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O trabalho teve início no primeiro semestre de 2018, a partir de reuniões com a coordenação da Associação Renascer, constituída pelo diretor e pela coordenadora pedagógica, nas quais o projeto de pesquisa foi apresentado e as demandas pedagógicas da instituição puderam ser conhecidas.

Destaca-se um fator que, por ventura, poderia vir a ser um entrave para a pesquisa nesse primeiro momento. Na última reunião com a coordenadora pedagógica, antes do início dos trabalhos, a mesma relatou a realização de iniciativas anteriores que não se desenvolveram como o esperado e/ou se perderam com o afastamento dos idealizadores, indicando a frustração com trabalhos realizados por meio do estabelecimento de parcerias e a preocupação como a durabilidade e continuidade das atividades.

A fim de minimizar tais inquietações, buscou-se envolver todos os docentes da instituição na elaboração e realização do projeto, visando garantir a manutenção e uso continuado dos recursos desenvolvidos. Para tanto, objetivou-se que os professores participassem de todo o processo de implantação dos recursos, desde a escolha de quais seriam desenvolvidos até o local de implantação dos mesmos. Definiu-se também as competências e as responsabilidade devidas aos pesquisadores e à associação.

Portanto, em função dos interesses da Renascer no desenvolvimento de práticas diferenciadas de ensino, e mediante a possibilidade da implantação do presente trabalho na instituição, definiu-se duas frentes de trabalho: processo(s) formativo(s) e trabalho(s) experimental(is). Por sua vez a frente de trabalho(s) experimental(is) foi dividido na

construção dos recursos e na utilização dos mesmos, conforme a cronologia apresentada na tabela 1.

Quadro 1: Cronograma de atividades realizadas

Atividade Data de realização da

atividade Reunião para apresentação do projeto e planificação

das atividades

23/05/2018

Processo formativo Aula 1: 13/06/2018

Aula 2:29/06/2018 Aula 3:08/08/2018 Aula 4:15/08/2018 Reunião proposição de práticas e atividades pelos

professores

22/08/2018

Apresentação do plano de práticas em Permacultura e Agroecologia

29/08/2019 Início da formação dos canteiros da horta em formato

de mandala

12/09/2018 Identificação e plantio das mudas na horta em

formato de mandala

19/09/2018

Construção e plantio da cerva-viva 26/9/2018

Início da construção do espiral de ervas (marcação da área e queima dos bambus)

3/10/2018 e 4/10/2018

Finalização da construção do espiral de ervas e plantio das mudas

25/10/2018

Sondagem de solo 06/11/2018

Colheita das hortaliças e degustação 20/11/2018

Mostra pedagógica 30/11/2018

Entrevista com os docentes 18/06/2019

Fonte: Elaborado pela autora

Processos formativos

O processo formativo inicial foi desenvolvido com alguns professores a fim de propiciar subsídios para que pudessem utilizar as práticas desenvolvidas como recursos educativos a partir de uma visão sistêmica. Assim, a continuidade de tal formação deu-se com o desenvolvimento de recursos e materiais. Além disso, esse primeiro momento de formação oportunizou o reconhecimento entre professores e equipe de pesquisadores.

A seleção dos professores que participariam da etapa de formação ficou sob responsabilidade da coordenação, que considerou para a escolha características psicomotoras dos alunos pelos quais tais professores são responsáveis, priorizando os docentes cuja turma possui maior possibilidade de participação, posterior, nas práticas que seriam desenvolvidas.

Em um segundo momento, em horário de trabalho e planejamento coletivo (HTPC), que transcorram as quartas-feiras das 17:30 às 19h, foi feita a apresentação da equipe de pesquisadores aos professores. Estavam presentes vinte e seis (26) professores, porém alguns não participariam do processo de formação por motivos citados anteriormente. Nesse primeiro encontro com os professores, os pesquisadores explanaram sobre os estudos realizados no âmbito do Centro de Referência de Ciência do Sistema Terra (CRECIST), além de uma breve introdução à agroecologia e permacultura. Ademais, sugeriu-se a composição de um plano de trabalho em conjunto com os professores.

Após a apresentação, os professores foram convidados para manifestarem suas dúvidas, expectativas e sugestões para com as atividades. Quatro (04) professores se manifestaram, número significativo se comparado com experiências anteriores observadas pela equipe de pesquisadores em outros trabalhos em ambiente escolar.

