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DESCRIÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA

No documento ALESSANDRA KRAUSS WIECZORKIEVICZ (páginas 48-51)

2.3.1 Política administrativa e educacional descentralizada de Santa Catarina Nas últimas décadas, o estado de Santa Catarina, como o restante do país, vem passando por aceleradas transformações sociais, políticas, econômicas e ambientais, resultado das novas exigências impostas pela sociedade contemporânea. Durante muito tempo o governo nacional era quem intervinha e tomava as decisões quanto às necessidades das regiões dos estados brasileiros incluindo o estado de Santa Catarina.

Até meados dos anos 1980 ainda prevalecia a centralização do poder, incumbindo aos estados e municípios apenas a função de executar as políticas do Governo Federal. Quando os municípios e até mesmos os estados precisassem de um determinado recurso, o mesmo era adquirido através de favores entre esferas municipal, estadual e federal, tornando-se, em algumas vezes, uma forma de clientelismo, ou seja, troca de favores para a realização de determinada política.

Todavia, a partir do ano de 1988, com a Constituição Federal, é estabelecido um conjunto de leis, levando à descentralização em alguns setores do Estado. De acordo com Silveira (2010, p. 21):

A descentralização surgiu para atender a uma demanda pela democratização das estruturas de poder, após o esgotamento do regime militar (1964-1985). A partir da Constituição de 1988 foram descentralizados os recursos fiscais e responsabilidades antes exclusivas do governo central. Desde então essa distribuição de responsabilidades vem abrindo espaço para a inclusão da sociedade civil no processo de formulação e implementação das políticas públicas.

Segundo Rudnick (2007, p. 19) a partir dos anos de 1990 ocorreu um processo de descentralização do Estado nos níveis administrativo, fiscal e político. Esse processo de descentralização se inicia com a passagem do Estado “desenvolvimentista” para o Estado do tipo “bem-estar-social”.

De tal modo, a descentralização é conceito que está relacionado com vários setores, ocorrendo dentro do espaço público em diversos segmentos. Quando uma determinada atividade é separada do centro, a mesma tem autonomia para realizar suas funções, ou seja, não depende do poder e das decisões do centro.

A partir da promulgação da Lei Complementar nº 243, de 30 de janeiro de 2003, o então governador do estado de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, inaugurou uma nova estrutura do poder executivo, estabelecendo a criação de agências governamentais descentralizadas, sendo elas as Secretárias de Desenvolvimento Regional (SDR) e seus respectivos Conselhos de Desenvolvimento Regional.

A aproximação reunia atores locais, e pretendia fazer com que esses tornassem atuantes na transformação de sua sociedade, protagonistas da sua realidade e responsáveis pelo seu destino. A participação garantia à comunidade a autonomia para definir o seu futuro rumo ao desenvolvimento da sua região, não mais dependendo do Estado na tomada de decisões. Vejamos o que os autores (RUDNICK; MATTEDI, 2013, p.33), apresentam:

Em janeiro de 2003, com a Lei complementar nº 243, que estabeleceu uma nova estrutura administrativa do poder executivo baseada na descentralização, é criado o Conselho Estadual de Desenvolvimento (DESENVESC) e 29 Secretarias de Desenvolvimento Regional e 29 Conselhos de Desenvolvimento Regional. A descentralização e desconcentração das ações passam a ser efetivadas das Secretárias Centrais para as Secretarias de Estado de Desenvolvimento Regional. A execução das ações, projetos e programas das SDRs se realizariam de maneira ordenada e nos termos do plano plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentária e da Lei Orçamentária.

Em janeiro de 2005, aconteceu a primeira reforma do programa de descentralização, através da Lei Complementar nº 284. Com esta lei, foi estabelecido o modelo de gestão para a administração pública do estado e dispôs sobre a estrutura organizacional do poder executivo. Neste período da implantação, os agentes administrativos se depararam com o desafio de colocar em prática um novo modelo de gestão, regionalmente descentralizado e mais participativo.

A estrutura passou a ser organizada em dois níveis:

1. A nível setorial, através das Secretárias Setoriais que tem papel de formular, normatizar e controlar as políticas públicas do Estado;

2. A nível de Desenvolvimento Regional, compreendendo cada Secretária de Desenvolvimento Regional que tem como papel coordenar e executar as políticas públicas do Estado em suas respectivas regiões. Neste período foi criada mais uma SDR, totalizando 30 Secretarias de Desenvolvimento Regional e 30 Conselhos de Desenvolvimento Regional (SANTA CATARINA, 2005).

