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3 Caracterização do trabalho experimental

3.3 Metodologia de inspecção

3.3.2 Descrição dos ensaios

Neste subcapítulo, são descritos os procedimentos de ensaio utilizados na execução dos ensaios principais, inseridos no âmbito desta dissertação. Estes ensaios são a termografia, o ensaio de esclerómetro pendular PT e o ensaio de ultra-sons. Em relação aos ensaios de esclerómetro e de ultra- sons, dado que não existe regulamentação para a aplicação destas técnicas a revestimentos de fachadas (apenas existe regulamentação para ensaios em elementos de betão), seguiram-se os procedimentos recomendados para betão, à semelhança de Galvão (2009). O procedimento seguido para o ensaio de termografia foi idêntico aos adoptados em LNEC (2002, 2006).

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Quadro 3.2 - Técnicas auxiliares utilizadas e parâmetros avaliados.

Máquina fotográfica – registo fotográfico do estado de

degradação

Martelo de borracha – avaliação qualitativa da aderência (som de

percussão) Lupa/microscópio óptico – textura da superfície

Medidor de fissuras/microscópio óptico – abertura média das

fissuras

Termo-higrómetro – temperatura e humidade relativa do ar

Lixívia (hipoclorito de sódio) – detecção de colonização

biológica

3.3.2.1 Termografia

A termografia possibilita a representação de imagens térmicas com a distribuição das temperaturas (termograma) na superfície de um determinado objecto. Permite conhecer a temperatura num determinado ponto e efectuar vários tipos de análise sobre a própria imagem (Barreira, 2004).

Nas campanhas experimentais realizadas no âmbito desta dissertação, o gradiente térmico foi obtido através do aquecimento natural por incidência da radiação solar. A denominação deste método toma diferentes designações (activo ou passivo) de acordo com a bibliogafia indicada no capítulo 2. No âmbito deste trabalho adoptar-se-á a designação de termografia passiva, uma vez que não recorre a nenhuma fonte de calor artificial. Nenhum dos muros analisados nas diferentes campanhas separa ambientes com temperaturas diferentes e, por isso, o aquecimento de uma das faces por incidência solar é essencial para o procedimento de ensaio. Deste modo, todos os muretes foram analisados, preferencialmente, depois de um período de insolação que variou consoante as condições atmosféricas. O procedimento de ensaio iniciou-se com a observação visual dos paramentos, de modo a identificar possíveis anomalias. De seguida, na câmara de termografia, definiu-se a emissividade (em todos os ensaios realizados foi considerado um valor de 0,90 para a emissividade) e a escala de temperaturas mais adequada para o termograma, de modo a ser possível identificar as anomalias e heterogeneidades. Durante a realização do ensaio foi necessário garantir que a câmara termográfica e a superfície em análise não estivessem sob incidência directa da radiação solar.

31 3.3.2.2 Ultra-sons

Como referido, o objectivo dos ultra-sons passa por determinar a velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas, através da medição do tempo de transmissão das mesmas. Estas ondas atravessam o material e, através do tempo percorrido (valor apresentado pelo equipamento), torna-se possível obter informação sobre as características do elemento e, consequentemente, avaliar o seu desempenho. De facto, de um modo não-destrutivo, este ensaio permite detectar a presença de fendas ou outros defeitos no material assim como inferir quanto à sua homogeneidade interna (Mendonça, 2007).

O procedimento de ensaio iniciou-se com a calibração do aparelho de medição, através de uma barra de calibração própria, com tempo de transição conhecido. De seguida, marcou-se o percurso a analisar. Foram analisados no mínimo dois percursos em cada murete, um aparentemente sem anomalias e outro com degradação visível, de modo a comparar os resultados. Na Figura 3.4, mostra-se o percurso tipo ensaiado.

Figura 3.4 – Exemplo do esquema de medição para o ensaio de ultra-sons.

Os percursos ensaiados tinham um total de 400mm, divididos em distâncias de 100mm, distância considerada como mínima na análise de elementos de betão pelo método indirecto NP EN 12504-4 (CEN, 2007).

Devido à rugosidade dos diferentes tipos de revestimentos, é de elevada importância garantir que haja um bom contacto entre os transdutores e o paramento. Para este efeito, foi utilizada vaselina em pasta. A vaselina foi colocada nos transdutores no início de cada ensaio e reposta sempre que necessário, tentando manter as mesmas condições em todas as medições do mesmo percurso.

Durante a realização do ensaio, é importante garantir que os transdutores estejam nas posições marcadas, e deixar estabilizar o valor medido, dentro da gama permitida pelo aparelho. No final de cada ensaio, procedeu-se à limpeza do paramento, de modo a não deixar vestígios no paramento. Apesar deste procedimento, o revestimento acaba por absorver parte da vaselina, deixando marcas inestéticas. Na Figura 3.5, ilustra-se o procedimento atrás descrito.

Legenda:

T – Posição do transdutor

Ri – Posição do receptor

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a) b) c)

d) e) f)

Figura 3.5 - Ilustração do procedimento de ensaio – ultra-sons: a) marcação do percurso, b) e c) calibração do equipamento, d) aplicação do material de contacto nos transdutores, e) e f) medição nos diferentes pontos do percurso.

3.3.2.3 Esclerómetro pendular do tipo PT

O procedimento iniciou-se com a escolha dos locais a ensaiar. De seguida, pressionou-se o botão que solta o pêndulo, sendo a força gravítica responsável pelo resto do ensaio, fazendo com que o pêndulo embata na parede e ressalte.

Uma vez que o ensaio é de fácil aplicação e apresenta um grau bastante reduzido de destruição, foi possível realizar um grande número de ensaios. Assim, para cada paramento foram efectuadas nove medições, como mostra a Figura 3.6. Sempre que necessário, foram realizados ensaios adicionais em zonas com degradação visível, para melhor entender o comportamento mecânico do revestimento face a estas anomalias. As medições foram efectuadas em zona corrente, evitando zonas de descontinuidade ou a menos de 25mm da extremidade, tal como preconizado na norma para betão NP EN 12504-2 (IPQ, 2003).

Antes da realização do ensaio, deve efectuar-se o alisamento da superfície para que esta fique lisa, eliminando a rugosidade do revestimento. Contudo, este procedimento não foi efectuado, pois traria vários condicionalismos estéticos para os revestimentos, alterando a sua cor e textura. Para além disso, pretendia-se analisar o efeito da rugosidade nos resultados dos ensaios.

Para que o ensaio seja válido, é necessário garantir que o corpo de impacto embata perpendicularmente à superfície do murete. O valor obtido corresponde ao índice esclerométrico. Na Figura 3.7, é ilustrado o procedimento para este ensaio.

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Figura 3.6 – Localização tipo dos ensaios de esclerómetro.

Figura 3.7 – Ilustração do procedimento de ensaio – esclerómetro pendular.

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