Uma professora contou sobre sua experiência de trabalho no campo e os métodos convencionais utilizados, especialmente a aplicação de agrotóxicos. Outro professor falou sobre a experiência que teve com o desenvolvimento de uma horta no seu antigo local de trabalho. Os outros dois professores não relataram suas experiências, mas mostraram entusiasmo com a possibilidade de desenvolverem atividades diferentes das já realizadas da Associação.

O curso de formação para professores, ministrados pela equipe de pesquisadores8 do CRECIST, foi estruturado com quatro atividades presenciais, que aconteceram nas dependências da Associação (fig.1), com aproximadamente uma hora e meia de duração, e atividades de leitura extra. Dessa forma, o curso teve duração de 20horas, sendo 6h de atividades presenciais, e 14 horas destinadas à leituras e estudos dos materiais complementares disponibilizados. Os planos de aula seguem em no apêndice (Apêndices A, B, C e D).

8 A equipe foi composta pela mestranda Eliza Carminatti Wenceslau, Profa Dra. Joseli Maria Piranha,

Figura 1- Participantes do segundo encontro formativo

Fonte: autora

A primeira aula do curso foi “Ciência do Sistema Terra”, ministrada pela Profa. Dra. Joseli Maria Piranha, onde foram abordados os conteúdos:

- Matéria: elementos, compostos e misturas. - Origem e História do Universo: O Big-Bang

- Reações nucleares e o surgimento dos primeiros elementos químicos que possibilitaram, posteriormente, o desenvolvimento da vida no nosso planeta.

- Idade da Terra: métodos de inferência da idade da Terra, datação de rochas

- A Terra como um planeta do sistema solar: interdependência entre os planetas, influência do sol no planeta Terra

- Estrutura interna da Terra: Reações que deram origem ao planeta e a diferenciação do núcleo, crosta e manto

- O Sistema Terra: Os Sistemas e as Esferas que compõem o planeta, suas inter-relações e interdependências.

- Complexidade: A teoria e seus objetivos

O objetivo dessa aula foi que ao final os professores pudessem compreender a origem do nosso planeta, a dinâmica e a questão sistêmica e interdependente de todos os constituintes do planeta a fim de despertá-los para a sua condição terrena, pertencente a toda essa complexa rede de interações.

A segunda aula, ministrada pela autora e pelo Me. Renan Pinton de Camargo, teve como tema “Solo – conceito, composição e função”. Segundo Alves et a (2015) o conceito de solo deve ser trabalhado na escola para que, posteriormente, seja possível a mudança/formação de valores potencializando a mudança de atitudes por meio das intervenções possíveis para a melhoria ambiental. O conteúdo abordado foi:

- Pedosfera: O solo enquanto interface entre esferas (biosfera, hidrosfera, litosfera e atmosfera)

- Componentes do solo: constituintes sólidos, minerais e matéria orgânica, água e ar - Ciclo das rochas: formação da fração mineral do solo

- Gênese do solo e as múltiplas funções de seus constituintes: Processos intempéricos (físico, químico e biológico), a importância da água e da matéria orgânica, viva e morta, nesse sistema

- Solo vivo: solo como um organismo vivo, que interage e depende de outros organismos e recursos

- Ciclagem de nutrientes: como ocorre e sua importância

- Diferentes tipos de solo: enorme diversidade da constituição e estruturação dos solos, sua evolução, processos de diferenciação dos perfis

- Funções ecossistêmicas: ciclagem de nutrientes, regulação climática, valores culturais. - Solo como suporte à vida

O conteúdo foi apresentado com o auxílio de slides para projeção e também levou-se para a aula três (3) potes contendo três (3) frações minerais, areia grossa, areia fina e argila a fim de mostrar para os professores a diferença da textura e na granulometria nos mineiras, além de uma fração de serapilheira para observação do horizonte “O”.

Realizou-se também uma prática de diferenciação dos grãos de minerais conforme sua granulometria por decantação, da seguinte forma: em um recipiente transparente misturou-se as três amostras de frações minerais, serrapilheira e água até que não fosse possível diferencia-los. Passados alguns minutos foi possível observar a separação dos constituintes em camadas da seguinte forma: areia grossa, areia fina, argila e alguns elementos da serrapilheira, tais como pequenos galhos e folhas. Até o momento de encerramento da aula,

a água adicionada no pote ainda estava turva, porém, os professores puderam observar a diferenciação das camadas.