A partir da segunda reforma, que ocorreu em 2007, através da Lei complementar nº 381, foram criadas mais seis Secretarias de Estado de Desenvolvimento Regional, totalizando 36, distribuídas em todas as regiões do estado de Santa Catarina. “Esse momento representou um aprofundamento do processo de descentralização e a melhor definição das capacidades das diversas instâncias do poder executivo” (RUDNICK; MATTEDI, 2013, p.34).

No entanto, em 2015, com a gestão do Governador Raimundo Colombo, ocorre uma transformação nas SDRs para as Agências de Desenvolvimento Regional, com a seguinte justificativa:

As SDRs desempenharam o papel que lhes foi atribuído, no entanto, como as relações políticas, administrativas e sociais são dinâmicas e complexas, alguns ajustes são necessários para que o modelo efetivamente produza os resultados almejados. Nesse sentido, apresentam-se como necessárias algumas modificações, a começar pela própria natureza jurídica dos órgãos regionais, que deixam de ser Secretarias de Estado para ser transformadas em Agências de Desenvolvimento Regional (SANTA CATARINA, 2015, p. 02).

Nesse direcionamento:

Após seis meses de tramitações e debates pelas diversas instâncias da Assembleia Legislativa, foi aprovada no dia 16 de dezembro de 2015 a Lei 16.795, que dispõe sobre a transformação das atuais SDRs em Agências de Desenvolvimento Regional (ADRs) e extingue cargos, bem como estabelece outras providências (MATTEI, 2016, p. 255).

Nesse sentido, desde 2015, as SDRs foram substituídas pelas ADRs, com a justificativa da eficiência na tomada de decisões e implementação de políticas públicas, além da extinção de alguns cargos públicos, fator que colaboraria com a economia do Estado, na redução de gastos com funcionalismo público e demais despesas ocasionadas pelas Secretarias. As ADRS, são as agências que administram essas políticas públicas regionais, sendo responsáveis pelos setores que prestam serviço para a população.

Cabe destacar nesse trabalho, a importância desse aporte histórico das políticas descentralizadores até as Gerências de Educação, setores responsáveis pelas ações, voltadas para a área educacional, que ocorrem por meio das políticas públicas decorrentes das SDRs e posteriormente das ADRs juntamente com as Gerências de Educação (GEREDs). No que cabe as GEREDs, são setores que representam interesses direcionados a educação. As GEREDs funcionam como instâncias intermediárias entre a Secretaria e as escolas, obedecendo à lógica da descentralização administrativa (RELATÓRIO ESTADUAL, 2010, p. 36).

Porém, em 2018, são desativadas 15 ADRS, com a justificativa da redução de gastos públicos com funcionários, manutenção dos prédios e demais infraestruturas, sendo anunciadas pelo governador em exercício Eduardo Pinho Moreira, e entre as ADRs desativadas está a 26ª ADR de Canoinhas. Decisão que fez com o que os municípios que pertenciam a ADR de Canoinhas, fossem inseridos na 25ª ADR de Mafra.

Portanto, todas as decisões administrativas governamentais da ADR de Canoinhas dependem das decisões da ADR de Mafra, tornando-se dependente e não mais autônoma. A Gered de Educação de Canoinhas, deixa de ser a 26ª Gerência de Educação de Canoinhas e é transformada em 24ª Unidade de Atendimento de Educação de Canoinhas, pertencente a 25ª Gerência de Educação de Mafra, sediada em São Bento do Sul. Devido a essa distância dos municípios para a demanda educacional, surgem as Unidades de Atendimentos, com o intuito da resolução de problemas que ocorrem nas escolas, distribuição de aulas e demais suportes necessários para a manutenção das escolas.

No entanto, nesse processo de tomada de decisões sobre a nomenclatura dos órgãos públicos, em 2019 na gestão do Governador Carlos Moisés, as Unidades de Atendimento, passam a ser chamadas de Coordenadoria Regional de Educação. Sendo relevante ressaltar, que nesse trabalho a Coordenadoria Regional de Educação de Canoinhas, é o campo de pesquisa a ser estudado, com um direcionamento paras as escolas Estaduais, que estão sobre a responsabilidade desse órgão público. Nesse sentido, a Coordenadoria e composta pelos munícipios de Bela Vista do Toldo, Canoinhas, Irineópolis, Major Viera, Porto União e Três Barras.

Mapa 1 - Coordenadoria Regional de Educação de Canoinhas/SC

Fonte: Autora 2019.

No documento ALESSANDRA KRAUSS WIECZORKIEVICZ (páginas 48-51)