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Os procedimentos propostos neste trabalho para o desenvolvimento da APO no contexto de métodos e procedimentos BIM, imprime alterações significativas nas fases de desenvolvimento de APO, se comparados a processos e procedimentos tradicionais de desenvolvimento.

Planejamento de APO em BIM e planejamento de APO tradicional 6.1.1

Na fase do planejamento em APO/BIM os procedimentos são similares ao planejamento tradicionalmente desenvolvido (definição de estratégias, equipes, etc.). Entretanto, a este, acrescenta-se a necessidade da definição de software para sediar o modelo de informação central, além dos equipamentos que serão utilizados na coleta de dados em campo (equipamentos digitais e eletrônicos), que substituirão as pranchetas e os questionários impressos utilizados tradicionalmente em desenvolvimento de APO.

Ainda nesta etapa, utilizando software de autoria BIM definido, é requerido o modelo BIM das edificações que serão avaliadas, acrescido dos componentes Zonas com as propriedades correspondentes aos questionários, para coleta de dados nas unidades a serem avaliadas, com suas identificações para coleta de dados em fases posteriores do desenvolvimento da APO no contexto BIM.

Desta forma, além dos procedimentos tradicionais, novos procedimentos são incluídos.

Condução de APO em BIM e condução de APO tradicional 6.1.2

Nesta fase, as propostas de procedimentos para condução em APO integrada com BIM sugerem alterações significativas, se comparadas aos procedimentos de condução em APO

tradicionais. A utilização dos questionários em forma de planilhas Excel substitui os questionários impressos requalificando o fluxo de informação.

Na condução de APO integrada com BIM, o fluxo de comunicação estruturado entre o receptor final dos dados coletados (modelo central) e as fontes emissoras de informação (entrevistados e equipes em campo, etc.) é direto. Na seção 5.3.5 é demonstrado como o modelo de informação central faz o controle, o monitoramento por meio da visualização 3D dos questionários devolvidos.

Na finalização do processo de condução em APO integrada com BIM, as planilhas utilizadas em campo são devolvidas diretamente para o modelo de informação em formato Excel, eliminando a transcrição manual para o meio digital do processo tradicional. Existe a questão da dificuldade de preencher em campo uma planilha eletrônica em forma matricial ao invés do questionário tradicional. Esta possível dificuldade não foi avaliada na demonstração apresentada. Entretanto, acrescentar um formulário eletrônico com a aparência do questionário tradicional pode amenizar esta questão. Finalizada a entrevista o arquivo poderá ser imediatamente enviado de volta ao modelo de informação via internet agilizando assim, a compilação dos dados e permitindo análises que podem indicar a necessidade da repetição de uma entrevista.

Aplicação de APO em BIM e aplicação de APO tradicional 6.1.3

Neste experimento, na fase de Aplicação da APO, as análises estatísticas (Figura 76) não são desenvolvidas no ambiente do software ARCHICAD, pois este não oferece recursos para tais finalidades. Entretanto, o Mapa Interativo contendo o total das entrevistas realizadas pode ser exportado em formato Excel, para que os dados coletados na APO sejam analisados estatisticamente numa ferramenta com esta funcionalidade. Também é possível, por meio de uma abordagem de mineração de dados baseada em BIM, extrair leis e padrões significativos (PENG et al., 2017).

Figura 76 - Exemplos de transcrições estatísticas utilizadas em aplicação de APO

Fonte: O autor.

Neste experimento, na fase de Aplicação da APO, foi acrescentado ao processo de leitura e interpretação estatística dos dados coletados, o mapeamento visual através do recurso

Sobreposição Gráfica (Figura 77). As Sobreposições Gráficas utilizadas para aplicação de

APO em BIM não descartam as transcrições e traduções estatísticas utilizadas em APO tradicional, mas a complementam. Um gráfico estatístico, por exemplo, apresenta correlações, médias e desvios padrões, e as Sobreposições Gráficas ilustram e localizam visualmente, em 2D ou 3D, no modelo de informação estes cálculos, permitindo contextualizações com o entorno (áreas de lazer, via, comércio ...) ou agrupamentos, dando novos sentidos às médias e desvios detectados, incrementando as leituras, as traduções e as interpretações dos dados coletados em campo na fase de Aplicação de APO em BIM.

Figura 77 - Recursos para interpretação de dados coletados em APO em BIM

Fonte: O autor.

Feedback em APO integrada a BIM 6.1.4

O Feedback é o encerramento da APO, sua última fase, onde as informações coletadas e interpretadas retornam para a consideração dos projetistas e construtores permitindo traçar diretrizes para melhorias de projetos futuros e obter o aprendizado com os erros e acertos.

Assim, essa prática adquire forma de instrumento de controle de qualidade do processo de desenvolvimento do produto (ABIKO; ORNSTEIN, 2002).