O objetivo dessa aula era que ao final os professores pudessem, em primeiro lugar, compreender a importância desse sistema, frequentemente negligenciado, que sustenta a vida no nosso planeta. Objetivou-se também que compreendessem a natureza dinâmica e sistêmica do solo, além da importância do manejo correto.

A aula três, ministrada pela autora, abordou os conceitos e princípios éticos da Permacultura. O conteúdo abordado foi:

- Realidade ambiental: agricultura de alto impacto, degradação do solo e da floresta, escassez de recursos, desordens ambientais, tal qual enchentes, e acúmulo de resíduos.

- Origem do termo Permacultura e evolução do conceito

- Princípios éticos: cuidado com a Terra, cuidado com as pessoas, partilha dos excedentes e ética da vida.

- A flor da permacultura

- Os doze princípios que regem a permacultura

- Explicação e exemplos de práticas desenvolvidas segundo cada um dos doze princípios. - Principais impedimentos para a disseminação dos conceitos e práticas permaculturais

O objetivo dessa aula foi, além de apresentar os conceitos que permeiam a permacultura, apresentar para os professores a possibilidade de mudança de percepção para com o ambiente, especialmente o natural, e a modificação de hábitos oportunizados pelas práticas pela permaculturais.

Durante a apresentação alguns professores fizeram perguntas. Uma professora questionou os pesquisadores se eles já desenvolveram alguma das práticas exemplificadas durante a apresentação.

O exemplo de prática que mais chamou a atenção dos professores foi o banheiro seco. O banheiro seco é uma alternativa para o tratamento de efluentes, como o próprio nome sugere, consiste na não utilização de água para o transporte e tratamento dos dejetos humanos, em vez disso, as fezes são armazenadas em um compartimento onde será realizada a compostagem, ao final do processo o composto pode ser utilizado na adubação do solo (SABEI; BASSETTI, 2013). Como o processo é exotérmico todos os possíveis patógenos são

eliminados por conta das altas temperaturas, não havendo risco de utilização desse composto em hortas. Surgiram dúvidas sobre se há odores, se é seguro a utilização do composto em hortas e outras plantas para o consumo humano e se havia ducha higiénica nesse tipo de banheiro.

A última aula dessa primeira etapa de formação, ministrada pelo Me. Renan Pinton de Camargo, teve como tema a “Agroecologia – Conceitos e práticas”. O conteúdo abordado foi:

- Aplicação de conceitos e princípios ecológicos no desenho e manejo de agroecossistemas sustentáveis;

- Ecologia;

- Ciências agroecológicas; - Agricultura e saber tradicional;

- Situação da agricultura moderna: degradação do solo, uso indiscriminado dos recursos hídricos, poluição e contaminação, dependência de insumos industrializados, perda de diversidade genética, perda de controle social sobre a produção agrícola;

- Caminho: Sustentabilidade; - Escala agrossistêmica;

- Ecossistema: Componentes, funcionamento, processos dinâmicos, fluxos de energia, comportamento da energia, a planta no ecossistema, ciclagem de nutrientes, ciclos biogeoquímicos, homeostasia, equilíbrio dinâmico;

- Componentes do solo; - Interações interespecíficas; - Ecologia e agricultura moderna;

- Práticas agroecológicas: adubação verde, quebra vento, consorciação entre plantas, cobertura vegetal, microorganismos eficientes, compostagem, controle biológico.

Essa aula teve como objetivo principal, além de apresentar o conceito e práticas desenvolvidos na agroecologia, compor subsídios para que aos professores pudessem compreender as reais consequências da agricultura de auto impacto desenvolvida hoje e as possibilidades de mudança nesse cenário.

Após o curso foi feita uma reunião com os professores a fim de identificar a percepção deles sobre o curso, suas expectativas e se tinham sugestões de prática que poderia ser desenvolvida na escola.

A primeira sugestão foi a horta orgânica, depois a compostagem e por último um viveiro de mudas. O local da realização das práticas também foi uma sugestão do grupo. Para tanto os pesquisadores acompanharam o professor de educação física, que utiliza parte da área sugerida para suas aulas, para definição do local de cada prática. Levando-se em consideração principalmente a taxa de insolação e a região utilizada para as práticas esportivas as delimitações foram definidas (fig. 2 e fig. 3). O polígono amarelo na figura 3 indica a delimitação da Associação, enquanto a seta vermelha indica o local da realização das práticas. Porém houve a necessidade de mudança do local de prática de arremesso, essa mudança foi sugerida pelo próprio professor.

