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1.2. Contextualização da Investigação

1.2.4. Desempenho dos alunos na avaliação externa da disciplina de BGG

Para analisar o desempenho a nível nacional dos alunos na avaliação externa da disciplina de BGG recorre-se, neste trabalho, aos resultados apresentados pelo GAVE (Gabinete de Avaliação Educacional) do Ministério da Educação e Ciência nos relatórios publicados no respetivo site. É importante referir que esses relatórios baseiam a sua análise apenas nos resultados dos alunos internos que realizaram a prova na 1ª fase, dos vários anos.

No ano letivo 2010/2011, a média nacional de classificações obtidas pelos alunos internos na 1ª fase deste exame, realizado no final do 11º ano, foi de 11,0 valores. Quanto à distribuição dos resultados dos exames por NUT III (Unidades Territoriais Estatísticas de Portugal), registada na figura 1, apura-se que a amplitude dos valores alcançados em 2011 não foi muito elevada, variando entre os 9 e os 12 valores. Apenas duas sub-regiões apresentam resultados médios inferiores a 10 valores (Pinhal Interior Norte e Beira Interior Sul). A faixa litoral norte e centro e o Algarve apresentam médias mais elevadas.

Figura 1 – Distribuição dos resultados do exame de Biologia e Geologia 2011 (GAVE, 2012)

Perante os resultados alcançados pelos alunos nos exames de BGG e o seu desempenho nas várias questões, o Ministério da Educação procurou identificar as dificuldades e debilidades dos alunos, chegando à conclusão que estas se encontram ao nível da compreensão e interpretação de suportes, do estabelecimento de relações entre conceitos, da aplicação de

conclusões e ao nível da produção de texto escrito organizado, com correção formal e de conteúdo (GAVE, 2012).

Face a estas dificuldades, o Relatório — Exames 2011 (GAVE, 2012) apresenta propostas de intervenção didática, tais como: a reconceptualização dos conceitos prévios dos alunos; a diversificação de experiências educativas; a resolução de atividades que promovam a análise de situações-problema; a construção de textos a partir da seleção e análise de informação; o reforço das metodologias que permitam a aplicação dos conhecimentos adquiridos a novos contextos e a novos problemas; o desenvolvimento de capacidades de seleção, de análise e de avaliação crítica e de competências relacionadas com a comunicação de resultados de investigação ou de pesquisas.

No ano letivo 2011/2012, a média das classificações obtidas pelos alunos internos na 1ª fase do exame de Biologia e Geologia foi de 9,8 valores, verificando-se uma taxa de reprovação de 46% dos alunos (GAVE, 2013). No que diz respeito à distribuição por NUT III dos resultados dos exames (figura 2), apura-se que a os valores alcançados em 2012 variam entre os 8,7 (Serra da Estrela) e os 10,5 valores (Baixo Mondego). Num cenário bem pior do que no ano anterior, apenas dez das trinta sub-regiões analisadas registaram médias iguais ou superiores a 10 valores, localizadas sobretudo na faixa litoral. Os piores resultados verificaram-se em três regiões do centro interior que apresentaram médias abaixo de nove valores (Pinhal Interior Norte, Serra da Estrela e Beira Interior Norte).

Perante o cenário de insucesso, o GAVE analisou as principais dificuldades e fragilidades reveladas pelos alunos no exame e constatou dificuldades na interpretação/compreensão dos suportes de informação, assim como na mobilização dos dados neles contidos. Concluiu também que as fragilidades estão mais associadas à capacidade de realizar operações mentais do que ao domínio de conteúdos conceptuais. No sentido de colmatar algumas fragilidades relacionadas com estas capacidades transversais, deve procurar-se um reforço do ensino e da aprendizagem de conteúdos através da diversificação de experiências educativas, recorrendo a atividades que promovam a análise de situações-problema que integrem uma abordagem transversal dos conteúdos do Programa (GAVE, 2013). Propõe-se também um reforço de atividades que promovam o desenvolvimento de competências relacionadas com a explicitação de raciocínios de causa-efeito e a produção de textos com correção, quer ao nível do encadeamento lógico-temático, quer ao nível da utilização da linguagem científica e do domínio da comunicação escrita em língua portuguesa.

Figura 2 – Distribuição dos resultados do exame de Biologia e Geologia 2012 (GAVE, 2013)

Já no ano letivo de 2012/2013, a média das classificações dos alunos internos na 1ª fase do exame ficou-se pelos 8,4 valores, o que vem agravar a evolução negativa (Gráfico 1) a que se

Gráfico 1: Evolução temporal das classificações médias dos alunos internos na 1ª fase

O panorama é ainda pior quando analisamos os resultados das médias das classificações de todos os alunos que realizaram exame na 1ª fase, internos e externos, desde 2008 (Gráfico 2), verificando-se uma variação negativa de 2,4 valores.

Gráfico 2: Evolução temporal das classificações médias na 1ª fase (dados: JNE, 2011)

9,9 11,04 9,8 8,4 0 2 4 6 8 10 12 2010 2011 2012 2013 Classificações médias 10,5 9,5 9,7 10,7 9,3 8,1 0 2 4 6 8 10 12 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Classificações médias

No que diz respeito às taxas de reprovação no exame, os resultados são ainda mais preocupantes (Gráfico 3), verificando-se nos últimos três anos (anos com dados fornecidos pelo JNE) um aumento de 27 pontos percentuais.

Gráfico 3: Evolução temporal das taxas de reprovação na 1ª fase

Em 2011, dos 38.521 alunos que realizaram exame Biologia e Geologia na 1ª fase, 14.686 reprovaram, sendo a taxa de reprovação de cerca de 38%. Em 2012, na 1ª fase, realizaram o exame 51.244 alunos e reprovaram 26.693, ou seja, a taxa de reprovação aumentou para cerca de 52%. Já em 2013, dos 51.323 alunos que se apresentaram a exame, reprovaram 33.275 atingindo a taxa de reprovação cerca de 65%.

Este cenário de insucesso afigura-se ainda mais grave quando pensamos que os alunos que realizam o exame escolheram a área das ciências para prosseguir os seus estudos, sendo que essa escolha, segundo Head (1997), se baseia em três fatores, as capacidades e incapacidades que identificam em si mesmos, a escolha de uma carreira que trará benefícios e o desejo de servir a comunidade.

O sucesso/insucesso dos alunos na avaliação externa é uma problemática complexa e polémica que envolve vários agentes e variadíssimos fatores. São diversas as variáveis que podem influenciar o rendimento escolar dos alunos: fatores sociais, familiares, económicos,

38,10% 52,10% 64,84% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 2011 2012 2013 Taxas de reprovação

individuais do aluno, caraterísticas individuais do professor, relações aluno-aluno e aluno- professor, ambiente escolar, entre outros. Três agentes que têm papéis preponderantes neste processo são alunos, professores e encarregados de educação, por isso se torna importante ouvi-los para melhor se compreender esta problemática.