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4. Políticas públicas brasileiras de cultura

4.2. Festas na Região da Biosfera Goyaz

Manifestações tradicionais brasileiras como as Catiras, as Folias de Reis, as Rezas, dentre outras com raízes rurais, têm recebido maior “atenção” dos produtores culturais, da mídia e de espectadores nas últimas duas décadas (Pessoa & Félix, 2007). Tal atenção se estende também, as políticas públicas de cultura e turismo que passaram a atuar com um discurso de valorização das manifestações, por meio de encontros culturais, eventos folclóricos e auxílio financeiro a grupos tradicionais de todas as regiões do Estado.

A Região da Biosfera Goyaz, localizada no norte do estado, é composta de 26 municipios que tem em comum a vegetação predominante o cerrado. O território possui vários atrativos naturais como cachoeiras, grutas, cânions, parques, resevas, entre outros. Além desta riqueza natural a região abriga em seu território inúmeras festas populares, entre estas destaca-se as festas religiosas como as de padroeiros, as folias, as novenas; e, as celebrações diversas como aquelas ligadas a gêneros alimentícios e ou gastronomia local a exemplo das festas do pequi em Mambaí e do Reinado da Cachaça em Monte Alegre de Goiás.

Esta região turística tem vivenciado, no âmbito das manifestações culturais, um período de incentivo e ascensão com a criação de eventos culturais em vários municípios, como o Encontro dos Povos da Chapada, que atrai turistas e grupos folclóricos de todo o estado. No entanto, a maioria destas manifestações não tem acesso aos recursos e incentivos oferecidos pelos programas e editais citados anteriormente. Essa situação leva a concordar que existe um

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A partir da década de 1990, o estabelecimento de grandes agroindústrias, como em Rio Verde, estimulou a migração para o estado, segundo o autor.

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“descompasso entre estas modalidades de cultura, vivenciadas pela população brasileira, e o universo cultural atendido pela intervenção do Ministério da Cultura” (Rubim, s/d: 6).

5. Conclusão

As políticas públicas culturais deveriam se destinar às manifestações culturais de diferentes esferas, tanto espontâneas e de pequeno porte quanto grandes eventos que reúnem várias atrações. No entanto, isso não acontece efetivamente. Dessa mesma forma as ações governamentais possuem um impacto diferente nas festas espontâneas daquele dos grandes eventos culturais. O propósito de valorização das manifestações populares é obtido, contudo este possui um recorrente “efeito colateral” nos grupos espontâneos que pode ser identificado nas mudanças de hábitos e ressignificação de elementos simbólicos das celebrações.

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i O presente artigo é produto do Projeto de Pesquisa de Doutorado em andamento da autora. As pesquisas deste projeto são financiadas:

Pelo Projeto aprovada na Chamada 008/2010 - Região da Biosfera Goyaz - Cultura e Turismo: Oportunidades de Conhecimentos e Proposta de Estruturação de Novos Produtos Turísticos, coordenado pela Profa Dra Maria Geralda de Almeida.

E, pela CAPES e Ministério da Cultura, pelo edital Pro-cultura/2009 denominado "A Dimensão territorial

das festas populares e do turismo: estudo comparativo do patrimônio imaterial em Goiás, Ceará e Sergipe", desenvolvido pela rede: Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFC, Laboratório de

Estudos e Pesquisas das Dinâmicas Territoriais – LABOTER e Programa de Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da UFG e Núcleo de Pós-Graduação em Geografia da UFS.

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Possui graduação em Tecnologia de Gestão Turística pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (2008). Especialista em Gestão de Empreendimentos Turísticos e Eventos, pela Faculdade Senac Goiás (2010). Mestre em Geografia pelo Programa de Pós-graduação do Instituto de Estudos Sócio-ambientais - Universidade Federal de Goiás (2011). Doutoranda em Geografia pelo

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