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“Com educação. Trazer mais emprego, gerar mais renda, porque ainda está muito deficiente”.

“Primeiro de tudo a educação. Porque no momento que você tem conhecimento, que

você tem sabedoria, você sabe lutar pelos seus direitos, você pode lutar pelas melhorias. Então a princípio de tudo seria a educação”.

“Êta! Aí é complicado... Mas eu acho que tem que partir de formação. Com bastante

formação e informação a gente pode aprender. A gente tem que olhar para o ser humano. O ser humano não é máquina. Se eu não estou me sentindo bem eu não vou produzir bem. Não adianta me colocar para fazer uma torta hoje se eu não estiver bem, vai sair uma porcaria! Então é a formação. Investir na capacitação humana”.

“Através de muitos seminários, trabalho. Acho que é muita conscientização mesmo. Os seminários devem ter muita gente porque uma pessoa só é difícil. E quando tem muita gente é mais fácil fazer as pessoas abraçarem a causa”.

Superação através da educação e conscientização das

pessoas

“Com a ação partindo de nós mesmos. Nas ações que a gente faz aqui muda a vida das pessoas. A gente ensina, divulga os órgãos públicos (...) Hoje eu vejo um grãozinho de melhora: mulheres na sala de aula, universidade para todos (referência ao programa do governo federal). A gente tenta mudar a consciência das pessoas. A gente faz ações, intervêm, explica, cobra”.

Superação através da conscientização

individual

“Depende da consciência de cada um. Em alguns encontros de economia solidária, você vê alguns cooperados agindo com deslealdade com o outro. Então eu acho que economia solidária não vem de formação, mas da natureza de consciência de cada um (...) Não é uma coisa como uma escola que você estuda, se forma, faz vestibular... É mais da pessoa ter consciência mesmo”.

“Dando oportunidades a todos. Quando você tem oportunidade de trabalhar é mais fácil”.

“Se todo mundo tivesse um meio para trabalhar, ter seu dinheiro, sua casa própria

então seria diferente”.

Superação através da igualdade de

oportunidades “Quando a gente coloca uma mãe, um jovem para aprender a tecelagem, a gente tira

uma pessoa da rua. Dando oportunidade aos jovens – que estão desempregados – para que eles tenham experiência”.

Superação através da união e valorização

do outro

“O caminho é este: a união, o respeito mútuo. Porque na economia solidária a gente

aprende a se respeitar e com este respeito e com esta união a gente aprende a se valorizar. E quando a gente se valoriza é muito bom. Porque não adianta a gente esperar os outros valorizarem a gente, porque quando a gente se valoriza os outros valorizam também”.

Superação através da cooperação

“Com as pessoas querendo ajudar mais umas as outras. Quando a gente se ajuda é

melhor porque não tem emprego lá fora. Eu preferia ter um emprego lá fora porque paga INSS, assina carteira, mas não tem. Então a gente tem que se ajudar”.

Superação através da vontade política

“As desigualdades sociais acontecem na medida que há vontade política. Se tiver

vontade política de estar combatendo as desigualdades sociais, porque a gente mora em um país que é altamente rico, a gente consegue superar. Falta vontade política”. Quadro 16 – Superação das desigualdades sociais

Fonte: elaboração própria

Após a análise dos três tópicos do ideário dos empreendimentos - sociedade, Estado e transformação – podemos traçar um panorama geral de uma visão de mundo dos empreendimentos de economia solidária analisados. Em relação à sociedade pode-se perceber que a preocupação principal é o desemprego, a falta de igualdade de oportunidades e a ausência de equidade social. No entanto, a eliminação destes problemas não leva, necessariamente a um novo modo de produção, uma vez que há os que pensam no capitalismo com mais distribuição. Contudo, as outras concepções de sociedade apresentadas se aproximam do paradigma socialista - sociedade unida com divisão de tudo por todos, ou mesmo da origem da economia solidária, que aponta o cooperativismo enquanto caminho para a sociedade. As concepções de uma sociedade de apoio, ou da sociedade com um modelo de economia baseado no ser humano sem competição acabam sendo muito difíceis de imaginar como funcionariam num nível mais prático.

