• Nenhum resultado encontrado

MÉTODOS EXPERIMENTAIS

2.3. Calorimetria de combustão em bomba estática

2.3.2. Descrição do calorímetro de combustão

Os valores da energia mássica de combustão padrão de 14 derivados do benzeno (9 benzamidas e 5 ácidos aminometoxibenzóicos) foram determinados utilizando um calorímetro construído no Centro de Investigação em Química da Universidade do Porto, baseado no esquema do calorímetro de Dickinson [7]. A sua descrição detalhada encontra-se na literatura [8,9], mas serão referidos a seguir os aspetos mais importantes.

2.3.2.1. Bomba estática de combustão

A bomba estática de combustão utilizada neste trabalho (Parr modelo 1108) foi adquirida à empresa Parr Instruments Company, Illinois, E.U.A., sendo constituída por três componentes distintos: corpo, cabeça da bomba e anel de selagem (figura 2.1).

O corpo da bomba, construído em aço inoxidável estabilizado com nióbio, possui um volume interno de 342 cm3 e uma espessura de parede capaz de suportar uma pressão de oxigénio até cerca de 4 MPa.

A cabeça da bomba (figura 2.2), igualmente em aço inox, possui duas válvulas - uma de entrada (B) e outra de saída (A) de gases - e dois elétrodos, dispostos paralelamente entre si, estando um deles isolado (F) e o outro em contacto elétrico (G) com a bomba. O contacto entre os dois elétrodos estabelece-se através de um fio fino de platina que, à passagem de corrente elétrica proveniente da descarga de um

condensador de capacidade 1400 F, fica incandescente provocando a ignição da

amostra através de um rastilho de algodão a ele ligado por um nó. O cadinho, contendo a amostra, é suspenso num suporte adequado (E) que se encontra fixado no extremo do tubo de entrada dos gases (D) - figura 2.2.

O corpo da bomba é fechado manualmente, adaptando a este a cabeça da bomba, com posterior rotação do anel de selagem (em liga de bronze-alumínio).

30 FCUP

2. Métodos Experimentais

Figura 2.1. Componentes da bomba de combustão. A, corpo da bomba; B, anel de selagem; C, cabeça

da bomba.

Figura 2.2. (a) Esquema da bomba de combustão: corte longitudinal pelo plano que contém as válvulas

A de saída dos gases e B de entrada dos gases, sendo C o terminal de ligação ao exterior, D o tubo de entrada de oxigénio e E o anel de suporte ao cadinho; (b) Esquema da tampa da bomba de combustão corte longitudinal pelo plano que contém os elétrodos F e G.

2.3.2.2. Vaso calorimétrico

Na figura 2.3 é possível visualizar o vaso calorimétrico (B), construído em cobre cromado, onde é introduzida a bomba de combustão. Este vaso possui um agitador de pás (C) cuja função é facilitar a circulação da água em torno da bomba, mantendo a temperatura daquela uniforme.

A B C D E F G

C

A B C a) b)

FCUP 2. Métodos Experimentais

31

O vaso calorimétrico possui uma tampa com dois orifícios: um para a passagem da ligação entre o elétrodo isolado e a unidade de ignição e outro para a entrada de uma

sonda de um termómetro de quartzo (modelo HP 2804A) com precisão de 1x10-4 K. A

aquisição dos valores de temperatura é efetuada através do programa LABTERMO [10], que se encontra instalado num computador interfaciado ao termómetro. O interior da tampa possui, ainda, um tubo em cobre onde se encontra uma resistência de

aquecimento (~300 ).

2.3.2.3. Banho termostatizado

O banho termostatizado, (I - figura 2.3), comporta cerca de 40 dm3 de água que é

mantida a temperatura constante (T ≈ 301 K) controlada com uma precisão de 1x10-3

K através de um aparelho Tronac, modelo PTC 41, com o auxílio de uma resistência de aquecimento (L) e de uma serpentina de cobre (M) por onde circula água (fonte fria). O vaso calorimétrico é introduzido num recipiente metálico (H) que se encontra no interior do banho termostatizado. Este recipiente possui três pinos que, para além de atuarem como suporte do calorímetro, garantem que a distância entre as paredes deste e do recipiente metálico seja uniforme e de 1 cm.

