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Capítulo III. Integração dos adultos desempregados no Centro Novas

2. Diagnóstico

2.2. Caracterização e análise do dispositivo

2.2.1 Descrição do dispositivo inicial

Antes de mais, revela-se necessário descrever sumariamente o Processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências. Este, tal como o nome indica, estrutura-se em três momentos diferentes: reconhecimento, validação e certificação. Na fase de Reconhecimento, são realizadas sessões de balanço de competências que podem ser desenvolvidas individualmente ou em grupo, podem ser orientadas tanto pelo Profissional de RVC como pelos formadores das áreas e visam orientar a construção do Portefólio Reflexivo de Aprendizagens (PRA). É o momento de identificação, análise e reflexão por parte do adulto e, com o apoio da equipa, das competências adquiridas ao longo da vida, através do desenvolvimento de um conjunto de actividades e instrumentos, assentes nas metodologias de Balanço de Competências e História de Vida. Corresponde portanto a um apelo à reflexão sobre as experiências passadas, com recurso à história de vida, e portanto ao reconhecimento das aprendizagens realizadas e competências adquiridas. É um processo de auto- avaliação.

“Quando, no decurso do processo de reconhecimento e validação de competências, for identificada a necessidade de realização de acções de formação até cinquenta horas, inclusive, podem as mesmas ser realizadas nos Centros Novas Oportunidades, designando-se por formações complementares e assumindo carácter residual e tendo como referencial o catálogo Nacional de Qualificações” (Portaria n.º370/2008).

Finda esta etapa, poder-se-á proceder à fase de Validação na qual o PRA, reunindo um conjunto de documentos escritos que comprovam os saberes, as experiências e as

comparação, resultará uma validação parcial ou total, consoante o candidato tenha ou não atingido as competências consideradas necessárias para cada uma das áreas. Perante um júri constituído pelos formadores das áreas, o profissional que acompanhou o processo e um avaliador externo7, acreditado pela ANQ, o adulto poderá ver validadas de forma total ou parcial as suas competências, à luz do referencial de competências-chave.

Por vezes, e sempre que um candidato não tenha evidenciado as competências necessárias a uma validação, o mesmo é integrado em sessões de formação complementar, que visam reforçar algumas dos aspectos que se tenham revelado mais frágeis.

Após validação, dá-se lugar à formalização da Certificação, através da emissão de certificado correspondente ao nível validado. No caso de uma certificação parcial, o profissional de RVC que acompanhou o processo deverá emitir um Plano Pessoal de Qualificação (PPQ), orientar o adulto para se inscrever num curso EFA e concluir a sua certificação através da frequência das unidades que permanecem por validar. De uma validação total, o acompanhamento termina com a realização do Plano de Desenvolvimento Pessoal (PDP), no qual o adulto volta a ser orientado e acompanhado na definição de desafios futuros, sejam estes através de percursos qualificantes ou não.

Ao longo de todo este percurso, o referencial de competências-chave configura-se como o documento orientador de toda a acção da equipa e do adulto, ao longo de todo o processo. Este integra o conjunto de saberes-fazer considerados centrais e que o adulto terá de demonstrar.

No caso concreto do Centro Novas Oportunidades da Escola Anselmo de Andrade, os candidatos são integrados em grupos de 12 a 15 candidatos, para o horário diurno, e de 15 a 18 candidatos, para o horário nocturno.

Estes desenvolvem o seu percurso de acordo com uma calendarização fornecida na primeira sessão (Cf. Anexo 3), que estrutura o processo em sessões bissemanais, de duas horas cada, de acordo com a seguinte distribuição: 6 sessões de balanço de competências e exploração autobiográfica com o respectivo profissional de RVC, 4 sessões dedicadas ao reconhecimento da área de Matemática para a Vida (MV), 3 sessões dedicadas à área de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), 3 sessões

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de Linguagem e Comunicação (LC) e 3 sessões de Cidadania e Empregabilidade (CE). Estas sessões distribuem-se ao longo de uma calendarização que percorre cerca de 2 meses, garantindo sempre que as duas primeiras e a última sessão do processo sejam de Balanço de Competências com o Profissional de RVC (por pensarmos ser mais estruturante).

Terminada esta etapa, aos candidatos que demonstrassem necessidades de Formação Complementar (FC) seria entregue nova calendarização para que frequentassem a mesma, com o acompanhamento do formador da respectiva área. Em simultâneo e independentemente das necessidades de formação complementar, todo o grupo passaria a ser acompanhado em sessões individuais com o Profissional de RVC para desenvolvimento e finalização do portefólio, de acordo com o seu nível evolução e de acordo com as necessidades de cada candidato. Esta última etapa culmina com a preparação do candidato para a validação e sessão de júri de certificação.

Quadro 11. Resumo das sessões de reconhecimento

Sessões de Balanço de Competências - em Grupo Interveniente Técnico

sess

ão

- Acolhimento, apresentações dos candidatos e do profissional; - Entrega e discussão da calendarização;

- Esclarecimentos acerca dos procedimentos associados ao processo de RVCC e à construção do dossier;

- Entrega do documento “estrutura do dossier” (Cf. Anexo 2)

Profissional de RVC

sess

ão - Esclarecimento de dúvidas; - Entrega e assinatura dos contratos de formação;

- Apresentação, análise e exploração da “proposta de trabalho 1” - Abordagem aos anexos do dossier.

sess

ão - Apresentação, análise e exploração da “proposta de trabalho 2”;

- Abordagem à “História de Vida”.

sess

ão - Análise da “Histórias de Vida”;

- Orientação e indicações para a elaboração da “História de Vida”; - Debate: exemplos de experiências a explorar.

sess

ão - Análise do ponto 5 do documento”estrutura do dossier”: Propostas de trabalho (actividades complementares que visam ajudar o candidato na

exploração autobiográfica. Só se aplicam de acordo com as necessidades).

sess

ão - Comunicação das necessidades de formação complementar (a quem se aplique) e entrega da respectiva calendarização;

- Escolha e análise da actividade “Tema de Vida” com os candidatos; - Marcação da próxima sessão de acompanhamento (individual).

Sessões de reconhecimento das Áreas - em grupo

(3 sessões para cada uma das áreas à excepção de MV com 4 sessões)

São desenvolvidas diversas actividades práticas com o acompanhamento dos formadores e de acordo com o grau de exigência do referencial de

competências-chave para o nível a que o adulto se candidata.

Formador da área

Sessões de Acompanhamento do PRA - individuais Técnico Interveniente - Feedback dos materiais produzidos e solicitação de novas actividades e/ou

aprofundamentos de acordo com o necessário; - Exploração do “Tema de Vida”;

- Acompanhamento na elaboração do dossier; - Preparação para Júri.

Profissional de RVC

e/ou Formadores

Fonte: Quadro elaborado no âmbito deste trabalho, com base em informação disponível no Centro Novas Oportunidades.

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