• Nenhum resultado encontrado

Desenvolvimento Territorial e o Turismo Rural: O Caso do Município Brasileiro de Ponta Grossa – PR

Silvana Kloster

Bacharel em Turismo e

Mestranda em Gestão do Território pela Universidade Estadual de Ponta Grossa Brasil

silkloster@hotmail.com

Prof. Dr. Luiz Alexandre Gonçalves Cunha

Professor Orientador da Universidade Estadual de Ponta Grossa- UEPG Brasil

llagc2@yahoo.com.br

Resumo:

O artigo aborda a concepção de desenvolvimento territorial como opção para fundamentação de projetos de desenvolvimento local relacionados ao turismo rural. Busca abordar o desenvolvimento territorial como opção de ação descentralizada em políticas públicas. Aborda questões relativas ao turismo rural centrado numa experiência brasileira e paranaense, materializada no planejamento e ações relacionadas aos projetos de turismo rural implementados na cidade de Ponta Grossa, no estado do Paraná-Brasil. Nesta experiência, o setor público teve papel decisivo, promovendo a implantação de roteiros de turismo rural em comunidades de agricultores familiares..

Palavras-chaves: desenvolvimento territorial, turismo rural, Ponta Grossa.

Apresentação

O artigo relaciona desenvolvimento territorial e o turismo rural, procurando discutir a experiência de planejamento e ação de projeto proposto no Brasil, na cidade de Ponta Grossa, no estado do Paraná - PR. Trata-se de um projeto de turismo rural que aconteceu a partir da ação do setor público e buscou implantar roteiros de turismo rural.

No artigo procura-se diferenciar dois modelos que sustentam políticas públicas voltadas para o desenvolvimento local e regional. Há um modelo centralizado e pouco participativo, no o Estado assume o papel de formulador direto e controlador autoritário dos projetos. Um segundo modelo, descentralizado, com participação mais intensa de vários atores sociais, os quais

52

encontram um espaço mais efetivo de influenciar os projetos voltados para suas próprias comunidades.

O texto está dividido em duas partes: a primeira parte debaterá a concepção de desenvolvimento territorial rural, considerando que esta concepção procura contemplar a descentralização das decisões que envolvem parte das políticas públicas desenvolvimentistas. A segunda parte abordará o turismo rural como proposta voltada para o desenvolvimento rural e analisa o Projeto de Turismo Rural que foi implementado pela Prefeitura Municipal de Ponta Grossa – PR.

O artigo pretende contribuir com os esforços para uma melhor compreensão de como os projetos de desenvolvimento rural, propondo ações de maneira coletiva, com a participação dos agentes locais na divisão das tarefas,podem resgatar uma perspectiva territorial que permita a valorização do potencial local e regional de desenvolvimento.

Desenvolvimento Territorial Rural

O espaço rural sofreu muitas transformações nas últimas décadas. A partir da década de 1950, os mercados capitalistas ampliaram o consumo de massa, cresceu a necessidade de produtos industrializados e de matéria prima, ao mesmo passo em que se exigiu maior número de consumidores com renda. (Cunha & Hornes, 2010)

A experiência européia em desenvolvimento rural tornou-se cada dia mais importante após a Segunda Guerra Mundial. O modo de repensar as formas de produção agrícola, introduzindo o sistema moderno de mecanização, serviu como instrumento na definição de um padrão de desenvolvimento rural, mas também urbano, possibilitando a ligação em cadeia com o setor industrializado, fornecendo matéria prima para as indústrias e alimento barato para as cidades. (Alves; Guivant, 2010)

No Brasil, as mudanças intensificam-se a partir dos anos de 1960, quando o Estado intervém fundamentando-se no modelo neoclássico, implantando uma política pública agrícola fortemente centralizada (Beduschi Filho & Abramovay, 2004, p. 39)

As organizações públicas voltadas, no Brasil, ao desenvolvimento regional são historicamente marcadas pela centralização das iniciativas e pela falta de articulação real com as experiências vividas pelos atores locais. Esse comportamento da administração pública, por sua vez, indica aos atores privados uma conduta adequada a essa atuação do Estado e inibe o surgimento de iniciativas inovadoras e que reflitam a construção de processos inéditos de aprendizagem localizada. (Beduschi Filho & Abramovay, 2004, P. 45).