Figura 2 - Local para o desenvolvimento das práticas na Renascer.

Figura 3 - Local destinado às atividades antes do desenvolvimento das práticas

Fonte: autora

Como resultado elaborou-se um plano de atividades com informações detalhadas de cada uma das práticas que seriam desenvolvidas (Anexo A), a saber:

- Horta em forma de mandala; - Espiral de Ervas;

- Cerca viva; - Horta suspensa; - Viveiro de mudas; - Vermicompostagem.

Recursos e desenvolvimento de materiais Horta em forma de mandala

Para a proposta de construção da horta orgânica, de acordo com o que preconiza a Permacultura, optou-se por fazê-la no formato de mandala, pois esse formato segue os padrões encontrados naturalmente no meio, além disso, segundo Pennick (1980, p.15), o círculo representa “o completo e a totalidade, atribuindo mais um significado ao formato escolhido.

Na segunda semana de setembro, deu-se início a demarcação e preparação dos canteiros da horta mandala que possui diâmetro de cinco metro (5m), dividido em oito (8) canteiros triangulares com um metro e meio (1,5m) em sua extremidade maior. Essa atividade

contou com a presença de três turmas e seus respectivos professores. Para a demarcação dos canteiros utilizou-se estacas e barbantes (fig.4 e fig. 5).

Figura 4: Medição e colocação das estacas para demarcação do perímetro da Horta

Fonte: autora

Figura 5: divisão e delimitação dos canteiros com barbante

Devido a extrema compactação do solo que, como pode ser observado na figura 4, não possuía nenhum tipo de cobertura vegetal, fator determinante para essa condição, houve a necessidade de utilização de água a fim de amolecer o solo e facilitar tanto o processo de colocação das estacas para delimitação do perímetro da horta (estaqueamento) quanto o levante dos canteiros (fig. 6).

Figura 6: Adição de água no solo para facilitar a formação dos canteiros

Fonte: autora

Os estudantes e professores presentes durante essa atividade foram orientados quanto ao método utilizado para a formação dos canteiros, dessa forma explicou-se que o solo utilizado para a formação dos canteiros deveria ser retirado dos espaços entre canteiros, assim a área destinada a locomoção dentro da horta também foi demarcada, com o auxílio de enxadão (fig. 7).

Figura 7: Formação Inicial dos canteiros

Fonte: autora

Após essa primeira etapa, os barbantes e as estacas foram retirados e os alunos foram convidados a dar acabamento aos canteiros recém-formados, moldando com as mãos e compactando levemente as laterais, para que não houvesse risco de desmoronamento ou perda de solo ocasionados pela chuva9. Vários alunos se dispuseram a ajudar nessa tarefa (fig. 8 e fig.9).

Figura 8: Acabamento manual dos canteiros da horta em formato de mandala

Fonte: autora

9 A última parte da construção da horta mandala não foi acompanhada pela equipe de pesquisadores e ficou a

Figura 9: Alunos e professores auxiliando na construção da horta mandala.

Fonte: professores da Associação Renascer

Após a formação dos canteiros, o solo das áreas destinadas aos cultivos foi recoberto com esterco, a fim de adicionar elementos orgânicos ao solo, pó de rocha propiciando o enriquecimento mineral, aproximadamente dois copos de 250ml por canteiro, e biomassa seca, nesse caso utilizou-se palhada, afim de manter a umidade do solo e proteger as raízes das altas temperaturas (fig.10).

Figura 10: Preparo do solo para plantio

Oportunamente, durante essa etapa de preparo do solo, realizou-se uma explicação para os presentes, alunos e professores, sobre os insumos utilizados (esterco, pó de rocha e palhada) e quais os contributos para o solo e os futuros cultivos. A explicação está sintetizada a seguir:

- Assim como nós as plantas também precisam de nutrientes para crescerem e se desenvolverem. Diferentemente de nós as plantas absorvem os nutrientes presentes no solo, por meio das raízes. Esses nutrientes encontram-se presentes no solo na forma de matéria orgânica, e minerais. Porém o solo dos canteiros estava muito pobre e necessitava da adição de esterco, matéria orgânica, e pó de rocha, minerais, para que as plantas pudessem se desenvolver.

- A palha, por sua vez, serve como uma proteção extra para o solo, impedindo que esse fosse carreado pela chuva, e mantendo a umidade no solo que é tão importante para as plantas quanto os nutrientes.