A concepção do Estado como incentivador da economia solidária demonstra a crença dos empreendimentos no apoio do Estado para a efetivação da economia solidária. Isso é muito provavelmente reflexo de políticas públicas estaduais, municipais e de âmbito federal que se tornaram uma realidade no Brasil no campo da economia solidária. Mais uma vez, algumas concepções não nos levaram a um modelo de Estado que rompe com o atual, como é o caso das concepções do Estado como provedor de direitos básicos, ou sem corrupção. Apenas um empreendimento fez uma crítica ao modo capitalista de produção ao definir o

Estado ideal para a economia solidária. A concepção de um Estado mais humano, novamente, deixa-nos sem uma noção exata de sua formação.

A transformação social, por sua vez, apresenta como principal concepção a conscientização e a educação das pessoas como chave para mudança. A conscientização das pessoas vai de encontro à premissa da pesquisa, segundo a qual a transformação social ocorre a partir da organização da sociedade civil. A igualdade de oportunidades também aparece para os empreendimentos como um fator chave de transformação social, mas não necessariamente aponta para um rompimento com o modelo vigente. O cooperativismo é novamente mencionado, agora como concepção de mudança. O Quadro 17 analisa todos estes elementos.

DIMENSÃO CONCEPÇÃO

Sociedade sem desemprego, com igualdade de direitos e oportunidade, e justiça e equidade social

Sociedade unida com divisão de tudo por todos Cooperativismo enquanto caminho para a sociedade Sociedade de Apoio

I. SOCIEDADE

Sociedade com um modelo de economia baseado no ser humano sem competição Estado incentivador da economia solidária

Estado incentivador

Estado provedor dos direitos básicos Estado sem corrupção

Estado mais humano

Estado como está, mas cumprindo a constituição II.

ESTADO

Estado menos capitalista

Superação através da educação e conscientização das pessoas Superação através da conscientização individual

Superação através da igualdade de oportunidades Superação através da união e valorização do outro Superação através da cooperação

III. MUDANÇA / TRANSFORMAÇÃO

Superação através da vontade política Quadro 17 – Concepção do ideário dos empreendimentos Fonte: elaboração própria

No próximo capítulo, a título de conclusão, os resultados obtidos serão analisados à luz da literatura acerca da sociedade civil e da economia solidária, além de serem relacionados com os pressupostos da pesquisa e a pergunta de partida.

5. CONCLUSÃO

O trabalho investigativo desta dissertação visou a identificar se os atores sociais integrantes de empreendimentos econômicos solidários de Salvador vêem a economia solidária como um modelo alternativo ao capitalismo, apontando para a superação do modelo de sociedade existente. A questão norteadora do trabalho buscou investigar os marcos referenciais políticos e estratégicos fundamentais que designam a ideologia e a identidade do movimento de economia solidária. No decorrer do trabalho, tentou-se esclarecer o discurso acadêmico presente no campo da economia solidária e sua relação com o discurso e as percepções dos integrantes dos empreendimentos econômicos solidários. Buscou-se levantar dados que dessem subsídios para entender a visão de mundo que dá sentido e direção ao movimento, assim como a força do movimento na história e sua capacidade de mobilização política.

Primeiramente, assumimos o pressuposto de ser a sociedade civil um campo dotado de ideologias, em que há espaço para a ocorrência de uma transformação ideológica (intelectual e moral). Esta transformação ocorre a partir da disputa entre ideologias, em que a ideologia da classe dominante pode ser afastada, através do desenvolvimento de uma atitude crítica que permita às classes dominadas romper com a unidade estabelecida pela ideologia tradicional. Este pressuposto, atualmente trabalhado por vários autores na ciência social brasileira e latino-americana (DAGNINO, 2002; DAGNINO e outros, 2006), tem sua fonte

teórica em Gramsci e relaciona-se com a teorização da economia solidária que a retrata como modo de produção alternativo ao capitalismo. Ou seja, assumimos que a sociedade civil é o espaço onde há a possibilidade do surgimento de ideologias que possam ser contrapostas à ideologia dominante, enquanto projeto político, como no caso da economia solidária.