A estratégia visava à modernização agrícola para a obtenção de maior rendimento por unidade de área e/ou unidade de produto. O País possuía grandes extensões de terra, mas com escassez de capital. A saída encontrada pelos governos da época foi investir num padrão

53

intenso de mecanização e quimificação da agropecuária, aumentando a produção de alimentos e matérias primas agrícolas, cujo foco principal era as grandes e médias propriedades. (Cunha & Hornes, 2010). Pode-se considerar que:

As abordagens do desenvolvimento exógeno, em que se pauta a revolução verde, confluem para proposta de articulação subordinada das atividades desenvolvidas no espaço rural pelas desenvolvidas nas economias urbanas. Nessa visão, o aspecto dinâmico da economia (com desenvolvimento de produtos, serviços e pesquisas) ocorreria no espaço urbano. (Alves; Guivant, 2010, p.90).

Ao rural caberia o papel de receptáculo de tecnologia e insumos, servindo como fornecedor de matérias-primas e de alimentos para nutrir o espaço urbano. (Alves; Guivant, 2010, p.90). A partir da década de 1970, a região dos Campos Gerais, cujo principal pólo regional é Ponta Grossa (a Microrregião de Ponta Grossa é formado pelos municípios de Castro, Carambeí, Ponta Grossa e Palmeira), recebeu influência do projeto paranaense de desenvolvimento definido no âmbito estadual e pela política de modernização agrícola implantada sob a liderança do governo federal. Estas políticas e programas funcionavam como elementos exógenos, promovendo um enfoque homogeneizador, e não davam importância a endogeneidade própria da região (Cunha, 2003).

Na década de 1970, a Microrregião, com destaque para o Município de Ponta Grossa, consolida-se como uma das maiores regiões brasileiras processadoras de soja. Instalam-se na região, várias empresas moageiras e de defensivos e maquinários agrícolas. Os agricultores familiares das menores propriedades tiveram dificuldades em permanecer no meio rural. Muitos foram buscar emprego nas cidades, gerando êxodo rural. Com o aumento da oferta de mão de obra nas cidades, reduziram-se os salários e ampliou-se o mercado consumidor de produtos industriais por uma população que se integrava ao mercado consumidor urbano (Cunha; Hornes, 2010).

A partir da década de 1990, cresce no Brasil a percepção de que desenvolvimento não é apenas sinônimo de crescimento econômico, Segundo Blos (2000, p.203), “é preciso a consideração das diversas dimensões constituintes das relações sociais, ou seja, a cultura, a economia e a política e, igualmente, do espaço natural e social”. Buscar o crescimento envolve a melhoria em todos os aspectos.

Com a crescente integração das economias nacionais nos diferentes circuitos econômicos, cresce a vulnerabilidade destas economias, em virtude das oscilações dos mercados que acabam refletindo sobre os níveis de emprego e renda na agricultura. Tais riscos fundamentam a defesa de uma estratégia de desenvolvimento rural capaz de diversificar as economias locais, sobretudo a agropecuária dando maior importância à agricultura familiar. (Norder, 2009).

A diversificação da economia local pode estar relacionada ao surgimento de novas atividades não agrícolas no meio rural, particularmente nos estabelecimentos familiares, devido

54

ao fato das estruturas agrárias não serem suficientes para garantir uma boa renda familiar e os estabelecimentos familiares serem capazes de se constituírem em pequenas empresas fortemente empreendedoras, ligadas as atividades comerciais, artesanais ou agroindustriais. Dessa maneira, diversificam as economias locais. (Veiga, 2002) e podem aparecer arranjos descentralizados formados pelos sistemas de cooperação entre diferentes atores econômicos integrados em redes e não mais de forma hierarquizada (Beduschi Filho & Abramovay, 2004).

Veiga é um dos pesquisadores brasileiros que divulgam no Brasil as possibilidades abertas pela aplicação da concepção de desenvolvimento territorial às políticas públicas. De acordo com Veiga (2002), o desenvolvimento territorial exige a abordagem de três temas centrais diretamente ligados entre si que são: a recomposição dos territórios, os sistemas produtivos locais e o meio ambiente. Nesse sentido, o autor argumenta da necessidade de adaptação e ‘recomposição’ das hierarquias territorializadas superando as antigas estruturas de poder loca,l dando lugar a articulação e as formas de gestão ou ‘governança’ das aglomerações e das microrregiões. É um sistema de cooperação que articula os municípios pertencentes a uma microrregião que, por meio de pactos, associações e consórcios, organizam-se para formular e adotar um plano de desenvolvimento local dando real importância ao outros dois fatores decisivos: “o sistemas produtivo local e o trunfo ambiental”. (Veiga, 2002, p. 39).

