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Descrição dos dispositivos e dos procedimentos de análise de informação

Capítulo II: Metodologia do estudo

4. Descrição dos dispositivos e dos procedimentos de análise de informação

“De facto, ao sentar-se ao computador, pode ficar com a sensação de ter demasiadas decisões para tomar. Provavelmente aquilo que o assustará mais será a falta de controlo da situação, isto é, como não saber escolher o vocabulário, como construir as frases, quando aplicar a voz ativa ou passiva ou ainda como organizar o seu texto de modo a refletir as suas intenções” (Bogdan & Biklen, 1994:222).

4.1 Análise de conteúdo

Para que esta investigação fosse possível concretizar, foi fundamental realizar a seleção de documentos sobre a temática em estudo para seguidamente serem analisados, assim “o investigador deverá proceder à escolha dos documentos que vão ser sujeitos à análise depois irá proceder à análise de conteúdo. Esta escolha deverá ser feita tendo em conta certas regras, tais como, a exaustividade, a representatividade, a homogeneidade e a pertinência” (Filgueiras, 2010:84).

Para que seja possível “descrever a história da «análise de conteúdo», é essencialmente […] seguir passo a passo, o crescimento quantitativo e a diversificação qualitativa dos estudos empíricos apoiados na utilização de uma das técnicas classificadas sob a designação genérica de análise de conteúdo; é observar a posteriori os aperfeiçoamentos materiais e as aplicações abusivas de uma prática que funciona há mais de meio século” (Bardin, 1977:13).

Surge um autor que faz uma enorme abordagem à análise de conteúdo, Bardin (2004 in Gonçalves, 2008:99), refere que “[…] a análise de conteúdo consiste num conjunto de técnicas de análise de comunicações que recorre a objetivos descritivos do teor das mensagens e à utilização de procedimentos sistemáticos. Realça o carácter maleável da análise de conteúdo ao oferecer a possibilidade de visar os significantes, demandar os significados, os discursos escritos, orais, iconizados […]”.

Sarmento (2013:49) segue a mesma linha de pensamento de Bardin referindo que a análise de conteúdo é uma técnica sistemática e replicável, que classifica e reduz o

número de palavras de texto, em categorias de conteúdo, utilizando uma metodologia científica com regras de codificação.

É possível ainda definir a análise de conteúdo “[…] como sendo uma metodologia utilizada nos estudos de conteúdo da comunicação, que analisa numericamente a frequência da ocorrência de determinados termos, conceitos ou palavras, agregando-se em categorias” (Sarmento, 2013:47).

Assim, é importante reter que a análise de conteúdo poderá ser utilizada em tudo, isto é, tudo o que é dito ou escrito é suscetível de ser submetido a uma análise de conteúdo (P. Henry e S. Moscovici, 1968 in Bardin, 1977:33).

Podemos também dizer que a análise de conteúdo consiste em efetuar a categorização dos dados brutos da entrevista, que passam a dados organizados e com sentido bem estabelecido (Sarmento, 2013:49), uma vez que “[…] a análise de conteúdo se faz pela prática” (Bardin, 2009 in Farago & Fofonca:2).

É importante compreender que olhando para a análise de conteúdo enquanto técnica de tratamento de informações incide sobre dados recolhidos através de diferentes formas – documentação, observação e entrevistas (Filgueiras, 2010). Para além disso, pressupõe uma atitude interpretativa, que tem subjacente, processos técnicos de validação (Filgueiras, 2010:84).

Pode-se dizer que a análise de conteúdo pode […] corresponder a uma abordagem direta, ou, indireta, que se encontra associada à análise qualitativa porque, procura uma interpretação do que se encontra por detrás de uma linguagem expressa. Como nos explica (Carmo e Ferreira, 1998) a análise de conteúdo implica que sejam definidos objetivos e um quadro de referências teórico (Filgueiras, 2010:84).

Na análise de conteúdo podemos deparar-nos com alguns fenómenos que poderão influenciar a investigação que está a decorrer bem como a prática em si. Nesse sentido, Bardin (2009 in Farago & Fofonca:2) menciona-os, sendo que “[…] o primeiro é o recurso do computador; o segundo é o interesse pelos estudos inerentes à comunicação visual e o terceiro é a inviabilidade de precisão dos trabalhos linguísticos”.

A análise de conteúdo também apresenta determinadas fases, organizando-se em três, sendo a pré-análise; a exploração de material; o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação (Bardim, 1977:95).

Quanto à pré-análise é importante reter que se trata essencialmente da organização. Bardin (1977:96) diz-nos que “corresponde a um período de intuições, mas, tem por objetivo tornar operacionais e sistematizar as ideias iniciais, de maneira a conduzir a um esquema preciso do desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de análise”.

Assim, é exequível assegurar que o grande objetivo deste fase é a organização “[…] embora ela própria seja composta por atividades não estruturadas, «abertas», por oposição à exploração sistemática dos documentos” (Bardin, 1977:96).

Relativamente à exploração do material, pode-se dizer que “esta fase, longa e fastidiosa, consiste essencialmente de operações de codificação, desconto ou enumeração, em função de regras previamente formuladas” (Bardin, 1977:101).

Sendo uma fase demorosa e cansativa, preocupa-se principalmente com as “[…] operações de codificação, desconto ou enumeração, em função de regras previamente formuladas” (Bardin, 1977:101).

Quanto à última fase mencionada, ou seja, o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação é possível dizer que os resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos […] e válidos. […] permitem estabelecer quadros de resultados, diagramas, figuras e modelos, os quais condensam e põem em relevo as informações fornecidas pela análise (Bardin, 1977:101).

4.2. Interpretação

Na investigação, a interpretação também esteve presente e desempenhou um papel importante. Tive que interpretar todas as informações que recolhi, através das observações que realizei.

Assim, torna-se importante compreender do que se trata a interpretação. Máximo-Esteves (2008:103), considera que interpretar é um processo complexo, de vai e vem, multifacetado.

Denzin (1994 in Graue & Walsh, 2003:191) também menciona a interpretação, explicando que “[…] nas ciências sociais só existe interpretação. Nada fala por ai. Confrontado com uma montanha de impressões, documentos e notas de campo, o investigador qualitativo depara-se com a tarefa difícil, e o desafio, de dar sentido àquilo que foi aprendido. A este dar sentido àquilo que foi aprendido chamo eu a «arte da interpretação». Ela também poderá ser descrita como partindo do campo de investigação para o texto e daí para o leitor […]”.

Assim, quando se pensa na interpretação está-se simultaneamente a pensar numa complexidade de assimilação dos fenómenos sociais e, por sua vez, também em quem está associado a esse fenómenos e os ambientes. Logo será importante compreender que a interpretação “[…] é, simultaneamente, separar e juntar, uma actividade analítica e sintética, descritiva e evocativa” (Graue & Walsh, 2003:192).

Olhando para as primeiras interpretações que fui realizando, é possível afirmar que me foram proporcionando o entendimento das ideias que vão surgindo relativas à temática em estudo, assim podemos verificar um “[…] movimento de vaivém entre os novos dados que vão sendo coligidos e as posteriores interpretações dos mesmos” (Máximo-Esteves, 2008:103).

Uma vez que associo a interpretação à observação que realizei é fundamental que haja “[…] uma descrição minuciosa do contexto enquadradada pela análise e interpretação da situação que permita a outros decidir sobre a transmissibilidade das conclusões […]” (Silva, 1996:222).

Capítulo III: Apresentação