Figura 11: mudas de hortaliças plantadas na horta em formato de mandala

Fonte: autora

Após uma semana, realizou-se o plantio das mudas, com a participação de estudantes de quatro turmas. Foram utilizadas as mudas de chicória, almeirão, alface lisa, alface crespa, berinjela, beterraba, couve e rúcula (fig.11), doadas pelo SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), vinculado ao Sindicato Rural de São José do Rio Preto, SP. Realizou-se uma atividade didática envolvendo processos sensório-motores na qual os

estudantes foram convidados a cheirar, tocar e provar folhas das mudas, buscando sua identificação. Além disso, os estudantes fizeram os berços com as mãos e plantaram as mudas

Os alunos foram orientados a fazer um buraco no canteiro, fundo o suficiente para que toda as raízes coubessem nele (fig.12). Após colocarem as mudas deveriam cobrir as raízes com terra e pressionar suavemente o solo para que a muda ficasse firme (fig.13). A equipe de pesquisadores acompanhou cada um dos alunos que se ofereceram para executar essa tarefa, explicando novamente a forma correta de plantar sempre que necessário.

Figura 12: Explicação dada aos alunos sobre a forma de plantio

Figura 13: Plantio das mudas de hortaliças

Fonte: autora

Durante a atividade prática de plantio das mudas uma das professoras mostrou muito interesse, como ela não estava presente no momento em que o esterco, o pó de rocha e a palha foram colocados no solo, ela perguntou o que havia sido feito e o porquê da colocação da palhada encobrindo os canteiros, além disso conversamos um pouco sobre alguns ditos populares como “mão boa para plantar”. Esse ocorrido evidencia as possibilidades de ensino proporcionadas por AESA, principalmente por oportunizar o despertar da curiosidade.

Outra professora, no início da atividade de plantio questionou os alunos sobre o formato da horta e com o que ela se parecia, os alunos à relacionaram com pizza, sol, flor, entre outros. Essa indagação possibilitou aos alunos associarem o formato da horta com outros padrões encontrados na natureza, além de formas observadas no cotidiano deles como a pizza.

A manutenção e a rega da horta foram feitas diariamente pela comunidade escolar. Eles foram orientados a observarem se o solo abaixo da palhada estava úmido e se necessário regarem os canteiros, esse procedimento deveria ser feito no início da manhã e ao final da tarde conforme necessário. Alguns professores prontificaram-se a realizar tal manutenção e se organizaram para em um sistema de revezamento para garantir os cuidados com as hortaliças mesmo aos finais de semana.

A maioria das hortaliças teve um bom desenvolvimento ao longo dos meses de outubro e novembro (fig.14), porém as mudas de berinjela não resistiram e somente duas mudas de beterraba cresceram, porém não como o espera.

Figura 14: Registro do desenvolvimento dos cultivares. A) Após 20 dias do plantio. B) Após 26 dias do plantio

Fonte: autora

Mediante o uso e manejo da horta a ocorrência de alguns fatores oportunizaram estudos e reflexões sobre relações ecológicas, biodiversidade, nutrição e saúde do solo e o desenvolvimento de plantas.

Algumas hortaliças não se desenvolveram como o esperado. As mudas de berinjela morreram, possivelmente por conta da fragilidade das mudas, porém não foi possível identificar com certeza a causa do não desenvolvimento das mesmas. As mudas de beterraba também não se desenvolveram como o esperado. Foi possível a colheita de apenas duas ramas, ambas se encontravam pequenas e mal desenvolvidas. As prováveis causas foram a falta de nutrientes e a compactação do solo (TIVELLI et al., 2011), ambas relacionadas com o solo empobrecido.

Outro empecilho encontrado foi o elevado número de lagartas de Lepidoptera que acabaram por atacar algumas espécies folhosas, especialmente a couve, o que impediu a colheita das mesmas. As lagartas foram consideradas como bioindicadores de desequilíbrio ambiental presente na área, que segundo Mangiéri-Junior (2002) ocasiona o desenvolvimento descontrolado de algumas populações, neste caso o crescimento exacerbado da população de lagartas. Esse desequilíbrio pode ocorrer tanto pela baixa biodiversidade encontrada na área de cultivo quanto devido ao solo degradado (MANGIÉRI JUNIOR, 2002), após permanecer por muito tempo desnudo. Essa falta de nutrientes acabou por vulnerabilizar as hortaliças,

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