia; ao centro: sulfato de “nickel e ammonea” (NH4)2Ni(SO4)2, procedência alemã (1924), usado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro; à direita: alizarina artifical (1918), da Escola Politécnica do Rio de Janeiro (Largo de S. Francisco)

4.2 Insumos de laboratório

Correspondem a toda uma variedade de materiais: papéis de filtro, material de aquecimento, papéis de pH e universal, espátu- las, réguas de cálculo químicas, modelos atômicos, pinças, suportes, garras, vidrarias as mais diversas, etc. Neste último caso, é notável a percepção da evolução do instrumental de laboratório ao longo do tempo: do vidro sódico ao pirex, passando pelo vidro neutro. A forma de utilização e o desenho das peças de vidro também mos- tram mudanças, visando principalmente a eficiência e a segurança na condução dos experimentos. Nesta categoria (Figura 2) incluem- se os termômetros e os densímetros, dentre os quais se encontram as peças mais antigas do acervo (década de 1850).

Figura 2: à esquerda: combustor (ca. 1930), oriundo da Faculdade Nacional de Far- mácia; à direita: caixa de papel de filtro de procedência sueca, com a imagem de seu inventor J. J. Berzelius (ca. 1915), provavelmente oriundo da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

4.3 Equipamentos

Incluem balanças, centrífugas, bombas a vácuo, microscó- pios, refratômetros, sacarímetros, colorímetros, aparelhagens para aquecimento em geral, viscosímetros, medidores de pH, medidores de radiação etc. Uma das características mais marcantes é a eletrifi-

cação dos instrumentos, como as centrífrugas, e esse fato é um dos que mais chamam a atenção dos visitantes ao Museu. Sempre que possível, catálogos, manuais e fotos ilustrativas de como os equipa- mentos eram empregados no passado são incluídos para a descri- ção completa da peça.

Figura 3: à esquerda: bomba a vácuo a manivela (ca. 1920), proveniente do Colégio Militar do Rio de Janeiro; à direita: sacarímetro da Escola Politécnica do Rio de Janei- ro, 1890.

4.4 Acervo documental

Dentre os diversos itens, destacam-se: teses de concurso para o provimento de cátedras (disciplinas) de química da Escola Politécnica (anos 1920-1930); teses de concurso para o provimen- to de cátedras de química da Escola Nacional de Química (anos 1940-1950); revistas da primeira Sociedade Brasileira de Química (1937-1944); acervo documental da Associação Química do Brasil (1939-1951); revistas e boletins da Associação Brasileira de Química (1951-1999); manuais de química mineral e de águas minerais do Brasil (1920-1929); enciclopédias de hidráulica e química industrial (1879-1896); catálogo de produtos para laboratório (1916-2001); fo- tografias de laboratórios de Química da Escola Politécnica (ca. 1910), da Escola Nacional de Química (1954-1962) e do Instituto de Quími- ca (1960-1970); catálogos do Instituto de Química (1963-1995); atas de exames orais de Química da Faculdade Nacional de Filosofia

(1940-1950); anuários das unidades da Universidade do Brasil (atual UFRJ) dos anos 1940, 1950 e 1960; estatuto e regimento da Universi- dade do Brasil (1950); pautas de reuniões do Conselho Universitário (1955-1959); atos de regulamentação da Escola Técnica de Química (atual CEFET-Química - 1943-1946); Curso de formação de profes- sores para o Ensino Industrial pela Comissão Brasileiro-Americana para o Ensino Industrial (CBAI - 1947).

Figura 4: à esquerda: carteira de estudante de Gelcyra Cardoso Bittencourt, (4º ano do Curso de Química Industrial da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, 1932); à direita: na época da transferência do Instituto de Química para o bloco A do Centro de Tecnologia (1968), parte do interior do prédio ainda estava em obras.

4.5 Livros

Cerca de 70% das obras está disponível para consulta imediata da comunidade; os 30% restantes exigem algum trabalho prévio de higienização, sendo, por isso, de consulta e acesso restritos. Mais de 80% dos livros são da área de química, mas também existem obras das áreas de Engenharia, Medicina, Geologia, Geografia, Matemáti- ca, Física, Meteorologia, Farmácia, Arquitetura e Urbanismo, Ciência Política, Astronomia, Biologia e História.

No documento Universidade e lugares de memória (páginas 119-123)