Figura 2.3. Esquema representativo do sistema calorimétrico de combustão em bomba estática: A,

bomba de combustão; B, vaso calorimétrico; C, agitador de pás; D, suporte em forma de anel; E, resistência de aquecimento; F, ligação à unidade de ignição; G, sonda do termómetro de quartzo; H, recipiente metálico; I, banho termostatizado; J, agitador; K, “sensor” do controlador da temperatura; L, resistência de aquecimento; M, serpentina de refrigeração.

32 FCUP

2. Métodos Experimentais

Na figura 2.4 apresenta-se uma fotografia do calorímetro e dos sistemas de aquisição de dados, de ignição e de controlo de temperatura, bem como uma fotografia do plano de topo do sistema calorimétrico antes de se colocar as tampas e mergulhar no banho.

(a)

(b)

Figura 2.4. (a) Imagem do calorímetro de bomba estática, sistemas de aquisição de dados, de ignição e

de controlo de temperatura. (b) Imagem do calorímetro sem tampas: vista de topo: A, agitador de pás; B, recipiente metálico; C, vaso calorimétrico contendo água; D, bomba de combustão; E, banho termostático. A B C E D

FCUP 2. Métodos Experimentais

33

2.3.2.4. Procedimento experimental

Numa experiência de combustão de compostos no estado sólido (caso do presente trabalho), a amostra é prensada sob a forma de pastilha e pesada juntamente com o cadinho de platina (balança Mettler AE 240) com uma precisão de 110-5 g.

Procede-se à montagem da bomba. O cadinho com a amostra é colocado no respetivo suporte, e estabelece-se o contacto elétrico entre os dois elétrodos através do fio de platina. O fio de algodão, previamente pesado, é preso por uma das extremidades ao fio de platina, sendo o outro extremo colocado sob a pastilha do

composto. Introduz-se 1.00 cm3 de água desionizada dentro da bomba, que é fechada

adaptando a tampa e apertando convenientemente o anel de selagem. Purga-se duas vezes consecutivas com oxigénio, a 1.5 MPa, e finalmente a bomba é pressurizada a 3 MPa, com oxigénio.

Coloca-se a bomba no vaso calorimétrico contendo 3119.6 g (balança Mettler PC 8000) de água destilada. Este é inserido no recipiente metálico que é, seguidamente, imerso no banho termostatizado. Após se efetuarem os contactos elétricos, introduz-se a sonda do termómetro de quartzo no vaso calorimétrico. Uma resistência interna permite o aquecimento da água no interior do vaso até à temperatura de cerca de 297.82 K. Uma vez atingida esta temperatura, a resistência interna é desligada, seguindo-se um período de estabilização. Quando a temperatura da água sofre

incrementos médios constantes de (14 a 16)10-4 K, inicia-se o registo de temperatura

(de 10 em 10 segundos) de forma a obter pelo menos 100 registos antes de se fazer a ignição da amostra.

Quando a temperatura atinge o valor T = 298.15 K procede-se à ignição da amostra, provocando a descarga do condensador através do fio de platina e registando a diferença de potencial antes e após a ignição. Seguidamente, são efetuados mais 200 registos de temperatura; 100 dos quais referentes ao período principal (ou reacional) e os outros 100 ao período final.

Depois da experiência de combustão concluída, todos os contactos elétricos são desligados e a bomba é retirada do interior do calorímetro, para se proceder à recolha

do CO2 resultante da combustão da amostra. Uma vez terminada a recolha de CO2, a

bomba é aberta e inspeciona-se a eventual existência de resíduos de carbono ou de composto não queimado. No caso da combustão não ter sido completa, a experiência é normalmente rejeitada. Finalmente, a bomba é convenientemente lavada com água desionizada, sendo as águas de lavagem recolhidas e tituladas com solução de

34 FCUP

2. Métodos Experimentais

Documentos relacionados