De acordo com a transposição que se pode fazer da concepção de desenvolvimento territorial em política pública, pode-se ampliar as possibilidades de se caminhar para uma maior descentralização dos projetos, conforme defendem Beduschi Filho & Abramovay, (2004):

O destino dos territórios deixa de se concentrar numa autoridade ou numa agência central encarregada de distribuir recursos e passa a depender da capacidade de criação de riquezas que a própria interação entre atores locais é capaz de criar. A estrutura piramidal é substituída por uma abordagem policêntrica, dotada de múltiplas instâncias de decisão. (Beduschi Filho; Abramovay, 2004)

Maior descentralização pressupõe maiores possibilidades de interação regional que é instrumento importante de aprendizagem, pois os atores envolvidos têm a oportunidade de aprenderem com as experiências dos outros. Por meio da interação, surge a possibilidade de inovação com projetos de natureza estratégica, despertando os potenciais locais para a criação de riquezas.

Considera-se que o modelo de desenvolvimento descentralizado, que é discutido por Beduschi Filho e Abramovay (2004) permite maior atenção dos envolvidos com a realidade local. Estes autores divulgam no Brasil elementos da concepção de desenvolvimento territorial, baseando-se na experiência internacional. Com isso, relacionam a inserção da descentralização em projetos de desenvolvimento rural e local a duas experiências internacionais importantes. A primeira, relaciona-se ao projeto LEADER (Ligações Entre Ações

55

de Desenvolvimento da Economia Rural) experiência da União Europeia, nos anos de 1990, Este projeto baseia-se na busca de planejamento de forma competitiva entre os territórios incorporando ações inovadoras nos aspectos econômicos, ambientais, sociais e culturais nas suas ações. Foram mais de mil projetos apoiados pela iniciativa e grande quantidade de lições aprendidas que podem ser compartilhadas com outros territórios que buscam a inovação. Em grande parte, baseia-se na defesa que “o desenvolvimento rural deve partir de um desejo comum de todos os atores radicados no cenário local, conhecedores plenamente da realidade local e decididos em alcançar objetivos comuns”. (Macsharry, 1992 apud Blos, 2000, p. 200). A segunda experiência é o Programa EZ/EC (Empowerment Zones and Entreprise

Communities) desenvolvido nos Estados Unidos desde 1993. (Beduschi Filho; Abramovay,

2004).

Em resumo, os projetos relacionados a estes programas buscam envolver a participação das comunidades no planejamento das ações, desde a formulação do plano até a elaboração e implantação de projetos de visão estratégica, que tem como princípios a oportunidade econômica com base no desenvolvimento sustentável, a busca de cooperação e parceria nas comunidades. Nas propostas, os cidadãos deixariam de serem “meros objetos das políticas de desenvolvimento definidas pela autoridade central do Estado e passam a ser também agentes dos processos de transformação social”. (Beduschi Filho; Abramovay, 2004, p. 48).

Assim, a concepção de desenvolvimento territorial defende a participação de atores locais públicos e privados com estratégias flexíveis, partindo de um diagnóstico da realidade local, abrindo espaço para a discussão com a comunidade com objetivo de construir uma visão comum para o êxito do desenvolvimento em todos os setores: social, cultural, natural ou econômico. Por meio da utilização dos recursos locais, surge a possibilidade da criação de novas atividades econômicas competitivas como o turismo, em especial, o turismo rural, que busca a valorização das identidades locais. Neste termos, defende-se que “o turismo rural tem um papel fundamental na gestão do território, em virtude de sua capacidade de estimular o aproveitamento do potencial endógeno de um determinado local”. (Cals, Capellà e Vaquè, 1993 apud Silva et. al. 2000, p. 17).

Mas, a busca por espaços de base rural, aliada ao interesse por produtos rurais tem despertado o interesse não apenas dos turistas, mas também de estudiosos e planejadores, que integram o turismo como ação nos programas de desenvolvimento territorial.

O Turismo Rural e o caso da cidade brasileira de Ponta Grossa - PR

Os clientes do turismo rural estão cada vez mais exigentes e determinados. Valorizam a comida, o artesanato e os produtos típicos regionais e “dão grande importância à qualidade

56

do ambiente e dos alojamentos, a uma recepção personalizada e a uma melhor organização dos serviços oferecidos (alimentação, lazer, animação)”. (Laurent, Mamdy, 2000, p. 170).