Em seguida, assumimos que a direção ideológica é conquistada antes da conquista do poder. Com isso, entendemos que a economia solidária rompe com a ideologia dominante, elaborando a sua concepção de mundo, para, a seguir, organizar-se de acordo com uma ideologia própria, pretendendo, por fim, conquistar o domínio político e difundir uma nova concepção de mundo (hegemonia) na sociedade. Com este pressuposto, tentamos entender se e como os atores da economia solidária organizam seus repertórios de ação política e sua luta na busca da transformação social.

Tivemos como pressuposto, também, o entendimento de que, assim como no campo conceitual, o campo do discurso dos atores da economia solidária também apresenta uma falta de consenso a respeito de sua ideologia política do movimento. Isso foi constatado com a pesquisa empírica no momento em que se verificaram diversos entendimentos, não apenas sobre a economia solidária, mas como sobre as atividades nela praticadas, sobre sua concepção ideal de Estado e sociedade, assim como a visão sobre a transformação social.

Com base nesses pressupostos, e a fim de chegarmos aos nossos resultados, percorremos um longo caminho, passando por etapas de investigação bibliográfica e empírica. Primeiramente, partiu-se para a investigação das origens do conceito de sociedade civil e todo o percurso percorrido, desde o século V a. C., com Aristóteles, até o conceito desenvolvido por Gramsci, vicinal para este trabalho. Definimos, portanto, a sociedade civil como lugar de transição dos impulsos hegemônicos. A ideologia, por sua vez, outro conceito central do trabalho, foi considerada como um fator de decisiva centralidade no processo hegemônico.

Em seguida apresentamos a teorização acerca da economia solidária e historicizamos seu surgimento no cooperativismo do século XIX, contextualizando assim seu surgimento a partir de uma grande crise social e econômica vivenciada pelos países “marginais”. Também realizamos uma análise do movimento da economia solidária no Brasil e na Bahia levantando alguns de seus elementos e categorias básicas.

Após a discussão teórica sobre os conceitos de sociedade civil e economia solidária, partimos para investigação empírica no município de Salvador. Escolhemos, dentro do campo da economia solidária (vide Figura 1), os empreendimentos econômicos solidários. A razão da escolha baseou-se no fato de haver, neste tipo organizacional, o sentido do nível mais prático e operacional da economia solidária. São nos empreendimentos coletivos solidários que estão as pessoas que foram excluídas do mercado de trabalho, seja pela sua classe social (pessoas oriundas de bairros menos favorecidos sócio-economicamente, sem educação formal, com formação deficitária, etc.), seja pela sua idade (ou pessoas consideradas muito velhas para o mercado de trabalho, ou pessoas sem experiência), seja pelo seu sexo (mulheres que não encontram empregos), seja pela cor de sua pele (fator complexificador da exclusão no caso particular do recôncavo baiano).

Estas pessoas fazem parte de organizações em que o trabalho mensal muitas vezes não é remunerado, pois os grupos ainda não conseguiram alcançar a sustentabilidade. Muitas destas organizações surgem através de processos de incubação, projetos elaborados por atores externos, ou financiamentos por organizações da sociedade civil ou do Estado1. As entidades de apoio, muitas vezes relacionadas a universidades ou mais próximas ao conhecimento formal e acadêmico, constroem discursos mais estruturados bastante próximos do discurso teórico sobre economia solidária. Os empreendimentos têm seus discursos influenciados pelas entidades de apoio e, em alguns casos, têm suas funções executivas de gestão igualmente

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Não se registrou na pesquisa empírica a ocorrência de empreendimentos que tiveram início a partir da articulação com o setor privado.

apoiadas pelas entidades de fomento. A partir daí, é possível depreender que esta seja uma das causas da dificuldade apresentada, por alguns empreendimentos, no próprio entendimento acerca da economia solidária. A pergunta sobre o entendimento da economia solidária, em algumas organizações, gerou questionamentos e dúvidas nos entrevistados, como neste depoimento: “Você quer saber se a gente tem algum programa social, é? Isto que é ‘economia solidária’?” (Depoimento de um dos empreendimentos).

