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4. ESTUDO DE CASO DO ROCK IN RIO

4.1 Descrição do evento e sua história

O Rock in Rio é um festival de música idealizado pelo publicitário e empresário brasileiro Roberto Medina pela primeira vez em 1985, sendo, desde sua criação, reconhecidamente o maior festival musical do planeta. Foi originalmente organizado no Rio de Janeiro, de onde vem o nome, mas tornou-se um evento de repercussão em nível mundial.

De acordo com a página oficial do Rock in Rio, dentro de um cenário político delicado e cheio de transformações, o ano de 1985 também foi marcado por uma mudança que rendeu bons frutos ao Brasil até hoje. O incansável e irreverente Roberto Medina, dono da agência ArtPlan, idealizou o festival para motivá-lo a ficar no Rio de Janeiro, bem como, possibilitar a expressão da juventude brasileira com a saída da ditadura e início da democracia no país. Diante dessa realidade, ele sentiu a necessidade de tirar do papel e pôr em prática todas as suas ideias,

8 partes interessadas que devem estar de acordo com as práticas de governança corporativa executadas pela empresa.

que já estavam conectadas e definidas. Porém, à princípio, colecionou negativas de empresários e investidores que desacreditaram na sua visão, tendo em vista a situação em que o Brasil se encontrava.

Depois de muito tentar com os empresários em Los Angeles, Medina foi para New York e contou com o apoio de Frank Sinatra e o seu empresário de relações públicas para conseguir desenvolver uma coletiva de imprensa no hotel em que estava hospedado. Muitos jornalistas e formadores de opinião participaram de sua reunião, de forma que no outro dia, devido às manchetes de jornais anunciando que o maior show de rock do mundo iria acontecer no Brasil, o sonho dele passasse a se tornar realidade, por ter conseguido convencer os empresários a se interessarem pelo o evento e fazerem fila em seu apartamento para fechar contrato no mesmo dia. A repercussão foi tão grande que o cast já estava fechado em dois dias e o Rock In Rio, antes mesmo de acontecer, já era um sucesso mundial.

Entre os dias 11 e 20 de janeiro de 1985, num terreno alagadiço de 250 mil metros quadrados em Jacarepaguá (o equivalente a 12 Maracanãs), no Rio de Janeiro, cerca de 1,4 milhão de pessoas estiveram presentes na primeira edição do evento que se tornaria um dos maiores festivais do mundo. Era um momento histórico para o país: no mesmo dia do show da banda carioca Barão Vermelho, havia sido eleito Tancredo Neves, o primeiro presidente civil após 21 anos de ditadura. Com 15 atrações nacionais e 16 internacionais, o Rock in Rio surgia sendo o primeiro show com a plateia iluminada, onde eles passavam a ser parte do espetáculo. A medida em que os anos se passavam, a marca Rock in Rio se tornava cada vez mais lembrada, melhorada e difundida pelo mundo. No ano de 2001, foi associada a um projeto social bem forte, oferecendo 3 tendas de cultura e arte, com artistas nacionais na Tenda Brasil, world music na Tenda Raízes, e palestras e exposições na Tenda Mundo Melhor. Em 2004, o Rock in Rio atravessa fronteiras e chega à Lisboa. Pela primeira vez num país estrangeiro, o festival ganha exposição gratuita na mídia - equivalente a US$ 5,5 milhões, 30% do investimento publicitário, gerando emprego para 9 mil pessoas, comportando 386 mil pessoas no evento no Parque de Bela Vista. Em 2008, o festival ganha espaço em Madrid, na Espanha, e trouxe consigo a diversidade musical. Neste mesmo ano, em Lisboa, o projeto “Por um Mundo Melhor” chegou para somar responsabilidade ambiental junto ao evento, doando 700 mil dólares para compensar as emissões de carbono e equipou 20 escolas com painéis solares. Além disso, surge o Palco Sunset, um espaço dedicado a experiências e encontros de diferentes estilos, e tornou-se marca registrada do festival até hoje.