De acordo com o Ministério do Turismo (2010) os turistas que se deslocam ao meio rural são moradores de grandes centros urbanos, geralmente casais em companhia dos filhos ou amigos, com idades entre 20 e 55 anos, se deslocam em automóveis particulares em um raio de até 150 km do núcleo emissor/urbano. Utilizam a Internet ou informações de amigos e parentes para a preparação da viagem.

No Brasil, a atividade de turismo mais desenvolvida é a de “Sol e Praia”, sendo considerado o Turismo Rural como uma atividade recente, adotado principalmente em pequenas propriedades rurais de agricultores familiares como uma segunda fonte de renda.

Teve o seu início em Lages, no Estado de Santa Catarina, na década de 1980, como alternativa para aproveitar a estrutura das fazendas e estâncias de criação de gado de corte e leiteiro e equinos na região serrana. Por se localizar no entroncamento das BR 116 e 282, Lages soube aproveitar sua localização, recebendo diariamente um expressivo fluxo rodoviário, com pessoas vindas principalmente de Curitiba em direção às serras gaúchas que paravam para alimentar-se ou até mesmo, pernoitar. (Salles, 2003).

Em 1984, formou-se a Comissão Municipal de Turismo com representantes da sociedade local e, por meio de pesquisa junto aos turistas, foram destacados os principais pontos fortes de Lages como: o clima frio, a hospitalidade, a gastronomia, a paisagem e a diversidade cultural. (Salles, 2003, p. 23). O primeiro passo foi oferecer almoço em uma das fazendas do Município juntamente com a programação de outras atividades como a ordenha, passeios a cavalo. Com o tempo, o número de fazendas ofertando serviços para os turistas foi aumentando. As iniciativas multiplicaram-se, espalhando-se por todo território brasileiro.

Ponta Grossa, no Estado do Paraná, seguindo o modelo lageano, após vinte anos, resolveu aproveitar também sua localização estratégica. Devido à sua posição geográfica, sendo um importante entroncamento rodo-ferroviário, tem fácil acesso a todas as regiões do Estado. Está localizado no Segundo Planalto Paranaense, na região dos Campos Gerais destacando-se no cenário turístico do sul do Brasil.

Por se tratar de uma região de temperatura mais amena, com relevo e atrativos naturais que lembram algumas regiões da Europa, a região sul do Brasil teve seu território povoado por imigrantes europeus no século XIX, atraídos pelas possibilidades oferecidas de um país que precisava ser povoado, disposto a conceder terras para aqueles que buscavam a prosperidade.

Os grupos de imigrantes que vieram para a região foram os alemães, os russos- alemães, os poloneses, os ucranianos, os sírios e libaneses, os italianos, entre outros. Esses imigrantes passaram por privações e sofrimentos. Precisaram moldar-se ao espaço, assumindo novas identidades, trabalhando nos campos, nas cidades. Muitos prosperaram, formaram clubes e associações e auxiliaram no desenvolvimento do comercio e da indústria.

57

Hoje, muitos dos descendentes ainda vivem e trabalham nas terras ocupadas desde a imigração. Em alguns espaços, os produtos cultivados e elaborados por eles, são comercializados em roteiros e espaços turísticos, utilizando a história e a cultura dos imigrantes como “cenário” de atração para o turismo, em especial o rural.

Além da imigração, Ponta Grossa está localizada numa região historicamente marcada pela passagem das tropas, que foi um importante movimento econômico que ocorreu entre o século XVIII até o final do século XIX e que ajudou a formar a maioria das cidades dos Campos Gerais. As tropas saiam de Viamão/RS para comercializar o gado e muares em Sorocaba/SP. Durante o percurso, era no Paraná que encontravam condições propícias para pastagem, ficando os tropeiros acampados na região por até seis meses. (Lavalle, 1996).

Sua alimentação campeira a base de arroz, feijão e carne salgada desfiada, o café tropeiro, os modos de vestir, a linguagem, a musicalidade e a religiosidade, tornaram marcas expressivas do território paranaense servindo como potencial para a exploração turística local.

Ao perceber que os municípios próximos estão desenvolvendo ações para a implantação do turismo rural e estão recebendo turistas, Ponta Grossa, por meio do setor público, elaborou um plano de ação para a inserção na atividade no ano de 2001.