Registrou-se, no processo de delimitação do universo que foi investigado, uma grande dificuldade em encontrar uma fonte sistematizada com informações censitárias dos empreendimentos econômicos em Salvador. Mesmo quando se encontrou a pesquisa da SEI realizada no ano de 2003, ela já se encontrava desatualizada, pois contava com empreendimentos que não existiam mais ou que não se identificavam como sendo do campo da economia solidária. A segunda fonte encontrada foi acessada mesmo antes de sua publicação, haja vista a urgência no cumprimento do cronograma desta pesquisa. Mesmo depois de sua publicação, o acesso aos empreendimentos do município de Salvador não seria possível, pois as informações publicadas não se referem às particularidades do municípios, mas de estados e regiões. Contudo, essa lacuna informacional não pode ser verificada a respeito das entidades de apoio, que desde a primeira pesquisa têm seus dados atualizados. Este fato corrobora a primeira impressão do universo pesquisado registrado no parágrafo acima, em que se afirma haver uma maior estruturação do discurso e da própria gestão nas entidades de apoio. Ou seja, o mesmo se aplica quando se trata da sistematização das informações das próprias organizações. No entanto, este fato nos causa estranheza, uma vez que se acredita que os empreendimentos solidários, por realizarem a base material da economia solidária, deveriam apresentar uma maior estruturação no seu discurso.

Em relação ao perfil dos empreendimentos solidários, pudemos constatar que são formados por pequenos grupos de pessoas, com no máximo 27 integrantes. Percebeu-se

também a dificuldade de alguns empreendimentos em manterem um número regular e freqüente de pessoas, uma vez que a rotatividade e a mobilidade dos integrantes é muito grande. A dificuldade em manter o número de pessoas tem sua origem na falta de remuneração financeira, além do fato de não ser um trabalho formal de carteira assinada, o que muitos integrantes almejam. Um dos entrevistados, integrante de um grupo que não possui produção, apesar do fato de estar articulado ao Fórum de Cooperativa Popular, relatou que muitos dos cooperados não podem mais dedicar suficiente atenção ao empreendimento, pois estão atuando em empregos com remuneração fixa e carteira assinada. Ou seja, mesmo acreditando que o trabalho na economia solidária apresenta algumas vantagens em relação ao trabalho formal, como o trabalho cooperativo e as decisões tomadas com base no consenso, a preferência pelo emprego tradicional tende ainda a persistir. Outro exemplo a ser citado é o da associação de costureiras formada a partir de um curso em que metade do grupo conseguiu emprego em fábricas de costura, e a outra metade, que não obteve um emprego formal, constituiu a associação. Com estes exemplos, não é possível afirmar que há uma opção deliberada pela economia solidária, mas que os empreendimentos são muitas vezes a única opção de ocupação alternativa para os seus integrantes.

Ao falar na distribuição de gênero, partindo da constatação evidente de que a exclusão da mulher é mais exacerbada que a do homem no mercado formal (menos postos, setores específicos, salários mais baixos), o seu envolvimento em empreendimentos solidários acaba sendo uma forma de trabalhar a auto-estima e de geração de uma renda mínima alternativa. Em muitos casos, mesmo não alcançando uma renda mensal, muitas mulheres sentem-se satisfeitas por estarem envolvidas em algo que é construído por elas próprias.

O envolvimento em redes é outro fator que influi na percepção política dos empreendimentos. Em Salvador, houve a criação, pioneira, de um fórum de cooperativas populares a partir de uma iniciativa e articulação dos próprios empreendimentos. Esta

iniciativa surgiu a partir do envolvimento de algumas cooperativas no processo de incubação realizado pela ITCP da UNEB. O pioneirismo deste fato está na organização que partiu dos próprios empreendimentos, já que as redes de economia solidária existentes sempre foram organizadas a partir de organizações que não podem ser classificadas enquanto empreendimentos econômicos solidários.