Como se não bastasse tantas conquistas, em 2015, o Rock in Rio chega à América do Norte para comemorar seus 30 anos de existência, e com isso promove duas edições no mesmo

ano, uma em Las Vegas e outra no Rio de Janeiro, ambas com atrações inesquecíveis e casa cheia. Em 2016, Lisboa conta com o apoio de mais um projeto em prol do meio ambiente, o Amazônia Live, que viabilizou um valor possibilitaria a plantação de 40 mil árvores. Já em 2017, o Rock in Rio foi marcado por uma novíssima Cidade do Rock, que ocupou o Parque Olímpico do Rio de Janeiro e dobrou a área ocupada pelo festival em relação às edições anteriores. E dentro do parque, novas atrações surgiam, tais quais: a Rock Stage África, o Digital Stage, o Gourmet Square e a game XP.

Dentro de sua história, o Rock in Rio abrilhantou o mundo com 20 edições desde o seu primeiro ano. Contou com a participação de 2.038 artistas e 9,5 milhões de pessoas na plateia. Gerou 212,5 mil empregos e alcançou 143 milhões de pessoas alcançadas nas redes em 2017, além de ter contribuído com a doação de 73 mil árvores à Amazônia. Números estes que revelam a importância desse evento para todo o mundo. Hoje, o Rock in Rio é a maior marca de evento da Península Ibérica. Em Portugal, é considerada maior que a Copa do Mundo. Na Espanha, é o dobro da Fórmula 1, com Alonso e Ferrari. Roberto Medina, fundador do festival, explica em entrevista que assim como Copa do Mundo é para o Futebol, ele quer que o Rock in Rio seja para a música.

Com relação ao ano de 2019, pode-se dizer que conquistou ainda mais prestígio nas áreas que compõem a economia do país. A 20ª edição do Rock in Rio, sendo a oitava em solo brasileiro, recebeu 700 mil visitantes ao longo dos sete dias de evento, numa Cidade do Rock com 385 mil metros quadrados – 60 mil metros a mais que em 2017 –, ainda mais confortável e com mais atrações: foram 17 áreas, incluindo a ocupação das três arenas olímpicas e nove palcos e um total de 300 horas música. Além disso, reafirmou a sua importância para a economia e o bom funcionamento da cidade. Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, a projeção de impacto econômico do festival para a Cidade é de R$ 1,7 bilhão, gerando mais de 25 mil empregos. A rede hoteleira da cidade também foi beneficiada, com os cerca de 60% dos visitantes vindo de fora do Rio. Já a Uber já transportou mais de 200 mil passageiros para o Rock in Rio, batendo o recorde da marca.

O Rock in Rio já foi palco de grandes artistas, tais como: Queen, Barão Vermelho, AC/DC, Os Paralamas do Sucesso, Iron Maiden, James Taylor, Ivan Lins, Ozzy Osbourne, Pepeu Gomes, Guns N’ Roses, Rod Stewart, Yes, Scorpions, White Snake, Fight No More, Titãs, Engenheiros do Hawaii, Debbie Gibson, Oasis, Foo Fighters, Cássia Eller, Ira!, Capital Inicial, Red Hot Chilli Peppers, Slipknot, Coldplay, System of Down, Bon Jovi, Maroon 5, Sepultura, Rihanna, Katy Perry, George Benson, Stevie Wonder, Shakira, Ivete Sangalo e Beyoncé, entre outros. Por ser um evento de grande estrutura e prospecção desde sua fundação,

o Rock in Rio contou com o apoio de patrocinadores. Afinal, o festival foi criado para ser uma plataforma de comunicação e promoção de marcas.