Nem sempre o ciclo completo de uma APO se fecha, isto é, o Feedback é considerado para realização de retrofits ou para a inicialização de projetos similares aos avaliados. Um dos obstáculos, segundo Turpin-Brooks e Vicars (2006 apud SANNI-ANIBIRE, HASSANAIN; AL-HAMMAD, 2016), são os relatórios estatísticos gerados com técnicas sofisticadas, dificultando a interpretação associada ao projeto. Göçer, Hua e Göçer (2015) sustentam, no estudo que aborda a utilização de GIS integrando APO e BIM, que o mapeamento gráfico e a visualização dos dados podem contribuir para o fechamento do loop de feedback em APO. Na demonstração realizada, ante a solução proposta, a fase de Feedback não foi simulada. Entretanto, nota-se que as proposições apresentadas nesta pesquisa, como a utilização de mapas gráficos, identificando inputs e outputs de dados em tempo real do monitoramento de entregas e devoluções de questionários na fase de Condução, como também o mapeamento e visualizações gráficas de incidências e distribuições das respostas dos questionários na edificação avaliada na fase de Aplicação, se alinham com as observações de Göçer, Hua e Göçer (2015). Assim, pode-se inferir que o mapeamento gráfico e a visualização 3D contextualizada dos dados de APO em BIM facilitam sua interpretação e, consequentemente, pode contribuir positivamente para fechamento do loop de feedback de APO.

Síntese 6.1.5

Este trabalho pretendia demonstrar como um modelo de informação BIM poderia ser utilizado em APO, atuando como repositório central de informação, oferecendo recursos para gestão, análise e visualizações destas informações. A expectativa era de que o modelo de informação apresentasse um desempenho positivo, para atender considerações de economia, organização e eficiência no manuseio dos dados utilizados na APO (seção 3.1.2, p. 52). O aspecto econômico não foi abordado. O aspecto da organização dos dados foi solucionado por uma abordagem homogênea de tradução das questões de APO, tanto relativas à satisfação como relativas às patologias, em propriedades de um mesmo tipo de componente, a Zona, que é atribuída à unidade sendo avaliada. O aspecto de eficiência foi incorporado pelo fluxo de informação proposto entre planejamento e condução da APO, fazendo-se uso do recurso de exportação e importação em massa entre Mapas Interativos (Tabelas ou Schedules) do ARCHICAD e planilhas do Excel.

O desempenho do modelo de informação como repositório central em desenvolvimento de APO apresentou resultados satisfatórios incorporando os dados coletados apoiado em procedimentos para as fases de planejamento, condução e aplicação (Figura 78).

Figura 78- Fases de atuação do modelo de informação na APO

Fonte: O autor.

Nas fases de aplicação e feedback os componentes Zona alimentados pelos dados da APO, sobrepostos aos componentes construtivos do modelo de informação contribui para uma análise dos dados coletados com os benefícios da visualização 3D contextualizada (Figura 79)

Figura 79 - Sobreposição de Zonas e modelo

6.2 Limitações do desenvolvimento

Após os resultados apresentados, perguntamos, é possível questionar se as questões/propriedades relacionadas às patologias poderiam ser diretamente criadas e inseridas nos componentes do modelo (paredes, portas, janelas, vasos sanitários, torneiras, etc.)? E consequentemente, se as patologias associadas aos componentes não estariam assim melhor representadas? Ou seja, ao invés das propriedades relacionadas a patologias serem criadas no componente Zona, devessem ser criadas e inseridas nos próprios objetos do modelo, uma vez que as patologias detectadas pertencem a estes objetos.

O procedimento para criar propriedades relacionadas a patologias diretamente nos objetos do modelo, e não no componente Zona, foi postulado inicialmente, mas este procedimento apresentou limitações para seu desenvolvimento, ao utilizar um questionário complexo (patologias) vinculado a um modelo constituído por 2.250 paredes, 570 portas, 680 janelas, 100 pias, 100 tanques e uma grande quantidade de torneiras, ralos, maçanetas, dobradiças, etc. Esta lógica resulta em mapas interativos muito extensos, além das questões de patologias apresentarem uma estrutura complexa, sendo a maioria das questões compostas por muitos subitens (rachaduras, descascamento, enferrujado, etc.) (Anexo A). Consequentemente, vincular questões complexas à grande quantidade de objetos gera extensas planilhas Excel (questionários de patologias) que imprimem um alto grau de complexidade para manuseio e usabilidade. Neste caso, uma lógica menos generalista e mais dinâmica de associação da questão (ou propriedade) de patologia ao componente deveria ser empregada. Vislumbra-se ser necessário ter disponível o modelo BIM durante a entrevista ou visita, para viabilizar a seleção do componente obtendo exclusivamente sua identificação e assim criando uma linha correspondente na planilha de coleta de dados para o preenchimento das características da patologia observada.

A solução encontrada foi concentrar todas as questões da APO (satisfação e patologias) no componente Zona. Esta solução comparada à solução anterior, apesar de não especificar com precisão no modelo os componentes com as patologias detectadas em campo, resulta em mapas interativos e planilhas Excel homogêneos, viabilizando tanto o controle e organização das questões da APO no modelo de informação e também apresentando melhor desempenho quanto ao manuseio e usabilidade destas planilhas nos equipamentos portáteis (tablets, aparelhos celulares, etc.). Assim, neste experimento, concentrar todas as questões (satisfação e patologias) no componente Zona se formalizou como sendo a solução mais apropriada.

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