Na maior parte dos empreendimentos não há, no discurso e na percepção dos atores, a presença de uma linguagem administrativa no que se refere aos objetivos e resultados; não há tampouco organização da produção. Apenas em um empreendimento registrou-se a preocupação com a eficiência do empreendimento. Os objetivos dos empreendimentos, segundo os resultados alcançados, estão sempre voltados para alguma forma de geração de renda e manutenção da sustentabilidade (raramente alcançada). Em todos os empreendimentos analisados percebe-se a existência de uma certa dificuldade financeira em sua manutenção. Mesmo havendo o reconhecimento da dificuldade na manutenção do empreendimento, há o reconhecimento que este é um trabalho em que os resultados são alcançados em longo prazo, e que o principal é a organização da ação coletiva. Muitos grupos mencionaram a dimensão do aprendizado como um aspecto importante da participação em um empreendimento solidário, o que é comprovado na quantidade expressiva de relatos demonstrando uma preocupação em relacionar-se com a comunidade por meio da oferta de cursos.

No nível da responsabilização pela produção, percebe-se um nível de consciência quase que homogêneo (salvo em três casos) no que tange à divisão não apenas da responsabilidade, como também das decisões tomadas coletivamente. Isto demonstra que, mesmo com diferentes entendimentos sobre economia solidária, a noção de ação coletiva faz- se presente na maior parte dos grupos. A conscientização de outras pessoas é, na maior parte das vezes, relacionada à necessidade de divulgação do próprio trabalho. Ainda que a

conscientização não tenha sido citada pelos empreendimentos analisados, acreditamos que a divulgação de um trabalho ou um projeto no campo da economia solidária contribui para a difusão do movimento como um todo.

Apesar do perfil das organizações apresentarem características que correspondem aos critérios trabalhados nos discursos teóricos, o mesmo não é possível afirmar quanto ao ideário. Nota-se, de fato, que há um afastamento entre o discurso teórico e as percepções dos atores dos empreendimentos, cujo conceito de economia solidária, por exemplo, não apresenta a mesma abrangência e escopo (como um modo de produção). As conceituações ali encontradas representam noções relacionadas com o empreendimento coletivo, o cooperativismo e a autogestão, a solidariedade e a união, além do funcionamento da economia em rede.

Ao expressar um modelo de sociedade, ao invés de respostas relacionadas a uma idealização da sociedade com bases solidárias (ou seja, o funcionamento deste modelo alternativo de superação de uma sociedade capitalista), há a expressão de uma preocupação, por parte dos empreendimentos, em acabar com os problemas sociais, como o desemprego, a falta de igualdade de oportunidades e a ausência de equidade social. Não há uma expressão manifesta em um objetivo claro de alcançar um novo modo de produção. Há algumas concepções que se aproximam do paradigma socialista, da sociedade unida com divisão de tudo por todos, ou mesmo da origem da economia solidária apontando o cooperativismo enquanto caminho para a sociedade. Estas concepções se aproximam do discurso teórico da economia solidária, já que para Singer (2000) a economia solidária seria um modelo socialista de organização da produção.

Na teoria gramsciana, o Estado é transformado com a difusão de uma nova hegemonia. Portanto, não há uma oposição entre sociedade civil e a figura do Estado; a sociedade civil e a sociedade política integram o que Gramsci chamou de teoria ampliada do

Estado. Nos discursos dos empreendimentos econômicos solidários analisados, essa oposição tampouco ocorre, uma vez que a maioria apresenta uma idealização do Estado como incentivador da economia solidária. Muito provavelmente, este desejo é incentivado pela observação das políticas públicas voltadas para a economia solidária nos âmbitos estaduais, municipais e federal. No entanto, algumas concepções nos levam a um modelo de Estado como provedor de direitos básicos, ou sem corrupção. Estas concepções, na verdade não apontam para a aclamada forma alternativa, pois apenas se referem a uma operacionalização sem distorções do atual modelo vigente. A crítica ao modo capitalista de produção, ao definir