Um dos objetivos de Roberto Medina não era só desenvolver um festival à nível mundial, mas sim, promover uma experiência de marca. Para isso, além de construir um novo espaço com toda estrutura necessária para estar de acordo com o porte do evento, o festival contou com o apoio de patrocinadores, que até hoje são imprescindíveis para o acontecimento deste, tanto para quitar os gastos quanto para promoção das marcas a partir de algumas ações estratégicas. Alguns dos patrocinadores que investem ou ainda estão investindo no Rock In Rio, são: America Online, Nestlé, McDonald’s, Brahma, Banco Itaú, Oi, Heineken, Ipiranga e Coca- Cola.

De acordo com Medina, em entrevista para o canal da Artplan (2011 apud 2016, MARTINS, CARDOSO), os possíveis motivos que levaram o Rock in Rio a se diferenciar dos demais comercialmente foi justamente ter a inovação presente em seu DNA, e abrir espaço para a evolução das ações de comunicação, o aumento das verbas e a nova visão sobre investir em patrocínios. Ele explica também que os custos do evento da maneira que ele propunha aqui no Brasil eram ainda mais altos pela falta de estrutura, por isso, o preço dos ingressos tinha de ser menor do que nos festivais americanos, para que os brasileiros pudessem comprar. Mesmo o evento comportando 1,5 milhão de pessoas, ainda só era possível pagar metade do custo total com o montante do valor dos ingressos, e dessa forma, desde o princípio, o planejamento foi conduzido para que a outra metade fosse paga pelas marcas patrocinadoras. Medina explica também que iniciou a divulgação do festival um ano antes, o que favorecia às marcas patrocinadoras, tendo em vista a altíssima visibilidade da marca não só durante os dias de festival, como também por um período extenso. Esse motivo propicia os patrocinadores repetirem o investimento ao longo das edições.

De acordo com a Revista Exame (MARTINS, 2011), em 1985, no primeiro ano de Rock In Rio, o Brasil entrava para o cenário de grandes shows mundiais e o saldo das marcas parceiras do evento passa a ser muito positivo. A Malt 90, um lançamento da Brahma, mesmo não alcançando o sucesso entre os consumidores, teve seu maior consumo durante os dez dias de festival. A estrutura comercial da cidade do Rock possuía mais de 50 lojas e dois restaurantes fast-food, um pertencente ao Bob’s e outro ao Mc Donald’s, que bateu o recorde de vendas em um dia com 58 mil hambúrgueres, entrando para o Guinness Book. Já no ano de 1991, a Coca- Cola incentivou a edição do evento, ainda que não houvesse Cidade do Rock, uma vez que havia sido demolida no mesmo ano de sua construção, e patrocinou como forma estratégica para combater o Pepsi Music, um festival que chegava dando força a sua principal concorrente.

Martins e Cardoso (2016) falam que apesar da decisão de Roberto Medina por não realizar novamente o Rock in Rio, os fãs conseguiram incentivá-lo a produzir mais uma edição em 2001, o que rendeu muito bons frutos. Mesmo com um intervalo de 10 anos, a marca Rock in Rio demonstrou a sua força como marca. E que neste mesmo ano houve o seu retorno à Cidade do Rock. Neste ano, o principal patrocinador foi o América Online, que investiu R$ 33 milhões no evento. A iniciativa de associar a imagem do provedor de internet ao festival também rendeu bons frutos mercadológicos onde houve um aumento do número de assinantes, em que saltou de 65 mil para 400 mil, segundo dados dos organizadores do Rock in Rio. Diante dessa realidade, pode-se dizer que o próprio festival também superou suas expectativas, alcançando um lucro líquido de R$ 4 milhões a partir de um investimento de R$ 70 milhões, visto que houve um aumento da participação da venda de ingressos na cobertura dos gastos com o evento. Nos anos anteriores, 80% das despesas eram pagos devido a verba dos patrocínios, enquanto em 2001, a comercialização das entradas conseguiu já supriu cerca de 50% do valor total do evento.

Um dos patrocinadores mais expressivos do Rock in Rio, é a Coca-Cola, presente na maioria dos anos com diversas formas de atuação.

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