A idéia, a princípio era desenvolver três roteiros distintos, o primeiro voltado à fruticultura, em especial a uva; o segundo, específico à pecuária leiteira; e o terceiro destinado à produção agroecológica. Ambos os roteiros, deveriam envolver pequenas propriedades voltadas à agricultura familiar.

As primeiras ações concretas foram: uma visita técnica ao município de Colombo-PR, para conhecer o “Circuito Italiano de Turismo Rural” e a realização do “Encontro de Turismo Rural” em uma propriedade agrícola. Nesse encontro, com duração de 01 (um) dia, os produtores rurais participaram de palestras sobre o tema.

Muitas propriedades já comercializavam produtos agroindustriais no seu espaço rural. Dessa forma, os técnicos elaboraram um cadastro com essas propriedades.

De acordo com o Ministério do Turismo, Turismo Rural é:

o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade.

(BRASIL, Ministério do Turismo. Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Rural no Brasil. Brasília: Ministério do Turismo, 2003:11). De acordo com essa terminologia, o Turismo Rural está diretamente relacionado a uma atividade específica rural, agrícola ou pecuária, ou seja, para que uma atividade de turismo e/ou propriedade rural seja caracterizada como turismo rural, é necessário que pelo menos uma atividade agropecuária ocorra, sendo o turismo rural, uma atividade complementar. É também conhecido como Agroturismo que segundo Campanhola & Silva (2000, p. 148): “O

58

agroturismo refere-se às atividades turísticas que ocorrem no interior das propriedades com atividades agropecuárias produtivas”.

Quando se fala em ”agregar valor a produtos e serviços”, o Ministério do Turismo (2010, p. 17) relaciona-se a:

verticalização da produção, ou seja, beneficiamento de produtos in

natura, transformando-os para que possam ser oferecidos ao turista,

sob a forma de conservas, embutidos, produtos lácteos, refeições e outros. Outra possibilidade é a transformação artesanal de resíduos e insumos do campo em utilitários e objetos decorativos carregados de história e tradições.

A Promoção do Patrimônio Cultural e natural da comunidade envolvem tanto a questão da educação ambiental e a valorização do local como a preservação dos espaços, monumentos e objetos históricos, o resgate do folclore, das cantigas, brincadeiras e lidas rurais.

Para Rodrigues (2001, p. 103) “o elemento geográfico de localização da atividade turística deve ser interpretado não simplesmente como o rural em oposição ao urbano”. Para o autor, é necessário considerar alguns fatores fundamentais como: processo histórico de ocupação territorial, estrutura fundiária, características paisagísticas regionais, estrutura agrária com destaque para as relações de trabalho desenvolvidas, atividades econômicas atuais, característica da demanda e tipos de empreendimentos.

Sendo o projeto de Turismo Rural do Município de Ponta Grossa, composto de maneira centralizada, tendo a Prefeitura como articuladora, após mudança de chefias dentro do setor público, em especial o secretariado, o projeto não teve continuidade surgindo o primeiro entrave: a falta de continuidade do Projeto com a mudança organizacional do setor público.

No ano de 2009, após mudanças de governo dentro da Prefeitura Municipal, a idéia do desenvolvimento do turismo rural volta a ser discutida. O objetivo, dessa vez, era a elaboração de um roteiro que incluísse os Distritos de Guaragi, Itaiacoca e Periquitos utilizando o cadastro e os contatos dos mesmos produtores que apoiaram e mostraram interesse em 2001 e incluindo novos interessados. Mas, desta vez, com iniciativa da mesma técnica responsável desde o início e autora do presente artigo, que na época, estava lotada em nova secretaria, a da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.

A intenção era que nestas propriedades surgissem atividades como: pousadas, pesque-pague, restaurantes, cavalgadas, etc... usufruindo o proprietário da sua infra-estrutura física e recursos humanos já existentes, apenas aprimorando em alguns detalhes. Assim, a atividade turística auxiliaria na venda da produção, na divulgação do produto e seus derivados, servindo como incentivo ao empreendedorismo rural.

59

O primeiro passo, desta vez, foi a busca e o comprometimento de parcerias como a EMATER1- Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural, Sindicato Rural de Ponta Grossa e o SENAR2 – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.

A EMATER trabalha em parceria com instituições como prefeituras e demais órgãos públicos em ações para o desenvolvimento e promoção da agricultura familiar. Possui em sua estrutura Programas de Incentivo a atividade turística no meio rural, inclusive com aplicação de